NATÁLIA Na manhã seguinte, eu sentia um novo tipo de nervosismo e medo que nunca havia experimentado antes.Eu me arrumei e saí de casa furtivamente antes que alguém me visse e eventualmente me impedisse de sair.Ao contrário das minhas expectativas, eu encontrei Diana e Ana já esperando por mim na rua, ainda vestidas com seus pijamas.— Eu te disse! — Ana falou para Diana quando me aproximava delas.— Você não pode contar para ele. — Diana cruzou os braços sobre o peito.— Ele tem o direito de saber. — Eu não sabia de onde essas palavras estavam vindo.— Natália. Eu sabia que você faria isso quando a culpa te atingisse novamente. Estamos esperando aqui há duas horas para podermos te impedir. Então, por favor... nos ouça e desista dessa ideia estúpida. — Ana insistiu, segurando meu pulso.— Ana... Henrique sempre era bom para mim. Eu não posso mais esconder isso dele. Pelo menos não depois de ter feito isso duas vezes. Da primeira vez, eu podia deixar passar como um erro, mas.
NATÁLIA Quando você achou que estava se despedaçando e não conseguiu se segurar, você se viu correndo de volta para sua casa — o porto seguro.Eu fiz o mesmo.Depois de fugir de todos que eu considerei queridos, voltei para casa e corri para o meu quarto antes de me trancar lá dentro.Eu podia sentir aqueles olhares pontiagudos direcionados a mim. Aqueles olhares faziam minha pele arrepiar. Eles me faziam sentir nojo.Não foi minha culpa. Eles fizeram isso comigo. Eu queria correr até todos e contar um por um, mas sabia que ninguém acreditaria em mim.Eu solucei, arranquei meu cabelo e me perguntei a mesma questão.Por que isso estava acontecendo comigo?Todos eles me amaram uma vez. Tudo estava bem — eu tinha uma família feliz, bons amigos, uma posição nesta sociedade de lobisomens por ser filha de um Beta. Eu tinha um futuro — um futuro brilhante.Mas a Deusa da Lua estragou tudo quando decidiu que eu não teria minha loba.O que é um lobisomem sem seu lobo? Eu não poderia
NATÁLIA Isso só me fez chorar mais. O pouco autocontrole que eu tinha sobre mim mesma se foi.— Isso é muito irritante. — Ele resmungou quando eu não parei de chorar.— Você nem está perguntando o que aconteceu comigo?! — Eu sibilei, colocando minha testa ardente no meu joelho direito.— Eu não preciso saber. Mas eu preciso que você pare de chorar. — A voz irritada dele soou pelo alto-falante.Eu funguei, balançando a cabeça. Por que eu só atraí esses idiotas para a minha vida?— Eu não vou parar de chorar! — Eu declarei.As lágrimas embaçaram minha visão ainda mais do que antes. Falar com ele parecia estar tendo um impacto ainda mais negativo em mim. Eu queria chorar tanto que desmaiasse e, quando acordasse, talvez nem me lembrasse do que aconteceu hoje. Talvez parecesse um sonho.O silêncio caiu do outro lado.— Ele mentiu para mim. Todos... todos eles mentiram para mim. — Eu solucei baixinho.Meu corpo estava lentamente ficando frio. Parecia estar acontecendo devido às em
NATÁLIA Não era novidade acordar na cama do hospital da alcateia com a Doutora Luana respirando acima do meu pescoço.— O Alfa está visitando o hospital hoje. Diga a ele o que está errado com você. — Ela me disse roboticamente assim que pisquei para ela.Por que ela se importava? E por que o Alfa se importaria também?A dor me atingiu depois dessas perguntas.Eu me sentei na cama e minha mão instantaneamente envolveu meu pescoço. A Doutora Luana me entregou um copo de água sem nem perguntar. Eu o peguei, decidindo agradecer depois.— Eu te dei a poção de cura. Como você se sente? — Ela perguntou quando engoli a água e coloquei o copo ao lado.— Estou bem. — Eu dei um pequeno sorriso.— Como você caiu das escadas desta vez? — Ela claramente estava me zombando.— O de sempre. — Minha voz se afogou enquanto um enorme nó se formava na minha garganta.— Você vai morrer. Algum dia, você vai morrer se continuar assim. — Ela me disse antes de ajustar seus óculos de aro grosso sobr
