As questões eram desafiadoras e poderiam fazer até mesmo grandes diplomatas terem uma dorzinha de cabeça para respondê-las corretamente. Kalinda poderia não ter acreditado de início, mas ali no meio daquela disputa acirrada ela percebe o quão bom foi ter estudado o máximo que pôde sobre táticas diplomáticas. Não que ela precisasse, já que as questões eram feitas apenas para jovens plebeias com um mínimo de conhecimento geral.
Na primeira questão tinha uma situação hipotética, onde cabe somente à princesa impedir uma guerra contra países vizinhos. Sem rei, ou qualquer outra pessoa a quem ela poderia recorrer, tinha dez linhas onde ela deveria escrever sua tática. Segundo os ensinamentos que todo Genovyano deveria receber.
Ao dar uma pausa para analisar suas adversárias, Kalinda percebe que algumas delas tinham grandiosos sorrisos, como se aquela primeira questão fosse fácil demais. Não importa, afinal, ainda tem outras duas.
ー Foco Kalinda, foco! ー Murmura ela tentando buscar na memória todo o conteúdo que absorveu nas brechas dos seus dias cansativos e cheios.
Ao fim da primeira questão, o coração da candidata batia rapidamente. Seria aquela maldita prova que decidirá o seu futuro. O que só a deixa mais nervosa e temerosa do que o destino havia planejado.
As sobrancelhas da garota arquearam e criaram linhas marcadas em sua testa. Não poderia ser possível, poderia? E mesmo que fosse, qual seria a razão?.
A segunda questão também se tratava de uma situação hipotética: "Em caso de exposição de segredos da coroa, o que você faria para que tais informações ficassem abafadas?"
"Talvez isso tenha de alguma forma ligação com as fotos e vídeos vazados da princesa Cassandra". ー Pensou Kalinda tentando juntar as pecinhas, não seria difícil, não para ela.
ー Eu não acredito! ー Murmura pondo a mão sobre a boca chocada. Ela ainda estava incrédula quanto ao que sua mente gritava desesperadamente.
Não demora para que ela consiga ligar as pontas. Tendo um senso de humor meio irônico que apenas seus pais aguentam. Ela escreveu com diversos detalhes a situação atual: várias plebeias lutando para uma chance de estudar com pessoas importantes. Ainda por cima teve a audácia de colocar uma breve observação.
"Obs: Deveriam impor uma cláusula de confidencialidade para todo e qualquer um que tenha relações afetivas com a família real. Para preservação e discrição da coroa".
O tempo estava se passando muito depressa. Não era justo para perguntas que fugiam das pautas da prova.
Uma das três mediadoras passou os olhos sobre as provas de algumas garotas que estavam ao lado de Kalinda e não evitaram uma expressão de horror. O que só serviu para pôr mais medo e pressão nas outras candidatas.
ー Prestem bastante atenção! Essa prova é apenas o início. ー Alertou uma mulher de terno preto que se ajusta perfeitamente ao seu corpo. Suas costas estavam eretas e o peito inflado dando um aspecto de imponência.j
Na terceira e última questão o enunciado pedia para que cada uma delas defendesse seus sonhos e objetivos. O porquê que elas deveriam passar para a próxima fase.
Com todo o sentimento que carregava junto de si, Kalinda escreveu a sua justificativa. Talvez fosse o que a diferencia das demais garotas.
Ao fim daquela prova elas foram dispensadas. Com a promessa que anunciaram as candidatas que participarão da próxima fase, no veículo de informação mais rápida do reino, o perfil oficial de Gernovya no I*******m. Mais da metade do reino seguia o perfil. O que o dava mais visibilidade do que o próprio jornal das seis.
Kalinda se amaldiçoou internamente por sentir a necessidade de usar o banheiro naquele momento. Sem se importar com as consequências, ela adentrou em uma sala com a esperança de que levasse ao banheiro.
Foi tão apressada que não notou um grande homem tentando abrir a porta ao mesmo tempo. Deu de frente com o estranho quase indo ao chão. Só não foi por conta das mãos grandes e macias do homem que a seguraram pela cintura.
Só então ela pôde ver o dono de lindos olhos verdes a sua frente. Seu sprriso constrangido encantava ao homem que a segurava. Era o William. Ao que parecia eles não deixariam de se encontrar tão cedo.
ー M-me desculpe… Er, o-oque faz aqui? ー As bochechas dela estavam em uma coloração de vermelho que poderia ser facilmente confundida com fartos pimentões.
