Na reunião de colegas, não queria ser muito chamativa.Levantei-me e fui me arrumar. Escolhi uma blusa branca de estilo retrô, com pequenas flores bordadas delicadamente ao redor da gola e dos punhos com fio de seda. Para combinar, vesti uma calça pantalona azul-clara feita do mesmo tecido.Optei por brincos pequenos e discretos, além de uma fina corrente de platina para adornar levemente meu pescoço vazio.Fiquei em frente ao espelho, observando-me atentamente. A aparência estava bem cuidada, mas sem parecer extravagante. Fiquei satisfeita.Antes de sair, liguei para Nelson para saber se havia algum avanço sobre o ocorrido.Juan não podia mais me ajudar com a comunicação, então teria que depender apenas de mim, até mesmo enfrentar Gisele diretamente.Ainda assim, queria uma resposta para mim mesma. Mesmo que a atitude destemida de Sra. Karina fosse clara, e todas as evidências apontassem que a única pessoa que poderia ser responsabilizada seria Wilma.O celular tocou algumas vezes e,
— Por quê?Olhei para Juan, sem entender, e meu coração se encheu de uma dor incontrolável. O Escritório de Advocacia X era um dos negócios de Rui; mesmo que Bruno não se importasse com nada, ele jamais enfrentaria Rui! Além disso, seria difícil explicar aos mais velhos da família Sampaio, e até mesmo o irmão de Rui estaria lá para ajudar a contornar a situação!Juan forçou um sorriso.— Ana, você ainda não sabe por que o Escritório de Advocacia X existe?As palavras dele atingiram meu coração como um golpe violento. Minha visão ficou turva enquanto olhava para ele. Juan abriu a boca, como se quisesse dizer algo, mas no fim, apenas suspirou levemente.— Ana, vou te levar de volta.Ele segurou meu braço, mas no segundo seguinte, eu o afastei com um movimento brusco. Com grande esforço, contive a fúria que crescia dentro de mim e tentei falar o mais calmamente possível.— Vou falar com Rui agora mesmo.Eu não podia permitir que o Escritório de Advocacia X fechasse por minha causa. A m
— Bruno, você esqueceu que, em toda essa história, eu sou a vítima que foi injustamente acusada!A única resposta que recebi foi o som da ligação sendo desligada.Se ele me odiasse tanto, por que não terminaríamos logo de uma vez?Bruno sempre dizia que eu nunca o compreendia, e nesse momento, eu finalmente admiti que ele tinha razão.Passei a noite em claro, andando de um lado para o outro no quarto até o amanhecer. Eu queria ver Wilma.Por não ser permitido, fui obrigada a pedir ajuda a Nelson, mas ele nunca atendeu minhas ligações.A equipe de investigação criminal trouxe más notícias: Nelson estava suspenso e sob investigação por violação de conduta.Eu sabia exatamente onde encontrar o quarto de Gisele, nem precisei perguntar.Fui diretamente para o andar mais alto do hospital.Dentro do quarto, não havia ninguém além de Gisele, que dormia profundamente.Ela acordou sobressaltada quando empurrei a porta para entrar.— Ana?— Gisele. — Caminhei em sua direção, chamando seu nome.El
Por estudar direito, já analisei muitos processos, entre os quais havia vários casos assim. Depois que os namorados terminaram, o rapaz divulgou de propósito as fotos da garota. A menina, assustada, acabaria sendo ameaçada, chantageada e passaria a sofrer uma série de reações em cadeia. Nunca imaginei que algo assim aconteceria comigo, e muito menos que eu associaria esse tipo de comportamento com Bruno. O rosto de Gisele se iluminou com um sorriso de satisfação; ela achava que eu estava assustada. — Ana, esqueça essa história, por favor. Se realmente surgir algum problema no futuro, não sei como nossa família vai continuar. — Nossa família? — Achei aquilo ridículo. — Quem casou foi eu e Bruno, não eu e você, e nem você e ele. Que família existe entre nós três? Gisele, você está indo longe demais. Se quer tanto ficar com Bruno, faça um favor e acelere para que ele se divorcie logo de mim. Afastei a mão de Gisele que segurava a barra da minha calça. — Crime de difamação
