Lyon...
10 dias! Foi tempo que fiquei no “pote”, a famosa solitária, em uma cela minúscula sem poder falar e ver ninguém, nem mesmo meu advogado, esse foi o presente que ganhei de aniversário depois de ter matado Camila com minhas próprias mãos e mais um crime na minha costa.Sou liberado para voltar a minha cela e assim que vejo orelha já vou logo perguntando.— Conseguiu falar com Fael?— Tenho falado com ele esse tempo todo, sabia que quando você fosse liberado do “pote” seria a primeira coisa que iria me perguntar.— Mais e aí, ela tá bem? E meu filho? Pergunto agoniado e fico mais ainda quando vejo orelha coçar a cabeça demostrando um nervoso.— Então... Depois do que você fez com a loira gostosa, o diretor ficou em cima de geral então só consegui uma brecha para ligar pro seu parceiro na madrugada. Não acharam ela em lugar nenhum, parece que ela evaporou.— Cara, não tem como ela ter evaporado, ela não tem ninguém.— Ela sumiu Lyon, não ligou para as amigas, não ligou para o seu irmão, desligou o celular ou trocou de chip... Sumiu! Até um tal de Ramon está caçando ela.Porra, onde ela foi parar? Fico pensando.Dez dias desaparecida, com certeza ela não está mais no Rio, se tivesse Ramon já teria achado ela.Eu fiquei muito mal com aquela notícia e me desanimei legal, passei dois dias deitado, não queria comer e devo ter perdido uns 5kg já, a galera tentava me animar, mais sem Majú meu mundo ficava em preto e branco.Estou em meu horário de tomar sol e porra como era bom sentir o calor do sol em minha pele, vê a claridade do dia, me sentei em um banco de concreto que tinha ali no pátio e fiquei observando a galera jogando futebol.Sinto alguém se aproximando e já fico na atividade, aqui é assim, você sempre tem que estar esperto por que a qualquer momento pode vir um e encravar alguma coisa em você, como por exemplo uma escova de dente trabalhada que vira um punhal.— Fala aí! Já logo pergunto ao cara que parou ao meu lado, sei que ele fecha com pezão, o tal que disse que ia comer minha mulher, tenho um ódio desse cara que se eu tivesse oportunidade não perderia ela e mataria ele.—O chefe quer conversar com você!— Não tenho nada pra conversar com ele! Digo ainda assistindo o jogo.— Você sabe quem é ele não sabe? Afirmo com a cabeça. — Então! Se você não for falar com ele, certamente ele aparecerá na sua cela no horário que você estiver dormindo.Depois dessa simples e maravilhosa ameaça resolvo ir até ele em sua ala.— Diz aí pezão, o que de tão importante a vossa senhoria quer falar comigo? Debocho.— Vou fingir não ter ouvido seu deboche Lyon, vou direto ao ponto. Ele olha para os lados e se aproxima de mim. — Chegou ao meu conhecimento que você planeja fugir, quero sair nessa fuga!Não fiquei nem 5 minutos conversando com pezão, depois de não ter escolha e ser obrigado a aceitar levar ele comigo nessa fuga, volto pra minha cela no ódio puro.Passo pelo meio das camas, e sou observado pelos caras, vou até o final da cela e começo a socar a parede, em cada soco que dou o som que sai da minha boca é de ódio, minha mão começa a sangrar mais nenhum desses fofoqueiros filho da puta diz alguma coisa.— Quem foi o arrombado que abriu a boca para o pezão? Pergunto já me virando em direção a eles.— Eu não fui, não falei com ninguém! Diz orelha enquanto todos os outros foram falando a mesma coisa.— Ahhhh, agora aquele arrombado tem bola de cristal neh? Alguém aqui abriu o bico, quem foi porra? Grito.— Lyon, aqui o povo vive nas espreitas qualquer vacilo nosso tem um ouvindo. Diz Xaropinho.— Cara, você precisa de um médico. Sua mão tá sangrando! Desta vez é Olho de vidro que se pronuncia.Minha mão tá pingando de sangue e não duvido nada que tenha fraturado algum osso já que a dor começa a aparecer, mais meu sangue tá tão quente que isso não é nada pra mim.— Pezão vai ter que ir com a gente e se mais alguém souber dessa fuga vou ter que cancela-la. Não tenho como levar a penitenciária toda! Digo saindo dali puto e indo até a enfermeira.Assim que chego na ala hospitalar da prisão aviso um agente que preciso que o médico dê uma olhada na minha mão, ele olha para a mesma e entra na ala, volta algum tempo depois e libera minha entrada.Assim que entro na sala reparo cada canto do local, em questão de segundos eu já conheço cada canto dali, vejo que na verdade não é um dr e sim uma dra, ela me observa entrar e assim que paro na sua frente já estico a mão para que ela veja.— O que tú aprontou aí? Enfim ela fala alguma coisa.