—Como assim, querida? Deveria aproveitar as oportunidades que a vida te dá! - Disse ela indo até o closet, voltando com um vestido em mãos. Ele era lindo; um branco, quase prata de tão reluzente, cheio de pedras penduradas. E com certeza, não eram falsas. —Vista-o querida! - Disse ela me estendendo o cabide. —Eu não posso usar isso, senhora Eisner. Parece algo bem particular e... - Ela então sorriu. —O que acabamos de dizer sobre aproveitar as oportunidades? - Disse ela mantendo o sorriso. —Bom, isso era para ela antes de desmanchar o noivado, mas como o seu foi afetado, nada mais justo do que você o usar! —Eu não posso! - Falei a vendo desfazer o sorriso e respirar fundo, trazendo a mão para a gargantilha em meu pescoço. —Ai está você! - Disse ela me deixando confusa. —Oi? —Essa joia. Ele me pediu há alguns dias e não disse mais nada. Vi que não estava no pescoço de Sophie e me perguntei quem seria a privilegiada. - Disse ela me deixando ainda mais confusa e perdida. E ent
Era completamente estranho despertar e ver Augusto na minha cama. Respirei fundo me sentindo um pouco apreensiva e então, me afastei e me virei para o olhar. Levei meu dedo vagarosamente até o rosto dele, fazendo menção de o tocar enquanto admirava seus detalhes. Os olhos, o formato dos lábios e o nariz harmonizando com o formato do rosto me deixava encantada. Ele conseguia ser lindo, sexy e atraente. Augusto estava pelado; seu corpo levemente bronzeado me tirava o fôlego. Ele estava quase todo exposto, coberto da cintura para baixo com o fino lençol branco. Ele poderia não fazer ideia do que me causava, mas eu acabei virando uma admiradora e sabia que não deveria me sentir daquela forma. Era tudo falso o que havia entre a gente e quanto mais desenvolvermos sentimentos, mais difícil será quando chegar a hora de ir embora. - Pensei me sentando na cama, ficando de costas para ele. Respirei fundo e me sentei em frente a janela aberta que dava vista para a linda lua no céu.
Olhei para o papel em minhas mãos, fingindo não saber de onde era. —Obrigada doutor. Posso vê-la? -- Perguntei o vendo balançar a cabeça concordando e então me retirei da sala dele, seguindo para o elevador. Assim que as portas metálicas se abriram, vi alguém andar pelo corredor indo sentido contrário a mim. Ele estava indo pelas escadas. Vinquei as sobrancelhas enquanto o via sumir e foi então que o reconheci. —Rangel? - Questionei indo atrás dele, mas ao abrir a porta das escadas de emergência, ele já não estava mais alcançável. Voltei para ir até o quarto e assim que passei pela porta, vi que havia uma enfermeira cuidando dela. —Bom dia senhorita! Eu sou a enfermeira responsável pela sua avó hoje. - Disse ela com delicadeza, exibindo um sorriso. —Ah, obri...- Fui interrompida antes de terminar, por um beliscão na cintura que me fez virar assustada. —Isa! —Como está a vovó? - Perguntou ela me olhando com seriedade. —Eu também acabei de chegar. - Respondi colocando m
Eu havia acabado de tomar banho. Me vesti com um roupão felpudo e sai do banheiro voltando para o quarto em seguida. A noite estava silenciosa fora o barulho da chuva que dava para ouvir pelo tilintar da água contra o vidro. Caminhei até lá para travar melhor as portas e ajeitei as cortinas, me virando para olhar o quarto. Naquele instante fui preenchida por uma sensação nostálgica. Era como se eu sentisse falta de algo; quem sabe do meu antigo eu antes de tudo acontecer? E de repente a minha mente foi preenchida pela cena do acidente dos meus pais. Os carros caídos na ponte, a noite chuvosa que me causou traumas, a fumaça em volta e os carros de bombeiros os resgatando. Sabe o que é mais doloroso para um filho? Ter que reconhecer o corpo dos seus próprios pais. - Pensei enquanto respirava fundo. Naquele momento, era como se a raiva tivesse me tomado de uma forma completamente insana. Caminhei até o armário do banheiro e assim que o abri, peguei uma cápsula de ansiolítico e o es
