Leticia
Hoje estou profundamente desanimada, parece que todos os meus planos estão dando errado. Não recebi nenhuma resposta das empresas para as quais enviei meu currículo, e, para piorar, minha mãe está preocupada com o custo dos exames que meu pai terá que fazer. Minha irmã está segurando as contas da casa da melhor forma que pode, mas o problema maior é o tratamento que meu pai ainda não começou. Primeiramente, ele precisa passar por uma série de exames antes de iniciar o tratamento.
Conversei com minha mãe pela manhã, e ela chorou durante a ligação. Está sofrendo muito ao ver meu pai enfrentando tantas dores. Não sei o que fazer para amenizar a situação, e isso me deixa ainda mais angustiada. Acabei chorando com ela. Quando se trata dos meus pais, minha fragilidade se intensifica. Dói-me profundamente saber que estão passando por tudo isso, e é ainda mais doloroso pensar que não estou conseguindo ajudá-los como planejei. Enquanto lidava com esses sentimentos, estava no quarto conversando com Lucy. Ela tentava me animar, algo que se mostra extremamente difícil para mim hoje.
— Vai, amiga! Proponho sairmos. Que tal irmos até a pracinha? Não adiantará nada ficar trancafiada aqui, e também estou morrendo de vontade de ir ver uns gatinhos — Lucy fala, desanimando-me ainda mais. Porém, o que menos me preocupa agora é namoro e gatinhos, já que o meu me deixou aqui de castigo.
— Ah, não, Lucy. Vai você, vai lá, amiga. Não deixe meu desânimo te contagiar, já basta eu — Estava deitada com o rosto no travesseiro.
— Eu não vou sem você, amiga.
— Ah, tá bom, eu vou. Mas não quero saber de gatinho, viu? Tenho o Vinicius, não se esqueça disso.
— Não concordo com isso. Namoro à distância não tem graça, mas não vou mais te enjoar com isso — Lucy fala sincera. Já deu para perceber que ela não curte nada o meu namoro.
— É, não discordo de você. Não tem graça mesmo. Esse tal namoro à distância é um saco, mas vamos ver o que dará. — Saímos pelo portão, com Lucy grudada em meu braço. Estou sempre de olho no meu celular, já que minha mãe e Vinícius não têm horário certo para ligar. Caminhamos até a praça que temos aqui perto. Não sou muito de sair de casa, não tenho esse costume. Chegando na praça, nos sentamos embaixo de uma das árvores.
— Contínua com a ideia fixa de se casar com Vinícius? — Lucy pergunta, e eu demoro um pouco para responder. Não tenho mais o ânimo de antes para falar nisso.
— Não sei. Estou com a cabeça confusa. É muito tempo distante, sabe? Quando falo com ele, me sinto perto, ansiosa para sua volta, e tenho vontade de colocar nossos planos em prática. — Falo apaixonada. Eu queria que fossem só esses sentimentos que existissem dentro de mim, mas tudo mudou com a nossa distância.
— Mas… — Lucy fala, sabendo que não estou confortável com meu namoro.
— Mas quando estamos longe e não estamos conversando, é outra situação bem diferente. Não me sinto mais ansiosa para vê-lo ou falar com ele como sentia antes. Por isso, falo que estamos cada vez mais distantes um do outro. Estou preocupada com isso, mas penso que quando ele voltar, também voltarei a sentir tudo novamente, como se nunca tivéssemos estado longe um do outro.
— Ele anda frio com você? — Lucy pergunta. Olhei para o nada, tentando entender o que ando sentindo.
— Não, até que ele está normal, sabe, como sempre. Não notei nada de diferente nele, mas noto muito em mim.
— Já faz 2 anos que você não sabe o que é transar, então!
— Sim, amiga. — Respondo sorrindo. Lucy é uma figura mesmo. — Não é um problema, sabe, não sou louca por sexo nem nada, mas é claro que sinto falta. E é quando sinto falta que mais me revolto.
