Majú...
— Ai merda! Falo assim que sinto uma pontada na minha barriga e a água escorrer pela minhas pernas. — Droga, droga, droga! Esbravejo.Minha bolsa acaba de estourar e eu estou no meio de um supermercado, cheio de compras no carrinho e completamente sozinha. Onde eu estou? Bem, vou tentar resumir.Quando fugi de Lyon, na hora da raiva e do impulso fiz uma pesquisa rápida no meu notebook já que eu havia ido pro meu apartamento aquele dia.Nessa pesquisa descobri uma cidade pequena no interior de são Paulo chamada Adolfo, com aproximadamente 3.500 habitantes. Eu queria criar meu beber em uma cidade calma e tranquila.Assim que cheguei aqui, a princípio fui morar em uma pousada mais logo consegui alugar uma casa, ela é pequena, possui apenas um quarto, sala, cozinha e um banheiro mas como é só eu e meu bebê que vamos morar aqui ela está ótima por enquanto, mais pra frente alugo uma maior.Nesses quase três meses eu consegui montar o enxoval do meu baby, não é muita coisa, mais é o necessário para recebê-lo ou recebê-la.— Aiiiii, cacete! A dor aumenta e com dificuldade me firmo no carrinho para não escorregar na água que está no chão. Tento andar pra fora do estabelecimento mais sou parada por um homem.— Epa! Pera aí. Ele me encara por um tempo, como se me conhecesse mais logo volta a falar. — Acho que alguém vai nascer hoje. Ele continua a falar segurando meu braço e olhando pra minha barriga.— Bela hora! Dou um sorriso tímido e respiro fundo sentindo uma contração vir.— Quer que eu ligue pra alguém? Ele pergunta e é nesse momento que tenho a sensação que conheço esse homem de algum lugar.— Já nós conhecemos? Pergunto mesmo em meio as dores.— Com certeza não! Ele responde.— Não tem ninguém pra ligar, só preciso que você chame uma ambulância, ahhhhhh... Resmungo pela contração que vem.— Nem o pai do bebê? Ele insiste.— Não! Me limito a responder só isso.— Então deixa eu te segurar que eu mesmo te levo para o hospital.Eu não tinha o que fazer, estava no meio de um supermercado, com a bolsa estourada e com contrações forte, minha única opção era aceitar a ajuda de um estanho ou meu bebê nasceria ali mesmo.Sem demorar muito chegamos no hospital da cidade, percebo que todos ali ficam encarando o homem que está me ajudando é como se ele fosse importante, vários médicos me cercam.— Ela está em trabalho de parto, ajudem ela! Ele ordena e todos o obedecem, fico curiosa com aquela situação mais a dor era tanta que esqueço rápido desse assunto.O médico conversou comigo e optamos por um parto normal, seria melhor pra mim que sou sozinha, a recuperação seria rápida e seria ótimo para o bebê também.Já estou em um quarto, sendo preparada para o parto, me perguntam se eu quero que filme e eu autorizo, quero guardar esse momento pra sempre.— Seu Sandro está lá fora muito ansioso, posso autorizar a entrada dele para assistir o parto? Pergunta uma enfermeira, acho estranho a pergunta já que acabei de conhecê-lo e pensei que ele já havia ido embora.— Ele não foi embora? Pergunto curiosa.— Não senhora, ele está esperando pra ter certeza que tudo correrá bem.Fico pensando por alguns segundos mais no final autorizo a entrada dele, que mal tem? Ele me ajudou e está preocupado comigo e com o bebê, Sandro então é o nome dele!Com um médico me incentivando a fazer força e duas enfermeiras ajudando ele, uma pediatra aguardando e uma outra pessoa filmando tudo, meu pacotinho vem ao mundo. Sandro o tempo todo ao meu lado acariciando minha cabeça e me tranquilizando, ouço o choro forte do meu amor e é inevitável as lágrimas caírem.— É um meninão! Diz o doutor e o coloca em meu colo.Ele é simplesmente lindo, todo grandão e cabeludo, a cara do pai, assim que vem para os meus braços seu choro cessa, acaricio seu rostinho lindo e beijo-o ainda com lágrimas escorrendo em meu rosto. A partir de agora eu não estava mais sozinha nesse mundo, eu tinha um pedacinho que me faria companhia até o último dia da minha vida.**Estou em um quarto com meu pequeno nos braços , amamentando e que sensação maravilhosa era essa.Sandro estava ali, observando tudo e assim que meu pequeno termina de mamar eu digo:— Obrigado por tudo, por ter me ajudado, por estar comigo lá dentro e por estar aqui, mais se você quiser já pode ir, vai descansar. Na verdade eu estava incomodada por ter uma pessoa que eu nem conhecia direito ali o tempo todo.— Tá me expulsando Maria Júlia? Diz ele me encarando e aquela sensação que eu já o conheço volta.