Michele...
Estava em meu horário de janta quando me chamam para fazer um parto, sigo o dr e assim que vou colocar o pé no quarto da paciente dou de cara com Majú, ela está tão entretida conversando com uma das enfermeiras que não me vê, dou dois passos pra trás e saio daquele quarto.- O que foi? O dr me pergunta me vendo pálida.- Não posso fazer esse parto... Não posso! Meu desespero é grande, lembro muito bem do Lyon dizendo que se me visse cruzar seu caminho me mataria.- Por que isso agora, Michele! O dr questiona.- Desculpa dr, o marido dela é perigoso. Digo já tremendo.- Parece que ela está sozinha, não tem marido. Pelo menos foi o que seu Sandro disse ao preencher a ficha dela.Fico um tempo processando o que o médico disse e indago.- Ela conhece Sandro da onde?- Não sei Michele, depois você pergunta as meninas, tudo sobre Sandro elas sabem.Depois que o dr saiu eu fui logo perguntando as meninas de plantão o que elas sabiam sobre Sandro e Majú, o que me contaram foi que Sandro encontrou ela em trabalho de parto no mercado e a socorreu, ela e Lyon terminaram? Fico curiosa.Como ela optou por um parto normal , o dr não precisou dos meus serviços, mais resolvo que queria estar naquela sala de parto, então fui como a enfermeira que ia filmar tudo, coloquei toca e máscara, com o cabelo curto ela não ia me reconhecer.Quando fui liberada daquela favela, Lyon mandou raspar minha cabeça, tive que usar peruca por meses, eu fiquei tão apavorada que resolvi sair do Rio e vir morar aqui, que mundo pequeno.Gravo todo o parto e acho muito estranho aquele cuidado todo de Sandro com ela, uma garota que ele acabou de conhecer.Sandro é filho do prefeito daqui da cidade, o mauricinho garanhão, pega geral. Pelo que falam ele é do Rio de janeiro mais está passando um tempo aqui na cidade, parece que a mãe e a irmã veio também.Quando o parto termina envio uma cópia da filmagem para o meu celular e apago todos os vestígios dessa transferência, não sei por que eu fiz isso mais sei que essa filmagem será ótima pra mim, talvez meu passaporte para voltar para o Rio.**Estou meia hora sentada no meu sofá com o celular em cima da mesinha de centro me decidindo se ligo ou não ligo pro Lyon.Tomo coragem e ligo para o telefone dele mais o mesmo dá desligado, resolvo ligar para Fael.- E num é que ela é destemida! Ele diz zombando de mim, sabe que manter contato com um cara que quase me matou é suicídio.- Lyon mudou de número? Vou direto ao ponto.- Michele, virou suicida agora? Ele pergunta.- Não, não virei! Mais queria tirar uma dúvida.- Lyon no memento está sem telefone, mais diz aí, talvez eu possa te ajudar.- Ele e Majú se separaram? Pergunto logo.- Por que o interesse? Sinto que a voz dele muda e me apavoro, droga, não era pra eu ter ligado.- Na... Nada não! Deixa pra lá, tchau Fael. Mais antes que eu desligasse o telefone e diz.- Não desliga que mesmo você estando longe eu te acho! Porra, quem mandou eu ser intrometida.- Fael por favor, não era pra eu ter perguntado nada!- Tarde demais Michele, abre o bico! Por que o interesse na Majú?- É só que ela teve um bebê no hospital que eu trabalho e fiquei curiosa... Ele nem deixa eu terminar.- Ela o que? Porra, Lyon vai surtar!Não entendo nada mais tento finalizar a ligação.- Então ele é o pai? Que legal, agora preciso ir.- Qual o nome do hospital? Ele pergunta, puxando mais assunto.- Fael...- Eles tiveram um desentendimento a três meses mais ou menos, ela fugiu e ninguém consegue achar ela. Lyon tá pegando cadeia, então imagina o desespero dele?- Imagino, ele parecia gostar dela de verdade.- Parecia não, ele é louco por essa mina e agora com o bebê, porra... Ele vai surtar!- Vai mesmo, o bebê é lindo e a cara dele!