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Capítulo 07 - Ajuda Inesperada.

Arthur bebia de seu vinho tranquilamente, e sem medo de alguém pegá-lo no expediente de serviço. Quando ele decidiu cuidar pessoalmente das questões pendentes do concurso, não imaginou que seria tão entediante. Era cada resposta mais infantil e vulgar que a cada gole do vinho, seu cérebro implorava por mais para poder aguentar aquela tortura.

Várias pilhas de papéis estavam sobre a imensa mesa de mármore legítimo. As vinte e oito cadeiras estavam vazias, estando ocupada somente a da ponta. 

ー Vossa alteza, ー Comprimentou um homem de aparência jovial invadindo a sala de reuniões. Só pela voz o príncipe já teve o desprazer de reconhecer o dono. ー Vejo que a rainha parou de te privar das delícias da coroa. ー completou com pura insistência, se sentando do outro lado da mesa em frente ao príncipe, pondo as longas pernas cruzadas em cima da mesa.

ー Faz um favor para todos, vai se ferrar! ー Disse o príncipe largando a caneta e olhando para o Duque que tanto odiava.

O mais velho apenas lhe direcionou um sorriso cínico, as pouquíssimas rugas que tinha ao lado dos cantos de sua boca só o deixava mais atraente ー ou no ponto de vista do príncipe, muito irritante.

Só ali, naquele instante que Arthur pôde notar o quão mudado o Duque estava. Sua pele negra brilhava pelos hidratantes caríssimos que ostentava, seus olhos cor de mel não conseguiam expressar nada além de um fogo fulminante, seus cachos baixos e laterais cortadas no um dava uma aparência jovial. Seu cavanhaque ralo por fazer o deixava mais atraente ninguém poderia negar isso, nem mesmo o príncipe.

ー O que veio fazer aqui Guilherme, seu filhinho mimado não se contentou com o título de lord? ー Indagou o mais novo voltando sua atenção às provas das candidatas. ー Se bem que nem isso ele merece… ー Concluiu arqueando uma sobrancelha pelo absurdo que acabara de ler.

ー Se eu já não estivesse acostumado com seu ódio pela minha parte da família por ter roubado toda a beleza, diria que está com muita pressão sobre seus ombros, priminho. ー Um sorriso malicioso brotou em seus lábios rosados, porém, houve um imenso silêncio, o que o incomodava intensamente.

Guilherme tomou rapidamente o papel das mãos do príncipe. Arthur o olhou com raiva explícita em seus olhos, seus grunhidos e cerrar de dentes prova a teoria de que ele poderia matar o Duque a qualquer momento.

Descaradamente o homem negro continuou a ler, era audaciso mas muito promissor, a cada linha lida ele sentia que a monarquia de Gernovya precisava daquilo.

ー Essa tal de Kalinda concluiu a primeira fase com louvor, né? ー Inquiriu arqueando uma sobrancelha.

ー Não. ー respondeu ele enraivecido pelo comportamento anti-ético do primo. ー Agora me dê logo essa merda!

De queixo caído pela resposta recebida, Guilherme devolve o pedaço de Folha que poderia mudar o destino de uma pobre plebéia.

ー Como assim? ー Perguntou novamente quase gritando. ー Essa menina é mais parecida com a rainha do que você e Charles juntos! ー Exclamou apontando o dedo, era descomunal sua irritação pela decisão precipitada do primo.

ー Tem setenta e oito provas que se saíram melhores do que essa candidata! Ela ainda por cima zombou da nossa irresponsabilidade. ー Justificou o príncipe, organizando o restante dos papéis.

ー Mas…

ー Mas nada! ー Exaltou Arthur cortando o argumento infundado do primo. ー Essa é a minha decisão e não pode ser mudada. Fim. ー Concluiu pondo a pilha de escolhidas em seu colo e rodando as rodas de sua cadeira até a saída.

Após o príncipe sair deixando o Duque sozinho na sala, a mente dele só focava em um único pensamento: "Conseguir que Kalinda fosse aceita na segunda fase do concurso".

Depois de pensar muito sobre o assunto, enfim chegou a uma decisão. Se levantou da cadeira com seu peito inflado, barriga para dentro e coluna ereta, foi no encalço do seu primo. Saiu perguntando aos empregados para que lado Arthur teria ido.

Andando pelos corredores do primeiro andar do palácio, ele viu o príncipe colocando todas as provas aceitas dentro de uma caixa com todos os dados sobre o conteúdo na lateral feita de papelão.

Ao deixar a caixa ali no primeiro degrau da escola e ir de forma apressada pelo corredor que dava acesso ao banheiro, o duque sorriu vitorioso, afinal não seria tão difícil assim fraudar aquele resultado.

Rapidamente ele saiu de trás da coluna entalhada em ouro e prata caminhando disfarçadamente até o início da enorme escadaria. Abrindo a caixa ele pôs a prova de Kalinda no meio das outras, e subiu para o seu quarto como se nada tivesse acontecido. Ele não ligava para as consequências, afinal ele ficaria naquele Palácio apenas essa noite.

Entregou-se ao sono com a sensação de missão comprida. Não seria um principezinho com alma de filósofo que iria impedir os caprichos do Duque.

ー Você parece estar cansada. ー Disse Charles debaixo do seu edredom em uma ligação de vídeo com Kalinda.

ー Sim. Hoje eu tive que descarregar um caminhão de açúcar refinado. ー Confessou a jovem mostrando apenas seu rosto na ligação.

Os dois estavam escondendo suas reais vidas. De um lado uma plebéia escondendo a pobreza que vivia, e do outro um príncipe que não queria ser tratado pela garota como nada além de um garoto qualquer do reino.

ー E não tem ninguém que pudesse te ajudar? ー Ele perguntou tentando não deixar transparecer sua preocupação mas uma pontada de medo entregou tudo. 

ー Não. ー Respondeu Kalinda se ajustando melhor no sofá. ー Por que está debaixo de um edredom?

A boca do príncipe estava seca e seu coração acelerado. Não sabia o que deveria dizer, e nem como agir.

ー Er… hum, é-é por c-causa que meu irmão está se trocando. ー Disse rápido a primeira coisa que veio à mente.

ー Então tá… ー Kalinda murmura com uma expressão confusa e engraçada. ー Eu preciso dormir, boa noite Will. ー sorriu abertamente com afeto pelo apelido.

ー Boa noite, Kally. ー Respondeu Will lhe oferecendo um sorriso sincero, uma coisa rara de se ver desde que chegou ao reino. E encerrou a ligação colocando o telefone ao seu lado, se esparramou na cama enorme e deixou seu sono o dominar.

ー Luana eu estou preocupado com a nossa filha. ー Disse Ralph deitado ao lado da esposa.

ー Por que, querido? ー Ela pergunta sorrindo falsamente para o marido.

ー Esse concurso pode ser muito desgastante para alguém da idade dela.

ー Oras, não fale asneiras, Ralph, nossa filha aguentou muito coisa, não vai ser um concursinho metido a besta que vai fazer mal a ela. ー Argumentou a mulher um pouco irritada, sua convicção e certeza chegava a assustar até mesmo ao seu marido.

Arthur não sabia, mas naquela caixa que seria enviada a academia, tinha uma prova clandestina, uma fraude. Talvez até pudesse tomar o lugar de alguém que merecesse mais.

O duque sempre foi visto como aquele membro da família que não se importa em passar por cima dos seus próprios princípios quando para benefício próprio. E ele não ligava muito, pelo contrário, ele gostava. Parece que a vontade insaciável de manipular as pessoas, é de família.

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