A Sra. Karina, vestida com roupas elegantes, se movia graciosamente, refletindo um brilho deslumbrante sob as luzes da noite. Seu olhar recaiu sobre Bruno, que estava bêbado ao lado, e depois sobre mim. Ela pegou minha mão e me puxou em direção ao carro.— Mãe... Puxei a mão de volta e me mantive firme no chão, usando toda a minha força para me enraizar ali.— Ana, a esta hora, o pai dele já deve estar dormindo na Antiga Mansão da família Henriques, e não posso levá-lo para lá. E a Mansão à beira-mar não tem empregados. Não consigo cuidar dele sozinha. Você poderia me ajudar? — Ela sorriu suavemente. — Ele está bêbado, não se preocupe. Não vou deixá-lo te incomodar.O motorista também interveio:— Isso mesmo, Sra. Henriques, não sei nem fazer chá direito sóbrio.A Sra. Karina continuou:— Logo depois, pedirei ao motorista que te leve para casa.Olhei para seus olhos cheios de expectativa. Uma mãe tão gentil era difícil de recusar, então não tive escolha senão segui-la até o carro.No
Gentil e cruel— Eu só sinto pena do Bruno. Quando criança, ele não teve uma infância completa, e agora, como adulto, não pode ter uma família completa? Ele pode ter uma esposa e uma irmã ao mesmo tempo. Você ainda se lembra dos votos que fez quando se casou? Acho que Bruno não fez nada errado.Hesitei por um momento, lembrando da cena apressada do microfone sendo passado para Bruno no nosso casamento, e de como suas mãos tremiam levemente naquele momento.— Já que você se casou comigo, vou ser responsável por você pelo resto da vida. O que outras mulheres têm, você, Ana, terá ainda mais. — Ele me estendeu a mão. — Você aceita se casar comigo?Naquela época, Bruno era um verdadeiro cavalheiro, elegante e ainda tinha paciência comigo. Vi meu reflexo em seus olhos, e então estendi minha mão para a dele e respondi:— Eu aceito.Ele sorriu e, sob os aplausos de todos, me puxou para seus braços e me beijou na frente de todos.Ele disse:— Sra. Henriques, conte comigo daqui em diante.Sorri
Na reunião de colegas, não queria ser muito chamativa.Levantei-me e fui me arrumar. Escolhi uma blusa branca de estilo retrô, com pequenas flores bordadas delicadamente ao redor da gola e dos punhos com fio de seda. Para combinar, vesti uma calça pantalona azul-clara feita do mesmo tecido.Optei por brincos pequenos e discretos, além de uma fina corrente de platina para adornar levemente meu pescoço vazio.Fiquei em frente ao espelho, observando-me atentamente. A aparência estava bem cuidada, mas sem parecer extravagante. Fiquei satisfeita.Antes de sair, liguei para Nelson para saber se havia algum avanço sobre o ocorrido.Juan não podia mais me ajudar com a comunicação, então teria que depender apenas de mim, até mesmo enfrentar Gisele diretamente.Ainda assim, queria uma resposta para mim mesma. Mesmo que a atitude destemida de Sra. Karina fosse clara, e todas as evidências apontassem que a única pessoa que poderia ser responsabilizada seria Wilma.O celular tocou algumas vezes e,
— Por quê?Olhei para Juan, sem entender, e meu coração se encheu de uma dor incontrolável. O Escritório de Advocacia X era um dos negócios de Rui; mesmo que Bruno não se importasse com nada, ele jamais enfrentaria Rui! Além disso, seria difícil explicar aos mais velhos da família Sampaio, e até mesmo o irmão de Rui estaria lá para ajudar a contornar a situação!Juan forçou um sorriso.— Ana, você ainda não sabe por que o Escritório de Advocacia X existe?As palavras dele atingiram meu coração como um golpe violento. Minha visão ficou turva enquanto olhava para ele. Juan abriu a boca, como se quisesse dizer algo, mas no fim, apenas suspirou levemente.— Ana, vou te levar de volta.Ele segurou meu braço, mas no segundo seguinte, eu o afastei com um movimento brusco. Com grande esforço, contive a fúria que crescia dentro de mim e tentei falar o mais calmamente possível.— Vou falar com Rui agora mesmo.Eu não podia permitir que o Escritório de Advocacia X fechasse por minha causa. A m
