Seus olhos, profundos e escuros como a noite, se fixaram nela, e sua expressão se tornou gradualmente sombria e intensa.Dalila, percebendo que ele não reagia, começou a chorar, se sentindo angustiada:— Ah... Álvaro, por favor, me ajude, estou ferida. Minha cabeça dói muito...Álvaro, com o rosto contorcido de preocupação, desviou o olhar, o fixando na parede, e falou com uma voz rouca e baixa:— Primeiro, se vista, depois veremos isso.Dalila respondeu, com a voz trêmula:— Mas minha cabeça dói tanto, acho que estou sangrando...Álvaro se virou abruptamente e a encarou. De fato, havia um pequeno corte na cabeça de Dalila, de onde o sangue escorria até sua palma.Com um olhar de pavor, ele rapidamente se aproximou, deixando de lado qualquer receio relacionado às diferenças de gênero, e a levantou no colo, sem hesitar.Dalila se agarrou firmemente ao pescoço dele, e ao sair da banheira, uma grande quantidade de água espirrou, encharcando o terno de Álvaro.Ele colocou uma toalha gran
— Está bom?Álvaro estava com a ponta do nariz encostada na dela, o calor de sua respiração deixando a mente dela mais clara do que o álcool teria conseguido turvar.Contudo, a sensação de confusão logo retornou, e ela, ligeiramente tonta, encarava as múltiplas imagens de Álvaro à sua frente, falando de maneira arrastada:— Está... Bom...Álvaro a soltou, se levantou e deixou o quarto. Foi até o armário de utilidades, pegou a caixa de medicamentos e a levou para o banheiro.Posicionou a caixa ao lado, abriu ela, retirou um cotonete e iodo, e com gestos suaves, desinfetou a ferida dela, aplicando em seguida um medicamento para tratar o machucado."Parece que ela não poderá tomar seu banho hoje."Álvaro suspirou resignado, carregou ela de volta ao quarto e a acomodou na cama, cobrindo ela com o cobertor:— Pronto, durma bem. Se ainda estiver com dor de cabeça amanhã, levarei você ao hospital para um exame.Quando ele estava saindo, Dalila segurou a manga de sua roupa:— Estou com medo, v
A voz que soava atrás dele era encantadora e doce. Álvaro olhava para o braço que envolvia sua cintura, enquanto seus músculos se tensionavam e sua laringe se movia involuntariamente para cima e para baixo, com o coração pulsando aceleradamente.Subitamente, ele se lembrou de que seu paletó estava molhado, e que Dalila, ao abraçá-lo, poderia umedecer suas próprias roupas.Ele se virou, se desvencilhou de seus braços e jogou o paletó no chão.Dalila observava seus movimentos, com lágrimas de mágoa escorrendo:— Então você realmente não gosta de mim. Abraçar você agora se tornou um luxo? Álvaro, você sabe o quanto é doloroso amar alguém em segredo? Seu idiota.Essas palavras, em circunstâncias normais, jamais seriam pronunciadas por Dalila.Mas, ela estava completamente embriagada.Cada palavra e ação emergiam puramente de sua imaginação e instinto.Até aquele momento, ela ainda acreditava estar sonhando, pois sabia que nunca conseguiria realmente abraçá-lo.Álvaro calmamente desabotoava
— Álvaro...Um quarto encantador, uma noite repleta de absurdos.À medida que o céu clareava, Álvaro finalmente cessou o ato que pertencia somente a eles.Ele a conduziu ao banheiro para que se lavassem, e ao saírem, ao notar aquele marcante traço de vermelho nos lençóis cinzentos, não conseguiu evitar que seu coração tremesse.Olhou para a mulher doce, adormecida e enroscada em seus braços, e, naquele instante, desejou lhe oferecer o mundo inteiro.Desde jovem, ele foi intoxicado por algo denominado "Dalila". Anos mais tarde, o veneno se infiltrou em seus ossos, ele buscou um antídoto, mas apenas assistiu enquanto ela estrangulava a última chance de vida que lhe pertencia.No fim, se encontrava irremediavelmente envenenado, morrendo daquela substância.Desde então, nunca mais se interessou por outra mulher. Ele chegou a pensar em confessar isso pessoalmente, mas sempre que tentava, as palavras "esse tipo de pessoa" o feriam profundamente.Ele podia se sentar com autoridade à mesa de n
Dalila se sentiu chocada."Isso é impossível! Como eu poderia ter tomado a iniciativa? Sou extremamente recatada!"Álvaro, com um sorriso de escárnio nos lábios, observou atentamente as mudanças incertas em suas bochechas e fechou os olhos para tirar um cochilo.Dalila se esforçava para recordar o que havia acontecido na noite anterior.Ela se lembrava de Álvaro ter ido buscá-la, ela gritava querendo ir para casa com ele, depois tomou um banho...As memórias da noite passada, como cenas de um filme, passavam por sua mente uma após outra.A cada lembrança, seu rosto empalidecia ainda mais."Definitivamente, não posso beber mais! Na última vez que bebi demais, discuti com a família, e na noite passada, depois de beber, acabei com Álvaro..."Ela também se lembrou de ter abraçado Álvaro e se declarado para ele.Não sabia se ele tinha mencionado de quem ele gostava...Dalila não conseguia se lembrar mais.Ela olhou para o homem deitado ao seu lado, com uma expressão extremamente angustiada.