— Vocês se davam muito bem?
— Muito, amiga. Éramos namorados desde o ensino médio. Eu era encantada por ele, tinha 17 anos quando o conheci, e hoje estamos juntos há 5 anos. É muito tempo, e me apego muito a isso.
— 5 ou 3? Vocês contam esse tempo que ele está fora?
— Não deixamos de estar juntos, Lucy, então, sim, contamos esse tempo.
— Não sei se eu daria certo em um relacionamento assim não.
— É, eu estou tentando, mas é difícil, não vou falar que é fácil, pois não é. Sei que ele está buscando o melhor para a vida dele, mas e eu!
— Eu também penso assim, Letícia! Olha só os gatinhos que está perdendo. — Lucy observa alguns rapazes que realizam passos de dança um pouco distante de nós.
— Fique à vontade, Lucy. Não quero decepcionar o Vinicius assim. — Senti meu celular vibrar em meu bolso, peguei em minha mão e olhei a tela. Era o Vinicius. Lucy olhou para minha mão e sorriu, negando com a cabeça.
— Ele não morre tão cedo.
— Não mesmo. — Falo atendendo a chamada de vídeo.
Chamada de vídeo
(...)
"Oi amor!"
"Oi, minha lindeza, como você está?"
"Bem e você?"
"Estou bem, mas aqui está muito frio"
"Estou vendo, está tudo empacotado enquanto eu estou morrendo de calor"
"Como eu queria estar aí para sentir o seu calor"
"Nem brinque, sabe que estamos muito longe"
"Mas estamos cada vez mais perto do nosso sonho se concretizar"
"É né" — falei sem ânimo.
"O que foi?"
"Você sempre diz isso, Vinícius, já tem muito tempo que ouço isso" — coloquei para fora a minha impaciência.
"Eu sei amor, mas agora é diferente, estamos quase chegando à meta"
"Está bem, quando você volta então? Ou mais fácil, quando atingirá a sua meta?"
"Acho que mais uns 6 meses e teremos a nossa meta batida"
"Seis meses! Qual é o valor que planeja juntar, Vini?"
"Amor, não está duvidando de mim, né"
"Não, só estou ansiosa, sabe disso, ainda é muito tempo"
"Já aguentamos 2 anos, amor, vamos estar juntos daqui a 6 meses"
"Tá bom" — Falo fria.
"Ei, não fica triste, por que não vem morar comigo? Já te fiz vários convites e nada de você aceitar ao menos vim me ver"
"Sabe que não é fácil, tenho meus pais que estão passando por problemas, além de tudo agora vão ter que fazer alguns exames bem caros"
"É sério isso! Por que não me falou nada?"
"Iria adiantar de quê?"
"Amor, estou aqui trabalhando, é também para o nosso casamento. Quanto seus pais precisam para esse exame? Temos dinheiro guardado"
"Não, Vinicius, você já está trabalhando tanto para isso"
"Eu quero ajudar"
"Liga para minha mãe, ela não me deu detalhes"
"Está bem, amor, vou ter que tirar do nosso, mais nada que não dê para repor com o tempo"
"Está bem, Vini, saúde sempre vem em primeiro lugar" — Falo me animando com a possibilidade de conseguir ajudar meu pai a fazer os exames necessários.
(...)
