No meu segundo dia no hospital, o celular da minha mãe, Sofia, não parava de receber ligações dos acionistas da empresa. Alguns ameaçavam que, se as questões da empresa não fossem resolvidas logo, eles viriam até o hospital. No começo, eu ainda atendia, mas tudo o que ouvi era reclamação e insultos, então decidi parar de me importar. O celular vibrava tanto na minha mão que meus dedos começaram a ficar dormentes. O médico, com a testa franzida, balançou a cabeça para mim. — A condição da paciente piorou. No momento, não há um tratamento melhor disponível no país, só podemos sugerir um tratamento paliativo. Sem hesitar mais, organizei um voo particular para levar minha mãe para tratamento no exterior. Antes de embarcar, enviei uma mensagem para Bruno. "Quero que tudo volte ao ponto de partida, e eu também vou voltar a ele."Eu acreditava que Bruno entenderia, e que ele teria a capacidade de fazer isso acontecer. Apenas não sabia se ele estaria satisfeito com o que eu estav
— Não, minha mãe morreu. Pra que eu quero o Grupo Oliveira? Faça o que quiser com ele. — Minha voz saiu firme, sem emoção nenhuma. Minha mãe mentiu para mim. Dinheiro não era tudo. Por mais que eu gastasse, nada poderia trazer sua vida de volta. O Grupo Oliveira já não tinha importância para mim. No celular, houve um longo e interminável silêncio. Achei que iria chorar, mas, por alguma razão, nenhuma lágrima veio. Disse a ele: — Bruno, será que desta vez você poderia me buscar em casa, só uma vez? Ele ficou em silêncio, demorando-se antes de responder: — Ana, o que você está aprontando agora? — Só desta vez... ... Um dia depois, eu o encontrei no hospital. Desta vez, ele não fez questão de andar devagar. Ele veio a passos largos, com o cansaço de quem viajou a noite toda estampado no rosto, mas, ainda assim, sua beleza era impossível de disfarçar. Apesar da frieza aparente, quando me viu, pude perceber em seu olhar uma ternura e um cuidado instintivo. Como e
Os movimentos de Rui criaram o momento em que meu coração bateu mais rápido nos últimos dias. Parecia que fazia um século que meu coração não pulsava assim, com tanta intensidade, lembrando-me que eu ainda estava viva.Encostei-me na parede, respirando profundamente, e perguntei a ele com uma voz repleta de indignação: — O que você está fazendo?!Ele vestia um terno preto, e mesmo que não nos víssemos há apenas duas semanas, seu cabelo havia crescido rapidamente, sugerindo que ele pretendia deixá-lo mais longo. Estava penteado com gel, aderido perfeitamente ao couro cabeludo. Parecia elegante e charmoso.Rui me olhava com uma expressão complicada, como se estivesse sofrendo mais do que eu. Seus olhos me observavam há muito tempo, mas ele não disse uma única palavra.Foi então que me lembrei de que, quando éramos crianças, minha mãe sempre o tratava muito bem. Quantas vezes ele fugira para minha casa quando seu pai o agredia. Naquele momento, senti a necessidade de confortá-lo: —
Eu sorri, mudando de assunto e chamei:— Amor, vamos embora.Passei por ele, e suas emoções escondidas giraram como um enorme redemoinho, criando uma brisa que fez a barra do meu vestido roçar na sua roupa. No exato momento em que eu passava, ele deu um passo à frente, bloqueando meu caminho de repente.Nós estávamos juntos há quatro anos, e de certa forma, eu o conhecia bem o suficiente. Ele apertava os lábios, e suas longas pernas se estendiam em um gesto teimoso, exigindo que eu desse uma explicação. Se fosse antes, eu teria tentado forçar a passagem, mesmo sabendo que a chance era pequena, mas pelo menos isso demonstraria minha atitude. Agora, porém, caminhei até ele, levantando a mão para acariciar seu rosto suavemente. Comecei a entender que, em algumas coisas, lutar era inútil. Sua pele estava fria, e ao sentir o toque da minha mão, ele demonstrou uma leve rigidez, recuando a perna que antes me bloqueava e dando meio passo para trás. Ele franziu o cenho, e o olhar que me
