Nos últimos dias, Wendy sentia sua paciência se esgotando. Entre passar noites mergulhada nos livros de direito e dias ocupada com o trabalho na empresa de vinhos da família, ela também estava cansada de ter que lidar com os problemas que suas irmãs, Chloe e Pietra, constantemente causavam.Para minimizar o impacto delas na empresa, Theo e Wendy decidiram dar às gêmeas cargos que exigissem pouco esforço e responsabilidade. Chloe e Pietra foram nomeadas "Embaixadoras de Marca", um título que soava importante, mas que, na prática, envolvia apenas eventos sociais e representações formais da empresa em ocasiões de menor importância.Mesmo assim, as gêmeas conseguiam causar confusões. Na semana anterior, Chloe se envolveu em um pequeno escândalo ao ser flagrada em uma festa de luxo promovendo um vinho que nem era da empresa, gerando repercussões negativas na mídia. Wendy teve que intervir, articulando uma retratação pública e reforçando a imagem da marca através de uma série de campanhas q
Assim que Theo terminou de falar, Chloe se levantou abruptamente e saiu da sala sem dar uma palavra sequer, o som dos saltos ecoando pelo corredor. Pietra, embora mais abatida, seguiu a irmã, também sem olhar para trás. A porta se fechou com um estalo, deixando Wendy e Theo sozinhos na sala.— Não acha que pegou pesado com elas? — Wendy perguntou, a hesitação clara em seu tom.Theo, ainda com o sangue fervendo de raiva, virou-se para encará-la.— Peguei pesado? — Ele repetiu, incrédulo, antes de soltar um suspiro exasperado. — Aquelas duas sempre fizeram de tudo para te sabotar, para tornar sua vida um inferno. E agora você está aqui, tentando defendê-las?Wendy desviou o olhar, lutando para encontrar as palavras certas. Ela sabia que as gêmeas eram difíceis, mas ainda eram suas irmãs, e, de alguma forma, ela sempre esperava que elas pudessem mudar.— Não é bem isso... — ela começou, a voz falhando levemente. — É só que... sei lá, Theo. Achei que trabalhando aqui, elas poderiam ter um
O silêncio de Theo foi rapidamente substituído pelo som ensurdecedor da multidão enquanto Ethan, ou melhor, Blackbom, adentrava a gaiola. Ele caminhava com uma confiança inabalável, o corpo esculpido e marcado por tatuagens se destacando sob as luzes vibrantes que piscavam em tons de vermelho e azul. Seu rosto estava sério, focado, nada diferente do que Theo estava acostumado a ver no cunhado. — Wendy... — Theo começou, mas sua voz estava fraca, quase sufocada pelo choque. — Ethan é... um lutador? Como... como eu não sabia disso? Wendy, ainda com um sorriso de canto nos lábios, deu de ombros como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo. — Ethan sempre foi muito discreto sobre essa parte da vida dele. Ele gosta de manter as coisas separadas, especialmente quando se trata de negócios e família. — Ela olhou para Theo, vendo a confusão e a incredulidade em seus olhos. — Eu queria que você soubesse, mas também queria que fosse uma surpresa. E, vamos lá, é bem legal, não é? Theo ba
Theo e Heather se entreolharam, enquanto Wendy não tirou os olhos daquele homem irônico. — Wendy? — Ethan pergunta, aparecendo na porta. As pessoas que estavam na fila começaram a ficar agitadas ao ver Ethan tão de perto, o que deixou Clifton agoniado. — Vão entrar ou não? Heather foi a primeira a fazer, seguida de Theodore. Wendy entrou em câmera lenta, sem deixando de encarar o treinador em momento algum. — Você é um lutador! — Theo diz, olhando para o seu cunhado. — Quantos segredos você tem mais? Ethan soltou uma risada curta, tentando aliviar a tensão. — Segredos? Não, Theo, acho que já esgotei a cota por hoje. — Ele brincou, tentando trazer um pouco de leveza à situação. Ignorando o treinador, Wendy, sentindo o alívio no tom de Ethan, se aproximou dele e o beijou suavemente. Quando se afastou, ela olhou para o marido com um sorriso carinhoso. — Parabéns pela vitória, amor. — Ela disse, com orgulho evidente na voz. — Trouxe o Theo porque ele precisava estar em um ambi
