ELENA NARRANDO— Você se acha extremamente importante, mas não é. Você não passa de um resto, ninguém liga pra sua família ou para o que você faz, querida. Você é só um monte de bosta e logo será um corpo morto. — Disse.— Se você acha que vou desistir sem lutar, você não me conhece. Eu sobrevivi a um acidente de carro muito pior do que um tiro, Elle. — Eu falei, enquanto ela apontava a arma pra mim.— Olha, Elena, você quer saber o real motivo disso tudo? — Elle disse, e eu apenas fiquei em silêncio. — Minha filha tá morta.— Nossa. — Eu só consegui dizer isso. — Eles vieram me salvar porque eu prometi que além de te matar, doaria medula para a garota. Ela tinha leucemia, acabou morrendo. — Ela disse, sem nenhum remorso ou sentimento. — Agora, você é minha única chance de entrar pra aquela família. Não consegui manter a criança viva... — Ela deu os ombros. — Então eu compro minha passagem para essa família com a sua morte.— Você jamais vai conseguir entrar para uma família que te re
ELENA NARRANDOMeus sentimentos estavam a flor da pele. De repente, vi a maca com Dimitri sendo transportada para outra área do hospital e aquilo me fez tremer ainda mais. Eu abri minha bolsa e peguei um comprimido para a síndrome do pânico, tomei e respirei de forma profunda, tentando me acalmar. Que droga, que droga!— Calma, Elena... — Marcos se aproximou de mim e me ofereceu um abraço. Eu o abracei e encostei meu rosto em seu peito, chorando de forma desesperada.— Eu estou apaixonada por ele! Eu devia ter dito que o amava mais vezes, eu devia ter confessado todos os meus sentimentos antes disso acontecer! Estou tão arrependida! — Falei, chorando.— Se acalma, minha prima... O que tiver que ser, será. Eu torço para que as coisas dêem certo para vocês, mas se não der, saiba que estarei aqui para recolher suas lágrimas. — Ele afirmou e eu concordei com a cabeça.— Obrigada por estar presente como um pai pra mim, Marcos. — Eu disse.— Não precisa me agradecer. Sou um homem de palavra
DIMITRI NARRANDODepois de tudo que aconteceu comigo e com Elena ao meu lado, eu consegui sobreviver e acordar. Eu fui moldado naquela cama. Vi quem realmente eram as pessoas de valor na minha vida, e quem precisava partir dela. Meu irmão me pediu perdão, Marcos esteve sempre ali cuidando de Elena enquanto eu não estava disponível... E por incrível que pareça, meus pais não apareceram em nenhum momento. Nem minhas tias. Pelo visto, a única coisa pra que eu servia, era pra dar entretenimento para eles. Por isso, eu jamais voltarei ali e não vou mais ligar para o que eles pensam. A única pessoa que esteve ao meu lado o tempo todo é aquela que merece toda minha atenção: Elena Romano.Alguns dias se passaram, e eu ainda estou no hospital. Preciso ficar aqui, estou fazendo uma porção de exames, mas estou voltando ao normal. Minha voz já melhorou muito e eu estou tomando banho sozinho.Depois de sair do banho, vi Elena conversando com Marcos, na porta do quarto. Eu acenei para ele e ele ace
ELENA ROMANO NARRANDOEu não esperava estar me casando aos vinte e oito anos com um homem como Dimitri Russo, mas aqui estou eu. Ao invés de trocarmos olhares apaixonados como todo casal, estamos sérios, vez ou outra fingindo um sorriso para os convidados. O cerimonialista está dizendo lindas palavras sobre o nosso amor que não existe, e isso faz com que eu me sinta levemente culpada pelo tamanho da mentira que estamos contando. Meu avô, na plateia, sorri para mim e acena com alegria... Afinal, estou realizando seu sonho, me casando com o que ele considera “um bom homem”.A família Russo é extremamente rica, e Dimitri é o irmão mais velho. Ele aproveitou muito bem sua solteirice pelo que sei, e agora que foi abandonado praticamente no altar por Elle Ryans, aqui estou eu, fingindo ser sua amada “E. R.” como os convites do casamento diziam. Quem diria que as iniciais do meu nome poderiam me enfiar em uma furada dessa?Depois que a cerimônia acabou e trocamos alianças, todos aguardavam o
