O caminho até a UTI parecia interminável, cada passo mais difícil que o anterior. A ideia de ver Ethan naquele estado a enchia de medo, mas ela sabia que precisava estar ao lado dele, mesmo que fosse apenas por alguns minutos. Quando finalmente entrou no quarto, seu coração quase parou ao vê-lo. Ethan estava deitado na cama, cercado por máquinas e tubos que monitoravam sua condição. Seu rosto estava pálido, coberto por pequenos cortes e hematomas. O peito tatuado dele, subia e descia com dificuldade, cada respiração parecendo um esforço doloroso. O som rítmico do monitor cardíaco preenchia o ambiente, criando um contraste perturbador com o silêncio que parecia envolver Wendy. Ela se aproximou lentamente, quase com medo de tocá-lo, como se o contato pudesse quebrá-lo de alguma forma. Finalmente, ela se sentou ao lado da cama, pegando a mão dele com suavidade. A pele dele estava fria, e o calor da mão dela parecia incapaz de aquecê-lo. — Ethan… — sua voz saiu em um sussurro quase ina
No segundo dia, Wendy mal havia dormido. O cansaço começava a cobrar seu preço, mas ela não se permitia descansar de verdade. Estava sentada em uma poltrona desconfortável, quando sentiu um leve movimento na mão de Ethan. Ela se endireitou imediatamente, o coração acelerado. Olhou para o rosto dele, e viu as pálpebras dele tremerem ligeiramente. — Ethan? — ela sussurrou, quase sem fôlego. Os dedos dele apertaram sua mão de leve, e os olhos de Ethan começaram a se abrir lentamente, como se o simples ato de acordar fosse uma batalha monumental. Wendy sentiu as lágrimas voltarem, mas dessa vez eram de alívio. — Ethan... você está me ouvindo? — ela perguntou, segurando a respiração. Ele abriu os olhos por completo, piscando com dificuldade, ainda desorientado, mas o olhar dele encontrou o dela, e um sorriso fraco e dolorido surgiu em seus lábios. — Wendy... — ele murmurou, a voz rouca e fraca. Ela se inclinou para perto dele, as lágrimas escorrendo novamente, mas dessa vez acompanh
Wendy ainda sentia a adrenalina correndo em suas veias enquanto voltava para o hospital. A prova estava feita, e agora, seu foco estava novamente em Ethan. Enquanto dirigia, o celular tocou, fazendo seu coração disparar mais uma vez. Ela pegou o telefone rapidamente, esperando não ser o hospital com más notícias. — Theo! — ela atendeu, exasperada, tentando conter a ansiedade. — Ele acordou! Do outro lado da linha, houve um suspiro audível de alívio. — Viu? — Theo disse, com um tom reconfortante. — Eu te falei que o Ethan sairia dessa. Ele é forte, Wendy. Não desista de acreditar nele. Ela sorriu, as lágrimas brotando nos olhos enquanto ouvia a voz de seu irmão. Ele sempre sabia como lhe trazer esperança nos momentos mais difíceis. — Eu nunca deixei de acreditar. — Wendy murmurou, sentindo a emoção transbordar. — Mas foi tão difícil, Theo... ver ele assim, sem poder fazer nada. — Eu sei. — Theo respondeu suavemente. — Mas você fez o que podia. Agora, ele está acordado. A sua prov
Ethan olhou para o médico com descrença. A confusão estampada em seu rosto refletia o choque de todos no quarto. Ele havia passado os últimos cinco anos vivendo com o fardo de um diagnóstico que mudara sua vida, e agora, de repente, ouvia que talvez nunca tivesse tido câncer.— Eu tenho. — ele insistiu, tentando manter a voz firme. — Fui diagnosticado no hospital no dia em que Olivia... — Ele parou por um momento, a dor da memória quase o paralisando. — No dia em que Olivia, minha irmã, morreu. O médico me disse que eu tinha câncer naquele mesmo dia.O médico olhou para Ethan com um semblante calmo, mas sério. Ele franziu a testa, folheando mais uma vez o prontuário.— Senhor Blackwell, não há nada em seu histórico recente que indique qualquer diagnóstico de câncer. Pelo menos, não desde o tempo que você foi internado aqui. Eu recomendo fortemente que você faça novos exames para verificar isso. É possível que tenha havido algum erro, ou que os dados não estejam completos.Lilibeth, qu
