Sabrina apontou para o lugar ao seu lado e disse:

— Se sente.

O homem sorriu levemente e se sentou, segurando um molho de chaves. O chaveiro ostentava um personagem de desenho animado que lhe era vagamente familiar. Sabrina teve a impressão de já ter visto aquilo em algum lugar.

Além disso, o personagem de desenho era adorável, o que não combinava com a aparência firme e atraente do homem.

— Peço desculpas por esta tarde, eu realmente acabei indo para o andar errado sem querer, espero não ter te causado nenhum transtorno.

Sabrina considerou que qualquer pessoa normal acharia absurda a situação de alguém tentar digitar a senha na porta de sua casa.

— Não tem problema, eu entendo. – Respondeu ele, com uma voz calma.

Sabrina encolheu as pernas, apoiou os pés na cadeira, abraçou os joelhos e repousou a cabeça nos braços.

— Meu nome é Sabrina, e o seu?

O homem, que tinha lábios finos e um sorriso atraente, respondeu com uma voz suave:

— Emerson.

Ele fixou o olhar nos olhos brilhantes de Sabrina por um momento antes de estender a mão aberta.

Havia um curativo de desenho animado na sua palma, sua voz soava como se tivesse sido embebida, muito agradável:

— Você não vai cuidar desse machucado na testa?

Antes que pudessem continuar a conversa, as vozes de Rodrigo e Bianca se fizeram ouvir nas proximidades.

Ao verem Sabrina sentada no banco, se aproximaram imediatamente:

— Sabrina, desculpe, a mãe falou demais agora. Se o Fabiano é tão canalha, então não se case mais com ele, vamos voltar para casa com o pai e a mãe agora. — Disse Bianca, que adorava Sabrina, mas às vezes falava sem pensar.

Sabrina já estava acostumada com isso ao longo dos anos, principalmente porque agora ela não estava com disposição para discutir. Ela segurou o curativo entre os dedos e se virou para se despedir de Emerson com um sorriso brilhante em seus olhos grandes:

— Vou para casa agora, obrigada pelo curativo.

Emerson ficou parado, os observando se afastarem, com os lábios finos cerrados e um olhar profundamente pensativo.

Já era tarde, então Rodrigo e Bianca passaram a noite no quarto de hóspedes. Eles se levantando cedo no dia seguinte para preparar o café da manhã para Sabrina antes de partirem.

O relacionamento e o casamento foram cancelados, deixando muitos assuntos pendentes ainda a serem resolvidos.

Após levantar e tomar o café da manhã, Sabrina voltou para a cama.

Depois de descansar em casa por um dia, ao acordar novamente, sentiu que seus pensamentos tristes haviam diminuído bastante. Ela pegou o celular e deletou tudo relacionado a Fabiano. Ao ver o lembrete no celular para pegar a certidão de casamento naquele dia, achou ridículo.

Sabrina descobriu que deletar informações de alguém podia liberar muita memória no celular.

Com o humor ajustado, ela se levantou, tomou o café da manhã, trocou de roupa, pegou as chaves de outro carro e dirigiu até o Bar Céu Estrelado.

Esse bar casual foi uma iniciativa de Sabrina, que estudou gestão financeira na universidade e não quis entrar na empresa da família após a formatura. Finalmente, seus pais financiaram para que ela abrisse o bar no centro da cidade.

O bar, convenientemente localizado e bem posicionado, tinha sempre uma boa clientela, mesmo durante o dia.

Ao entrar no bar, Agatha, a funcionária da recepção, correu até ela e sussurrou enquanto segurava seu braço:

— Sabrina, o Presidente Fabiano está esperando por você há algum tempo.

Sabrina olhou para o homem de costas para ela, e um traço de frieza cruzou seus olhos.

— Tudo bem, pode voltar ao trabalho. Eu vou lá ver.

Ela havia anunciado no Twitter na noite anterior que estava solteira, e todos já estavam cientes.

Por isso Agatha estava cautelosa em relação a Fabiano.

— Você precisa de algo? — Perguntou Sabrina, se aproximando e batendo levemente na mesa com os nós dos dedos, e as sobrancelhas profundamente franzidas.

Vendo-o novamente depois de um dia, ela sentiu que a ferida em seu braço doía sutilmente.

Na noite anterior, seus pais haviam trocado o curativo e, ao verem o ferimento no braço dela, sentiram uma profunda tristeza, levando ela ao hospital para levar três pontos.