[Faltam apenas dois dias para eu e o Fabiano irmos ao cartório.]

Sabrina digitou essa frase com cuidado no bloco de notas do celular, depois colocou o aparelho virado para baixo na mesa e continuou a limpar o quarto, sorrindo.

A casa era um presente dos pais de Fabiano para eles como lar de casados, onde Fabiano morava sozinho. Como ele estava ocupado e não tinha tempo para limpar, Sabrina passou esses dias ajudando por lá.

As famílias de ambos eram muito próximas, e, após dois anos sendo unidos pelos pais, finalmente estavam prestes a se casar.

Todos pensavam que ela estava sendo forçada a ficar com Fabiano, mas só alguns sabiam que ela secretamente o amava há anos.

Quando ele concordou em namorá-la diante de ambos os pais, ela ficou tão feliz que não conseguiu dormir aquela noite.

Sabrina estava no escritório, com um doce sorriso nos lábios enquanto limpava a mesa, imaginando a vida feliz que teriam ali. Porém, ao se virar, acidentalmente esbarrou em um vaso de gardênia na mesa.

O vaso caiu com um estalo, se quebrando no chão e espalhando terra por todo lado, sujando as pétalas brancas da gardênia.

No momento em que ela tocou a flor, Fabiano irrompeu no escritório e empurrou Sabrina ao chão com força.

— O que você está fazendo?

Era Fabiano.

Ela, ajoelhada, não conseguiu reagir a tempo e caiu sobre os cacos do vaso, sentindo a dor aguda dos fragmentos cortando sua pele. Seu rosto pálido se contorceu em uma expressão de dor.

Sabrina franziu as sobrancelhas, seu rosto pálido num instante.

Olhando para Fabiano, percebeu que ele só tinha olhos para a planta.

Ele arranjou outro vaso rapidamente e, com cuidado, começou a transferir a gardênia para o novo recipiente, sem se importar se os fragmentos de cerâmica na terra poderiam cortá-lo. Ele delicadamente recolocou a terra no novo vaso.

Sua aparência era como se estivesse lidando com um tesouro raro e precioso.

Essa foi a primeira vez que Sabrina viu Fabiano tão descontrolado, dolorido, cauteloso e cuidadoso.

Ela se levantou lentamente, baixou os olhos e viu um corte profundo em seu braço direito, de onde o sangue fluía incessantemente.

Contendo a dor, ela falou, incrédula:

— Fabiano?

Ele se virou para ela, e seus olhos, antes cheios de afeto, agora estavam repletos de aversão, desprezo e impaciência ao dizer:

— Você já tomou o lugar da Lívia Moreira! É tão cruel que não pode suportar nem mesmo uma planta? Sabrina, se não fosse pela pressão dos nossos pais para ficarmos juntos, eu teria esperado por Lívia.

Sabrina o encarou atônita, sentindo como se seus ouvidos estivessem zumbindo.

Ela só podia ver os lábios de Fabiano se movendo e o desprezo e a indiferença em seu rosto.

Sabrina sabia que aquela gardênia era um presente da primeira namorada de Fabiano, Lívia, que tinha ido estudar no exterior, levando ao término deles.

Fabiano havia ficado deprimido por um longo tempo após isso, mas finalmente se recuperou e concordou em ficar com ela. Ela sempre acreditou que Fabiano queria seguir em frente e que eventualmente eles se amariam.

Mas agora, ela sabia que isso não aconteceria.

Ela não precisava de Fabiano a qualquer custo.

Porque ninguém podia acordar quem fingia estar dormindo, assim como ela nunca poderia aquecer o coração de alguém que não a amava.

Ficar na posição de quem tomava a iniciativa no amor podia ser muito cansativo.

Sabrina segurou as lágrimas em seus olhos e tentou manter sua voz calma:

— Fabiano, se você ama tanto sua Lívia e não consegue esquecer ela, então eu devolvo o lugar dela a você.

O sarcasmo nos olhos de Fabiano era dolorosamente evidente.

— Sabrina, espero que você esteja falando sério, e que não venha depois chorando, implorando para voltarmos. Deixa eu te dizer, eu, Fabiano, não aceito esses seus joguinhos. Eu não tenho todo o tempo do mundo para brincar com você de terminar e voltar, ou fazer parte de qualquer uma das suas infantilidades.