— Lilibeth. — Wendy murmura, lançando um olhar preguiçoso para Ethan. — Não sabia que viria.Segurando uma taça com vinho tinto, Lilibeth revira os olhos.— Claro que não sabia. Você praticamente mantem meu filho em cárcere privado. Ele sequer me liga.— Eu?— Mamãe! — Ethan a repreende. — Não banque a mãe preocupada a essa altura do campeonato.Lilibeth faz um movimento de desdém com a mão e se vira totalmente para Emily.— Então você é minha neta? — ela encara a menina de cima a baixo e arregala os olhos, ao notar a barriga de gravida. — E eu já terei um bisneto?Emily sentiu o rosto aquecido com o comentário frio de Lilibeth. A avó olhou-a de cima para baixo, os olhos fixos em sua barriga.— Veja só, uma gravidez tão precoce... — Lilibeth disse, com um ar de superioridade. — Isso só pode ser resultado da falta de uma família completa em sua vida. Toda criança merece crescer com pai e mãe ao seu lado, presentes e comprometidos. Essa ausência só cria inseguranças e decisões impulsiva
Ethan fechou os olhos por um breve instante, absorvendo a insegurança dela, e, quando os abriu novamente, seu olhar estava determinado.— Wendy, você realmente acha que eu ficaria ao lado de alguém por obrigação? — Ele segurou as mãos dela, os polegares traçando círculos suaves em sua pele. — Minha mãe, Claire... ninguém, além de nós dois, entende o que temos. E eu sei o que quero. Eu escolhi você.Ela desviou o olhar, ainda insegura.— Mas Claire... ela é a mãe da sua filha. E nós começamos errado. Um casamento por contrato, para que eu pudesse ter acesso a herança que meu pai deixou.Ethan balançou a cabeça, apertando as mãos dela com mais firmeza.— Wendy, você acha mesmo que eu deixaria tudo que construímos por um passado que nem sequer me trouxe metade do que encontrei com você? — Sua voz suavizou, e ele levou uma mão ao rosto dela, enxugando as lágrimas que escorriam. — Esse contrato... ele pode ter sido o começo, mas o que temos hoje vai muito além de qualquer acordo.Ela morde
[Semanas depois]— Eu sei que você tem diversos motivos para odiar o meu treinador, mas Wendy, ele é o único capaz de me fazer sair dessa cadeira definitivamente.Wendy rola os olhos, enquanto besunta sua boca com um gloss incolor.— Você tem se encontrado com ele as escondidas há quanto tempo? — ela questiona, o olhando pelo espelho. — Uma semana?Ethan tenta disfarçar, mas algo no olhar de Wendy o fez rir.— Há mais tempo do que isso, confesso. — respondeu ele, rindo e dando de ombros. — Mas foi por um bom motivo, Wendy. Eu queria ter certeza de que ele podia realmente me ajudar antes de te envolver nisso.Wendy fechou o gloss e se virou para ele, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha.— E você acha que esconder de mim é uma boa maneira de “me proteger”? — disse, tentando manter o tom sério, mas um sorriso teimava em aparecer no canto dos lábios.Ethan se aproximou, ainda rindo.— Tá bom, talvez eu tenha sido um pouco misterioso demais. Mas, por favor, me dá crédito por tent
Londres, 2013. — Isso é ridículo! Eu não posso aparecer na frente de toda aquela gente, usando essa coisa horrenda. — Seu pai escolheu. Você está mais do que careca que saber, que as decisões do seu pai são irrefutáveis. Wendy encara o espelho mais uma vez e cruza os braços, extremamente irritada. Ela chega à conclusão de que seu pai só pode enxergá-la como uma palhaça, para fazer com que vista aquele vestido roxo todo armado e com mangas bufantes. — É meu aniversário de quinze anos. Eu deveria ter pelo menos o direito de escolher o que vestir. Abby, a babá de Wendy, apenas encolhe os ombros e sorri para a menina através do espelho. — Você sabe que não é apenas o seu aniversário. — a velha mulher diz, abraçando a garota de lado. — E não importa a roupa que você vista, menina. Você sempre estará linda. — Sua opinião não vale, babá. Eu duvido que Steve vá me achar bonita dentro desse troço enorme e roxo. — Claro que... Abby teve sua fala cortada, pela presença de uma das em
