Depois de conversar com seu irmão, Wendy se sentia ligeiramente mais calma e determinada a resolver o problema causado por Pietra. Ao lado de Theo, ela voltou à sala de reunião, onde todos os olhares imediatamente se voltaram para ela. O ambiente estava tenso, mas Wendy já havia lidado com situações mais complicadas e sabia que precisava manter a calma para resolver aquilo.— O fornecedor a quem ela prometeu exclusividade, assinou algum documento? — perguntou Wendy, diretamente ao advogado da empresa, sua voz firme e controlada.O advogado, um homem de meia-idade com óculos cuidadosamente ajustados no rosto, balançou a cabeça negativamente.— Não, nenhum documento foi assinado — ele respondeu, ajustando seus óculos. — Aparentemente, foi uma conversa informal, feita em uma festa, quando ambos estavam visivelmente alterados. Mas a outra parte gravou o áudio da conversa e agora estão alegando que essa gravação é suficiente para validar o acordo de exclusividade.Wendy respirou fundo, pon
Wendy pegou o pedido e saiu rapidamente do shopping, voltando para o carro. O caminho até o apartamento foi tranquilo, mas sua mente estava um pouco agitada. Encontrar Benjamin trouxe à tona lembranças que ela não esperava, mas no fundo, ela sabia que estava exatamente onde deveria estar.Ao chegar no apartamento, Wendy abriu a porta com a chave e entrou na sala. Ela parou imediatamente ao ver Ethan sentado na poltrona, olhando para o celular com uma expressão distraída. Ao lado dele, Claire estava de pé, inclinada sobre o ombro de Ethan, olhando para o mesmo aparelho. O decote do vestido dela estava exageradamente à mostra, e a proximidade entre os dois fez o estômago de Wendy revirar por um instante.— Cheguei. — Wendy diz, tentando manter sua voz tranquila.Claire, ao notar a presença de Wendy, se endireitou lentamente, mas não fez nenhum esforço para ajustar o vestido. Ethan não levantou os olhos. Claire olhou mais uma vez na direção de Wendy, antes de sumir no corredor.— Essa mu
Após Wendy arrumar a mesa para o almoço, ela posicionou Ethan na cabeceira e chamou Emily. Obviamente, Claire veio atrás.— Hmmm... — Claire murmura, fungando o ar. — Que cheiro divino. Ethan, você vai amar essa comida que eu comprei!Wendy observou enquanto Claire, com um sorriso presunçoso, se adiantava para servir Ethan, tocando-o repetidamente. A cada movimento exagerado, Claire parecia querer marcar presença, principalmente quando comentou, em um tom intencionalmente casual:— Você se lembra do que comemos na noite em que Emily foi feita? — ela perguntou, colocando uma porção de batatas rosti e carne assada no prato de Ethan. — Exatamente isso aqui! Nossa… lembro perfeitamente daquela noite.Wendy sentiu uma onda de desconforto e irritação tomando conta, mas forçou um sorriso contido, decidindo que precisava de um momento longe daquela cena.— Podem começar sem mim. — anunciou Wendy, mantendo a voz calma. — Vou tomar um banho rápido e já desço.Em silêncio, saiu da cozinha e se t
— Será que sua mulher ainda vai demorar muito? — Claire pergunta a Ethan, revirando os olhos. — Estamos com fome.Ethan, que observava Emily se servir enquanto esperava Wendy, deu um leve suspiro ao ouvir o comentário impaciente de Claire. Ele sabia que aquele almoço já estava carregado de uma tensão latente, e, por mais que não quisesse alimentar conflitos, a insistência de Claire em provocar não passava despercebida.— Tenho certeza de que Wendy não vai demorar. — respondeu ele, mantendo a voz firme e tranquila. — Mas, se estiver com tanta fome assim, pode começar.Claire deu um sorriso forçado, um pouco surpresa pela resposta de Ethan.— É claro, querido. — Ela respondeu, colocando uma porção de comida em seu próprio prato. — Só acho que seria mais educado da parte dela...Emily a interrompeu suavemente, colocando um pouco de humor para quebrar a tensão.— Wendy teve um trabalho enorme buscando a comida e preparando a mesa, então é justo que ela tome um tempinho para si, né? Afinal
