Nina piscou, olhando para ele com um olhar travesso:— Claro, ainda bem que você veio, senão eu não conseguiria voltar para casa hoje à noite.Abelardo, sem alternativa, olhou para ela, se preparando para ajudá-la a levantar, quando Dalila, abraçando Nina e se recusando a soltá-la, começou a bater no braço de Abelardo:— Vá embora, não toque na minha melhor amiga, ela é minha.Abelardo ficou sem palavras.Ele riu, frustrado.Não esperava que as mulheres também disputassem a atenção de Nina.Ele tinha acabado de conseguir manter alguém ao seu lado, e agora Dalila aparecia.Abelardo se virou e deu uma levantada de sobrancelha para Álvaro:— Álvaro, venha ajudar aqui.Álvaro, com os lábios apertados, avançou e se posicionou diante de Nina, estendendo a mão para Dalila:— Venha comigo.Dalila seguiu a mão dele e, ao encontrar os olhos de Álvaro, seu coração falhou por um momento.Ela colocou tremulamente o dedo na palma da mão dele e depois se encostou em seu peito, se agarrando firmemente
— Vou chorar, vou chorar mesmo. Álvaro, me leve para sua casa... Eu não quero voltar, voltar só significa brigar com eles...Álvaro olhou para ela atentamente, esfregou a ponta dos dedos em sua bochecha para enxugar as lágrimas, então falou com voz suave:— Tudo bem, vamos para a minha casa. Se comporte e fique sentada, vou dirigir. Caso contrário, não te levarei.Dalila imediatamente se sentou ereta no assento do passageiro, se agarrando ao cinto de segurança:— Estou sentada.Álvaro olhou para ela com um sorriso e deu partida no carro.Com esse comportamento dela, definitivamente não poderia levá-la para a Mansão dos Amorim. Anteriormente, por conveniência, ele havia comprado um apartamento perto da empresa, então ele dirigiu diretamente para lá.Vinte minutos depois, o carro parou no estacionamento do condomínio, Álvaro saiu e foi até o lado do passageiro para desafivelar o cinto de segurança dela:— Desça, vou te ajudar.Dalila estendeu os braços, o olhando ansiosamente:— Me carr
Seus olhos, profundos e escuros como a noite, se fixaram nela, e sua expressão se tornou gradualmente sombria e intensa.Dalila, percebendo que ele não reagia, começou a chorar, se sentindo angustiada:— Ah... Álvaro, por favor, me ajude, estou ferida. Minha cabeça dói muito...Álvaro, com o rosto contorcido de preocupação, desviou o olhar, o fixando na parede, e falou com uma voz rouca e baixa:— Primeiro, se vista, depois veremos isso.Dalila respondeu, com a voz trêmula:— Mas minha cabeça dói tanto, acho que estou sangrando...Álvaro se virou abruptamente e a encarou. De fato, havia um pequeno corte na cabeça de Dalila, de onde o sangue escorria até sua palma.Com um olhar de pavor, ele rapidamente se aproximou, deixando de lado qualquer receio relacionado às diferenças de gênero, e a levantou no colo, sem hesitar.Dalila se agarrou firmemente ao pescoço dele, e ao sair da banheira, uma grande quantidade de água espirrou, encharcando o terno de Álvaro.Ele colocou uma toalha gran
— Está bom?Álvaro estava com a ponta do nariz encostada na dela, o calor de sua respiração deixando a mente dela mais clara do que o álcool teria conseguido turvar.Contudo, a sensação de confusão logo retornou, e ela, ligeiramente tonta, encarava as múltiplas imagens de Álvaro à sua frente, falando de maneira arrastada:— Está... Bom...Álvaro a soltou, se levantou e deixou o quarto. Foi até o armário de utilidades, pegou a caixa de medicamentos e a levou para o banheiro.Posicionou a caixa ao lado, abriu ela, retirou um cotonete e iodo, e com gestos suaves, desinfetou a ferida dela, aplicando em seguida um medicamento para tratar o machucado."Parece que ela não poderá tomar seu banho hoje."Álvaro suspirou resignado, carregou ela de volta ao quarto e a acomodou na cama, cobrindo ela com o cobertor:— Pronto, durma bem. Se ainda estiver com dor de cabeça amanhã, levarei você ao hospital para um exame.Quando ele estava saindo, Dalila segurou a manga de sua roupa:— Estou com medo, v
