— Saiba disso. Você tem que fazer o que eu pedir. E não faça perguntas. — A voz dele ficou mais grave. Instintivamente, coloquei minhas mãos sobre seu peito, sentindo seu coração bater sob minha palma. — Apenas faça o que eu digo e tudo ficará bem. — Os olhos dele desceram para meus lábios. — Ou então... A ameaça persistente despertou meu lado rebelde: — Ou então? — Ou então... — Ele levantou o olhar para meus olhos e me lançou um sorriso muito promissor. — Eu vou te obrigar. ******** ******** Uma noite selvagem com suas duas melhores amigas, longe do namorado controlador, era tudo o que Natália Silva tinha planejado para a ocasião de seu 20º aniversário, mas não saiu como esperado. Porque agora, ela foi marcada e reivindicada por um homem que nem conhece, e seu namorado de dois anos estava batendo na porta. Esconder a verdade ou fingir que não foi marcada — essa era sua única escolha, mas não se provou fácil quando o Alfa que a marcou invadiu sua vida e se tornou impossível para ela ignorá-lo.
Ler maisANASETE MESES DEPOISÀs vezes, era difícil acreditar como uma pessoa podia mudar tanto. Quando me olhava no espelho naquela época, encontrava alguém que nem conhecia. Talvez fosse isso que o amor fazia com as pessoas. Ele as mudava, ou talvez trouxesse à tona a criança que elas escondiam do mundo na esperança de proteger a alma ferida.O amor altruísta e o apoio incondicional de Rafael tinham trazido aquela criança de dentro da minha cabeça. Eu estava surpresa ao descobrir que ela estava ferida, sim, mas em processo de cura. Poderia levar uma vida inteira para ela se curar, mas eu não me preocupava, porque sabia que ele estava ali comigo e sempre estaria. Mesmo quando eu estava na sala de parto, depois de seis meses, empurrando e lutando para trazer a vida para fora de mim, eu não temia nada. Senti dor, em ondas, e isso quase me fez desmaiar. Foi a coisa mais difícil que fiz na minha vida, a mais excruciante, mas estava tudo bem porque ele estava lá comigo. Eu apertava sua mão
RAFAEL— Estou grávida, Rafael. — Ela repetiu em um tom mais calmo.Ouvi seu batimento cardíaco alto e saltitante e tentei procurar o meu. Achei que meu coração tinha parado de bater.— Descobri há dois dias e vim te contar. — Ela estava falando.Vi seus lábios se movendo, suas sobrancelhas pulando para cima e para baixo, seu nariz franzindo a cada palavra que ela dizia, mas não consegui entender nada. Tentei ouvir meus pensamentos ou a batida do meu coração. O silêncio chocante me fez sentir como se estivesse viajando pelo espaço, pelas estrelas, galáxias e universos, e isso não significava nada e tudo para mim. Meu coração finalmente bateu. Ana ainda estava falando, e eu ainda não conseguia ouvir. Soltei suas mãos. Meus braços se enrolaram em sua cintura, puxando para perto de mim. Não sabia se ela tinha parado de falar ou não. Não sabia de nada.Não queria saber de mais nada.Meus olhos se fecharam enquanto um suspiro escapou da minha boca. Meu coração batia em meus ou
RAFAELPor que pensei que ela me deixaria descansar?Ela começou a me cutucar assim que fiquei em silêncio. — Rafael. Fale comigo.Soltei um suspiro suave e mantive meus olhos fechados. Não estava com vontade de conversar com ela naquela noite.— Sinto muito. — Ela cutucou minhas costelas com o dedo indicador.— Não vou mais fazer isso. Eu prometo. Eu morro antes de machucar você. — Outra cutucada.— Sei que está me ouvindo. Pare de agir como um bebê. — Ela resmungou, me cutucando mais uma vez.— Você está me irritando agora. — Eu disse.Ela parou de me cutucar de repente. Eu finalmente respirei aliviado.— Estou realmente te irritando? — Ela perguntou com um sussurro gentil.Os músculos dos meus ombros nus se contraíram. Empurrei meu braço para longe dos meus olhos e os abri para olhar para ela. Tudo bem, desde que ela fosse irritante, mas que não estivesse machucada. Eu não queria machucar ela. — Ana… — Suspirei, sem saber o que queria dizer a ela.Ela revirou os olhos
ANAUma batida soou na janela do carro. Eu gritei, me afastei e olhei para Liam, que estava sorrindo.Ele não se importava com a chuva que o molhava. Olhou para mim e para Rafael. Eu engoli seco, saí do colo de Rafael e voltei para o banco do passageiro.Liam deu um passo para trás, Rafael dirigiu o carro pelo portão e parou na garagem. Eu suspirei, dando uma olhada rápida para meu companheiro.Pensei que estava fazendo as coisas para melhor, mas estava apenas fugindo. Levei apenas uma droga de uma semana para perceber que não me importava com o que acontecesse. Eu o queria ao meu lado e nunca conseguiria imaginar uma vida sem ele.Agora, carregando nosso filho, sentia a necessidade de estar ainda mais perto dele. Não era mais apenas amor, eu também buscava uma sensação de estabilidade e uma família com Rafael.Ele abriu a porta e saiu sem olhar para mim. Soltei outro suspiro e saí, seguindo ele.Liam apareceu ao meu lado, com seu cabelo molhado caindo sobre sua testa.— Então