- Você viu o bebê? É menino? Ele tá eufórico.- Eu fiquei de longe... Estava com medo dele aparecer, tú sabe que ele me ameaçou... Gravei o parto pra ela guardar de recordação.- Tú gravou? Caralho Michele... Tú tem a filmagem?Fico pensando por um tempo, não sei se digo que tenho... Resolvo dizer que posso conseguir.- Eu não tenho, mais o hospital deve ter. Minto.- Onde vocês estão?- Fael, se eu falar Lyon vai dar um jeito de aparecer aqui e vai me matar, já saí do Rio por causa dele.- Então está fora do Rio? Droga de boca essa minha! - Vou fazer assim, fica com o telefone grudado em você por quê ele vai te ligar, aí vocês conversam.- Não Fael, pelo amor de Deus!Ele nem ouve minhas súplicas, simplesmente desliga.- E agora Deus, o que eu faço?E nao é que Michele voltou🤭?Lyon...— E aí, o que aconteceu com a mão? Pergunta olho de vidro. — Fratura. Respondo já me sentando na minha cama. — Você é doido! — Você ainda não viu nada! Digo já deitado em uma das beliches que tem ali e fico olhando pro nada pensativo. **São três da manhã, horário que eu uso o telefone, então sem demora pego ele que está escondido em um buraco falso no pé de uma das camas. — Como estão as coisas aí? Digo assim que Fael atende o telefone. — Tudo suave parceiro. — Novidades? Pergunto. — Então... Ele começa mais dá uma pausa antes de concluir. — Desenrola Fael! — Sabe quem me ligou? — Quem? — Michele a cirurgiã! — A vagabunda é destemida. Digo rindo. — Foi o que eu pensei na hora, até ela perguntar sobre você e Majú, fiquei cabreiro quando perguntei o por que do interesse e ela quis desligar. — E qual o interesse? Não tô entendendo nada. — Ela viu Majú! Nessa hora eu fico mudo... Meu coração tá acelerado demais para falar qualquer coisa. — Ainda está aí Lyon? —
Continua...— Michele? — Ainda estou aqui Lyon! — Que caralho mata rindo faz na sala de parto? Pergunto nervoso. — Quem é mata rindo? Ela pergunta confusa. — O cara que está ao lado dela acariciando a cabeça dela, porra! — Sandro? — Sandro? Esse é o nome do filho da puta? Ok... Preciso respirar! Digo, eu estou quase infartando. — O que Majú tem com esse cara? Pergunto tentando controlar minha respiração. — Pelo que sei, nada! Parece que se conheceram nesse dia no mercado quando a bolsa dela estourou... Ele trouxe ela para o hospital. — E que porra de intimidade é essa dele com ela de estar assistindo o parto do meu filho? — Eu não sei Lyon, de verdade! Só sei que foi ele que insistiu para uma enfermeira pedir autorização a ela, talvez por gratidão ela tenha deixado. — O que tú sabe sobre ele? — Sei que é um playboyzinho aqui da cidade, veio daí do rio de janeiro, o pai é prefeito aqui... É só o que comentam, não sei mais nada. — Eu não sei o que vou fazer, ele sabe quem é
Continua...O clima na prisão não estava nada bom, rumores de uma possível rebelião estavam cada vez mais forte, tudo porquê ultimamente as marmitas andam vindo azedas e muitos aqui dependem delas para se alimentar. Eu por exemplo sou uns dos poucos que tenho o privilégio de ter minha comida entregue pelo aplicativo de comida, isso por que pago caro para o diretor e alguns agentes para liberar a entrada dessa comida. Já tenho todos o livros em mãos e estou montando o mapa da construção da penitenciária, com a ajuda de Ramon descobri que essa penitenciária foi reformada e com isso boa parte das instalações do prédio antigo estão por trás dessas paredes, minha esperança é eu conseguir encontrar alguma falha na construção antiga e com isso eu consiga fugir daqui. — Já achou algum meio de sair daqui? Pergunta pezão sentando ao meu lado no pátio. Sem olhar pra ele e de cara fechada me limito a responder o básico. — Ainda não! Mais estou estudando as plantas. — Espero que não demore!
