Isabella Cavalieri Hoje minha manhã tinha passado corrida, estava na hora do almoço, eu estava com muita vontade de chamar o Antoni pra almoçar comigo, mas não sei se seria uma boa ideia. — tá saindo fumaça – a Voz da Mile me chama atenção — onde? — da sua cabeça, tá pensando demais em que em ?! — eu queria almoçar com o Armand, mas não sei se é uma boa ideia, o que ele vai pensar ? — ele não tem que pensar nada, se quer a companhia dele pra um almoço, o convide não tem nada demais isso – ela diz e eu confirmo Pego o celular ligando pra ele, mas tá fora de área ou desligado, ele deve ter esquecido de carregar o celular. Então respiro fundo e ligo lá pra empresa e a Secretaria dele atende, e o que ela me fala me deixa chateado. — o que foi Isa? — ele tá no escritório com a Soraya — tá e quem é essa Soraya? — uma das peguetes dele – suspiro — isso foi bom eu estava esperando demais do Armand, ele nunca vai mudar — olha não fica chateada, eu tenho que almoç
Isabela Cavalieri Ser bailarina é muito mais do que deslizar graciosamente pelo palco sob os holofotes. Para quem vê de fora, tudo parece mágico: os figurinos deslumbrantes, os passos fluidos, a música que nos envolve. Mas poucos imaginam o que há por trás desse espetáculo. São anos de dedicação inabalável, ensaios exaustivos, dores que se tornam companheiras constantes. Os pés marcados pelas sapatilhas apertadas, as pernas latejando após horas de treino, os coques sempre presos com firmeza e a meia-calça sufocante mesmo nos dias mais quentes. Cada movimento precisa ser executado com perfeição, cada detalhe faz a diferença. E ainda assim, mesmo nos momentos mais difíceis, há algo que me mantém firme: o amor pela dança. Esse amor é meu impulso, meu combustível, minha essência.Lembro-me do instante exato em que tudo começou. Eu tinha apenas quatro anos quando passei pela primeira vez em frente a um estúdio de balé. Meus olhos brilharam ao ver aquelas meninas se movendo como se não toc
Antoni Armand Essa segunda-feira parece se arrastar sem fim. Meu escritório, luxuoso e impecavelmente decorado, mais parece uma prisão hoje. Tudo o que eu queria era largar essa gravata sufocante, encontrar um bom bar, beber algo forte e, quem sabe, terminar a noite com uma bela mulher na minha cama. Mas, é claro, não posso me dar a esse luxo agora.Cada festa que frequento, cada evento onde sou visto segurando um copo de whisky ao lado de uma mulher deslumbrante, acaba estampando os tabloides no dia seguinte. “Playboy Festeiro, Ao Ataque!” Os jornais adoram me transformar no vilão da alta sociedade. O problema? Essas manchetes custam caro—muito caro. Minha credibilidade no mercado de negócios está indo ladeira abaixo, e contratos que antes eram certos agora são cancelados antes mesmo da assinatura. Para um CEO, isso é um golpe pesado. E, claro, meu bolso não está nada feliz com isso.Minha empresa é referência em engenharia, arquitetura e paisagismo, liderando projetos ambiciosos e
Isabella Cavalieri Mais um dia, mais uma aula, e aqui estou eu, em minha posição habitual, observando a sala antes que minhas pequenas alunas cheguem. O chão de madeira polida reflete suavemente a luz suave dos espelhos que cobrem a parede inteira. O cheiro característico de resina e tecido das sapatilhas de ponta preenche o ambiente, misturado com um leve toque de lavanda do aromatizador que sempre deixo ali.A porta se abre, e meu olhar se volta para a recepção. Como sempre, Analice entra com sua presença impecável. Seu vestido preto abraça sua silhueta com perfeição, e seus saltos agulha ressoam no piso de mármore. Ela não anda, ela desfila. Seu porte de supermodelo mundialmente famosa faz com que todos ao redor parem por um instante, como se ela estivesse prestes a entrar em uma passarela.Mas, apesar de toda essa imponência, há uma doçura nela que poucos enxergam. E essa doçura se reflete completamente em sua filha.Kira não poderia ser mais diferente da mãe. Seu cabelo castanho
