Majú...Ele chama de prevenção, eu chamo de operação de guerra ! Foi isso que Lyon montou para eu ir vê Caíque, eu saí da comunidade com três carros a minha frente e mais 4 atrás , quando FM estacionou em frente ao apê de Caíque, todos os outros sete carros já haviam se espalhado pelas ruas ao redores. — Você tem meia hora pra conversar com ele, se em 30 minutos você não estiver saindo por aquela porta, eu vou atrás de você e arrombo a porta dele! Bufo com sua ameaça, mas sei que essas foram as ordens de Lyon. — Entendi... Meia hora! Confirmo. — Se der b.o, te ligo! Afirmo com a cabeça e desço do carro, ao entrar no holl do condomínio olho para o porteiro que já me reconhece na hora, da época que namorei Caíque. — Dona Maria Júlia... Ele sorri. — Quanto tempo. — Seu Afonso... Retribuo o sorriso. — Tudo bem com o senhor? — Graças a Deus! Responde. — Seu Afonso, Caíque está em casa? — Está sim, mas não quer receber visita de ninguém. Seu olhar é de pesar. — Deixa eu subir? V
Vê pela tv que ele foi preso e que perdeu seu tão amado emprego me dói até hoje, seis meses se passaram desde aquele dia na casa dele, Marina me conta algumas coisa, como por exemplo, como foi o dia que ela o visitou na prisão. Ela disse que onde ele está é um lugar diferenciado, lugar só para ex policiais, mas mesmo assim ele a proibiu de voltar lá para visitá-lo. Sobre a conversa que eu e ele tivemos em relação eu ir embora do rio, ainda não conversei com Lyon sobre isso, mais esse pensamento não sai da minha cabeça. — Vamos Majú, a gente vai se atrasar. Diz Lyon pegando minha mala. — Já estou indo... Respondo pegando Leon no colo. Depois de tanto estresse, resolvemos viajar, será poucos dias, mas creio que o suficiente para esquecermos por algum tempo essa porra toda, foram meses estressantes. Serão 15 dias longe desse morro, só eu, ele e Leon... Uma família de verdade, decidimos conhecer os EUA. Como ele conseguiu nossos vistos? Não faço ideia, só sei que estamos indo pra M
Caíque...Assim que Majú foi embora, peguei meu celular e liguei para meu advogado. — Boa noite Dr , eles estão subindo... Já estão com um mandado. — Boa noite meu amigo, eles vão te entregar um papel, leia bem devagar, nesse tempo vou para delegacia... Te encontro lá. Foi exatamente isso que eu fiz, assim que o telefone desligou a campainha tocou. — Caíque você precisará nos acompanhar, foi expedido um mandado de prisão pra você. — Sem problema! Desde quando eu assumi esse crime, uma tristeza me abateu. Porra, era minha profissão, eu amava o que fazia, então depois de conversar com meu advogado e ser informado que ele conseguiria me tirar da prisão em poucos meses, mas não conseguiria manter minha profissão, eu me isolei de tudo e todos, mas por incrível que pareça, nesse exato momento eu estou calmo. Talvez fosse o fato de ter visto a Majú, de saber que realmente valeu a pena assumir isso tudo, por que mesmo não estando com ela, Leon vai ter a mãe por perto e eu me apeguei a
Lyon... Estávamos de volta ao meu morro, eu podia viajar o mundo inteiro, mas era aqui que eu me sentia a vontade, nasci e agora tenho certeza que vou morrer aqui também, que saudade! Nem cheguei em casa direito e já fui me retirando na espreita, saí sem Majú me vê, ou então ela ia ficar reclamando de ter que desfazer as malas sozinha. Fui direto pra boca e assim que entrei já vi Fael e FM de bobeira. - É só o gato sair que os ratos fazem a festa neh? Já entro chamando a atenção deles, lógico que era de brincadeira, eu estava sentindo falta deles. - E a lá!!! O gringo do complexo chegou. Disse FM zoando. - Do you speak English?(Você fala inglês) Rir Fael me zoando. - Some things...(algumas coisas) Respondo. - Tirou onda hein chefe! Zoa FM também. Em meio aos risos aperto as mãos deles e dou um abraço. - Pensei que ia morar nos states. Fael fala. - É ruim heim... Aqui é o meu lugar e já estava doido pra voltar. O papo estava descontraído até meu telefone tocar, e era Majú,
