Antes que Wendy pudesse responder à provocação de Claire, um barulho alto ecoou pela casa, interrompendo o confronto. Ambas se viraram rapidamente em direção à origem do som. O coração de Wendy deu um salto no peito quando reconheceu o ruído familiar da cadeira de rodas de Ethan tombando no chão. — Ethan! — ela exclamou, correndo em direção ao quarto sem hesitar. Claire também se apressou, mas Wendy foi mais rápida. Ao chegar ao quarto, ela encontrou Ethan no chão ao lado da cama, visivelmente frustrado, com a cadeira de rodas virada de lado. — Eu estou bem... só... tentei levantar sozinho. — Ethan murmurou, com uma expressão tensa. Wendy ajoelhou-se rapidamente ao lado dele, verificando se ele havia se machucado, seu coração batendo acelerado de preocupação. — Ethan, você deveria ter me chamado. — disse ela, ajudando-o a se erguer com cuidado. Claire apareceu logo atrás, mas Wendy não se importou com a presença dela naquele momento. Sua atenção estava totalmente voltada para Et
Wendy mal deixou o elevador e sua secretária já estava a postos, lhe entregando diversos documentos.— Onde está o meu irmão?— Na sala de reuniões, com todos os outros.Após acenar a cabeça em concordância, Wendy vai até a sala de reuniões e entra sem bater. Ela escuta Theo terminando uma frase para Pietra, que não parecia afim de estar ali.— Você toma decisões impulsivas, não consulta ninguém e espera que a gente resolva os problemas depois! Isso aqui é uma empresa séria, não um playground para suas ideias malucas!Pietra, em vez de ficar abalada, apenas deu um sorriso debochado.— Ah, Theo, para de ser tão dramático. — disse ela, jogando o cabelo para o lado. — Tudo está sob controle. O distribuidor adorou a ideia, e eu já imaginei um evento de lançamento exclusivo que vai trazer um hype enorme para a marca.Todos os olhares se voltaram para Wendy assim que ela cruzou a porta.— Finalmente, você chegou! — Theo exclamou, claramente aliviado ao ver Wendy. — Pode, por favor, explicar
Quando Theo entrou na sala de Wendy, ele encontrou sua irmã andando de um lado para o outro, bufando como um touro bravo.— Você viu aquilo, Theo? — disse Wendy, sem nem olhar para ele, continuando a andar de um lado para o outro, as mãos gesticulando nervosamente. — Elas estão completamente fora de controle!Theo se encostou na porta, cruzando os braços. Ele observava Wendy, sem falar nada, deixando-a extravasar.— Acham que isso aqui é um jogo! — continuou ela, virando-se bruscamente para Theo. — E agora eu sou a vilã porque estou tentando salvar essa empresa! — Wendy parou por um momento, respirando fundo antes de soltar: — Talvez elas estejam certas... Talvez eu devesse sair e deixar elas afundarem sozinhas.Theo franziu a testa, descruzando os braços.— Para com isso, Wendy. — ele disse, a voz mais firme do que antes. — Se você sair, eu não serei capaz de seguir sozinho. Isso aqui desmorona em semanas. Chloe e Pietra não têm a menor noção do que é administrar uma empresa. Eu esto
Londres, 2013. — Isso é ridículo! Eu não posso aparecer na frente de toda aquela gente, usando essa coisa horrenda. — Seu pai escolheu. Você está mais do que careca que saber, que as decisões do seu pai são irrefutáveis. Wendy encara o espelho mais uma vez e cruza os braços, extremamente irritada. Ela chega à conclusão de que seu pai só pode enxergá-la como uma palhaça, para fazer com que vista aquele vestido roxo todo armado e com mangas bufantes. — É meu aniversário de quinze anos. Eu deveria ter pelo menos o direito de escolher o que vestir. Abby, a babá de Wendy, apenas encolhe os ombros e sorri para a menina através do espelho. — Você sabe que não é apenas o seu aniversário. — a velha mulher diz, abraçando a garota de lado. — E não importa a roupa que você vista, menina. Você sempre estará linda. — Sua opinião não vale, babá. Eu duvido que Steve vá me achar bonita dentro desse troço enorme e roxo. — Claro que... Abby teve sua fala cortada, pela presença de uma das em