Londres, 2023. — Por dirigir alcoolizada, não respeitar o sinal vermelho e quase atropelar um homem na calçada, cinco mil dólares. — O QUE? ISSO É... — Sem gritos, senhorita Montenegro. Isso aqui não é a sua casa. Wendy fecha os olhos e respira fundo. Não era sua intenção sair presa da corte. — Desculpe, meritíssimo. Eu só... eu não tenho esse dinheiro. Não tenho de onde tirar. O homem de cabelos brancos e paciência zero, encara Wendy de cima a baixo. Geralmente ele enviaria a pessoa diretamente para a cadeia, devido a gravidade da multa, mas ele sentiu um pouco de empatia por Wendy. Talvez fosse os olhos lacrimejados; talvez a expressão genuína de arrependimento em seu rosto, ou a percepção de que ela não representava uma ameaça direta à sociedade. O juiz pondera por um momento antes de falar: — Senhorita Montenegro, suas ações foram extremamente irresponsáveis e poderiam ter causado danos irreversíveis. No entanto, considerando que esta é sua primeira ofensa e levando em cont
Passaram-se muitos anos desde a última vez que Wendy tinha visto seu pai pela última vez. A vida a havia levado por caminhos diferentes dos planos que ele tinha para ela, e isso havia causado um distanciamento entre os dois. No entanto, agora, ela estava prestes a enfrentar uma visita ao cemitério da família para o enterro de seu pai. Wendy estava nervosa enquanto dirigia pelo caminho familiar que a levava ao cemitério. A paisagem ao redor estava repleta de memórias de sua infância, as quais havia tentado suprimir ao longo dos anos. Mas agora, elas vinham à tona com força total. Ao chegar ao cemitério, Wendy sentiu um aperto no peito. O ambiente tranquilo e sereno transmitia uma sensação de solenidade, ecoando o peso do momento que estava por vir. Ela desceu do carro que lhe fora enviado e respirou fundo, buscando coragem para enfrentar a situação. Ao adentrar o cemitério, Wendy caminhou entre os túmulos da família. Cada lápide era um lembrete tangível de suas raízes, uma conexão c
Assim que o advogado terminou a leitura, a sala se tornou um completo silêncio. Aquilo durou apenas alguns segundos, até que Wendy soltou uma gargalhada alta e estridente, fazendo com que todos os seus irmãos a olhassem. — Muito bom. — ela diz, ainda rindo. — Eu não sei com qual intuito vocês fizeram essa pegadinha comigo, mas foi boa. — Pegadinha? — Pietra pergunta, encarando sua gêmea. — Wendy, nós não temos nada a ver com isso. Ao perceber que seus irmãos mantinham o semblante sério, tão confusos quanto ela com aquele final de testamento, ela se vira para o advogado. — Então foi uma pegadinha do meu pai. Não foi, Guilhermo? Guilhermo não precisava reler aquele documento, para responder à pergunta de Wendy. Ele era advogado da família há tantos anos, que esteve em todas as reuniões que Oliver teve. Principalmente aquela em que fora incluído o adendo do testamento. — O seu pai sempre foi um homem muito sério e odiava brincadeiras sem graça. O testamento é válido. Cada lacu
Londres, 2019. — Não é possível. Vazio? — Totalmente vazio. — Não pode ser! — Oliver arrasta sua cadeira e se levanta, caminhando de um lado para o outro de sua sala. — Nós fundamos a primeira e única vinícola de vinho em Londres. Nossos cofres não podem estar vazios! — Eu entendo sua frustração, Oliver. Parece inacreditável que nossos cofres estejam vazios, especialmente considerando todo o trabalho duro que investimos na fundação da vinícola. No entanto, é importante mantermos a calma e abordarmos a situação de forma racional. — Primeiro, como isso aconteceu? Será que houve algum problema contábil ou financeiro? Será que houve alguma fraude ou erro? Aidan, o secretário e braço direito de Oliver, olha diretamente para Guilhermo, o advogado e pondera. Ele tinha certeza que seu chefe não iria gostar do real motivo. — O que foi? — Oliver questiona, notando a troca de olhares entre os outros dois homens. — O que foi? Falem. — Bem, senhor... não houve nenhum erro. Foram apenas...