Batizado do Leon e Bêh...Tudo ficou lindo, as meninas souberam organizar tudo direitinho. A igreja estava toda decorada de flores brancas, Bêh e Leon estavam de branco dos pés a cabeça, calça comprida e blusa de botão, Majú estava linda vestindo um vestido rosa bebê lindo de tule, eu vestia uma calça social gelo e uma blusa de botão branca com as mangas levantada até a altura dos cotovelos, deixei por fora da calça e com três botões abertos. Depois do padre ter realizado o batismo, resolvemos comemorar na minha casa, só os mais próximos mesmo. Majú estava em pé com Leon no colo conversando com Lorena e eu estava abraçando ela por trás, a gente ria até que Thuane pede licença e se dirige pra dentro de casa, não demora muito FM vai atrás, nos entre olhamos e acho que geral pensou a mesma coisa, rimos de imediato. — Vai dá merda! Kadu diz ainda rindo. — Alguém precisa ser decidido nessa comunidade neh! Jogo piada para Fael. Ele e Marina ficam nesse chove e não molha, se gostam mai
O batizado foi perfeito, mas o pós batizado estava me matando. Pela tristeza nos olhos de Lyon, eu sabia que havia chegado o momento, eu sabia que ele não queria fazer aquilo, sabia também que ele não tinha escolha e eu estava com o coração apertado por que mesmo sabendo que ele faria algo que iria me magoar tanto, a sensação que eu tinha era que aquela seria a última vez que nos veríamos, eu não sei por que eu estava com aquela sensação, mais resolvi orar e pedir proteção para ele, provavelmente FM e Fael estariam com ele e aqueles garotos seriam capazes de dá a própria vida pela do chefe deles. Desde o que aconteceu com Leon que eu não aparecia no trabalho, lógico que informei a minha chefe que em algum momento eu apareceria lá para assinar a minha demissão, mais quase sete meses depois eu ainda não havia feito isso. Hoje para me distrair resolvi deixar Leon com dona Maria e ir até o hospital finalizar essa etapa da minha vida, estava me arrumando quando ouço na tv a repórter fala
Três dias depois... — Majú, levanta dessa cama... Você precisa reagir! Marina tenta de todas as formas me levantar. Desde o enterro, eu tenho me isolado, acho que já perdi uns 6 kg, Kadu e Lorena estão morando aqui em casa por que não tenho condições de cuidar do Leon, dona Maria continua ajudando, mas não 24 horas. — Ela ainda não reagiu? Pergunta Fael ao lado de Marina. — Nada! Não come, na bebe água e para tomar banho é um custo.Ele respira e senta na minha cama, eu estou de olhos abertos e cobertos por lágrimas. — Ele não ia querer te vê assim Majú... Por ele, por Leon, faz uma forcinha. Eu repassei mais de mil vezes nossa última noite juntos e tirando forças de não sei aonde olho para Fael e pergunto: — Você nunca me contou onde achou ele e o que aconteceu... — Você nunca perguntou! — Agora eu quero saber... Me sento na cama e limpo meus olhos. — Tem certeza?
Kadu...A morte do meu irmão mexeu muito comigo, hoje com vinte e sete anos tenho a responsabilidade de educar meu filho e ajudar a educar meu sobrinho, não que Majú não tenha feito seu papel direito, é que o moleque faz várias perguntas sobre o seu pai e eu estou pronto a responder, já Majú chora sempre então o pequeno não gosta de vê a mãe chorar por isso vem até mim. — Tio, meu pai tem uma tatuagem com o meu nome no braço, sabia? — Sim... Sua mãe te contou? Pergunto saindo dos meus pensamentos. Leon e Bernardo estão brincando de bola no meio do grande gramado que tem no meu terreno. — Não! Eu vi! Ele diz me dando as costa e correndo atrás da bola que está nos pés de Bêh. Sorrio de seu comentário e balanço a cabeça negativamente. — Essas crianças!! Digo em voz alta. — O que tem de tão engraçado as crianças? Lorena chega por trás de mim com um bandeja com suco e sanduíche para as crianças.