Quando as persianas automáticas subiram, inundando o apartamento com a luz suave da manhã, Wendy despertou. Seus olhos ainda estavam pesados de sono, e o corpo doía de ter passado a noite no sofá. Esfregando os olhos com lentidão, ela se sentou, os pensamentos ainda confusos enquanto tentava se situar. Ela olhou em volta, esperando encontrar Ethan em algum canto, mas o apartamento estava estranhamente quieto. Wendy franziu a testa e se levantou, andando descalça pelo chão frio da sala. — Ethan? — chamou, a voz ainda rouca de sono. Nenhuma resposta. Ela se dirigiu até o quarto, abrindo a porta com cautela, mas a cama estava vazia e impecavelmente arrumada. O banheiro, igualmente silencioso. Wendy começou a sentir um leve desconforto crescer no peito. Voltando para a sala, pegou o celular na mesa de centro e discou o número de Ethan. O telefone sequer tocou e foi direto para a caixa postal. Wendy tentou de novo, e mais uma vez foi recebida pelo som automático da gravação. "Oi, é
— Eu não deixei nada acontecer! — Clifton respondeu, a tensão em sua voz ficando clara. — Ele saiu antes de mim, eu não sabia que... — Ele tentou manter o controle da situação, mas Wendy não estava pronta para escutar desculpas. — Você é o maldito treinador dele! Era sua responsabilidade garantir que ele estivesse bem! — Wendy gritou, as lágrimas escorrendo pelo rosto agora. — Eu não consigo... eu não consigo acreditar nisso! Clifton respirou fundo, seu tom mudando para algo mais calmo, mas ainda firme. — Wendy, eu não tive como impedir. Ethan saiu após as fotos e eu ainda fiquei resolvendo algumas coisas. Quando ouvi um barulho alto, eu e algumas coisas pessoas corremos para fora e foi aí que vimos Ethan no chão. — Ele fez uma pausa, olhando diretamente para ela. — Minha única preocupação desde então, foi saber como ele estava. E estava à espera de mais detalhes, para ligar e te informar do acontecido. — Esperando mais detalhes? — Wendy soltou uma risada incrédula, cheia de dor.
O caminho até a UTI parecia interminável, cada passo mais difícil que o anterior. A ideia de ver Ethan naquele estado a enchia de medo, mas ela sabia que precisava estar ao lado dele, mesmo que fosse apenas por alguns minutos. Quando finalmente entrou no quarto, seu coração quase parou ao vê-lo. Ethan estava deitado na cama, cercado por máquinas e tubos que monitoravam sua condição. Seu rosto estava pálido, coberto por pequenos cortes e hematomas. O peito tatuado dele, subia e descia com dificuldade, cada respiração parecendo um esforço doloroso. O som rítmico do monitor cardíaco preenchia o ambiente, criando um contraste perturbador com o silêncio que parecia envolver Wendy. Ela se aproximou lentamente, quase com medo de tocá-lo, como se o contato pudesse quebrá-lo de alguma forma. Finalmente, ela se sentou ao lado da cama, pegando a mão dele com suavidade. A pele dele estava fria, e o calor da mão dela parecia incapaz de aquecê-lo. — Ethan… — sua voz saiu em um sussurro quase ina
No segundo dia, Wendy mal havia dormido. O cansaço começava a cobrar seu preço, mas ela não se permitia descansar de verdade. Estava sentada em uma poltrona desconfortável, quando sentiu um leve movimento na mão de Ethan. Ela se endireitou imediatamente, o coração acelerado. Olhou para o rosto dele, e viu as pálpebras dele tremerem ligeiramente. — Ethan? — ela sussurrou, quase sem fôlego. Os dedos dele apertaram sua mão de leve, e os olhos de Ethan começaram a se abrir lentamente, como se o simples ato de acordar fosse uma batalha monumental. Wendy sentiu as lágrimas voltarem, mas dessa vez eram de alívio. — Ethan... você está me ouvindo? — ela perguntou, segurando a respiração. Ele abriu os olhos por completo, piscando com dificuldade, ainda desorientado, mas o olhar dele encontrou o dela, e um sorriso fraco e dolorido surgiu em seus lábios. — Wendy... — ele murmurou, a voz rouca e fraca. Ela se inclinou para perto dele, as lágrimas escorrendo novamente, mas dessa vez acompanh