ー As damas primeiro. ー Uma sobrancelha do homem arqueou dando um semblante confuso e curioso. Percebendo que ainda a agarrava de certa forma. Ele a soltou coçando levemente a nuca um pouco constrangido. Fazia bastante tempo em que ficava perto de uma garota tão bonita.
ー Eu 'tô' procurando um banheiro. ー Ela diz gesticulando com as mãos, envergonhada. O que só dava motivo para se auto xingar em sua mente. Ela não era assim. Parecia uma gatinha assustada toda vez que estava à frente daquelas imensidões verdes.
ー Tem um no fim do corredor virando a esquerda. ー William estava prestando tanta atenção à jovem moça que se esquecerá do que fazia minutos atrás. Recobrando a coincidência ele fecha a qual tinha saído.
ー Obrigado. ー A candidata sorri docemente. Sem ter mais assunto para conversar, ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha, dando mais evidência ao seu maxilar fino.
ー Er, hm… Por que você não me passa o seu número? ー Ele pergunta tentando não ser interveniente. Se seu irmão o visse agora com certeza estaria rindo, ele de fato perdeu a lábia.
ー E por que eu deveria? ー Ela rebate com um sorrisinho convencido. Eles ficaram tão inertes na presença um do outro que parecia que o mundo à sua volta tinha congelado. Kalinda nem se fala, até mesmo sua vontade de ir ao banheiro sumiu. ー Não sei se é apropriado uma garota como eu dar o número de celular a um homem mais velho.
ー Está me chamando de velho? Que coisa feia. ー William diz com falsa mágoa. ー Não sou tão velho assim…
ー A julgar pelas suas roupas, deve ser filhinho de papai. ー Ela diz para o provocar, queria ver até onde iriam insistir nas provocações.
ー Claro, minha avó sempre dizia: Digas o que vestes e eu direi quem tu és. ー Sua imitação ridícula da voz da sua avó só serviu para fazê-los rirem. E dar uma leve crise de consciência à Kalinda.
ー Me dá o teu celular então. ー Ela pediu sorrindo, seus olhos estavam cravados nos dele. Um grandioso sorriso vitorioso foi esboçado pelo homem que tirou o celular do seu bolso rapidamente. ー Não tem senha? ー Ela perguntou confusa.
ー Não tenho nada para esconder. ー ele diz dando de ombros.
Sem querer mais prolongar aquela conversa, ela digitou o seu número na agenda pessoal dele. Assim que escreveu seu nome e salvou o contato ela devolveu a ele.
ー Como vou saber se esse número é realmente o seu? ー Ele franze a testa e semicerrou os olhos.
Kalinda retirou os olhos e deu as costas a ele. Quando já estava quase na porta que dava acesso ao corredor de saída ela disse:
ー Não vai saber.
O homem sorriu pela forma misteriosa e cativante que aquela candidata o envolvia em seus caprichos. Em seu interior ele pedia para que aquele número fosse o certo, ou que a encontrasse mais vezes.
Arthur bebia de seu vinho tranquilamente, e sem medo de alguém pegá-lo no expediente de serviço. Quando ele decidiu cuidar pessoalmente das questões pendentes do concurso, não imaginou que seria tão entediante. Era cada resposta mais infantil e vulgar que a cada gole do vinho, seu cérebro implorava por mais para poder aguentar aquela tortura.Várias pilhas de papéis estavam sobre a imensa mesa de mármore legítimo. As vinte e oito cadeiras estavam vazias, estando ocupada somente a da ponta.ー Vossa alteza, ー Comprimentou um homem de aparência jovial invadindo a sala de reuniões. Só pela voz o príncipe já teve o desprazer de reconhecer o dono. ー Vejo que a rainha parou de te privar das delícias da coroa. ー completou com pura insistência, se sentando do out
O fim daquela rotina cansativa era sempre a melhor parte do dia. Em poucos minutos os nomes das candidatas que conseguiram passar estariam sendo anunciados em todos os veículos de informações, principalmente na rádio.ー Está ansiosa, filha? ー Luana senta no sofá ao lado da filha, estava com um vestido velho de ficar em casa mesmo. Seu sorriso gentil escondia uma ganância fora do normal, e Kalinda sabia disso.ー Não. As chances de eu passar são mínimas. ー Respondeu ela com um fio de voz, abraçou as pernas e apoiou o queixo sobre os joelhos.ー Não diga asneiras! ー Repreendeu com um tabefe, a jovem olhou com uma expressão confusa e desatenta. As notificações chegavam aos montes. Gael já não aguentava mais o celular de Kally tocando a cada segundo. Desde que acordou, a morena não olhava suas notificações. Não podia mesmo se quisesse, seu chefe não a deixaria. O horário proporciona mais calmaria, isto é, se a mera presença um do outro não os irrita sem.ー Mas que merda. ー Disse o gerente batendo os punhos no balcão. Não tinha cliente, apenas ele e a garota, e aquela zuada infernal.ー Eu posso colocar no silencioso… ー Propôs ela. Era cedo demais para criar mais uma briga com ele, era mais sensato conversar.ー Certo, mas nada de ficar lendo tabloides de fofoca. ー Alertou o moreno. Seus fios grossos estavam caindo sobre seusCapítulo 09 - Vermelho da Paixão.
