Ela refletiu por um momento e pegou outra garrafa de vinho, encheu um copo e o esvaziou de um só gole. Dalila, ao vê-la continuar bebendo, decidiu beber diretamente da garrafa. Nina ficou sem palavras. Eventualmente, ela também se embriagou, vendo Dalila com visão dupla. Nina tomou o copo de sua mão e apoiou a cabeça de Dalila em seu ombro: — Sua cabeça dói? Quer que eu te leve para casa?Dalila respondeu: — Não dói! Ainda posso beber mais. Estou muito feliz hoje, Nina, obrigada por me apresentar a tantos amigos. Antes, eles pensavam que eu era uma filha ilegítima, por isso não queriam se relacionar comigo, e eu evitava fazer amizades.Nina olhou para ela, surpresa.Então, ela não era fria por natureza, mas havia sido machucada pelo ambiente ao seu redor.Embora não houvesse filhos ilegítimos em sua família, crescendo naquele círculo social, ela já tinha testemunhado todo tipo de frieza e calor humano.A situação da família Carmo era complexa. Dalila era desprezada pelos outros m
Nina piscou, olhando para ele com um olhar travesso:— Claro, ainda bem que você veio, senão eu não conseguiria voltar para casa hoje à noite.Abelardo, sem alternativa, olhou para ela, se preparando para ajudá-la a levantar, quando Dalila, abraçando Nina e se recusando a soltá-la, começou a bater no braço de Abelardo:— Vá embora, não toque na minha melhor amiga, ela é minha.Abelardo ficou sem palavras.Ele riu, frustrado.Não esperava que as mulheres também disputassem a atenção de Nina.Ele tinha acabado de conseguir manter alguém ao seu lado, e agora Dalila aparecia.Abelardo se virou e deu uma levantada de sobrancelha para Álvaro:— Álvaro, venha ajudar aqui.Álvaro, com os lábios apertados, avançou e se posicionou diante de Nina, estendendo a mão para Dalila:— Venha comigo.Dalila seguiu a mão dele e, ao encontrar os olhos de Álvaro, seu coração falhou por um momento.Ela colocou tremulamente o dedo na palma da mão dele e depois se encostou em seu peito, se agarrando firmemente
— Vou chorar, vou chorar mesmo. Álvaro, me leve para sua casa... Eu não quero voltar, voltar só significa brigar com eles...Álvaro olhou para ela atentamente, esfregou a ponta dos dedos em sua bochecha para enxugar as lágrimas, então falou com voz suave:— Tudo bem, vamos para a minha casa. Se comporte e fique sentada, vou dirigir. Caso contrário, não te levarei.Dalila imediatamente se sentou ereta no assento do passageiro, se agarrando ao cinto de segurança:— Estou sentada.Álvaro olhou para ela com um sorriso e deu partida no carro.Com esse comportamento dela, definitivamente não poderia levá-la para a Mansão dos Amorim. Anteriormente, por conveniência, ele havia comprado um apartamento perto da empresa, então ele dirigiu diretamente para lá.Vinte minutos depois, o carro parou no estacionamento do condomínio, Álvaro saiu e foi até o lado do passageiro para desafivelar o cinto de segurança dela:— Desça, vou te ajudar.Dalila estendeu os braços, o olhando ansiosamente:— Me carr
Seus olhos, profundos e escuros como a noite, se fixaram nela, e sua expressão se tornou gradualmente sombria e intensa.Dalila, percebendo que ele não reagia, começou a chorar, se sentindo angustiada:— Ah... Álvaro, por favor, me ajude, estou ferida. Minha cabeça dói muito...Álvaro, com o rosto contorcido de preocupação, desviou o olhar, o fixando na parede, e falou com uma voz rouca e baixa:— Primeiro, se vista, depois veremos isso.Dalila respondeu, com a voz trêmula:— Mas minha cabeça dói tanto, acho que estou sangrando...Álvaro se virou abruptamente e a encarou. De fato, havia um pequeno corte na cabeça de Dalila, de onde o sangue escorria até sua palma.Com um olhar de pavor, ele rapidamente se aproximou, deixando de lado qualquer receio relacionado às diferenças de gênero, e a levantou no colo, sem hesitar.Dalila se agarrou firmemente ao pescoço dele, e ao sair da banheira, uma grande quantidade de água espirrou, encharcando o terno de Álvaro.Ele colocou uma toalha gran
