Coração de Cristal
Coração de Cristal
Por: josy meire
Prólogo

Angra dos Reis – Futuro

Aquele era um dia especial para mim. Era o dia que eu fechava um ciclo em minha vida. Nunca imaginei que um dia me aposentaria. E mais, que me aposentaria como policial. Foram anos de luta, sofrimento, perdas e ganhos. Principalmente ganhos. Eu não podia reclamar tanto da vida. Ela, de certa forma foi generosa comigo. Me deu até mais do que eu merecia.

Fazer cinquenta anos de vida e poder finalmente descansar era o sonho de qualquer mortal. Descansar de uma vida estressante, perigosa e incerta. Passar pela carreira de policial militar no Rio de Janeiro e sair ileso era semelhante a ganhar na loteria.

Aproveitei a solidão daquele final de tarde e tirei os sapatos, andando pela areia da praia.

Não tinha lugar melhor para mim, do que aquele pedaço de paraíso que eu tinha adquirido cinco anos atrás.

Eu não queria pensar, que metade do meu dinheiro não veio exatamente de negócios limpos, mas aquela fase da minha vida estava no passado e eu já tinha superado as crises de consciência, daquele período da minha vida. O que ganhei depois compensou tudo.

Comprar aquela casa em Angra dos Reis, foi um sonho construído ano após ano e agora, era hora de começar mais uma etapa. Essa agora com a sensação do dever cumprido.

Meu celular tocou e eu pressenti problemas, ao ver o nome no visor.

— Oi, filho, tudo bem?

Claro que não estava tudo bem. Ele não me ligava àquela hora.

— Pai, eu... estou com problemas.

Respirei fundo.

— Que espécie de problemas?

Ele disparou a notícia à queima roupa.

— A Leona está grávida.

Merda! Que inferno!

— Sei.

Eu quase podia ver a cara de desespero dele.

— Calma, já falou com o pai dela?

Ele riu nervoso.

— Eu? Falar com o tio Leonardo? Nunca. Você vai falar.

Olhei para trás e vi o carro estacionando na frente da casa.

— Calma, mais tarde nos falamos.

— Me ajuda, pai, ela só tem dezessete anos, ele vai me matar.

— Provavelmente. Agora se acalme e deixe que eu converso com ele.

Desliguei o telefone e voltei devagar para casa.

Filhos!

Teria sido diferente, seu eu tivesse trilhado outro caminho? Provavelmente sim, mas se eu tivesse que escolher eu faria tudo do mesmo jeito, sem pular nenhuma etapa.

Minha vida era aquilo ali.

Era o resultado de todas as minhas escolhas e elas foram difíceis.

Foi impossível não voltar no tempo.

Eram lembranças muito fortes e volta e meia elas vinham como se tivessem acabado de acontecer.

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