4. Capitulo

Leticia

Hoje estou profundamente desanimada, parece que todos os meus planos estão dando errado. Não recebi nenhuma resposta das empresas para as quais enviei meu currículo, e, para piorar, minha mãe está preocupada com o custo dos exames que meu pai terá que fazer. Minha irmã está segurando as contas da casa da melhor forma que pode, mas o problema maior é o tratamento que meu pai ainda não começou. Primeiramente, ele precisa passar por uma série de exames antes de iniciar o tratamento.

Conversei com minha mãe pela manhã, e ela chorou durante a ligação. Está sofrendo muito ao ver meu pai enfrentando tantas dores. Não sei o que fazer para amenizar a situação, e isso me deixa ainda mais angustiada. Acabei chorando com ela. Quando se trata dos meus pais, minha fragilidade se intensifica. Dói-me profundamente saber que estão passando por tudo isso, e é ainda mais doloroso pensar que não estou conseguindo ajudá-los como planejei. Enquanto lidava com esses sentimentos, estava no quarto conversando com Lucy. Ela tentava me animar, algo que se mostra extremamente difícil para mim hoje.

— Vai, amiga! Proponho sairmos. Que tal irmos até a pracinha? Não adiantará nada ficar trancafiada aqui, e também estou morrendo de vontade de ir ver uns gatinhos — Lucy fala, desanimando-me ainda mais. Porém, o que menos me preocupa agora é namoro e gatinhos, já que o meu me deixou aqui de castigo.

— Ah, não, Lucy. Vai você, vai lá, amiga. Não deixe meu desânimo te contagiar, já basta eu — Estava deitada com o rosto no travesseiro.

— Eu não vou sem você, amiga.

— Ah, tá bom, eu vou. Mas não quero saber de gatinho, viu? Tenho o Vinicius, não se esqueça disso.

— Não concordo com isso. Namoro à distância não tem graça, mas não vou mais te enjoar com isso — Lucy fala sincera. Já deu para perceber que ela não curte nada o meu namoro.

— É, não discordo de você. Não tem graça mesmo. Esse tal namoro à distância é um saco, mas vamos ver o que dará. — Saímos pelo portão, com Lucy grudada em meu braço. Estou sempre de olho no meu celular, já que minha mãe e Vinícius não têm horário certo para ligar. Caminhamos até a praça que temos aqui perto. Não sou muito de sair de casa, não tenho esse costume. Chegando na praça, nos sentamos embaixo de uma das árvores.

— Contínua com a ideia fixa de se casar com Vinícius? — Lucy pergunta, e eu demoro um pouco para responder. Não tenho mais o ânimo de antes para falar nisso.

— Não sei. Estou com a cabeça confusa. É muito tempo distante, sabe? Quando falo com ele, me sinto perto, ansiosa para sua volta, e tenho vontade de colocar nossos planos em prática. — Falo apaixonada. Eu queria que fossem só esses sentimentos que existissem dentro de mim, mas tudo mudou com a nossa distância.

— Mas… — Lucy fala, sabendo que não estou confortável com meu namoro.

— Mas quando estamos longe e não estamos conversando, é outra situação bem diferente. Não me sinto mais ansiosa para vê-lo ou falar com ele como sentia antes. Por isso, falo que estamos cada vez mais distantes um do outro. Estou preocupada com isso, mas penso que quando ele voltar, também voltarei a sentir tudo novamente, como se nunca tivéssemos estado longe um do outro.

— Ele anda frio com você? — Lucy pergunta. Olhei para o nada, tentando entender o que ando sentindo.

— Não, até que ele está normal, sabe, como sempre. Não notei nada de diferente nele, mas noto muito em mim.

— Já faz 2 anos que você não sabe o que é transar, então!

— Sim, amiga. — Respondo sorrindo. Lucy é uma figura mesmo. — Não é um problema, sabe, não sou louca por sexo nem nada, mas é claro que sinto falta. E é quando sinto falta que mais me revolto.

— Vocês se davam muito bem?

— Muito, amiga. Éramos namorados desde o ensino médio. Eu era encantada por ele, tinha 17 anos quando o conheci, e hoje estamos juntos há 5 anos. É muito tempo, e me apego muito a isso.

— 5 ou 3? Vocês contam esse tempo que ele está fora?

— Não deixamos de estar juntos, Lucy, então, sim, contamos esse tempo.

— Não sei se eu daria certo em um relacionamento assim não.

— É, eu estou tentando, mas é difícil, não vou falar que é fácil, pois não é. Sei que ele está buscando o melhor para a vida dele, mas e eu!

— Eu também penso assim, Letícia! Olha só os gatinhos que está perdendo. — Lucy observa alguns rapazes que realizam passos de dança um pouco distante de nós.

— Fique à vontade, Lucy. Não quero decepcionar o Vinicius assim. — Senti meu celular vibrar em meu bolso, peguei em minha mão e olhei a tela. Era o Vinicius. Lucy olhou para minha mão e sorriu, negando com a cabeça.

— Ele não morre tão cedo.

— Não mesmo. — Falo atendendo a chamada de vídeo.

Chamada de vídeo

(...)

"Oi amor!"

"Oi, minha lindeza, como você está?"

"Bem e você?"

"Estou bem, mas aqui está muito frio"

"Estou vendo, está tudo empacotado enquanto eu estou morrendo de calor"

"Como eu queria estar aí para sentir o seu calor"

"Nem brinque, sabe que estamos muito longe"

"Mas estamos cada vez mais perto do nosso sonho se concretizar"

"É né" — falei sem ânimo.

"O que foi?"

"Você sempre diz isso, Vinícius, já tem muito tempo que ouço isso" — coloquei para fora a minha impaciência.

"Eu sei amor, mas agora é diferente, estamos quase chegando à meta"

"Está bem, quando você volta então? Ou mais fácil, quando atingirá a sua meta?"

"Acho que mais uns 6 meses e teremos a nossa meta batida"

"Seis meses! Qual é o valor que planeja juntar, Vini?"

"Amor, não está duvidando de mim, né"

"Não, só estou ansiosa, sabe disso, ainda é muito tempo"

"Já aguentamos 2 anos, amor, vamos estar juntos daqui a 6 meses"

"Tá bom" — Falo fria.

"Ei, não fica triste, por que não vem morar comigo? Já te fiz vários convites e nada de você aceitar ao menos vim me ver"

"Sabe que não é fácil, tenho meus pais que estão passando por problemas, além de tudo agora vão ter que fazer alguns exames bem caros"

"É sério isso! Por que não me falou nada?"

"Iria adiantar de quê?"

"Amor, estou aqui trabalhando, é também para o nosso casamento. Quanto seus pais precisam para esse exame? Temos dinheiro guardado"

"Não, Vinicius, você já está trabalhando tanto para isso"

"Eu quero ajudar"

"Liga para minha mãe, ela não me deu detalhes"

"Está bem, amor, vou ter que tirar do nosso, mais nada que não dê para repor com o tempo"

"Está bem, Vini, saúde sempre vem em primeiro lugar" — Falo me animando com a possibilidade de conseguir ajudar meu pai a fazer os exames necessários.

(...)

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