Eu e Vinicius continuamos conversando mais um tempo enquanto Lucy conversava com os rapazes que dançam. Enquanto conversava com Vinicius, recebi uma ligação, era um número desconhecido, falei para Vinícius que retornaria a ligação a ele. Preciso atender, estou muito ansiosa por um trabalho, ou logo terei que voltar para minha cidade natal. (...) Ligação — Olá, bom dia. — Bom dia. Com quem eu tenho o prazer de falar? — Letícia, com quem falo? — Olá, Letícia. Aqui é Sabrina, representante da RB Empreendimentos. Gostaria de saber se você estaria disponível para uma entrevista com a supervisora geral hoje às 14h. — Arregalei os olhos ao ouvir isso, sentindo uma mistura de surpresa e animação, mas mantive a formalidade na ligação. — Certamente, estou disponível. — Perfeito. Enviarei o endereço para este número e aguardaremos sua confirmação. Agradeço muito pela sua atenção. — Eu que agradeço. Tenha um bom dia. — Falei animada, desliguei a ligação e saí apressada, correndo até Lucy
Passei o resto da tarde em casa descansando para no dia seguinte estar tranquila e descansada, o pior será mais a ida e a volta já que moro distante do centro, mais estou esperançosa, algo me diz que esse emprego mudará minha vida, dará uma guinada positiva no meu ânimo. Conversei com minha mãe como faço todos os dias, busco sempre saber do meu pai e graças a Deus o Vini arrumou o dinheiro para ele fazer os exames, mas não imaginava que ficaria tudo tão caro, minha mãe estava preocupada em como pagaria o Vini, mais deixei claro que farei isso e para eles não se preocuparem, com meu novo emprego vou enviando o dinheiro gradualmente a ele, só a parte que o Vinicius emprestou foi uma grande ajuda, eu não conseguiria esse dinheiro assim tão rápido. Vinicius me ligou e me deitei após jantar para conversarmos mais tranquilamente. No dia seguinte….Acordei cedo, estava super animada para meu primeiro dia de trabalho, sou muito ansiosa e quase não dormi a noite pensando em como seria meu pr
RodolfoFui obrigado a passar a noite em casa, já que minha filha foi deixada aqui ontem à noite. Sua mãe, uma atriz sempre envolta em seus compromissos imprevisíveis, tem o hábito de deixá-la sem aviso prévio. Realmente, estou precisando urgentemente de uma babá para esses dias; sei, no entanto, que logo a mãe voltará, pois deixou um bilhete avisando que ficaria fora por dois dias. Hoje, sem alternativa, vou ter que deixá-la aos cuidados da governanta. Felizmente, ela é uma mulher mais velha e paciente; caso contrário, eu teria que levar minha filha para a empresa. Fui até o quarto dela e, com delicadeza, dei um beijo em sua testa. Ela murmurou algo, virando-se para o outro lado da cama em protesto. E depois dizem que o difícil sou eu. Veja só a minha pequena rebelde.— Manu, estou de saída. Dá um beijo no pai! — chamei, enquanto ela permanecia imóvel. Virei-a para checar se estava tudo bem, mas ela rapidamente se virou para o outro lado novamente.— Não, pai, eu quero ir embora. Sua
Eu e Tadeu seguimos para a empresa. Ao passar pela recepção, percebi que não havia ninguém no posto da secretária principal, nem mesmo Selena estava ali. Olhei para a mesa vazia e entrei em minha sala, questionando-me se minha atitude poderia ser a razão pela qual nenhuma secretária conseguia permanecer muito tempo no cargo. Será que eu era realmente tão grosseiro assim?Patrícia é a grande culpada por eu ter me tornado esse homem desagradável nas últimas semanas. Antes, eu não era assim. Claro, estressava-me ocasionalmente, o que é normal dado o volume e a intensidade dos negócios. Mas agora, esse sentimento parece constante.Tadeu me acompanhou até minha sala e, assim que me sentei na cadeira, pude aproveitar a visão privilegiada do exterior de minha sala. Agora, estava apenas à espera de Selena para confrontá-la sobre o fato de que cheguei e não fui recepcionado por ninguém. Começo a suspeitar que ela está me mostrando, com sua ausência, o quanto estou me tornando detestável, má so