— Bruno, você esqueceu que, em toda essa história, eu sou a vítima que foi injustamente acusada!A única resposta que recebi foi o som da ligação sendo desligada.Se ele me odiasse tanto, por que não terminaríamos logo de uma vez?Bruno sempre dizia que eu nunca o compreendia, e nesse momento, eu finalmente admiti que ele tinha razão.Passei a noite em claro, andando de um lado para o outro no quarto até o amanhecer. Eu queria ver Wilma.Por não ser permitido, fui obrigada a pedir ajuda a Nelson, mas ele nunca atendeu minhas ligações.A equipe de investigação criminal trouxe más notícias: Nelson estava suspenso e sob investigação por violação de conduta.Eu sabia exatamente onde encontrar o quarto de Gisele, nem precisei perguntar.Fui diretamente para o andar mais alto do hospital.Dentro do quarto, não havia ninguém além de Gisele, que dormia profundamente.Ela acordou sobressaltada quando empurrei a porta para entrar.— Ana?— Gisele. — Caminhei em sua direção, chamando seu nome.El
Por estudar direito, já analisei muitos processos, entre os quais havia vários casos assim. Depois que os namorados terminaram, o rapaz divulgou de propósito as fotos da garota. A menina, assustada, acabaria sendo ameaçada, chantageada e passaria a sofrer uma série de reações em cadeia. Nunca imaginei que algo assim aconteceria comigo, e muito menos que eu associaria esse tipo de comportamento com Bruno. O rosto de Gisele se iluminou com um sorriso de satisfação; ela achava que eu estava assustada. — Ana, esqueça essa história, por favor. Se realmente surgir algum problema no futuro, não sei como nossa família vai continuar. — Nossa família? — Achei aquilo ridículo. — Quem casou foi eu e Bruno, não eu e você, e nem você e ele. Que família existe entre nós três? Gisele, você está indo longe demais. Se quer tanto ficar com Bruno, faça um favor e acelere para que ele se divorcie logo de mim. Afastei a mão de Gisele que segurava a barra da minha calça. — Crime de difamação
Achei que ele tinha razão, porque era exatamente assim que eu me sentia agora. Ele estava parado na minha frente, e a pressão que eu sentia era sufocante. Estendi a mão para ele. Ele ergueu as sobrancelhas e curvou os lábios em um sorriso zombeteiro.— Sra. Henriques, o que está fazendo?O semblante sombrio que ele exibia agora era incompatível com o homem que, na noite anterior, sob a luz do poste, havia falado comigo com tanta gentileza, pedindo que eu o levasse para casa. Desajeitada, recolhi a mão e me levantei. Se ele olhasse para baixo, veria o quanto minha unha do polegar, que estava crescendo de novo, estava horrível. Tivemos tantos momentos juntos, tão íntimos, mas ele jamais notou esses detalhes.Respirei fundo, tentando controlar os pensamentos negativos, e perguntei:— Bruno, posso ver o seu celular?Ele ficou claramente surpreso com a pergunta, seu rosto frio e severo exalando um leve desprezo.— Ana, se tem algo a dizer, diga logo.Assenti.— A Gisele disse que
Quando cheguei ao escritório do presidente do Grupo Oliveira, a notícia de que Bruno queria comprar o grupo já havia chegado aos ouvidos da minha mãe.O escritório dela estava uma bagunça, com copos, documentos, mouse e teclado jogados por toda parte.— Ajoelhe-se! — Ela apontou para mim com o dedo trêmulo. — Ajoelhe-se no teclado!Sem expressão, busquei o alvo e, assim que o encontrei, não hesitei em me ajoelhar com força.As teclas eram duras, e logo minhas pernas começaram a adormecer, mas eu resisti, imóvel.Ela segurava o celular, nervosa, murmurando com o olhar vazio:— E se eu ligar para o Bruno? Não... Melhor ligar para os pais dele primeiro?— Mãe...Assim que falei, lágrimas começaram a escorrer lentamente dos meus olhos, se acumulando no queixo e caindo no chão gota a gota.Sofia piscou os olhos secos, como se só então voltasse a si, e apontou para mim, gritando com raiva:— Como eu pude criar alguém tão teimosa! Você não deu um filho para ele, mas trouxe uma pilha de proble