— Agora? Ah, meu Deus! Estou indo!Uma semana após o atropelamento, Ethan finalmente estava recebendo alta.Wendy desligou o celular, fechou a tampa do notebook, agarrou em sua bolsa e saiu de sua sala apressadamente.— Desmarque toda e qualquer coisa que eu tenha para hoje. — ela diz para a sua secretária, sem sequer parar de andar. — Não volto hoje!Durante a semana que se seguiu ao atropelamento, o hospital se tornou o segundo lar de Wendy. Ela passava horas ao lado de Ethan, tentando ajudar da maneira que podia enquanto ele se recuperava lentamente dos ferimentos graves.No terceiro dia, Ethan teve sua primeira sessão de fisioterapia. Apesar das múltiplas fraturas, especialmente nas costelas e na perna, o fisioterapeuta acreditava que iniciar com pequenos movimentos ajudaria a prevenir a rigidez muscular. A sessão foi exaustiva. Ethan, que sempre foi ativo e orgulhoso de sua força física, ficou frustrado com o quão limitado se sentia. Cada movimento, por mais simples que fosse, ca
Após a fala de Wendy, um silêncio se instaurou pelo lugar. Clifton pegou o celular e fingiu atender uma ligação. Ele se despede de Ethan e deixa o quarto.— Eu odeio esse homem! — Wendy diz, indo até sua bolsa. — Como que pode pensar apenas nele mesmo? Você sofreu um acidente, sequer consegue ficar em pé sozinho e ele quer te forçar a voltar aos treinos logo? Ele é um...— Wendy!A mulher para de falar e olha na direção do seu marido, que tinha um sorriso de orelha a orelha. Wendy se pergunta como um sorriso pode se alargar tanto.— Qual a graça? — ela pergunta.— Você estava me defendendo. — ele disse, sua voz suave, mas carregada de afeto. — Nunca te vi assim, tão... feroz.Wendy parou, segurando sua bolsa com força, mas não pôde evitar o pequeno sorriso que brotou em seu rosto ao ouvir aquilo. Seu corpo ainda estava tenso, mas o comentário de Ethan suavizou um pouco o ambiente.— Eu entendo que você precisa se vingar daquele homem. — Wendy diz, se aproximando de Ethan e segurando a
Wendy estava na cozinha servindo mais alguns canapés em uma bandeja, quando Theo se juntou a ela.— Ethan realmente tem uma filha, hein... — ele murmura, ocupando um dos bancos do balcão. — Uma garota formada e grávida. Você vai ser vovó!Wendy revirou os olhos e lançou um canapé na direção de Theo, que riu e o pegou com agilidade, colocando-o na boca.— Vovó? Não exagera! — ela retrucou com uma leve risada, mas logo seu olhar ficou pensativo.Enquanto Theo mastigava, Wendy pegou outra bandeja de canapés e colocou no balcão ao lado dele. Ela olhou para o irmão por um instante antes de falar, tentando manter o tom casual.— O que você achou da Claire? — perguntou, evitando encará-lo diretamente, como se estivesse testando o terreno.Theo ergueu uma sobrancelha e olhou para a sala, onde Claire conversava animadamente com Emily e Ethan.— A ex do Ethan? — ele perguntou, limpando os dedos com um guardanapo. — Ela parece bem disposta a ajudar. Mas... — ele fez uma pausa, olhando de volta p
Sentada no chão do box, com a água do chuveiro caindo sobre sua cabeça sem parar, Wendy tentava pausar sua mente. O fato de Claire estar no quarto ao lado, tão próxima de Ethan, a deixava em um estado de nervosismo crescente. Wendy sabia que a mulher não estava apenas oferecendo ajuda por bondade. Havia algo mais por trás daquele comportamento solícito, algo que a fazia questionar as verdadeiras intenções de Claire. Ela fechou os olhos, deixando a água quente cair sobre seu corpo enquanto tentava organizar seus pensamentos. A sensação de estar perdendo o controle da situação a incomodava profundamente. "Talvez ela só queira aproximar Ethan e Emily..." pensou Wendy, a dúvida crescendo ainda mais. "Mas por quê? O que ela realmente está tentando fazer?" — Wendy? — a voz de Ethan veio através da porta entreaberta. — Você está demorando. Está tudo bem? Por um momento, Wendy pensou em não responder. Ela precisava de mais tempo para tentar processar seus sentimentos, mas sabia que não