— Digamos que eu me estressei demais e para não voltar para o “pote” resolvi socar a parede. Ela segura minha mão e olha com cuidado, pega alguns produtos e começa a limpar o local que está com muito sangue.— Vamos precisar de uma radiografia pra vê se não quebrou nada, qual seu nome e ala que está? Ela pergunta anotando em uma prancheta o que digo.— Ok dra... Dou um pausa esperando ela dizer seu nome.— Dra Hellen. Ela completa.Dra Hellen aparentava ter aproximadamente 26 anos, era morena e magra, ela era bonita, passo todas as informações solicitadas.O RX foi feito e realmente havia uma fratura, ela imobilizou e no final me liberou com algumas instruções.— Não pode fazer esforço com essa mão Daniel, você deve ficar com isso por 4 semanas e toda semana quero você aqui para irmos acompanhando a fratura, ok?— Claro dra, será um prazer poder vê-la toda semana. Digo com um sorriso no rosto sacana e ela fica extremamente sem graça.Não me julguem por flertar com ela, eu tenho um motivo e sim, eu amo a Majú e não desisti dela, mais preciso de tempo para saber o que fazer em relação a ela e de aliados para sair daqui.Majú... — Ai merda! Falo assim que sinto uma pontada na minha barriga e a água escorrer pela minhas pernas. — Droga, droga, droga! Esbravejo. Minha bolsa acaba de estourar e eu estou no meio de um supermercado, cheio de compras no carrinho e completamente sozinha. Onde eu estou? Bem, vou tentar resumir. Quando fugi de Lyon, na hora da raiva e do impulso fiz uma pesquisa rápida no meu notebook já que eu havia ido pro meu apartamento aquele dia. Nessa pesquisa descobri uma cidade pequena no interior de são Paulo chamada Adolfo, com aproximadamente 3.500 habitantes. Eu queria criar meu beber em uma cidade calma e tranquila. Assim que cheguei aqui, a princípio fui morar em uma pousada mais logo consegui alugar uma casa, ela é pequena, possui apenas um quarto, sala, cozinha e um banheiro mas como é só eu e meu bebê que vamos morar aqui ela está ótima por enquanto, mais pra frente alugo uma maior. Nesses quase três meses eu consegui montar o enxoval do meu baby, não é muita coisa, mai
Michele...Estava em meu horário de janta quando me chamam para fazer um parto, sigo o dr e assim que vou colocar o pé no quarto da paciente dou de cara com Majú, ela está tão entretida conversando com uma das enfermeiras que não me vê, dou dois passos pra trás e saio daquele quarto.- O que foi? O dr me pergunta me vendo pálida.- Não posso fazer esse parto... Não posso! Meu desespero é grande, lembro muito bem do Lyon dizendo que se me visse cruzar seu caminho me mataria.- Por que isso agora, Michele! O dr questiona.- Desculpa dr, o marido dela é perigoso. Digo já tremendo.- Parece que ela está sozinha, não tem marido. Pelo menos foi o que seu Sandro disse ao preencher a ficha dela.Fico um tempo processando o que o médico disse e indago.- Ela conhece Sandro da onde? - Não sei Michele, depois você pergunta as meninas, tudo sobre Sandro elas sabem. Depois que o dr saiu eu fui logo perguntando as meninas de plantão o que elas sabiam sobre Sandro e Majú, o que me contaram foi que
Lyon...— E aí, o que aconteceu com a mão? Pergunta olho de vidro. — Fratura. Respondo já me sentando na minha cama. — Você é doido! — Você ainda não viu nada! Digo já deitado em uma das beliches que tem ali e fico olhando pro nada pensativo. **São três da manhã, horário que eu uso o telefone, então sem demora pego ele que está escondido em um buraco falso no pé de uma das camas. — Como estão as coisas aí? Digo assim que Fael atende o telefone. — Tudo suave parceiro. — Novidades? Pergunto. — Então... Ele começa mais dá uma pausa antes de concluir. — Desenrola Fael! — Sabe quem me ligou? — Quem? — Michele a cirurgiã! — A vagabunda é destemida. Digo rindo. — Foi o que eu pensei na hora, até ela perguntar sobre você e Majú, fiquei cabreiro quando perguntei o por que do interesse e ela quis desligar. — E qual o interesse? Não tô entendendo nada. — Ela viu Majú! Nessa hora eu fico mudo... Meu coração tá acelerado demais para falar qualquer coisa. — Ainda está aí Lyon? —
