1. Capitulo

Rodolfo Barros

Duas semanas depois

Após o fim do meu noivado com Patrícia, minha vida mudou drasticamente. Afoguei minhas mágoas no álcool, frequentei lugares com acompanhantes de luxo, mas nada parecia apagar o que ela me fez passar. Contudo, o alívio veio com o seu total desaparecimento; ela não deu mais notícias e desejo que continue assim, distante, para todo o sempre.

Após conversar com Selena, uma grande amiga, tomei a decisão de encontrar uma mulher e propor-lhe um contrato pré-nupcial. Desejo ardentemente que Patrícia perceba que consegui seguir adiante, que estou bem e acompanhado. Desde o fim do meu noivado, fui alvo de diversas calúnias: pintaram-me como um homem grosseiro, rude e frio. Rotularam-me, injustamente, como alguém insuportável e insinuaram infidelidades que jamais cometeria, pois a traição não se alinha aos meus princípios.

No dia seguinte ao término doloroso com minha ex-noiva, minha equipe de comunicação emitiu uma nota conjunta em meu nome e no dela. Enviei instruções para que ela recebesse a versão que deveríamos apresentar, ameaçando processá-la se tentasse expor algo sobre mim.

Meu nome é Rodolfo Barros e atualmente desempenho a função de CEO na RB Construtora, especializada no setor da construção civil. Nasci em Santa Catarina, mas minha infância e juventude foram moldadas pelo dinamismo da grande São Paulo, cidade que me acolheu e educou. Atualmente, vivo em uma espaçosa mansão em Alphaville, enquanto o escritório principal da minha empresa fica situado no coração de São Paulo. Além das minhas responsabilidades na RB Construtora, também participo ativamente na administração do negócio familiar, onde tenho a oportunidade de trabalhar ao lado do meu primo Gustavo, que é um irmão para mim, já que fomos criados como tal. 

Gustavo e eu estávamos em um restaurante, buscando a mulher ideal para representar o papel de minha esposa para que eu pudesse esfregar na cara da imprensa que não sou o que eles andam divulgando por aí. Preciso restaurar minha reputação, porém mais do que isso, desejo que Patrícia se arrependa profundamente pelo que me fez.

— Aquela ali, Rodolfo — Gustavo chamou minha atenção apontando para uma moça sentada sozinha.

— Você acha mesmo? — Arqueei a sobrancelha enquanto a observava. Notei que ela olhava mais para Gustavo do que para mim.

— Ela seria uma ótima esposa, concorda? — Questionou, empolgado. 

— Para mim ou para você? 

— Deixa de paranoia, cara — afirmou ele, rindo. — Ela é bonita, não custa tentar.

— Tem razão, mas preciso abordá-la de forma discreta, nada exagerado — comentei voltando meu olhar para a ruiva.

— Vai lá, seja cavalheiro — aconselhou. 

— Deixa comigo — levantei-me e movi minha cadeira para perto da mesa e caminhei até a moça solitária. 

Ela já havia lançado alguns olhares para nossa mesa e, ao me levantar, ela sorriu na direção em que eu caminhava. Segui em sua direção, tentando agir com galanteio, mas falhei ao prestar atenção no movimento ao meu redor. Antes de alcançar a mesa dela, esbarrei acidentalmente em outra pessoa, fazendo com que seu prato caísse ao chão com o impacto do meu corpo. Olhei para a moça que esbarrei, mas antes que pudesse reagir, fui atingido por um turbilhão de palavras furiosas.

— Que droga! Você não olha por onde anda? Olha só o que você fez, cara? Preste atenção! Poderia ter me machucado — a mulher me encarou com raiva, eu olhei para minha camisa manchada de molho de espaguete.

— Você que precisa prestar atenção por onde anda, por acaso é garçonete para sair desfilando com esse prato nas mãos? — Falei nervoso, gesticulando com as mãos.

— Não é da sua conta. Foi você quem não olhou para frente e agora quer discutir? Quero saber quem vai arcar com isso. Não vou pagar por algo que nem tive a chance de comer — a morena não parava de falar e naquele momento, eu só conseguia prestar atenção nos lábios lindos que ela tinha.

— Então é esse o problema? E por acaso acha que minha camisa vale menos do que sua refeição? Se você quer discutir sobre isso, então vai pagar pela minha camisa.

— Aff, só me faltava essa — antes que ela pudesse continuar, o gerente se aproximou, tentando acalmar a situação. A mulher estava furiosa e eu observava atentamente seu rosto, ela era realmente muito atraente. Olhar para ela me fez pensar: por que não ela? 

Neguei com a cabeça, propor um contrato para uma mulher com tanta personalidade poderia ser arriscado. Mas mesmo assim, resolvi acalmar minha irritação e comecei a considerar convidá-la para sentar à minha mesa.

— Olha, deixa que eu pago isso, não é problema. Esquece a camisa também, está bem? — Falei, olhando para ela, que ainda estava nervosa.

— Está tudo bem, senhorita? — Perguntou o gerente.

— Sim, mas da próxima vez, olhe para frente — ela saiu do restaurante sem me dar a chance de dizer mais nada. 

Que mulher estressada, tentei ser gentil e ela ainda saiu irritada me dizendo para prestar atenção? É brincadeira! Eu estava de boa, mas ela conseguiu me irritar. 

Desisti da ideia de falar com a ruiva e chamei Gustavo para voltarmos para a empresa. Ele não forçou brincadeiras, percebendo minha real irritação. Normalmente, quando estou assim, ninguém se aproxima, exceto meu melhor amigo Tadeu, que adora testar minha paciência. 

Ao chegar, percebi a fila na porta, pessoas deixando seus currículos, já que estamos constantemente contratando. Entrei pelo portão eletrônico e o fechei, pronto para mais uma tarde de muito trabalho.

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