NATÁLIA — Peguei você, vadia. — O renegado sibilou perto do meu ouvido, com seu corpo pesado cobrindo minha pequena estrutura.Respirando tremulamente, coloquei minhas mãos no chão. Fechando os olhos, pensei nas maneiras possíveis de sair debaixo dele.Ele agarrou minha cintura, pronto para me virar. Eu o acertei na lateral com meu cotovelo o mais forte que pude. O som de estalo me fez ter certeza de que acertei um osso.Ele gemeu, rolando para fora de mim. Me levantei rapidamente.— Pegue isso… Pegue isso, vadia! — Ele rosnou do chão.Eu olhei para ele e para os outros sete homens. Eles estavam perto, muito perto.Se eu corresse novamente, um deles poderia se transformar e me atacar.Coloquei minha mão sobre meu ombro direito, que doía com o impacto no chão mais cedo.— Para onde você vai correr daqui, vadia? — O homem musculoso zombou.— Pare… Pare aí mesmo. — Eu acenei com a mão para eles.Soou mais forte. Eu disse a mim mesma.— Eu liguei mentalmente para os guardas de
NATÁLIA — Desamarre esta corda. — Eu sussurrei, abos olhos.Merda, merda, merda.Eu não queria fazer sexo com ele aqui.Mas eu queria fazer sexo com ele.— Por que eu deveria? Estou gostando dessa vista. — Ele retrucou com seu tom arrogante habitual.Eu levantei a cabeça. Outra onda de calor percorreu meu corpo. Eu ofeguei quando nossos olhares se encontraram.Ele descansou as costas contra a árvore à minha frente, cruzando os braços sobre o peito. Na escuridão, eu observei sua silhueta intimidadora com desejo nos olhos.— Por favor. — Eu estava implorando?Não. De jeito nenhum.Mas, sim. Um pouco.— Você não me ouviu quando eu disse para não me causar dor de cabeça. — Ele me lembrou.— Eu... Eu respirei. E apertei minhas coxas. A umidade se acumulou entre minhas calcinhas enquanto a dor no meu núcleo se intensificava.— Por favor. Só... só... — Eu mordi o lábio inferior, me impedindo de gemer.— Interessante. — Ele murmurou, passando os dedos pelo cabelo.— O que é
RICARDOEu vi a mandíbula dela se abrir e depois ficar pendurada de terror e surpresa.Merda.Ela sempre interpretava tudo errado.Eu pisquei os olhos e abaixei o celular por um momento.— Quem você quer que venha se buscar daqui? É isso que estou perguntando. Você não pode ir para casa sozinha daqui. — Eu estreitei os olhos e a encarei.Ela soltou um suspiro pela boca e meus olhos foram atraídos para ela. Eu engoli em seco inconscientemente e desviei o olhar.Ela estava me fazendo perder o controle. Tudo isso era tão imprevisível, como ser atingido por um desastre aleatório no caminho para casa.— Como... Como você conhece elas? — Ela gaguejou, cambaleando para trás e batendo na árvore atrás dela.Eu olhei de volta para ela. Era isso que a preocupava.— Longa história. — Eu não estava com humor para explicar coisas que nem eu conseguia entender no momento.Por que eu fui tão longe para saber tudo sobre ela, absolutamente tudo sobre ela? Eu não tinha certeza.— Você... — El
NATÁLIA — Então... me diga o que está acontecendo. — Diana perguntou pela terceira vez durante nossa viagem de volta para casa.Minha mente ainda estava presa nos eventos anteriores.Ricardo. Seu nome é Ricardo. Ele finalmente me contou, mas que ajuda esse nome me traz?Além disso, ele sabe coisas sobre mim — ele sabe onde eu moro, o que eu faço. Ele até tem os números de contato dos meus amigos salvos no celular dele.Uma situação bem complicada em que me meti.Mas, não posso negar, ele fez meu coração disparar quando me parou no meio do caminho e me beijou antes de revelar seu nome.— Natália. — Diana chamou meu nome.Fechei os olhos e encostei a testa na janela fria.Eu não queria falar com ela. Eu deveria ter insistido em ir para casa sozinha. Pelo menos, dessa forma, Diana não teria sentido esse cheiro de sexo em mim.Ela sabia que eu tinha encontrado meu parceiro novamente, mas não sabia o porquê.— Apenas fale e me avise se precisar de mais alguma coisa. Apenas me avi