Depois daquele pequeno desentendimento com a Dra essa é a primeira vez que vamos nos ver, não posso deixar que ela crie ranço de mim, preciso da confiança dela por que no futuro ela será uma peça fundamental para minha fuga. Chego no consultório e ela está lá, sentada em sua cadeira, de cabeça baixa lendo alguns prontuários. — Dra Daniel Barreto está aqui. Avisa o agente depois de bater na porta chamando sua atenção. Seu olhar é direcionada diretamente ao meu, mais ele desvia o mesmo rapidamente. — Obrigado André! Ela o agradece. Me aproximo dela e como sempre estendo meu braço para ela retirar o gesso. — Hoje não será necessário, vamos fazer a radiografia por cima desse gesso mesmo. Hoje será rápido! Ela diz sem me olhar direito, sinto o clima tenso entre nós e preciso melhorar isso rápido. — Ainda está aborrecida comigo? Pergunto caminhando com ela até a sala de RX. — Não! Por que haveria de está? Ela para e enfim me olha. — Você está estranha, semana passada... Tento falar
Majú...Meu parto foi um tanto complicado, não o parto em si mais como sou sozinha e meu bebê resolveu querer nascer justamente na hora que eu estava no supermercado, eu fui levada para o hospital sem absolutamente nada! Minha bolsa ficou em casa e a bolsa do bebê também, estou completamente constrangida, não sei o que fazer. - Dona Maria Júlia... Me chama um das enfermeiras me tirando de meus pensamentos. - Oi. Respondo prestando atenção nela. - Mandaram te entregar essas coisas. Olho para a mão dela e vejo que tem tudo que uma mulher e uma criança no hospital precisa. Fraldas, roupas, calcinha, sutiã, camisola, sabonete, shampoo, essas coisas... Olho para ela com um olhar questionador sem entender nada e ela se limita a dizer: - Foi um administrador secreto! Me sinto mais constrangida ainda por que sei exatamente quem é esse admirador secreto. Não me levem a mal, mais eu nesse momento não quero me envolver com ninguém e não estou dizendo isso só pelo lado sentimental não, esto
Continuação...Não tem sido fácil ser mãe solteira, choro todos os dias achando que não vou conseguir. Meu seios estão feridos, Leon não dorme a noite toda e durante o dia resmunga com cólica, estou a 5 dias sem dormir e começo a acreditar que fugir de Lyon e cortar contato com as meninas e com Kadu não foi inteligente da minha parte. Nesse momento estou sentada na sala com Leon em meu colo mamando enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto de dor, meu cabelo está bagunçado e minha roupa está fedendo a leite por que não tenho tempo nem de tomar um banho, é só eu colocar Leon no berço ou no carrinho que ele começa a chorar. Cansada resolvo ligar para Kadu, preciso de ajuda, pego meu celular e quando me preparo para fazer a ligação ouço a campainha tocar. Me levanto ainda com Leon em meus seios mamando e dou uma olhada pelo olho mágico da porta e vejo que é Sandro, abro a porta e o mesmo me olha dos pés a cabeça. Sei que estou um caco e tenho certeza que esse olhar dele pra mim é de
Essa noite foi perfeita, a melhor em seis dias, Leon acordou duas vezes pra mamar e não precisei colocá-lo para arrotar, Sandro prontamente ficou com ele todas as vezes até ele dormir e eu pude descansar tranquilamente, acordei até mais bem disposta. — Bom dia! Ele me dá assim que chego na sala e já tem uma mesa perfeita de café da manhã pronta. — Meu Deus Sandro, você não dormiu? Pergunto por que, pra essa mesa está pronta as 7 da manhã ele com certeza acordou as 6 e com as vezes que ficou acordado com o Leon, ele não dormiu direito, isso tenho certeza. — Dormi pouco, confesso, mais quem estava a cinco dias sem dormir era você então tudo bem! Enquanto Estávamos tomando café da manhã ele me avisa que eu receberei a tal visita. — Uma equipe especializada em amamentação virá aqui já já, você tem 20 minutos para ficar pronta, eles vão te ensinar a forma correta que esse rapaz deve pegar no seus mamilos e parece que tem alguma coisa relacionado a laser. Fico curiosa com essa parte.
Kadu...— E aí Lorena? Pergunto da porta do banheiro. Ela está trancada nele já faz 10 minutos e não saí de lá por nada, Lorena andou passando mal e pra desencargo de consciência resolvemos fazer um teste de gravidez, ela não quis que eu entrasse no banheiro com ela e pelo tempo com certeza ela já tem o resultado na mão. — Vamos precisar comprar outro teste, se possível outra marca. Ela diz destrancado a porta e saindo enfim de dentro do banheiro. — Por que, o que deu? — Duas listras rosa! Ela responde. — E isso quer dizer... — Pelo que diz o manual, essa merda diz que estou grávida, mas com certeza está errado já que eu tenho um implante de 3 anos! Ela está brava e pega o telefone para ligar para a farmácia. Foram 11 testes que ela fez só que no oitavo ela já estava chorando igual uma criança. — Como vai ser Kadu? Ela está deitada na cama com a cabeça em meu colo enquanto eu faço carinho nela. — Você não se formou ainda, Você vive dos rolos do seu irmão e eu tenho um trabalho