— Claro que não! Mais você me parece um homem muito ocupado. Tem certeza que não nos conhecemos? Pergunto de novo intrigada com aquela sensação.— Tenho! Se eu já tivesse te conhecido com certeza esse bebê seria meu filho!Fico mega constrangida com seu comentário e ele percebendo isso, muda logo de assunto.— Realmente eu tenho um compromisso hoje e estou muito atrasado, mais volto para te vê amanhã, posso?Eu não tinha como dizer não para um cara que me ajudou tanto então só respondo que tudo bem.Quem é Sandro? Alguém sabe? 🤔🤔🤭Michele...Estava em meu horário de janta quando me chamam para fazer um parto, sigo o dr e assim que vou colocar o pé no quarto da paciente dou de cara com Majú, ela está tão entretida conversando com uma das enfermeiras que não me vê, dou dois passos pra trás e saio daquele quarto.- O que foi? O dr me pergunta me vendo pálida.- Não posso fazer esse parto... Não posso! Meu desespero é grande, lembro muito bem do Lyon dizendo que se me visse cruzar seu caminho me mataria.- Por que isso agora, Michele! O dr questiona.- Desculpa dr, o marido dela é perigoso. Digo já tremendo.- Parece que ela está sozinha, não tem marido. Pelo menos foi o que seu Sandro disse ao preencher a ficha dela.Fico um tempo processando o que o médico disse e indago.- Ela conhece Sandro da onde? - Não sei Michele, depois você pergunta as meninas, tudo sobre Sandro elas sabem. Depois que o dr saiu eu fui logo perguntando as meninas de plantão o que elas sabiam sobre Sandro e Majú, o que me contaram foi que
Lyon...— E aí, o que aconteceu com a mão? Pergunta olho de vidro. — Fratura. Respondo já me sentando na minha cama. — Você é doido! — Você ainda não viu nada! Digo já deitado em uma das beliches que tem ali e fico olhando pro nada pensativo. **São três da manhã, horário que eu uso o telefone, então sem demora pego ele que está escondido em um buraco falso no pé de uma das camas. — Como estão as coisas aí? Digo assim que Fael atende o telefone. — Tudo suave parceiro. — Novidades? Pergunto. — Então... Ele começa mais dá uma pausa antes de concluir. — Desenrola Fael! — Sabe quem me ligou? — Quem? — Michele a cirurgiã! — A vagabunda é destemida. Digo rindo. — Foi o que eu pensei na hora, até ela perguntar sobre você e Majú, fiquei cabreiro quando perguntei o por que do interesse e ela quis desligar. — E qual o interesse? Não tô entendendo nada. — Ela viu Majú! Nessa hora eu fico mudo... Meu coração tá acelerado demais para falar qualquer coisa. — Ainda está aí Lyon? —
Continua...— Michele? — Ainda estou aqui Lyon! — Que caralho mata rindo faz na sala de parto? Pergunto nervoso. — Quem é mata rindo? Ela pergunta confusa. — O cara que está ao lado dela acariciando a cabeça dela, porra! — Sandro? — Sandro? Esse é o nome do filho da puta? Ok... Preciso respirar! Digo, eu estou quase infartando. — O que Majú tem com esse cara? Pergunto tentando controlar minha respiração. — Pelo que sei, nada! Parece que se conheceram nesse dia no mercado quando a bolsa dela estourou... Ele trouxe ela para o hospital. — E que porra de intimidade é essa dele com ela de estar assistindo o parto do meu filho? — Eu não sei Lyon, de verdade! Só sei que foi ele que insistiu para uma enfermeira pedir autorização a ela, talvez por gratidão ela tenha deixado. — O que tú sabe sobre ele? — Sei que é um playboyzinho aqui da cidade, veio daí do rio de janeiro, o pai é prefeito aqui... É só o que comentam, não sei mais nada. — Eu não sei o que vou fazer, ele sabe quem é
Continua...O clima na prisão não estava nada bom, rumores de uma possível rebelião estavam cada vez mais forte, tudo porquê ultimamente as marmitas andam vindo azedas e muitos aqui dependem delas para se alimentar. Eu por exemplo sou uns dos poucos que tenho o privilégio de ter minha comida entregue pelo aplicativo de comida, isso por que pago caro para o diretor e alguns agentes para liberar a entrada dessa comida. Já tenho todos o livros em mãos e estou montando o mapa da construção da penitenciária, com a ajuda de Ramon descobri que essa penitenciária foi reformada e com isso boa parte das instalações do prédio antigo estão por trás dessas paredes, minha esperança é eu conseguir encontrar alguma falha na construção antiga e com isso eu consiga fugir daqui. — Já achou algum meio de sair daqui? Pergunta pezão sentando ao meu lado no pátio. Sem olhar pra ele e de cara fechada me limito a responder o básico. — Ainda não! Mais estou estudando as plantas. — Espero que não demore!