Ao chegarem ao shopping, Emily e Wendy foram recebidas por um ambiente acolhedor, com vitrines repletas de cores suaves e objetos encantadores voltados para bebês. As duas começaram explorando cada detalhe das lojas especializadas em artigos para recém-nascidos, desde roupinhas pequenas com desenhos de bichinhos até mantinhas de tecidos fofos.— Olha isso, Wendy! — Emily mostrou uma minúscula touca azul com orelhas de urso. — Ele vai ficar uma gracinha com isso.Wendy sorriu, já imaginando o pequeno Jasper com a touquinha. Sem hesitar, colocou no carrinho.— Vamos fazer ele parecer o bebê mais bem-vestido da cidade, Emily. Nada de economizar hoje!Seguiram para a sessão de roupinhas e, depois de uma longa seleção de bodies, macacões, e babadores, foram para a área dos berços e móveis de quarto. Emily observava cada detalhe: os acabamentos em madeira, os tons claros e aconchegantes. Um berço em particular chamou sua atenção, com um design clássico e bordas arredondadas em branco perola
Londres, 2013. — Isso é ridículo! Eu não posso aparecer na frente de toda aquela gente, usando essa coisa horrenda. — Seu pai escolheu. Você está mais do que careca que saber, que as decisões do seu pai são irrefutáveis. Wendy encara o espelho mais uma vez e cruza os braços, extremamente irritada. Ela chega à conclusão de que seu pai só pode enxergá-la como uma palhaça, para fazer com que vista aquele vestido roxo todo armado e com mangas bufantes. — É meu aniversário de quinze anos. Eu deveria ter pelo menos o direito de escolher o que vestir. Abby, a babá de Wendy, apenas encolhe os ombros e sorri para a menina através do espelho. — Você sabe que não é apenas o seu aniversário. — a velha mulher diz, abraçando a garota de lado. — E não importa a roupa que você vista, menina. Você sempre estará linda. — Sua opinião não vale, babá. Eu duvido que Steve vá me achar bonita dentro desse troço enorme e roxo. — Claro que... Abby teve sua fala cortada, pela presença de uma das em
Londres, 2023. — Por dirigir alcoolizada, não respeitar o sinal vermelho e quase atropelar um homem na calçada, cinco mil dólares. — O QUE? ISSO É... — Sem gritos, senhorita Montenegro. Isso aqui não é a sua casa. Wendy fecha os olhos e respira fundo. Não era sua intenção sair presa da corte. — Desculpe, meritíssimo. Eu só... eu não tenho esse dinheiro. Não tenho de onde tirar. O homem de cabelos brancos e paciência zero, encara Wendy de cima a baixo. Geralmente ele enviaria a pessoa diretamente para a cadeia, devido a gravidade da multa, mas ele sentiu um pouco de empatia por Wendy. Talvez fosse os olhos lacrimejados; talvez a expressão genuína de arrependimento em seu rosto, ou a percepção de que ela não representava uma ameaça direta à sociedade. O juiz pondera por um momento antes de falar: — Senhorita Montenegro, suas ações foram extremamente irresponsáveis e poderiam ter causado danos irreversíveis. No entanto, considerando que esta é sua primeira ofensa e levando em cont
Passaram-se muitos anos desde a última vez que Wendy tinha visto seu pai pela última vez. A vida a havia levado por caminhos diferentes dos planos que ele tinha para ela, e isso havia causado um distanciamento entre os dois. No entanto, agora, ela estava prestes a enfrentar uma visita ao cemitério da família para o enterro de seu pai. Wendy estava nervosa enquanto dirigia pelo caminho familiar que a levava ao cemitério. A paisagem ao redor estava repleta de memórias de sua infância, as quais havia tentado suprimir ao longo dos anos. Mas agora, elas vinham à tona com força total. Ao chegar ao cemitério, Wendy sentiu um aperto no peito. O ambiente tranquilo e sereno transmitia uma sensação de solenidade, ecoando o peso do momento que estava por vir. Ela desceu do carro que lhe fora enviado e respirou fundo, buscando coragem para enfrentar a situação. Ao adentrar o cemitério, Wendy caminhou entre os túmulos da família. Cada lápide era um lembrete tangível de suas raízes, uma conexão c