Alguns meses atrás... —Vovó, onde está ...? - Perguntei entrando no quarto, mas ao ver que ela não estava lá, hesitei enquanto olhava em volta a procurando. De repente, a voz de Isabela me gritou do lado de fora. —Lu! —Estou aqui! - Gritei de volta a vendo me mostra o celular. —O advogado respondeu as nossas mensagens. Disseram que saíram os resultados do exame e David pegará pelo menos quarenta anos de prisão. —Isso se ninguém pagar a fiança para ele! - Falei em um resmungo, mexendo na gaveta da minha avó. —Hm, você viu a vovó? —Não. O que está procurando? - Perguntou Isabela vindo até mim. —A corrente da minha mãe. Quem sabe ela não a encontrou enquanto lavava as roupas. - Falei achando um fundo falso na gaveta. Olhei para aquilo desconfiada e então a puxei, encontrando alguns papéis e fotos. —O que é isso? - Perguntei puxando a caixa de lá de dentro, levando em cima da cama. —Luiza, isso não é sobre a morte dos seus pais? - Perguntou Isa, mostrando a reportagem. Havia a
Certo, a ordem foi clara: “continue com o seu plano idiota”! Isso me deu carta branca para fazer o que eu queria, então, comecei logo cedo a colocá-lo em ação. Eram exatamente oito da manhã, eu ajeitei a bolsinha no meu ombro e apertei a pasta de documentos na minha mão, tirando uma perna de cada vez para descer do táxi. Não sei se era o tamanho do salto ou da saia de couro fake, mas a cada passo que eu dava em direção as imensas portas da K & E, olhares de ambos os sexos vinham sobre mim. Ajeitei meus cabelos sobre os ombros e respirei fundo, caminhando até a recepção. — Bom dia senhorita, em que posso ajudar? - Perguntou uma atendente, com um sorriso forçado, enquanto as outras duas ao lado dela me encaravam com desdém. Eu as olhei e dei um sorriso, estendendo para a mulher uma folha de papel. —Me chamo Luiza e estou aqui para o cargo de Assistente administrativa do senhor Eisner! - Falei com segurança, vendo a mulher arquear uma sobrancelha e encarar o papel em suas mãos. —
Caminhei até ele o seguindo e assim que ele entrou dentro da sala dele, esperou que eu passasse pela porta e então a fechou com força, se virando para me olhar. —Por que se candidatou a vaga sem falar comigo? —Você disse para eu continuar com o meu plano e eu te obedeci. E outra, você sabia que era eu quem estaria aqui, por que tanto alarde? Assim que falei, Augusto se aproximou mais de mim, me fuzilando com o olhar. —Sim, eu sabia que era você, mas eu queria saber até onde você iria. - Disse ele levando as mãos até a minha cintura, me puxando para ele. —E que roupas são essas? —Pesquisei na internet sobre roupas provocantes de secretária e então comprei esse modelo. Gostou? - Perguntei o vendo travar o maxilar. —Secretária provocante? Então é assim que se vestirá para trabalhar com Rangel? - Perguntou ele com ironia, me encarando enfurecido. A boca dele era rude, mas os olhos dele mostravam outra coisa. Um misto de importância com ciúme talvez. Assim que ele falou, soltei um
A tensão entre eles era notória. Às vezes eu me sentia como se tivesse entrado de bico em um relacionamento conturbado de anos. Eu até me perguntei algumas vezes o que havia acontecido para que ele a tratasse daquela forma. Augusto nunca teve uma fama de quem se desfazia de mulheres, muito pelo contrário, desde que cheguei na cidade, eu ouvia falar que ele era muito desejado entre elas, por saber bem como cortejar uma garota. Ele se tornou uma pessoa fria e movida a sexo. O que será que o levou a ficar assim? - Me questionei enquanto o encarava. —O que está olhando, Luiza? - Perguntou ele respirando fundo e indo até a cadeira se sentar. Eu então fui até ele e me abaixei ficando na mesma altura, para poder o olhar nos olhos. —Senhor Eisner, ainda a ama? - Perguntei o vendo vincar as sobrancelhas. —Augusto! Me chame pelo meu nome quando estivermos a sós. Eu odeio esse nome! - Disse ele resmungando a última parte. Augusto travou o maxilar e me puxou para ele, me fazendo sentar