— Está bom?Álvaro estava com a ponta do nariz encostada na dela, o calor de sua respiração deixando a mente dela mais clara do que o álcool teria conseguido turvar.Contudo, a sensação de confusão logo retornou, e ela, ligeiramente tonta, encarava as múltiplas imagens de Álvaro à sua frente, falando de maneira arrastada:— Está... Bom...Álvaro a soltou, se levantou e deixou o quarto. Foi até o armário de utilidades, pegou a caixa de medicamentos e a levou para o banheiro.Posicionou a caixa ao lado, abriu ela, retirou um cotonete e iodo, e com gestos suaves, desinfetou a ferida dela, aplicando em seguida um medicamento para tratar o machucado."Parece que ela não poderá tomar seu banho hoje."Álvaro suspirou resignado, carregou ela de volta ao quarto e a acomodou na cama, cobrindo ela com o cobertor:— Pronto, durma bem. Se ainda estiver com dor de cabeça amanhã, levarei você ao hospital para um exame.Quando ele estava saindo, Dalila segurou a manga de sua roupa:— Estou com medo, v
[Faltam apenas dois dias para eu e o Fabiano irmos ao cartório.]Sabrina digitou essa frase com cuidado no bloco de notas do celular, depois colocou o aparelho virado para baixo na mesa e continuou a limpar o quarto, sorrindo. A casa era um presente dos pais de Fabiano para eles como lar de casados, onde Fabiano morava sozinho. Como ele estava ocupado e não tinha tempo para limpar, Sabrina passou esses dias ajudando por lá.As famílias de ambos eram muito próximas, e, após dois anos sendo unidos pelos pais, finalmente estavam prestes a se casar. Todos pensavam que ela estava sendo forçada a ficar com Fabiano, mas só alguns sabiam que ela secretamente o amava há anos. Quando ele concordou em namorá-la diante de ambos os pais, ela ficou tão feliz que não conseguiu dormir aquela noite.Sabrina estava no escritório, com um doce sorriso nos lábios enquanto limpava a mesa, imaginando a vida feliz que teriam ali. Porém, ao se virar, acidentalmente esbarrou em um vaso de gardênia na mesa.O
O tempo em junho mudava rapidamente. Quando Sabrina chegou, o céu estava limpo, mas agora estava coberto de nuvens escuras e chovia torrencialmente.Sabrina saiu correndo da casa de Fabiano, chorando, tão apressada que esqueceu as chaves do carro. Ela correu para a chuva e pegou um táxi na porta para voltar para casa.Quando o táxi parou no destino, Sabrina pagou a corrida com um QR code e correu para o prédio sob a chuva.No elevador, após apertar o botão do décimo terceiro andar, ficou num canto, enxugando as lágrimas incessantemente.O elevador parou, e ela, de cabeça baixa, caminhou até o apartamento e começou a digitar a senha.Estranhamente, a porta, que normalmente se abria de imediato, continuava mostrando erro na senha.Será que ela estava tão perturbada que se esqueceu da senha?Sabrina enxugou as lágrimas e decidiu tentar novamente.Ela tinha acabado de pressionar o primeiro número quando a porta se abriu subitamente de dentro.Eles se encararam, e Sabrina ficou paralisada.
Sabrina havia acabado de abrir a porta quando a voz de sua mãe, Bianca Pires, chegou carregada de soluços:— Sabrina! Por que você não atende o telefone? Término é término, mas por que não atende? Quer me matar de preocupação?"O quê?" "Como isso é diferente do que eu imaginei?"Sabrina piscou, confusa.— Ah... Meu celular estava no silencioso, eu não ouvi.O rosto de seu pai, Rodrigo Amorim, estava tenso como água parada. Ele e Bianca entraram, trocaram os sapatos e se sentaram no sofá.Sabrina trouxe água morna da cozinha e os serviu.— Mamãe, papai, bebam um pouco de água.— Sabrina, o que aconteceu com sua testa e seu braço? — Indagou Rodrigo ao notar o braço dela envolto em várias camadas de ataduras e um grande hematoma roxo na testa, onde até a pele parecia ter sido rompida.Sabrina baixou a cabeça, em silêncio.Bianca examinou mais de perto e percebeu que ela estava gravemente ferida, no braço enfaixado parecia que ficaria uma cicatriz permanente, a testa brutalmente agredida.