Achei que ele tinha razão, porque era exatamente assim que eu me sentia agora. Ele estava parado na minha frente, e a pressão que eu sentia era sufocante. Estendi a mão para ele. Ele ergueu as sobrancelhas e curvou os lábios em um sorriso zombeteiro.— Sra. Henriques, o que está fazendo?O semblante sombrio que ele exibia agora era incompatível com o homem que, na noite anterior, sob a luz do poste, havia falado comigo com tanta gentileza, pedindo que eu o levasse para casa. Desajeitada, recolhi a mão e me levantei. Se ele olhasse para baixo, veria o quanto minha unha do polegar, que estava crescendo de novo, estava horrível. Tivemos tantos momentos juntos, tão íntimos, mas ele jamais notou esses detalhes.Respirei fundo, tentando controlar os pensamentos negativos, e perguntei:— Bruno, posso ver o seu celular?Ele ficou claramente surpreso com a pergunta, seu rosto frio e severo exalando um leve desprezo.— Ana, se tem algo a dizer, diga logo.Assenti.— A Gisele disse que
Quando cheguei ao escritório do presidente do Grupo Oliveira, a notícia de que Bruno queria comprar o grupo já havia chegado aos ouvidos da minha mãe.O escritório dela estava uma bagunça, com copos, documentos, mouse e teclado jogados por toda parte.— Ajoelhe-se! — Ela apontou para mim com o dedo trêmulo. — Ajoelhe-se no teclado!Sem expressão, busquei o alvo e, assim que o encontrei, não hesitei em me ajoelhar com força.As teclas eram duras, e logo minhas pernas começaram a adormecer, mas eu resisti, imóvel.Ela segurava o celular, nervosa, murmurando com o olhar vazio:— E se eu ligar para o Bruno? Não... Melhor ligar para os pais dele primeiro?— Mãe...Assim que falei, lágrimas começaram a escorrer lentamente dos meus olhos, se acumulando no queixo e caindo no chão gota a gota.Sofia piscou os olhos secos, como se só então voltasse a si, e apontou para mim, gritando com raiva:— Como eu pude criar alguém tão teimosa! Você não deu um filho para ele, mas trouxe uma pilha de proble
A cirurgia durou um dia e uma noite.O estado de Sofia havia se estabilizado temporariamente, mas se ela acordaria ou não ainda era uma incógnita. A expressão dos médicos não era das melhores. Quando perguntei quais eram as chances de ela recuperar a consciência, eles apenas balançaram a cabeça.Meu tornozelo estava inchado e arroxeado, a ponto de a secretária não suportar mais ficar sem dizer nada.— Ana, vou te levar para o ortopedista dar uma olhada.Baixei o olhar para o meu pé, que já não me causava nenhuma dor. Balancei a cabeça, apática, sem me mover do lado da cama da minha mãe.— Não dói.A secretária, cerrando os dentes, continuou:— Desculpa.No segundo seguinte, fui levantada nos braços dele e levada para fora do quarto. Eu não queria me afastar da minha mãe e comecei a me debater, enquanto as lágrimas caíam sem parar.— Ana, se a presidente Sofia estivesse aqui, ela também não suportaria te ver assim. Ela te ama tanto, também estaria sofrendo por você.Por um instante, pa
Eu balancei levemente a cabeça, já sabendo que esse homem não teria nenhuma compaixão nem por uma mulher bonita. Lancei um olhar ao secretário da minha mãe, pedindo sua ajuda.Por um momento, o corredor do hospital ficou silencioso, restando apenas eu e Rui.— Diga! O que você quer me perguntar, seja rápido. Meu tempo é precioso, não posso desperdiçá-lo aqui com você.Assim que ele terminou de falar, virei o rosto e o encarei de lado. Ele, por outro lado, permanecia sentado, firme e calmo.No passado, eu até sentia um pouco de culpa, pensando se, de alguma forma, eu o tinha magoado sem querer. Afinal, ele já havia mostrado um olhar bastante triste na minha frente.Mas Bruno disse que Nelson não foi obra dele, então só restava Rui.Se o Escritório de Advocacia X era uma estratégia comercial dele, não poderia julgar. Porém, o caso de Nelson só poderia ser uma vingança maliciosa.Falei em um tom suave:— O que aconteceu com Nelson, foi você quem fez?Após dois ou três segundos de silêncio