O sol já se escondia por detrás das densas nuvens carregadas, era fim de tarde, a temperatura estava agradável. O rei e seu filho estavam a caminho da maternidade particular, apenas pessoas da alta sociedade podiam arcar com as despesas, o que, não é o caso dos plebeus de classe média baixa.
ー Está ansioso para ver o seu irmão, Arthur? ー Inquiriu o rei sem olhar seu filho diretamente nos olhos, seu semblante como quase sempre estava sério.
ー Sim papai, e a mamãe também, ela deve 'tá' cansada. ー Disse o pequeno entusiasmado.
ー Ela está sendo cuidada pelos melhores cirurgiões do reino, fique tranquilo, logo mais estaremos juntos deles. ー Disse o rei olhando para o seu filho oferecendo a ele um sorriso.
ー Em poucos instantes estaremos lá, majestade. ー Avisou o motorista sem tirar os olhos da estrada.
Em poucos minutos, grossas gotas começaram a cair do céu, uma neblina espessa tomou conta da rodovia. Não se podia enxergar direito, o motorista por ser de idade, muito menos.
O vento forte açoitava os galhos das árvores que estavam nas laterais da rodovia, estava tão forte e intenso que, fora capaz de derrubar uma enorme árvore no meio do trajeto.
ー Julian, cuidado! ー Gritou o rei apavorado.
Julian virou o volante de uma vez tentando desviar, o pneu queimou e derrapou no escorregadio asfalto. Sem perceber o mais velho acaba colocando o carro para fora da pista, voando por cima do acostamento que era cercado por meio fio de ferro, o carro capotou descendo barranco abaixo, parando apenas quando se chocou contra grossos troncos de árvores.
O veículo ficou em ruínas, todo amassado. O rei e o príncipe estavam presos pelo cinto de cabeça para baixo, enquanto o motorista tinha um galho enfiado em seu peito, ele já não respirava mais.
ー Papai? e-eu não sinto, não sinto as minhas pernas... ー Disse o pequeno em um fio de voz, choroso.
ー A-arthur… ar, cuide b-bem de sua… mãe, e do seu irmão. ー Respondeu o rei olhando diretamente nos olhos do príncipe.
Os ferimentos em Arthur eram apenas superficiais, ou quase. Já no rei, o caso era extremo oposto, ele não resistiria de forma alguma. E foi ali, naquele dia chuvoso que o príncipe viu o brilho nos olhos do pai se apagarem, e sua alma ser levada.
O fim de tarde era a melhor parte do dia de Kalinda, pois era o horário em que ela era liberada do serviço. Aos quatorze anos de idade ela começou a trabalhar para ajudar os seus pais nas dispersas, o pouco que ganhava era investido totalmente em mantimentos, e está sendo assim desde então.Ela estava vestindo o fardamento da confeitaria em que trabalha, rosa bebê com um círculo de flores nas costas com o nome do estabelecimento, e em seu peito do lado esquerdo tinha seu nome em dourado, vestia também uma calça jeans azul surrada e quase sem cor, quase tão gasta quanto o seu tênis encardido.No caminho para casa ela pôde notar muitos e muitos cartazes anunciando a chegada do príncipe Charles no reino. Ele esteve fora por muito tempo, não que ela ficasse
O barulho matinal acaba por acordar Kalinda, na hora certa de ir à escola. Ela se levantou do sofá com o estofado um pouco precário e foi em busca de se arrumar.Não demorou muito, nem ao menos tomou o café-da-manhã. Vestiu apenas uma calça jeans com um azul fraquíssimo ー também gasta ー, e a blusa da farda, nas cores verde, amarelo e azul, e com o nome dela gravada na parte inferior de trás.ー Gostosa pra caralho! ー Disse confiante olhando o próprio reflexo no espelho. Logo em seguida começou a rir.A escola foi a mesma coisa monótona, chata e cansativa de todos os dias. Mas, necessária.&nb
Por conta das inscrições para o concurso, o conselho decidiu anunciar um feriado de última hora, possibilitando a inscrição de várias jovens, inclusive a de Kalinda, que se ocupavam com, trabalho, escola, ou qualquer outra coisa.O pátio enorme da instituição estava lotado, um grande tumulto tomou conta dos corredores. Kalinda observava tudo com muito medo, temia ser pisoteada, caso algo acontecesse, ou pior, ser morta por alguém, e não poderem identificar o responsável.A sua mãe havia se desprendido de si, assim que entrou, com a desculpa de ir se informar. E ela ficou ali, debaixo de uma árvore, sentada em um banco de mármore falso, com as pernas cruzadas e um livro em mãos, por mais que ela quisesse que fosse um belo livro de fantasia romântica, a realidad
Os dias passaram de forma rápida, mas, ainda sim, muito cansativos. A mãe de Kalinda a obrigou a ficar na imensa fila de espera, tinha jovens de todas as formas, tamanhos e etnias diferentes, cada uma mais bela que a outra. Todas elas tinham sonhos com a realeza, diferente de Kalinda que apenas usaria o diploma para entrar em uma universidade respeitada.Ainda que, pobres igualmente, ou até mesmo pior que Kalinda, todas estavam com suas melhores roupas, e maquiagens que até mesmo as princesas não usavam. Enquanto a morena usava apenas um vestido florido de um tecido vagabundo, nem de longe poderia ser comparado aos das demais candidatas, também usava tênis surrados e gastos, com o cabelo preso em um rabo de cavalo baixo.
