NATÁLIAEu estava andando de um lado para o outro no meu quarto depois de tomar um banho e fiquei olhando para a marca de companheiro no meu pescoço por uma hora inteira.A princípio, tentei cobrir a marca usando uma gola alta, mas quando percebi que era no meio do verão e que isso só iria deixar todo mundo desconfiado, removi-a e cobri a marca com várias camadas de corretivo.Gostei de acreditar que poderia manter isso em segredo, mas minha mente estava prestes a explodir de ansiedade.Primeiro, eu tinha que descobrir quem era aquele homem.Segundo, eu estava com medo de morrer naquela noite.Terceiro, se eu não morresse, meu pai iria me matar com suas próprias mãos depois de descobrir que dormi com um homem que era um estranho.Tudo isso me pesava e não havia nada positivo em que eu pudesse pensar naquele momento.— Natália. — A porta do meu quarto se abriu e Emília entrou sem permissão.Engoli minha saliva e perguntei:— O que você quer? Embora eu tentasse parecer destemi
NATÁLIA— Ok! Concordo com vocês duas. Por favor, me ajudem a encontrar esse homem. — Eu disse a Ana e Diana, que estavam sentadas na cama de Diana.A preocupação e a ansiedade estavam claras nos olhos delas, junto com uma pena suprimida. Eu tinha enfaixado a minha cabeça mais cedo e, como de costume, a Doutora Luana insistiu para que eu admitisse que alguém estava me maltratando, mas... eu menti para ela e disse que tinha caído das escadas, como sempre faço. Essa desculpa estava se tornando ridícula neste ponto, mas ninguém nesta alcateia dava a mínima para o que acontecia com a filha do Beta sem lobo. Para todos eles, eu deveria morrer logo.Em vez de ir para casa depois de enfaixar minha cabeça, fui para a casa de Diana. Como esperado, ela e Ana estavam esperando por mim. É como uma rotina. Toda vez que sou repreendida, venho aqui para buscar de conforto. Os pais de Ana e Diana me permitem ficar na casa delas porque são os únicos, além de Henrique, que se importam comigo.— Entã
NATÁLIAMinha boca se abriu, minha mandíbula doía quando vi o homem — que exalou problemas — sentado bem na minha cama.Ofegando, entrei e fechei a porta antes que alguém da minha família sentisse seu cheiro ou ouvisse o aumento do meu batimento cardíaco.— Que diabos! — Murmurei.— Precisamos trabalhar nesse vocabulário colorido. — Ele murmurou com uma voz profunda.Colocando as mãos em ambos os lados do corpo, ele esticou os músculos e se recostou.Respirei fundo, tremendo. A incredulidade me fez congelar no lugar.— V…v…você. O quê? Quero dizer... c…c…como? — Fiquei sem palavras.— Como estou aqui? — Sua sobrancelha esquerda se ergueu.Sua voz rouca fez coisas estranhas comigo. O calor tomou conta do meu corpo.Quando você estava perto do seu companheiro, você era afetado pela estação do cio. Diana me disse isso e achava que... ela não tinha estado errada.— Algo se incomoda? — Um sorriso fino tocou seus lábios.— Você! Fique aí! — Estreitei os olhos, apoiando-me na pare
NATÁLIA Com meu coração martelando na garganta, abri a porta levemente.— O que você está fazendo? Eu ouvi barulhos vindo do seu quarto. — Ela piscou para mim, seus olhos caídos gritando que ela tinha acordado de um sono profundo.Quão boa será a audição dela para conseguir captar barulhos de um quarto à prova de som mesmo dormindo?Engoli em seco e olhei ao redor.— Eu... eu estava no banheiro, tomando banho. — Eu nunca menti tão confiantemente antes, podia garantir.Inconscientemente, ajeitei meu cabelo molhado para esconder a marca no meu pescoço.— A esta hora? — Ela estreitou os olhos, desconfiada.Que droga!— Eu... Mãe. — Pense em algo, idiota.Minha falta de palavras só confirmou as dúvidas da minha mãe. Sem me dar tempo para recuperar a compostura, ela empurrou a porta com força.A porta bateu no meu rosto, fazendo-me cambalear para trás e instintivamente levar a mão ao nariz. A dor perfurou todo o meu rosto. Eu franzi a testa e fechei os olhos.— Tem alguém aqui
NATÁLIA Na manhã seguinte, eu sentia um novo tipo de nervosismo e medo que nunca havia experimentado antes.Eu me arrumei e saí de casa furtivamente antes que alguém me visse e eventualmente me impedisse de sair.Ao contrário das minhas expectativas, eu encontrei Diana e Ana já esperando por mim na rua, ainda vestidas com seus pijamas.— Eu te disse! — Ana falou para Diana quando me aproximava delas.— Você não pode contar para ele. — Diana cruzou os braços sobre o peito.— Ele tem o direito de saber. — Eu não sabia de onde essas palavras estavam vindo.— Natália. Eu sabia que você faria isso quando a culpa te atingisse novamente. Estamos esperando aqui há duas horas para podermos te impedir. Então, por favor... nos ouça e desista dessa ideia estúpida. — Ana insistiu, segurando meu pulso.— Ana... Henrique sempre era bom para mim. Eu não posso mais esconder isso dele. Pelo menos não depois de ter feito isso duas vezes. Da primeira vez, eu podia deixar passar como um erro, mas.