SelenaAcredito que finalmente encontrei a secretária ideal para o Rodolfo. A moça é muito simpática, um amor de pessoa. Gostei bastante do seu perfil; ela parece ser uma mulher de personalidade forte, e sinceramente, no momento, preciso de alguém assim aqui para ser a secretária do Rodolfo. Ele simplesmente age como quer, mas também as candidatas que têm aparecido por aqui não são lá essas coisas. A última era a lerdeza em pessoa, e quando ele percebe que a mulher só tem beleza, fica mais impaciente.Sou muito amiga dele, mas às vezes não sei como aguento o seu temperamento. Muitas vezes ele é ignorante, não me ouve e faz besteira. É típico dele, mas espero que pelo menos essa secretária dure mais tempo do que a última.Apresentei ela a todo o setor, mas quando fui até a sala do Rodolfo, estava trancada. Acredito que ele está em reunião, já que ele só faz isso nessas situações. Auxiliei Letícia a começar a se adaptar no novo cargo e pedi para que Gustavo também a auxiliasse, já que el
LetíciaEstou realmente apreciando meu novo emprego; adoro ambientes onde parece que todos se entendem bem. No entanto, não posso negar que estou um pouco apreensiva com meu chefe. Selena descreveu-o de uma maneira que me faz imaginar que ele seja bastante temperamental, mas estou determinada a manter-me o mais discreta possível. Durante um café, tive uma conversa longa e agradável com Gustavo. Ele é divertido e brincalhão, o que torna o ambiente leve. No entanto, sinto uma certa preocupação com essa aproximação, considerando que vejo meu namorado, Vinicius, com pouca frequência. Embora ele nunca tenha sido ciumento, nossa relação sempre foi construída sobre uma base de sinceridade e muitos amigos compartilhados.Durante o almoço, um momento inesperado ocorreu: minha cunhada me ligou. Isso me surpreendeu, pois ela raramente faz isso. Com um gesto educado, pedi licença a Gustavo, que acenou compreensivamente. Peguei meu celular e caminhei até o tranquilo jardim ao lado do refeitório, um
Sentada, tentei me recuperar do choque, ainda digerindo a informação surpreendente que tinha acabado de receber. As cenas com aquele homem passavam como flashes em minha mente—não era possível que aquele indivíduo arrogante fosse meu novo chefe. Pior ainda, como sua secretária, eu estaria diretamente ligada a ele, o que parecia surreal, quase como se fosse algo planejado.Selena, percebendo meu estado, chamou-me até sua sala. Entrei e ela gentilmente me convidou a sentar, servindo-me um café. Enquanto eu aceitava a bebida, parte de mim ainda esperava que tudo aquilo fosse uma brincadeira de mau gosto armada para meu primeiro dia de trabalho. A ideia de trabalhar com aquele homem, mesmo se ele fosse apenas um funcionário comum, já era difícil de engolir.— Sei que deve estar em choque, Letícia, mas espero que não desista do seu cargo. Preciso muito de você nesse momento. — Selena falou com um tom carinhoso, e seus olhos pareciam implorar para que eu ficasse. Apesar de sua súplica, dentr
RodolfoParece que nunca senti tanta satisfação quanto naquele momento, observando aquela mulher trazer meu café com passos elegantes e uma postura impecável. Ela é realmente bela, uma morena que tem me deixado intrigado e, confesso, um tanto perturbado. Sua presença desperta em mim a vontade de debater a cada minuto; cada vez que ela abre a boca, é com a intenção de desafiar-me. E eu aprecio isso — não me agradam as mulheres mansas.Por precaução, minhas relações anteriores foram com mulheres bem dóceis. Nenhuma delas realmente me desafiava ou retrucava de forma arrogante, provavelmente por saberem da minha impaciência. As discussões eram sempre amenas, muito amenas. Mas esta mulher, ela atrai minha atenção de uma maneira diferente. Mesmo sabendo que sou um homem poderoso e endinheirado, ela se mostra firme em seu modo de agir, sem dar sinais de submissão.Isso é arriscado, sem dúvida, pois não conheço bem essa "peça" — vai que ela é louca de verdade. Mas, até onde posso perceber, el