Quando as persianas automáticas subiram, inundando o apartamento com a luz suave da manhã, Wendy despertou. Seus olhos ainda estavam pesados de sono, e o corpo doía de ter passado a noite no sofá. Esfregando os olhos com lentidão, ela se sentou, os pensamentos ainda confusos enquanto tentava se situar. Ela olhou em volta, esperando encontrar Ethan em algum canto, mas o apartamento estava estranhamente quieto. Wendy franziu a testa e se levantou, andando descalça pelo chão frio da sala. — Ethan? — chamou, a voz ainda rouca de sono. Nenhuma resposta. Ela se dirigiu até o quarto, abrindo a porta com cautela, mas a cama estava vazia e impecavelmente arrumada. O banheiro, igualmente silencioso. Wendy começou a sentir um leve desconforto crescer no peito. Voltando para a sala, pegou o celular na mesa de centro e discou o número de Ethan. O telefone sequer tocou e foi direto para a caixa postal. Wendy tentou de novo, e mais uma vez foi recebida pelo som automático da gravação. "Oi, é
— Eu não deixei nada acontecer! — Clifton respondeu, a tensão em sua voz ficando clara. — Ele saiu antes de mim, eu não sabia que... — Ele tentou manter o controle da situação, mas Wendy não estava pronta para escutar desculpas. — Você é o maldito treinador dele! Era sua responsabilidade garantir que ele estivesse bem! — Wendy gritou, as lágrimas escorrendo pelo rosto agora. — Eu não consigo... eu não consigo acreditar nisso! Clifton respirou fundo, seu tom mudando para algo mais calmo, mas ainda firme. — Wendy, eu não tive como impedir. Ethan saiu após as fotos e eu ainda fiquei resolvendo algumas coisas. Quando ouvi um barulho alto, eu e algumas coisas pessoas corremos para fora e foi aí que vimos Ethan no chão. — Ele fez uma pausa, olhando diretamente para ela. — Minha única preocupação desde então, foi saber como ele estava. E estava à espera de mais detalhes, para ligar e te informar do acontecido. — Esperando mais detalhes? — Wendy soltou uma risada incrédula, cheia de dor.
O caminho até a UTI parecia interminável, cada passo mais difícil que o anterior. A ideia de ver Ethan naquele estado a enchia de medo, mas ela sabia que precisava estar ao lado dele, mesmo que fosse apenas por alguns minutos. Quando finalmente entrou no quarto, seu coração quase parou ao vê-lo. Ethan estava deitado na cama, cercado por máquinas e tubos que monitoravam sua condição. Seu rosto estava pálido, coberto por pequenos cortes e hematomas. O peito tatuado dele, subia e descia com dificuldade, cada respiração parecendo um esforço doloroso. O som rítmico do monitor cardíaco preenchia o ambiente, criando um contraste perturbador com o silêncio que parecia envolver Wendy. Ela se aproximou lentamente, quase com medo de tocá-lo, como se o contato pudesse quebrá-lo de alguma forma. Finalmente, ela se sentou ao lado da cama, pegando a mão dele com suavidade. A pele dele estava fria, e o calor da mão dela parecia incapaz de aquecê-lo. — Ethan… — sua voz saiu em um sussurro quase ina
No segundo dia, Wendy mal havia dormido. O cansaço começava a cobrar seu preço, mas ela não se permitia descansar de verdade. Estava sentada em uma poltrona desconfortável, quando sentiu um leve movimento na mão de Ethan. Ela se endireitou imediatamente, o coração acelerado. Olhou para o rosto dele, e viu as pálpebras dele tremerem ligeiramente. — Ethan? — ela sussurrou, quase sem fôlego. Os dedos dele apertaram sua mão de leve, e os olhos de Ethan começaram a se abrir lentamente, como se o simples ato de acordar fosse uma batalha monumental. Wendy sentiu as lágrimas voltarem, mas dessa vez eram de alívio. — Ethan... você está me ouvindo? — ela perguntou, segurando a respiração. Ele abriu os olhos por completo, piscando com dificuldade, ainda desorientado, mas o olhar dele encontrou o dela, e um sorriso fraco e dolorido surgiu em seus lábios. — Wendy... — ele murmurou, a voz rouca e fraca. Ela se inclinou para perto dele, as lágrimas escorrendo novamente, mas dessa vez acompanh