Antoni ArmandA chamada telefônica me puxa de volta à realidade, interrompendo o turbilhão de pensamentos que me consome. Com o celular na mão, respiro fundo antes de atender, sabendo que o peso da conversa será inevitável.— Pai, eu vou dar um jeito nessa situação, ok? — tento controlar minha voz, tentando parecer mais calmo do que realmente me sinto, já antecipando o tom pesado que virá do outro lado da linha.— Antoni, eu confiei a empresa nas suas mãos. Você me prometeu que ia cuidar de tudo. — A voz dele é grave, saturada de frustração e preocupação. Sinto o peso das palavras, como se cada uma delas fosse um açoite. — Sua irresponsabilidade está colocando tudo o que construímos em risco. Estamos perdendo contratos importantes e, o pior, estamos minando a credibilidade de clientes fiéis que confiaram na gente por anos.Ouço o suspiro pesado do meu pai, como se cada palavra tivesse sido um esforço físico. A tensão que ele carrega na voz é palpável, e consigo sentir a dor de cada de
Isabella Cavalieri Os dias se arrastam como um balé exaustivo, e o cansaço tornou-se minha sombra mais fiel. Acordo antes do sol para ensinar pliés e piruetas, corrigir posturas e incentivar pequenos passos que, um dia, se tornarão grandes voos. À tarde, a rotina continua, e minha energia se dissolve a cada movimento repetido. À noite, as meninas mais velhas se juntam a mim para o ensaio extra de O Lago dos Cisnes—e, mesmo apaixonada pelo que faço, meu corpo suplica por descanso. Meus pés estão sempre doloridos, latejando sob o peso de tantas horas na ponta. Quando as luzes da academia finalmente se apagam e posso ir para casa, meu maior desejo é simples: uma ducha quente que lave o cansaço e me devolva ao mundo dos vivos. Só então, envolta no aconchego dos lençóis, me permito uma última indulgência—um romance clichê onde, em apenas 90 minutos, tudo encontra seu final feliz. Saio da sala de balé, tranco a porta com cuidado e caminho até a recepção para entregar a chave à Milena. Ma
Antoni Armand Fico parado diante da porta, atordoado. Meu olhar ainda está fixo no espaço vazio por onde aquela… tempestade passou. Uma bailarina em miniatura, mal maior que um tremor, berrando na minha cara como se fosse minha mãe. E eu? Eu, Antoni Armand, CEO da Armand’s Company, acostumado a enfrentar acionistas hostis, repórteres sensacionalistas e concorrentes de sangue frio… fiquei sentado, sem conseguir abrir a boca.O eco das palavras dela ainda reverbera na minha mente, junto com a imagem de seus olhos faiscando de fúria. Quem diabos era aquela mulher? Melhor ainda… quem ela pensa que é para entrar no meu escritório, me desafiar e sair como se tivesse vencido?Me recosto na cadeira, esfregando a mão no rosto, tentando absorver o que acabou de acontecer. Mas antes que eu possa colocar meus pensamentos em ordem, um par de passinhos ecoa pelo chão de mármore.Kira surge na minha frente, completamente alheia à guerra que aconteceu aqui dentro. Seu sorriso doce contrasta absurdam
Isabella Cavalieri Acordo com um sono péssimo. Ontem, ao chegar em casa mais tarde do que de costume, acabei me atrasando para tudo. Meu corpo, acostumado à rotina, parece que não sabe funcionar sem ela, e, como resultado, acordo completamente perdida. Me levanto, passo um pouco de água fria no rosto para tentar espantar o cansaço e me recompor. Coloco a roupa de balé, jogo tudo na mochila e desço para tomar café. Na mesa, encaro minha mãe com uma expressão de quem não está nada bem. Não sei se já mencionei isso antes, mas mamãe é… controladora, para dizer o mínimo. Ela está me observando com atenção, como se estivesse esperando algo de mim. O olhar de minha mãe é afiado como uma lâmina quando me sento à mesa. Sei exatamente o que está por vir antes mesmo de ela abrir a boca. — Onde esteve ontem, que chegou mais tarde que o usual? — A pergunta vem seca, sem rodeios, carregada de julgamento. Eu seguro um suspiro, mantendo a expressão neutra. Não adianta demonstrar irritação, iss