O dia tão esperado tinha chegado, todas as candidatas do reino estavam alvoroçadas. O que o príncipe Charles mais temia aconteceu, as ruas estavam lotadas, nem mesmo as vielas clandestinas estavam livres.ー O que o conselho decidiu fazer em relação ao tumulto? ー Indagou o príncipe Arthur encarando o rosto sério do irmão.Charles vestia roupas formais na cor azul escuro quase pretas. O paletó estava justo em sua cintura, as lapelas eram grossas e brilhantes, a gravata era preta com minúsculos pontinhos brancos, e a calça na mesma tonalidade do paletó. Usava sapatos sociais devidamente engraçados. O seu topete molhado alinhado perfeitamente as laterais baixas.Arthur não sairia
As questões eram desafiadoras e poderiam fazer até mesmo grandes diplomatas terem uma dorzinha de cabeça para respondê-las corretamente. Kalinda poderia não ter acreditado de início, mas ali no meio daquela disputa acirrada ela percebe o quão bom foi ter estudado o máximo que pôde sobre táticas diplomáticas. Não que ela precisasse, já que as questões eram feitas apenas para jovens plebeias com um mínimo de conhecimento geral.Na primeira questão tinha uma situação hipotética, onde cabe somente à princesa impedir uma guerra contra países vizinhos. Sem rei, ou qualquer outra pessoa a quem ela poderia recorrer, tinha dez linhas onde ela deveria escrever sua tática. Segundo os ensinamentos que todo Genovyano deveria receber.Ao dar uma pausa para analisar suas adv
Arthur bebia de seu vinho tranquilamente, e sem medo de alguém pegá-lo no expediente de serviço. Quando ele decidiu cuidar pessoalmente das questões pendentes do concurso, não imaginou que seria tão entediante. Era cada resposta mais infantil e vulgar que a cada gole do vinho, seu cérebro implorava por mais para poder aguentar aquela tortura.Várias pilhas de papéis estavam sobre a imensa mesa de mármore legítimo. As vinte e oito cadeiras estavam vazias, estando ocupada somente a da ponta.ー Vossa alteza, ー Comprimentou um homem de aparência jovial invadindo a sala de reuniões. Só pela voz o príncipe já teve o desprazer de reconhecer o dono. ー Vejo que a rainha parou de te privar das delícias da coroa. ー completou com pura insistência, se sentando do out
O fim daquela rotina cansativa era sempre a melhor parte do dia. Em poucos minutos os nomes das candidatas que conseguiram passar estariam sendo anunciados em todos os veículos de informações, principalmente na rádio.ー Está ansiosa, filha? ー Luana senta no sofá ao lado da filha, estava com um vestido velho de ficar em casa mesmo. Seu sorriso gentil escondia uma ganância fora do normal, e Kalinda sabia disso.ー Não. As chances de eu passar são mínimas. ー Respondeu ela com um fio de voz, abraçou as pernas e apoiou o queixo sobre os joelhos.ー Não diga asneiras! ー Repreendeu com um tabefe, a jovem olhou com uma expressão confusa e desatenta.Último capítulo