Mordi os lábios, tentando suprimir as sensações que tomavam conta do meu corpo, e sussurrei para ele:— Bruno, hoje é o funeral da minha mãe.Minhas mãos agarravam seus braços enquanto meu corpo tremia involuntariamente. Mas minha resistência só parecia deixar o homem à minha frente ainda mais insano. Seus olhos, vermelhos de desejo, se fixavam no meu corpo, como se ele estivesse faminto há muito tempo, e a força com que ele me pressionava não deixava dúvidas de que ele não tinha intenção de se controlar.Eu estava prestes a me despedaçar.Não me atrevia a fazer nenhum som, temendo que, se eu abrisse a boca, o que saísse fosse um gemido vergonhoso. Fechei os olhos e mordi meu próprio braço, tentando suprimir as ondas de prazer que tomavam conta de mim.— Ana. — Ele gritou de repente, sem esconder a satisfação em sua voz.Abri meus olhos instantaneamente. Seu grito foi como um trovão rasgando meu coração. Eu o havia machucado. Ele fingir que não queria que eu fizesse barulho era uma m
Rui com certeza me odiava.Mas, para minha surpresa, ele ainda assim nos seguiu durante todo o funeral da minha mãe.Bruno disse que os assuntos de sua família não precisavam incomodar o Sr. Rui, mas Rui apenas balançou a cabeça.— Eu também quero me despedir da tia.Suspirei em silêncio, desviando meu olhar de Rui para Bruno, e como esperado, ao encarar Bruno de novo, havia em seus olhos um toque a mais de curiosidade.Os olhos de Rui estavam vermelhos, e quando falava, olhava apenas para mim.Não sabia se foi Bruno que, de propósito, deu passagem a Rui, ou se ele realmente encontrou uma oportunidade, mas, enquanto Bruno saiu para atender uma ligação, Rui se aproximou de mim.Sua voz era muito baixa, murmurando como se falasse para si mesmo:— Ana, se você tiver algo difícil, se lembre de me contar. Eu não sou tão inútil quanto você imagina.Sua voz era tão baixa que eu mal conseguia ouvir, como se falasse tanto para mim quanto para si próprio.— Será que todos os homens gostam de ban
A casa, desde que eu saí, tinha mudado novamente.Sobre a mesa, havia um pacote de petiscos pela metade, e no sofá estavam espalhadas revistas desordenadamente. A página aberta mostrava uma foto enorme de um astro masculino...Eu me inclinei um pouco para olhar mais de perto. Parecia ser um garoto jovem, mas eu não o conhecia muito bem.No passado, quando minhas colegas me recomendavam os astros pelos quais eram apaixonadas, eu sempre ria em silêncio, sem entender o motivo. No mundo inteiro, não existia homem mais bonito que Bruno.Olhei ao redor. A sala de estar estava cheia de pequenas bagunças acumuladas por Gisele, nem o chão tinha sido poupado.Franzi as sobrancelhas, detestando aquela desordem evidente, uma cena caótica e incômoda.Subi as escadas, e foi então que vi Bruno entrando, carregando Gisele nos braços.Com um vestido rosa choque e meias brancas, ela parecia uma grande boneca sendo carregada por um homem. Apoiada no corrimão da escada, eu observava com curiosidade. O t
— Não tem problema. — Toquei de leve a face de Bruno, e minha voz soava cansada. — Onde você vai dormir hoje?Logo após dizer isso, me dei conta da estranheza nas minhas palavras... Quanto mais pensava, mais esquisito aquilo parecia.Não consegui conter uma risada, mas o rosto de Bruno ficou visivelmente mais sombrio.Seus olhos negros, sempre calmos, agora estavam frios. Ele me observou por um longo tempo antes de finalmente falar, com uma ponta de irritação:— Você diz que não tem problema, mas não que acredita em mim.O tom firme de sua voz parecia incrédulo, quase como se estivesse me desafiando.— Não tem mesmo, querido. Não me importo. Você disse que, enquanto eu continuar sendo sua esposa, está tudo bem.Minhas mãos subiram até seus ombros, e meu corpo se aproximou ainda mais do dele.Acabava de sair do banho, pronta para dormir, sem usar sutiã. A seda da camisola deixava qualquer toque perceptível, e o corpo dele reagiu instantaneamente.— Antes eu era imatura, mas depois de da