NATÁLIA Quando você achou que estava se despedaçando e não conseguiu se segurar, você se viu correndo de volta para sua casa — o porto seguro.Eu fiz o mesmo.Depois de fugir de todos que eu considerei queridos, voltei para casa e corri para o meu quarto antes de me trancar lá dentro.Eu podia sentir aqueles olhares pontiagudos direcionados a mim. Aqueles olhares faziam minha pele arrepiar. Eles me faziam sentir nojo.Não foi minha culpa. Eles fizeram isso comigo. Eu queria correr até todos e contar um por um, mas sabia que ninguém acreditaria em mim.Eu solucei, arranquei meu cabelo e me perguntei a mesma questão.Por que isso estava acontecendo comigo?Todos eles me amaram uma vez. Tudo estava bem — eu tinha uma família feliz, bons amigos, uma posição nesta sociedade de lobisomens por ser filha de um Beta. Eu tinha um futuro — um futuro brilhante.Mas a Deusa da Lua estragou tudo quando decidiu que eu não teria minha loba.O que é um lobisomem sem seu lobo? Eu não poderia
NATÁLIA Isso só me fez chorar mais. O pouco autocontrole que eu tinha sobre mim mesma se foi.— Isso é muito irritante. — Ele resmungou quando eu não parei de chorar.— Você nem está perguntando o que aconteceu comigo?! — Eu sibilei, colocando minha testa ardente no meu joelho direito.— Eu não preciso saber. Mas eu preciso que você pare de chorar. — A voz irritada dele soou pelo alto-falante.Eu funguei, balançando a cabeça. Por que eu só atraí esses idiotas para a minha vida?— Eu não vou parar de chorar! — Eu declarei.As lágrimas embaçaram minha visão ainda mais do que antes. Falar com ele parecia estar tendo um impacto ainda mais negativo em mim. Eu queria chorar tanto que desmaiasse e, quando acordasse, talvez nem me lembrasse do que aconteceu hoje. Talvez parecesse um sonho.O silêncio caiu do outro lado.— Ele mentiu para mim. Todos... todos eles mentiram para mim. — Eu solucei baixinho.Meu corpo estava lentamente ficando frio. Parecia estar acontecendo devido às em
NATÁLIA Não era novidade acordar na cama do hospital da alcateia com a Doutora Luana respirando acima do meu pescoço.— O Alfa está visitando o hospital hoje. Diga a ele o que está errado com você. — Ela me disse roboticamente assim que pisquei para ela.Por que ela se importava? E por que o Alfa se importaria também?A dor me atingiu depois dessas perguntas.Eu me sentei na cama e minha mão instantaneamente envolveu meu pescoço. A Doutora Luana me entregou um copo de água sem nem perguntar. Eu o peguei, decidindo agradecer depois.— Eu te dei a poção de cura. Como você se sente? — Ela perguntou quando engoli a água e coloquei o copo ao lado.— Estou bem. — Eu dei um pequeno sorriso.— Como você caiu das escadas desta vez? — Ela claramente estava me zombando.— O de sempre. — Minha voz se afogou enquanto um enorme nó se formava na minha garganta.— Você vai morrer. Algum dia, você vai morrer se continuar assim. — Ela me disse antes de ajustar seus óculos de aro grosso sobr