Continua...— Michele? — Ainda estou aqui Lyon! — Que caralho mata rindo faz na sala de parto? Pergunto nervoso. — Quem é mata rindo? Ela pergunta confusa. — O cara que está ao lado dela acariciando a cabeça dela, porra! — Sandro? — Sandro? Esse é o nome do filho da puta? Ok... Preciso respirar! Digo, eu estou quase infartando. — O que Majú tem com esse cara? Pergunto tentando controlar minha respiração. — Pelo que sei, nada! Parece que se conheceram nesse dia no mercado quando a bolsa dela estourou... Ele trouxe ela para o hospital. — E que porra de intimidade é essa dele com ela de estar assistindo o parto do meu filho? — Eu não sei Lyon, de verdade! Só sei que foi ele que insistiu para uma enfermeira pedir autorização a ela, talvez por gratidão ela tenha deixado. — O que tú sabe sobre ele? — Sei que é um playboyzinho aqui da cidade, veio daí do rio de janeiro, o pai é prefeito aqui... É só o que comentam, não sei mais nada. — Eu não sei o que vou fazer, ele sabe quem é
Continua...O clima na prisão não estava nada bom, rumores de uma possível rebelião estavam cada vez mais forte, tudo porquê ultimamente as marmitas andam vindo azedas e muitos aqui dependem delas para se alimentar. Eu por exemplo sou uns dos poucos que tenho o privilégio de ter minha comida entregue pelo aplicativo de comida, isso por que pago caro para o diretor e alguns agentes para liberar a entrada dessa comida. Já tenho todos o livros em mãos e estou montando o mapa da construção da penitenciária, com a ajuda de Ramon descobri que essa penitenciária foi reformada e com isso boa parte das instalações do prédio antigo estão por trás dessas paredes, minha esperança é eu conseguir encontrar alguma falha na construção antiga e com isso eu consiga fugir daqui. — Já achou algum meio de sair daqui? Pergunta pezão sentando ao meu lado no pátio. Sem olhar pra ele e de cara fechada me limito a responder o básico. — Ainda não! Mais estou estudando as plantas. — Espero que não demore!
Depois daquele pequeno desentendimento com a Dra essa é a primeira vez que vamos nos ver, não posso deixar que ela crie ranço de mim, preciso da confiança dela por que no futuro ela será uma peça fundamental para minha fuga. Chego no consultório e ela está lá, sentada em sua cadeira, de cabeça baixa lendo alguns prontuários. — Dra Daniel Barreto está aqui. Avisa o agente depois de bater na porta chamando sua atenção. Seu olhar é direcionada diretamente ao meu, mais ele desvia o mesmo rapidamente. — Obrigado André! Ela o agradece. Me aproximo dela e como sempre estendo meu braço para ela retirar o gesso. — Hoje não será necessário, vamos fazer a radiografia por cima desse gesso mesmo. Hoje será rápido! Ela diz sem me olhar direito, sinto o clima tenso entre nós e preciso melhorar isso rápido. — Ainda está aborrecida comigo? Pergunto caminhando com ela até a sala de RX. — Não! Por que haveria de está? Ela para e enfim me olha. — Você está estranha, semana passada... Tento falar
Majú...Meu parto foi um tanto complicado, não o parto em si mais como sou sozinha e meu bebê resolveu querer nascer justamente na hora que eu estava no supermercado, eu fui levada para o hospital sem absolutamente nada! Minha bolsa ficou em casa e a bolsa do bebê também, estou completamente constrangida, não sei o que fazer. - Dona Maria Júlia... Me chama um das enfermeiras me tirando de meus pensamentos. - Oi. Respondo prestando atenção nela. - Mandaram te entregar essas coisas. Olho para a mão dela e vejo que tem tudo que uma mulher e uma criança no hospital precisa. Fraldas, roupas, calcinha, sutiã, camisola, sabonete, shampoo, essas coisas... Olho para ela com um olhar questionador sem entender nada e ela se limita a dizer: - Foi um administrador secreto! Me sinto mais constrangida ainda por que sei exatamente quem é esse admirador secreto. Não me levem a mal, mais eu nesse momento não quero me envolver com ninguém e não estou dizendo isso só pelo lado sentimental não, esto
Continuação...Não tem sido fácil ser mãe solteira, choro todos os dias achando que não vou conseguir. Meu seios estão feridos, Leon não dorme a noite toda e durante o dia resmunga com cólica, estou a 5 dias sem dormir e começo a acreditar que fugir de Lyon e cortar contato com as meninas e com Kadu não foi inteligente da minha parte. Nesse momento estou sentada na sala com Leon em meu colo mamando enquanto lágrimas escorrem pelo meu rosto de dor, meu cabelo está bagunçado e minha roupa está fedendo a leite por que não tenho tempo nem de tomar um banho, é só eu colocar Leon no berço ou no carrinho que ele começa a chorar. Cansada resolvo ligar para Kadu, preciso de ajuda, pego meu celular e quando me preparo para fazer a ligação ouço a campainha tocar. Me levanto ainda com Leon em meus seios mamando e dou uma olhada pelo olho mágico da porta e vejo que é Sandro, abro a porta e o mesmo me olha dos pés a cabeça. Sei que estou um caco e tenho certeza que esse olhar dele pra mim é de