Depois daquele pequeno desentendimento com a Dra essa é a primeira vez que vamos nos ver, não posso deixar que ela crie ranço de mim, preciso da confiança dela por que no futuro ela será uma peça fundamental para minha fuga. Chego no consultório e ela está lá, sentada em sua cadeira, de cabeça baixa lendo alguns prontuários. — Dra Daniel Barreto está aqui. Avisa o agente depois de bater na porta chamando sua atenção. Seu olhar é direcionada diretamente ao meu, mais ele desvia o mesmo rapidamente. — Obrigado André! Ela o agradece. Me aproximo dela e como sempre estendo meu braço para ela retirar o gesso. — Hoje não será necessário, vamos fazer a radiografia por cima desse gesso mesmo. Hoje será rápido! Ela diz sem me olhar direito, sinto o clima tenso entre nós e preciso melhorar isso rápido. — Ainda está aborrecida comigo? Pergunto caminhando com ela até a sala de RX. — Não! Por que haveria de está? Ela para e enfim me olha. — Você está estranha, semana passada... Tento falar
Majú...Meu parto foi um tanto complicado, não o parto em si mais como sou sozinha e meu bebê resolveu querer nascer justamente na hora que eu estava no supermercado, eu fui levada para o hospital sem absolutamente nada! Minha bolsa ficou em casa e a bolsa do bebê também, estou completamente constrangida, não sei o que fazer. - Dona Maria Júlia... Me chama um das enfermeiras me tirando de meus pensamentos. - Oi. Respondo prestando atenção nela. - Mandaram te entregar essas coisas. Olho para a mão dela e vejo que tem tudo que uma mulher e uma criança no hospital precisa. Fraldas, roupas, calcinha, sutiã, camisola, sabonete, shampoo, essas coisas... Olho para ela com um olhar questionador sem entender nada e ela se limita a dizer: - Foi um administrador secreto! Me sinto mais constrangida ainda por que sei exatamente quem é esse admirador secreto. Não me levem a mal, mais eu nesse momento não quero me envolver com ninguém e não estou dizendo isso só pelo lado sentimental não, esto
Continuação...Não tem sido fácil ser mãe solteira, choro todos os dias achando que não vou conseguir. Meu seios estão feridos, Leon não dorme a noite toda e durante o dia resmunga com cólica, estou a 5 dias sem dormir e começo a acreditar que fugir de Lyon e cortar contato com as meninas e com Kadu não foi inteligente da minha parte. Nesse momento estou sentada na sala com Leon em meu colo mamando enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto de dor, meu cabelo está bagunçado e minha roupa está fedendo a leite por que não tenho tempo nem de tomar um banho, é só eu colocar Leon no berço ou no carrinho que ele começa a chorar. Cansada resolvo ligar para Kadu, preciso de ajuda, pego meu celular e quando me preparo para fazer a ligação ouço a campainha tocar. Me levanto ainda com Leon em meus seios mamando e dou uma olhada pelo olho mágico da porta e vejo que é Sandro, abro a porta e o mesmo me olha dos pés a cabeça. Sei que estou um caco e tenho certeza que esse olhar dele pra mim é de
Essa noite foi perfeita, a melhor em seis dias, Leon acordou duas vezes pra mamar e não precisei colocá-lo para arrotar, Sandro prontamente ficou com ele todas as vezes até ele dormir e eu pude descansar tranquilamente, acordei até mais bem disposta. — Bom dia! Ele me dá assim que chego na sala e já tem uma mesa perfeita de café da manhã pronta. — Meu Deus Sandro, você não dormiu? Pergunto por que, pra essa mesa está pronta as 7 da manhã ele com certeza acordou as 6 e com as vezes que ficou acordado com o Leon, ele não dormiu direito, isso tenho certeza. — Dormi pouco, confesso, mais quem estava a cinco dias sem dormir era você então tudo bem! Enquanto Estávamos tomando café da manhã ele me avisa que eu receberei a tal visita. — Uma equipe especializada em amamentação virá aqui já já, você tem 20 minutos para ficar pronta, eles vão te ensinar a forma correta que esse rapaz deve pegar no seus mamilos e parece que tem alguma coisa relacionado a laser. Fico curiosa com essa parte.