MARCOS NARRANDOQuando Elena saiu de perto de nós dois, Timmy me olhou nos olhos de forma diferente e assustada. Ele desfez o sorriso doce e começou a falar coisas sem sentido, com lágrimas nos olhos.— Você acreditou em toda aquela baboseira de amor, Marcos? Somos homens adultos, pelo amor de Deus... — Ele disse, completamente transtornado e desfigurado. — Eu não quero saber de você ou de qualquer coisa relacionada a você. Eu preciso resolver minha vida de uma vez, e o jeito mais fácil não é saindo de casa. — Eu arregalei meus olhos, chocado ao ouvir o que ele estava falando.— Do que você está falando, Timmy? — Ele negava com a cabeça e colocou uma das mãos no meu ombro.— Marcos... Eu não sou gay. Te beijar foi um sacrifício pra mim. Eu te usei pra me aproximar do meu irmão e da Elena, porque assim, seríamos parceiros e teríamos um segredo. E pra ajudar um pouco mais, você sempre me falou muito sobre as empresas... Inclusive sobre a empresa do meu irmão. Graças a você, eu descobri
DIMITRI NARRANDONós estávamos procurando a Elena feito loucos, mas nada parecia adiantar. De repente, eu tive uma ideia: Pedir para os seguranças voltarem as câmeras para vermos os passos de Elena.— Vamos até a sala de câmeras, por favor! — Eu disse. Os dois pararam de brigar e me seguiram.Quando chegamos até a sala de câmeras, eu falei com o segurança o que havia acontecido e ele disse que não havia notado nada de diferente, mas que ele iria investigar. A intenção dele era voltar as câmeras e procurar Elena. Então, enquanto voltava, percebemos que Elena havia entrado na empresa, ido até Timmy, depois saído... Depois, entrou novamente e foi ao banheiro. E depois, saiu acompanhada de uma moça de moletom! Era A Elle, com toda certeza!Aquilo me deixou profundamente irritado. Minha equipe de segurança não é capaz de impedir uma pessoa estranha de entrar, todo mundo será demitido! Isso é culpa deles.— Quando eu voltar, vou demitir todos vocês! — Eu disse, nervoso. Ele arregalou os olh
ELENA NARRANDO— Você se acha extremamente importante, mas não é. Você não passa de um resto, ninguém liga pra sua família ou para o que você faz, querida. Você é só um monte de bosta e logo será um corpo morto. — Disse.— Se você acha que vou desistir sem lutar, você não me conhece. Eu sobrevivi a um acidente de carro muito pior do que um tiro, Elle. — Eu falei, enquanto ela apontava a arma pra mim.— Olha, Elena, você quer saber o real motivo disso tudo? — Elle disse, e eu apenas fiquei em silêncio. — Minha filha tá morta.— Nossa. — Eu só consegui dizer isso. — Eles vieram me salvar porque eu prometi que além de te matar, doaria medula para a garota. Ela tinha leucemia, acabou morrendo. — Ela disse, sem nenhum remorso ou sentimento. — Agora, você é minha única chance de entrar pra aquela família. Não consegui manter a criança viva... — Ela deu os ombros. — Então eu compro minha passagem para essa família com a sua morte.— Você jamais vai conseguir entrar para uma família que te re
ELENA NARRANDOMeus sentimentos estavam a flor da pele. De repente, vi a maca com Dimitri sendo transportada para outra área do hospital e aquilo me fez tremer ainda mais. Eu abri minha bolsa e peguei um comprimido para a síndrome do pânico, tomei e respirei de forma profunda, tentando me acalmar. Que droga, que droga!— Calma, Elena... — Marcos se aproximou de mim e me ofereceu um abraço. Eu o abracei e encostei meu rosto em seu peito, chorando de forma desesperada.— Eu estou apaixonada por ele! Eu devia ter dito que o amava mais vezes, eu devia ter confessado todos os meus sentimentos antes disso acontecer! Estou tão arrependida! — Falei, chorando.— Se acalma, minha prima... O que tiver que ser, será. Eu torço para que as coisas dêem certo para vocês, mas se não der, saiba que estarei aqui para recolher suas lágrimas. — Ele afirmou e eu concordei com a cabeça.— Obrigada por estar presente como um pai pra mim, Marcos. — Eu disse.— Não precisa me agradecer. Sou um homem de palavra
