Ethan olhou para o médico com descrença. A confusão estampada em seu rosto refletia o choque de todos no quarto. Ele havia passado os últimos cinco anos vivendo com o fardo de um diagnóstico que mudara sua vida, e agora, de repente, ouvia que talvez nunca tivesse tido câncer.— Eu tenho. — ele insistiu, tentando manter a voz firme. — Fui diagnosticado no hospital no dia em que Olivia... — Ele parou por um momento, a dor da memória quase o paralisando. — No dia em que Olivia, minha irmã, morreu. O médico me disse que eu tinha câncer naquele mesmo dia.O médico olhou para Ethan com um semblante calmo, mas sério. Ele franziu a testa, folheando mais uma vez o prontuário.— Senhor Blackwell, não há nada em seu histórico recente que indique qualquer diagnóstico de câncer. Pelo menos, não desde o tempo que você foi internado aqui. Eu recomendo fortemente que você faça novos exames para verificar isso. É possível que tenha havido algum erro, ou que os dados não estejam completos.Lilibeth, qu
— Agora? Ah, meu Deus! Estou indo!Uma semana após o atropelamento, Ethan finalmente estava recebendo alta.Wendy desligou o celular, fechou a tampa do notebook, agarrou em sua bolsa e saiu de sua sala apressadamente.— Desmarque toda e qualquer coisa que eu tenha para hoje. — ela diz para a sua secretária, sem sequer parar de andar. — Não volto hoje!Durante a semana que se seguiu ao atropelamento, o hospital se tornou o segundo lar de Wendy. Ela passava horas ao lado de Ethan, tentando ajudar da maneira que podia enquanto ele se recuperava lentamente dos ferimentos graves.No terceiro dia, Ethan teve sua primeira sessão de fisioterapia. Apesar das múltiplas fraturas, especialmente nas costelas e na perna, o fisioterapeuta acreditava que iniciar com pequenos movimentos ajudaria a prevenir a rigidez muscular. A sessão foi exaustiva. Ethan, que sempre foi ativo e orgulhoso de sua força física, ficou frustrado com o quão limitado se sentia. Cada movimento, por mais simples que fosse, ca
Após a fala de Wendy, um silêncio se instaurou pelo lugar. Clifton pegou o celular e fingiu atender uma ligação. Ele se despede de Ethan e deixa o quarto.— Eu odeio esse homem! — Wendy diz, indo até sua bolsa. — Como que pode pensar apenas nele mesmo? Você sofreu um acidente, sequer consegue ficar em pé sozinho e ele quer te forçar a voltar aos treinos logo? Ele é um...— Wendy!A mulher para de falar e olha na direção do seu marido, que tinha um sorriso de orelha a orelha. Wendy se pergunta como um sorriso pode se alargar tanto.— Qual a graça? — ela pergunta.— Você estava me defendendo. — ele disse, sua voz suave, mas carregada de afeto. — Nunca te vi assim, tão... feroz.Wendy parou, segurando sua bolsa com força, mas não pôde evitar o pequeno sorriso que brotou em seu rosto ao ouvir aquilo. Seu corpo ainda estava tenso, mas o comentário de Ethan suavizou um pouco o ambiente.— Eu entendo que você precisa se vingar daquele homem. — Wendy diz, se aproximando de Ethan e segurando a
Wendy estava na cozinha servindo mais alguns canapés em uma bandeja, quando Theo se juntou a ela.— Ethan realmente tem uma filha, hein... — ele murmura, ocupando um dos bancos do balcão. — Uma garota formada e grávida. Você vai ser vovó!Wendy revirou os olhos e lançou um canapé na direção de Theo, que riu e o pegou com agilidade, colocando-o na boca.— Vovó? Não exagera! — ela retrucou com uma leve risada, mas logo seu olhar ficou pensativo.Enquanto Theo mastigava, Wendy pegou outra bandeja de canapés e colocou no balcão ao lado dele. Ela olhou para o irmão por um instante antes de falar, tentando manter o tom casual.— O que você achou da Claire? — perguntou, evitando encará-lo diretamente, como se estivesse testando o terreno.Theo ergueu uma sobrancelha e olhou para a sala, onde Claire conversava animadamente com Emily e Ethan.— A ex do Ethan? — ele perguntou, limpando os dedos com um guardanapo. — Ela parece bem disposta a ajudar. Mas... — ele fez uma pausa, olhando de volta p