— Quando eu voltar, pedirei a meu pai que vá à sua casa para discutirmos nosso casamento, e então poderemos definir a data o mais rápido possível. Vamos nos casar. — Disse Álvaro, olhando ela seriamente, baixando os olhos.Dalila o encarou, atônita, sem esperar por essas palavras.— Você... Está tentando assumir a responsabilidade por mim?Álvaro balançou a cabeça:— Não quero mais esperar. Dalila, nos anos em que você gostou de mim, eu também gostei de você. Já perdemos tanto tempo, não quero perder mais.Dalila levantou a mão, o abraçando firmemente com seus braços delicados, seus lábios tocando seu ombro, o beijando cuidadosamente.— Álvaro... — Disse Dalila, começando a chorar.Ela até pensou que estava sonhando.Ela mordeu suavemente a pele do ombro de Álvaro com seus dentes, e quando ele virou a cabeça para olhá-la, ela o beijou com urgência e paixão:— Álvaro...Álvaro, claro, não tinha razão para rejeitá-la.Ele a abraçou apertado, desejando se fundir a ela naquele mesmo instan
Abelardo, de cabeça baixa e olhos profundos fixos nela, percebeu seu movimento. Ele ergueu a mão, segurou seu delicado tornozelo e a atraiu para perto, envolvendo ela em seu abraço:— O que você está fazendo? Nina, você está muito travessa.Com voz rouca, Nina respondeu:— Me solte.Abelardo, ligeiramente arqueando as sobrancelhas, abaixou a cabeça para ajeitar uma mecha de cabelo solta atrás da orelha dela, então a levou para fora do quarto.Com o corpo subitamente no ar, Nina, não habituada, arregalou os olhos.Ela se agarrou a ele firmemente, temendo que ele a soltasse e ela caísse.Abelardo, com uma mão apoiando sua cintura e a outra nas costas dela, disse:— É melhor você se segurar bem, se cair, não me responsabilizo.Nina ficou chocada."Esse desgraçado."Ela o encarou furiosamente.Abelardo a levou diretamente para a cozinha, colocou ela sobre a pia, baixou os olhos para beijar o canto de sua boca e, com a outra mão, serviu a ela um copo de água.Relutante em afastar seus lábio
O tecido do vestido era confortável, da marca que ela sempre preferira."Mas... Por que ele teria roupas femininas em casa?"Dalila se sentiu ligeiramente descontente.Ela entrou no banheiro, disposta a se lavar, e, ao ver a etiqueta da roupa na lixeira, seu canto de boca se curvou levemente.Ele havia comprado especialmente para ela.Usando os produtos de higiene que Álvaro preparou, lavou o rosto e escovou os dentes. Após passar os dedos pelos cabelos, saiu do quarto.O som do exaustor ecoava pela cozinha, ocasionalmente acompanhado pelo choque entre a espátula e a panela.Desatenta, Dalila saiu sem calçar os sapatos e caminhou descalça até a cozinha, onde parou ao avistar Álvaro de costas, ocupado, vestindo calças sociais e uma camisa branca.— Álvaro?Ao ouvir a voz, Álvaro se virou:— Já acordou? Preparei seu prato favorito, está quase pronto.Dalila se apoiou no batente da porta, sorrindo:— Você também sabe cozinhar? Eu pensava que o Sr. Álvaro nunca tinha cozinhado.Álvaro sorr