RAFAELSempre gostei de tudo em Ana. Tudo o que ela fez, cada decisão que ela tomou, cada palavra dura que ela disse para mim, não importava até o que ela fez uma semana atrás.Uma semana atrás, senti o peso das suas palavras me empurrando para o chão pela primeira vez. Eu não gostei do que ela fez. E não senti vontade de seguir ela como pediu.Levei algumas horas para finalmente entender o que eu sentia. Estava com raiva. Talvez não. Eu estava furioso. Meu sangue estava correndo quente em minhas veias. Assim como ela havia me dito palavras dolorosas, eu queria fazer o mesmo.Eu tinha ido fazer exatamente isso quando deixei aquele lugar abruptamente, mas quando cheguei à Alcateia dos Caminhantes Noturnos e a vi, a raiva se dissipou. Eu ainda estava com raiva, mas descontar essa raiva em Ana era impossível. Machucar ela partiria meu coração.Percebi que ela não quis dizer nada do que disse. O que eu mais detestava era que ela não estava se comportando como a mulher egoísta de sem
— Ele… ele não se colocou para dormir, certo? Eu realmente não consigo… sentir ele. — Neela choramingava enquanto o medo tomava conta de tudo.Liam apareceu atrás de mim e me impediu de entrar no carro e dirigir de volta para casa. — O que está acontecendo? Vocês dois brigaram? — Ele perguntou, franzindo a testa.— Não… ele… ele vai ficar bem. Eu só preciso… procurar ele sozinha. — Eu gaguejei, empurrando suas mãos para o lado.— Ana. Está prestes a chover. Vamos entrar. Você pode esperar por ele aqui. — Ele me disse, mas eu não ouvi. Tinha que ir até ele. Tinha que encontrar ele.— Não. Preciso ir embora agora. Abri a porta do carro antes de me jogar no banco do motorista e dirigir para fora da mansão dos vampiros.Eu não conseguia ver nada claramente. Minha visão estava ficando turva com lágrimas e tontura. As gotas fortes de água que começaram a cair no para-brisa também não ajudavam. Eu ainda não tinha contado a ele sobre nosso filho. Ele prometeu ficar aqui. Ele nunca fa
ANALevei algumas horas para chegar ao território dos vampiros. Meu coração continuava a bombear sangue na velocidade da luz. A ideia de ver ele depois do que eu disse naquele dia estava me matando, mas, mesmo por meus próprios motivos egoístas, eu precisava saber se ele estava bem. Enquanto dirigia o carro em direção aos enormes portões da mansão, os vampiros os abriram, me deixando entrar. Meu coração começou a bater mais rápido do que antes. Desliguei o motor quando cheguei à garagem.Enxuguei minhas mãos suadas na calça jeans, abri a porta e saí. Encontrei Liam, que correu em minha direção. Em um gesto familiar, me deu um abraço. Suspirei, sem conseguir ficar com raiva naquele dia. — Como você está, doce Ana? — Ele perguntou, sorrindo genuinamente.— Achei que você não gostasse mais de mim. — Disse, dando um passo para trás.— Ah, foi só uma brincadeira quando estava com raiva. Não leve a sério. — Ele agitou a mão no ar antes de me arrastar para dentro da mansão onde seus
ANAEle me deixou ir embora. Não perdi um segundo e o deixei. Ele estava melhor sem mim. Eu deveria ter percebido isso antes.Uma semana tinha se passado desde aquele dia horrível, mas meu coração ainda doía da mesma forma. Uma pequena parte de mim até queria que Rafael me seguisse. Não pensei que seria tão fácil afastar ele.Quando deixei o território dos vampiros, não tinha certeza para onde queria ir. Naquele momento, Natália me ligou e me pediu para ir até ela. Ela estava com dores de novo, mas dessa vez era dor de parto.Por um tempo, esqueci minha angústia e fiquei do lado de fora do quarto do hospital enquanto ela gritava de agonia. Ricardo ficou ao lado dela por horas.Seu trabalho de parto foi prolongado. Dar à luz um híbrido foi difícil para ela, mas ela sobreviveu. E deu à luz um anjo de olhos azuis. Rhys Santos — Natália e Ricardo deram o nome ao filho juntos.Ricardo saiu do quarto com seu bebê somente quando Natália adormeceu sob a influência de alguns remédios. Meu
ANA— Ana. — Rafael sussurrou meu nome, fazendo soar tão doce, com tanto significado.Quando não respondi, ele me puxou para olhar meu rosto.— Alguém fez alguma coisa com você? — Ele sussurrou, furioso.— Sim. — Meus olhos se abriram de repente, depois se estreitaram. — Você ainda está perguntando. Não sabe? Eles quase me mataram por sua causa. Eu me afastei das suas mãos e me levantei. — Acabei de perceber o que significa estar sob o mesmo teto que vampiros perturbados como você. Construí um murro na minha cabeça, mantendo todas as emoções presas enquanto eu falava coisas horríveis para ele.— O que aconteceu? — Rafael saiu da cama e ficou de pé. Ele estava fervendo. Tão furioso que as veias em seu pescoço estão saltando.— Não quero ficar aqui. Não quero morrer por você. — Eu sussurrei.— Você não quer ficar aqui? — Rafael franziu a testa.Balancei minha cabeça, engolindo todas as lágrimas. Ele nunca saberá a verdade.— Você quer que eu te leve embora? — Ele deu um pa