ELENA ROMANO NARRANDOAbro meus olhos e a luz vinda de uma fresta na porta do quarto parece atormentar meus miolos. Ouço um barulho vindo do banheiro principal do andar, como se alguém estivesse tomando banho. Olhei para mim mesma, estou vestida de noiva ainda, então, estou bem. Eu bebi tanto ontem a noite que não faço ideia do que aconteceu.Estamos na mansão dos Russo, eu estou ficando aqui por algum tempo, por causa do casamento. Saí do quarto para tentar entender o que aconteceu, e então, fiquei chocada ao ver Timmy saindo do banheiro enrolado em uma toalha, apenas, e cobri meu rosto com as duas mãos.— O que é isso, Timmy? — Falei, apavorada.— Ah, você encheu a cara e vomitou tudo em mim. — Ele disse, na maior naturalidade do mundo.— Que nojo! Meu Deus, me perdoa! — Eu falei e ele passou para um quarto.Eu fiquei parada no meio do corredor, tentando lembrar o que aconteceu. Alguns flashs vieram na minha cabeça. Virei diversas tequilas pra dentro com o estômago vazio e acabei se
ELENA ROMANO NARRANDOAcabei voltando para o meu apartamento, pois não queria ficar sozinha na mansão dos Russo. Fechei meus olhos, já deitada na cama, e busquei paz em meus pensamentos... Mas era como se minha cabeça processasse milhões de informação por segundo. Abracei um travesseiro extra que estava na cama e respirei fundo. O que não me deixa dormir não tem a ver com a droga do contrato de casamento ou com o fato de eu ter sido abandonada na estrada. Eu não estou conseguindo pegar no sono porque toda vez que fecho meus olhos, vejo os olhos de predador de Dimitri me olhando. E quando eu digo “olhos de predador”, é porque uma vez, assisti em um documentário que predadores tem olhos diferentes: Suas pupilas são menores e se fecham o suficiente para enxergar uma presa parada há quilômetros de distância. Aqueles olhos castanhos avermelhados tem algum tipo de magnetismo, e o pior, eles são realmente olhos de predador. Ele tem as pupilas menores, eu reparei.Fechei meus olhos com mais f
ELENA NARRANDOEu estava muito constrangida depois de tudo que aconteceu, mesmo sendo a “vitoriosa”. É horrível ser odiada por todos. Sei que a mãe do Dimitri me odeia tanto quanto ele mesmo me odeia, e eu queria entender o motivo, mas não entendo. Queria ser capaz de lembrar o que fiz... Queria saber qual foi o meu grande feito pra que ele tivesse tanto rancor.Timmy se aproximou de mim, eu meio que não sabia o que fazer, estava paralisada desde que Dimitri saiu. Massageei minhas têmporas, pensando em ir embora, mas acabei não fazendo isso. Eu fiquei parada, sem entender muito o que estava acontecendo, e quando Timmy estava suficientemente perto, ele disse:— Vocês vão se separar? — Perguntou, me fazendo engolir seco.— N-não, não é bem assim, eu não quero conversar sobre isso... Acho que não é adequado. — Eu falei e respirei fundo.— Não é bem assim? Me explica melhor, gatinha. Porque eu ouvi vocês falando que se separariam em trinta dias, era esse o acordo? Aliás... Vocês fizeram u
ELENA NARRANDOEnquanto eu estava sendo arrastada pelo braço sei lá até onde pelo jardim, vi Elle, a minha amiga-não-mais-tão-amiga-assim, já que ela parece ter declarado guerra à mim depois do contrato com o Dimitri. Ele finalmente me soltou e começou a se aproximar de Elle, que abriu um sorriso malicioso e ia colocar as duas mãos em seu peitoral. Ela parou no exato momento que me viu, e seu sorriso se desfez. Eu passei a mão em meu cabelo castanho, sem entender muito o que estava acontecendo, afinal, por que ele me trouxe ali?— Elle, precisamos conversar, nós três. Vem aqui, Elena. — Dimitri pediu e eu me aproximei.— Sim? — Falei, olhando para os dois.— Eu e a Elena nos divorciamos. A verdade é que nunca planejamos nos casar, foi algo... Que precisou acontecer, entendeu? É você que eu quero, Elle, saiba disso. — Dimitri disse e cutucou minha cintura, o que me fez erguer a coluna.— É, é exatamente isso. — Eu falei, por causa do que ele fez. — O Dimitri e eu sequer trocamos um bei