DIMITRI NARRANDODepois de tudo que aconteceu comigo e com Elena ao meu lado, eu consegui sobreviver e acordar. Eu fui moldado naquela cama. Vi quem realmente eram as pessoas de valor na minha vida, e quem precisava partir dela. Meu irmão me pediu perdão, Marcos esteve sempre ali cuidando de Elena enquanto eu não estava disponível... E por incrível que pareça, meus pais não apareceram em nenhum momento. Nem minhas tias. Pelo visto, a única coisa pra que eu servia, era pra dar entretenimento para eles. Por isso, eu jamais voltarei ali e não vou mais ligar para o que eles pensam. A única pessoa que esteve ao meu lado o tempo todo é aquela que merece toda minha atenção: Elena Romano.Alguns dias se passaram, e eu ainda estou no hospital. Preciso ficar aqui, estou fazendo uma porção de exames, mas estou voltando ao normal. Minha voz já melhorou muito e eu estou tomando banho sozinho.Depois de sair do banho, vi Elena conversando com Marcos, na porta do quarto. Eu acenei para ele e ele ace
ELENA ROMANO NARRANDOEu não esperava estar me casando aos vinte e oito anos com um homem como Dimitri Russo, mas aqui estou eu. Ao invés de trocarmos olhares apaixonados como todo casal, estamos sérios, vez ou outra fingindo um sorriso para os convidados. O cerimonialista está dizendo lindas palavras sobre o nosso amor que não existe, e isso faz com que eu me sinta levemente culpada pelo tamanho da mentira que estamos contando. Meu avô, na plateia, sorri para mim e acena com alegria... Afinal, estou realizando seu sonho, me casando com o que ele considera “um bom homem”.A família Russo é extremamente rica, e Dimitri é o irmão mais velho. Ele aproveitou muito bem sua solteirice pelo que sei, e agora que foi abandonado praticamente no altar por Elle Ryans, aqui estou eu, fingindo ser sua amada “E. R.” como os convites do casamento diziam. Quem diria que as iniciais do meu nome poderiam me enfiar em uma furada dessa?Depois que a cerimônia acabou e trocamos alianças, todos aguardavam o
ELENA ROMANO NARRANDOAbro meus olhos e a luz vinda de uma fresta na porta do quarto parece atormentar meus miolos. Ouço um barulho vindo do banheiro principal do andar, como se alguém estivesse tomando banho. Olhei para mim mesma, estou vestida de noiva ainda, então, estou bem. Eu bebi tanto ontem a noite que não faço ideia do que aconteceu.Estamos na mansão dos Russo, eu estou ficando aqui por algum tempo, por causa do casamento. Saí do quarto para tentar entender o que aconteceu, e então, fiquei chocada ao ver Timmy saindo do banheiro enrolado em uma toalha, apenas, e cobri meu rosto com as duas mãos.— O que é isso, Timmy? — Falei, apavorada.— Ah, você encheu a cara e vomitou tudo em mim. — Ele disse, na maior naturalidade do mundo.— Que nojo! Meu Deus, me perdoa! — Eu falei e ele passou para um quarto.Eu fiquei parada no meio do corredor, tentando lembrar o que aconteceu. Alguns flashs vieram na minha cabeça. Virei diversas tequilas pra dentro com o estômago vazio e acabei se
ELENA ROMANO NARRANDOAcabei voltando para o meu apartamento, pois não queria ficar sozinha na mansão dos Russo. Fechei meus olhos, já deitada na cama, e busquei paz em meus pensamentos... Mas era como se minha cabeça processasse milhões de informação por segundo. Abracei um travesseiro extra que estava na cama e respirei fundo. O que não me deixa dormir não tem a ver com a droga do contrato de casamento ou com o fato de eu ter sido abandonada na estrada. Eu não estou conseguindo pegar no sono porque toda vez que fecho meus olhos, vejo os olhos de predador de Dimitri me olhando. E quando eu digo “olhos de predador”, é porque uma vez, assisti em um documentário que predadores tem olhos diferentes: Suas pupilas são menores e se fecham o suficiente para enxergar uma presa parada há quilômetros de distância. Aqueles olhos castanhos avermelhados tem algum tipo de magnetismo, e o pior, eles são realmente olhos de predador. Ele tem as pupilas menores, eu reparei.Fechei meus olhos com mais f