[Faltam apenas dois dias para eu e o Fabiano irmos ao cartório.]Sabrina digitou essa frase com cuidado no bloco de notas do celular, depois colocou o aparelho virado para baixo na mesa e continuou a limpar o quarto, sorrindo. A casa era um presente dos pais de Fabiano para eles como lar de casados, onde Fabiano morava sozinho. Como ele estava ocupado e não tinha tempo para limpar, Sabrina passou esses dias ajudando por lá.As famílias de ambos eram muito próximas, e, após dois anos sendo unidos pelos pais, finalmente estavam prestes a se casar. Todos pensavam que ela estava sendo forçada a ficar com Fabiano, mas só alguns sabiam que ela secretamente o amava há anos. Quando ele concordou em namorá-la diante de ambos os pais, ela ficou tão feliz que não conseguiu dormir aquela noite.Sabrina estava no escritório, com um doce sorriso nos lábios enquanto limpava a mesa, imaginando a vida feliz que teriam ali. Porém, ao se virar, acidentalmente esbarrou em um vaso de gardênia na mesa.O
O tempo em junho mudava rapidamente. Quando Sabrina chegou, o céu estava limpo, mas agora estava coberto de nuvens escuras e chovia torrencialmente.Sabrina saiu correndo da casa de Fabiano, chorando, tão apressada que esqueceu as chaves do carro. Ela correu para a chuva e pegou um táxi na porta para voltar para casa.Quando o táxi parou no destino, Sabrina pagou a corrida com um QR code e correu para o prédio sob a chuva.No elevador, após apertar o botão do décimo terceiro andar, ficou num canto, enxugando as lágrimas incessantemente.O elevador parou, e ela, de cabeça baixa, caminhou até o apartamento e começou a digitar a senha.Estranhamente, a porta, que normalmente se abria de imediato, continuava mostrando erro na senha.Será que ela estava tão perturbada que se esqueceu da senha?Sabrina enxugou as lágrimas e decidiu tentar novamente.Ela tinha acabado de pressionar o primeiro número quando a porta se abriu subitamente de dentro.Eles se encararam, e Sabrina ficou paralisada.
Sabrina havia acabado de abrir a porta quando a voz de sua mãe, Bianca Pires, chegou carregada de soluços:— Sabrina! Por que você não atende o telefone? Término é término, mas por que não atende? Quer me matar de preocupação?"O quê?" "Como isso é diferente do que eu imaginei?"Sabrina piscou, confusa.— Ah... Meu celular estava no silencioso, eu não ouvi.O rosto de seu pai, Rodrigo Amorim, estava tenso como água parada. Ele e Bianca entraram, trocaram os sapatos e se sentaram no sofá.Sabrina trouxe água morna da cozinha e os serviu.— Mamãe, papai, bebam um pouco de água.— Sabrina, o que aconteceu com sua testa e seu braço? — Indagou Rodrigo ao notar o braço dela envolto em várias camadas de ataduras e um grande hematoma roxo na testa, onde até a pele parecia ter sido rompida.Sabrina baixou a cabeça, em silêncio.Bianca examinou mais de perto e percebeu que ela estava gravemente ferida, no braço enfaixado parecia que ficaria uma cicatriz permanente, a testa brutalmente agredida.
Sabrina apontou para o lugar ao seu lado e disse:— Se sente.O homem sorriu levemente e se sentou, segurando um molho de chaves. O chaveiro ostentava um personagem de desenho animado que lhe era vagamente familiar. Sabrina teve a impressão de já ter visto aquilo em algum lugar. Além disso, o personagem de desenho era adorável, o que não combinava com a aparência firme e atraente do homem.— Peço desculpas por esta tarde, eu realmente acabei indo para o andar errado sem querer, espero não ter te causado nenhum transtorno.Sabrina considerou que qualquer pessoa normal acharia absurda a situação de alguém tentar digitar a senha na porta de sua casa.— Não tem problema, eu entendo. – Respondeu ele, com uma voz calma.Sabrina encolheu as pernas, apoiou os pés na cadeira, abraçou os joelhos e repousou a cabeça nos braços.— Meu nome é Sabrina, e o seu?O homem, que tinha lábios finos e um sorriso atraente, respondeu com uma voz suave:— Emerson.Ele fixou o olhar nos olhos brilhantes de Sa