O breu da noite já avisava que era hora de ir dormir. Kally estava mexendo em seu Instagram, era estranho para ela ter esse tanto de seguidores que vinha ganhando desde que foi anunciado o seu nome em todos os veículos de notícias. O seu direct estava tumultuado, várias mensagens de pessoas que nunca viu na vida, não conseguiria respondê-los mesmo se quisesse, eram muitos.Um barulho de coisa caindo prendeu sua atenção, deixou o celular de lado e foi até a janela do corredor entre sala e cozinha, olhando o lado de fora da casa, viu seu pai se levantando de um arbusto ao qual havia caído, e saiu correndo em direção ao seu carro caindo aos pedaços.ー Pai? ー Murmurou fazendo uma careta confusa. "Onde o senhor vai?" pensou a morena. Era inaceitável, um ultraje, uma audácia sem tamanho.Guilherme respirava profundamente sentado à mesa, na sala de reuniões. Seus trajes eram um terno preto e gravata vermelha. Sua impaciência e irritabilidade estavam evidentemente afloradas. Tinha uma postura desleixada e repousava seus pés sobre a mesa.A rainha abriu as portas rapidamente o pegando de surpresa. O coração dele parece ter errado uma batida pelo susto tomado. A cara da rainha não era nada boa, foi logo ao ponto sem se sentar:ー Sua forma imprudente, desleixada e vergonhosa poderia levar o reino a uma crise. Sabe que um a um, os reinos estão adotando outros tipos de governos, não vou deixar que isso aconteça eCapítulo 11 - Crianças que Comem Doce Escondido dos Pais.
Kalinda teve uma rotina cansativa nesse dia ensolarado de segunda-feira. Sempre que tentava se concentrar em algo, um flash de memória vinha a sua mente. Às vezes eram imagens lindas e atraentes de seu tão amado homem misterioso. E outras sobre a conversa estranha entre ela, Will e a encantadora Isobel.Ela estava usando uma redinha para prender o cabelo, sua fada habitual e um avental preto. Estava tão distraída com lembranças do seu galante amigo, que acabou por deixar uma taça escapar de suas mãos e cair no chão virando nada mais que cacos de vidro.Flashback:"ー Ah é, tinha esquecido de te contar! Eu trabalho no palácio como motorista particular do Príncipe. ー Will desconversou
O cantarolar dos pássaros anunciava que era hora de acordar, ao menos para os pais de Kally, pois a mesma estava desempregada. A conversa entre ela e seus pais foi mais leve e tranquila do que ela imaginaria ser. Eles aceitaram, contanto que ela arrumasse outro com rapidez.Kalinds despertou cedo e não sabia o porquê, o cheiro de cafeína paira no ar e a brisa leve e fria de manhã, ela logo vai escovar a boca e tomar banho. Ao sair da pequena lata de sardinhas vulgo o banheiro ela se deita no sofá que nem se parecia com tal móvel. Destravou seu celular entrando em seu instagram, ela não sabia se ria ou se sentia lisonjeada por ter milhares de likes na foto do seu falecido pato Leôncio.Assim que abriu a aba de mensagens quase teve um ataque cardíaco. O programa
A estrada de terra até o haras do Duque Guilherme estava deserta. Grande parte do pedaço de terra era cercado por uma floresta quase sem fim. Em determinado momento o carro preto havia parado, próximo a um estreito caminho cercado por bananeiras diversas. O entardecer já dava lugar ao anoitecer.O motorista fardado adentrou a vegetação para que segundo ele, era o chamado da natureza. Um disparo foi ouvido pelo duque que aguardava o homem ao lado do carro. Seu coração disparou ao ver um homem de capuz negro com apenas olhos azuis sombrios amostra. O homem misterioso apontou a arma para ele, a única coisa a qual o duque foi capaz de fazer foi se apegar a todos os deuses que pudessem o escutar.ー Chegou sua hora. ー A voz do homem saiu fria assim como sua alma. El