Sentada no chão do box, com a água do chuveiro caindo sobre sua cabeça sem parar, Wendy tentava pausar sua mente. O fato de Claire estar no quarto ao lado, tão próxima de Ethan, a deixava em um estado de nervosismo crescente. Wendy sabia que a mulher não estava apenas oferecendo ajuda por bondade. Havia algo mais por trás daquele comportamento solícito, algo que a fazia questionar as verdadeiras intenções de Claire. Ela fechou os olhos, deixando a água quente cair sobre seu corpo enquanto tentava organizar seus pensamentos. A sensação de estar perdendo o controle da situação a incomodava profundamente. "Talvez ela só queira aproximar Ethan e Emily..." pensou Wendy, a dúvida crescendo ainda mais. "Mas por quê? O que ela realmente está tentando fazer?" — Wendy? — a voz de Ethan veio através da porta entreaberta. — Você está demorando. Está tudo bem? Por um momento, Wendy pensou em não responder. Ela precisava de mais tempo para tentar processar seus sentimentos, mas sabia que não
Antes que Wendy pudesse responder à provocação de Claire, um barulho alto ecoou pela casa, interrompendo o confronto. Ambas se viraram rapidamente em direção à origem do som. O coração de Wendy deu um salto no peito quando reconheceu o ruído familiar da cadeira de rodas de Ethan tombando no chão. — Ethan! — ela exclamou, correndo em direção ao quarto sem hesitar. Claire também se apressou, mas Wendy foi mais rápida. Ao chegar ao quarto, ela encontrou Ethan no chão ao lado da cama, visivelmente frustrado, com a cadeira de rodas virada de lado. — Eu estou bem... só... tentei levantar sozinho. — Ethan murmurou, com uma expressão tensa. Wendy ajoelhou-se rapidamente ao lado dele, verificando se ele havia se machucado, seu coração batendo acelerado de preocupação. — Ethan, você deveria ter me chamado. — disse ela, ajudando-o a se erguer com cuidado. Claire apareceu logo atrás, mas Wendy não se importou com a presença dela naquele momento. Sua atenção estava totalmente voltada para Et
Wendy mal deixou o elevador e sua secretária já estava a postos, lhe entregando diversos documentos.— Onde está o meu irmão?— Na sala de reuniões, com todos os outros.Após acenar a cabeça em concordância, Wendy vai até a sala de reuniões e entra sem bater. Ela escuta Theo terminando uma frase para Pietra, que não parecia afim de estar ali.— Você toma decisões impulsivas, não consulta ninguém e espera que a gente resolva os problemas depois! Isso aqui é uma empresa séria, não um playground para suas ideias malucas!Pietra, em vez de ficar abalada, apenas deu um sorriso debochado.— Ah, Theo, para de ser tão dramático. — disse ela, jogando o cabelo para o lado. — Tudo está sob controle. O distribuidor adorou a ideia, e eu já imaginei um evento de lançamento exclusivo que vai trazer um hype enorme para a marca.Todos os olhares se voltaram para Wendy assim que ela cruzou a porta.— Finalmente, você chegou! — Theo exclamou, claramente aliviado ao ver Wendy. — Pode, por favor, explicar
Quando Theo entrou na sala de Wendy, ele encontrou sua irmã andando de um lado para o outro, bufando como um touro bravo.— Você viu aquilo, Theo? — disse Wendy, sem nem olhar para ele, continuando a andar de um lado para o outro, as mãos gesticulando nervosamente. — Elas estão completamente fora de controle!Theo se encostou na porta, cruzando os braços. Ele observava Wendy, sem falar nada, deixando-a extravasar.— Acham que isso aqui é um jogo! — continuou ela, virando-se bruscamente para Theo. — E agora eu sou a vilã porque estou tentando salvar essa empresa! — Wendy parou por um momento, respirando fundo antes de soltar: — Talvez elas estejam certas... Talvez eu devesse sair e deixar elas afundarem sozinhas.Theo franziu a testa, descruzando os braços.— Para com isso, Wendy. — ele disse, a voz mais firme do que antes. — Se você sair, eu não serei capaz de seguir sozinho. Isso aqui desmorona em semanas. Chloe e Pietra não têm a menor noção do que é administrar uma empresa. Eu esto