Londres, 2023. — Por dirigir alcoolizada, não respeitar o sinal vermelho e quase atropelar um homem na calçada, cinco mil dólares. — O QUE? ISSO É... — Sem gritos, senhorita Montenegro. Isso aqui não é a sua casa. Wendy fecha os olhos e respira fundo. Não era sua intenção sair presa da corte. — Desculpe, meritíssimo. Eu só... eu não tenho esse dinheiro. Não tenho de onde tirar. O homem de cabelos brancos e paciência zero, encara Wendy de cima a baixo. Geralmente ele enviaria a pessoa diretamente para a cadeia, devido a gravidade da multa, mas ele sentiu um pouco de empatia por Wendy. Talvez fosse os olhos lacrimejados; talvez a expressão genuína de arrependimento em seu rosto, ou a percepção de que ela não representava uma ameaça direta à sociedade. O juiz pondera por um momento antes de falar: — Senhorita Montenegro, suas ações foram extremamente irresponsáveis e poderiam ter causado danos irreversíveis. No entanto, considerando que esta é sua primeira ofensa e levando em cont
Passaram-se muitos anos desde a última vez que Wendy tinha visto seu pai pela última vez. A vida a havia levado por caminhos diferentes dos planos que ele tinha para ela, e isso havia causado um distanciamento entre os dois. No entanto, agora, ela estava prestes a enfrentar uma visita ao cemitério da família para o enterro de seu pai. Wendy estava nervosa enquanto dirigia pelo caminho familiar que a levava ao cemitério. A paisagem ao redor estava repleta de memórias de sua infância, as quais havia tentado suprimir ao longo dos anos. Mas agora, elas vinham à tona com força total. Ao chegar ao cemitério, Wendy sentiu um aperto no peito. O ambiente tranquilo e sereno transmitia uma sensação de solenidade, ecoando o peso do momento que estava por vir. Ela desceu do carro que lhe fora enviado e respirou fundo, buscando coragem para enfrentar a situação. Ao adentrar o cemitério, Wendy caminhou entre os túmulos da família. Cada lápide era um lembrete tangível de suas raízes, uma conexão c
Assim que o advogado terminou a leitura, a sala se tornou um completo silêncio. Aquilo durou apenas alguns segundos, até que Wendy soltou uma gargalhada alta e estridente, fazendo com que todos os seus irmãos a olhassem. — Muito bom. — ela diz, ainda rindo. — Eu não sei com qual intuito vocês fizeram essa pegadinha comigo, mas foi boa. — Pegadinha? — Pietra pergunta, encarando sua gêmea. — Wendy, nós não temos nada a ver com isso. Ao perceber que seus irmãos mantinham o semblante sério, tão confusos quanto ela com aquele final de testamento, ela se vira para o advogado. — Então foi uma pegadinha do meu pai. Não foi, Guilhermo? Guilhermo não precisava reler aquele documento, para responder à pergunta de Wendy. Ele era advogado da família há tantos anos, que esteve em todas as reuniões que Oliver teve. Principalmente aquela em que fora incluído o adendo do testamento. — O seu pai sempre foi um homem muito sério e odiava brincadeiras sem graça. O testamento é válido. Cada lacu
Londres, 2019. — Não é possível. Vazio? — Totalmente vazio. — Não pode ser! — Oliver arrasta sua cadeira e se levanta, caminhando de um lado para o outro de sua sala. — Nós fundamos a primeira e única vinícola de vinho em Londres. Nossos cofres não podem estar vazios! — Eu entendo sua frustração, Oliver. Parece inacreditável que nossos cofres estejam vazios, especialmente considerando todo o trabalho duro que investimos na fundação da vinícola. No entanto, é importante mantermos a calma e abordarmos a situação de forma racional. — Primeiro, como isso aconteceu? Será que houve algum problema contábil ou financeiro? Será que houve alguma fraude ou erro? Aidan, o secretário e braço direito de Oliver, olha diretamente para Guilhermo, o advogado e pondera. Ele tinha certeza que seu chefe não iria gostar do real motivo. — O que foi? — Oliver questiona, notando a troca de olhares entre os outros dois homens. — O que foi? Falem. — Bem, senhor... não houve nenhum erro. Foram apenas...