Wendy ainda sentia a adrenalina correndo em suas veias enquanto voltava para o hospital. A prova estava feita, e agora, seu foco estava novamente em Ethan. Enquanto dirigia, o celular tocou, fazendo seu coração disparar mais uma vez. Ela pegou o telefone rapidamente, esperando não ser o hospital com más notícias. — Theo! — ela atendeu, exasperada, tentando conter a ansiedade. — Ele acordou! Do outro lado da linha, houve um suspiro audível de alívio. — Viu? — Theo disse, com um tom reconfortante. — Eu te falei que o Ethan sairia dessa. Ele é forte, Wendy. Não desista de acreditar nele. Ela sorriu, as lágrimas brotando nos olhos enquanto ouvia a voz de seu irmão. Ele sempre sabia como lhe trazer esperança nos momentos mais difíceis. — Eu nunca deixei de acreditar. — Wendy murmurou, sentindo a emoção transbordar. — Mas foi tão difícil, Theo... ver ele assim, sem poder fazer nada. — Eu sei. — Theo respondeu suavemente. — Mas você fez o que podia. Agora, ele está acordado. A sua prov
Ethan olhou para o médico com descrença. A confusão estampada em seu rosto refletia o choque de todos no quarto. Ele havia passado os últimos cinco anos vivendo com o fardo de um diagnóstico que mudara sua vida, e agora, de repente, ouvia que talvez nunca tivesse tido câncer.— Eu tenho. — ele insistiu, tentando manter a voz firme. — Fui diagnosticado no hospital no dia em que Olivia... — Ele parou por um momento, a dor da memória quase o paralisando. — No dia em que Olivia, minha irmã, morreu. O médico me disse que eu tinha câncer naquele mesmo dia.O médico olhou para Ethan com um semblante calmo, mas sério. Ele franziu a testa, folheando mais uma vez o prontuário.— Senhor Blackwell, não há nada em seu histórico recente que indique qualquer diagnóstico de câncer. Pelo menos, não desde o tempo que você foi internado aqui. Eu recomendo fortemente que você faça novos exames para verificar isso. É possível que tenha havido algum erro, ou que os dados não estejam completos.Lilibeth, qu
— Agora? Ah, meu Deus! Estou indo!Uma semana após o atropelamento, Ethan finalmente estava recebendo alta.Wendy desligou o celular, fechou a tampa do notebook, agarrou em sua bolsa e saiu de sua sala apressadamente.— Desmarque toda e qualquer coisa que eu tenha para hoje. — ela diz para a sua secretária, sem sequer parar de andar. — Não volto hoje!Durante a semana que se seguiu ao atropelamento, o hospital se tornou o segundo lar de Wendy. Ela passava horas ao lado de Ethan, tentando ajudar da maneira que podia enquanto ele se recuperava lentamente dos ferimentos graves.No terceiro dia, Ethan teve sua primeira sessão de fisioterapia. Apesar das múltiplas fraturas, especialmente nas costelas e na perna, o fisioterapeuta acreditava que iniciar com pequenos movimentos ajudaria a prevenir a rigidez muscular. A sessão foi exaustiva. Ethan, que sempre foi ativo e orgulhoso de sua força física, ficou frustrado com o quão limitado se sentia. Cada movimento, por mais simples que fosse, ca
Após a fala de Wendy, um silêncio se instaurou pelo lugar. Clifton pegou o celular e fingiu atender uma ligação. Ele se despede de Ethan e deixa o quarto.— Eu odeio esse homem! — Wendy diz, indo até sua bolsa. — Como que pode pensar apenas nele mesmo? Você sofreu um acidente, sequer consegue ficar em pé sozinho e ele quer te forçar a voltar aos treinos logo? Ele é um...— Wendy!A mulher para de falar e olha na direção do seu marido, que tinha um sorriso de orelha a orelha. Wendy se pergunta como um sorriso pode se alargar tanto.— Qual a graça? — ela pergunta.— Você estava me defendendo. — ele disse, sua voz suave, mas carregada de afeto. — Nunca te vi assim, tão... feroz.Wendy parou, segurando sua bolsa com força, mas não pôde evitar o pequeno sorriso que brotou em seu rosto ao ouvir aquilo. Seu corpo ainda estava tenso, mas o comentário de Ethan suavizou um pouco o ambiente.— Eu entendo que você precisa se vingar daquele homem. — Wendy diz, se aproximando de Ethan e segurando a