Era evidente que Fabiano estava seguindo alguém. — Quem é o dono do carro que ele estava seguindo? O policial respondeu: — Desculpe, não podemos revelar essa informação. Precisamos proteger a privacidade da outra parte. Mas a responsabilidade principal pelo acidente é, de fato, do seu filho. Ele terá que arcar com todos os prejuízos causados à outra parte. Fique ciente. Após dizer isso, o policial saiu com os documentos em mãos. Kayra olhou para as costas dele, rangendo os dentes de raiva. Ela respirou fundo e se voltou para Vasco, que estava ao lado, visivelmente irritado: — Você sabe quem o Fabiano estava seguindo? Vasco ficou pensativo por alguns segundos, já com uma suspeita em mente. "Um Porsche rosa, se não me engano, apenas Sabrina tem um carro desses por aqui." Temendo que Kayra fizesse mais confusão, Vasco respondeu com calma e disfarce, balançando a cabeça: — Eu não sei. Com a mentalidade de Kayra, era difícil que ela chegasse a uma conclusão tão elabora
Embora Vasco não gostasse de Kayra, ele se preocupava muito com o filho. Assim que soube que Fabiano havia despertado, dirigiu imediatamente ao hospital para vê-lo. Kayra havia passado a noite em claro, mas sua mente estava especialmente lúcida. Sentada ao lado da cama, ela olhava fixamente para Fabiano, que ainda estava com o tubo de oxigênio. De repente, se lembrou das palavras ditas pelo policial rodoviário. Um Porsche rosa... Carros assim não eram difíceis de encontrar na Cidade do Sol, especialmente porque eram feitos sob encomenda e havia pouquíssimos exemplares. Pensando nisso, Kayra decidiu ligar para alguém de sua família, esperando que pudesse ajudá-la a investigar. Ela pediu ajuda a um sobrinho que tinha algumas conexões e era muito habilidoso com computadores. Em menos de dez minutos, ele enviou a Kayra o número da placa do carro. Os carros das famílias nobres na Cidade do Sol tinham marcas específicas nas placas. Por exemplo, os carros da família Amorim tin
— Eu também não sei, pode ser que aquele trecho tenha radar de velocidade média. De qualquer forma, acabei de receber a ligação. Emerson pensou que, na noite anterior, Fabiano também havia corrido de carro. Já que Sabrina iria, será que Fabiano também estaria lá? Ele definitivamente não queria que os dois se encontrassem. Pensando nisso, Emerson pegou a própria escova de dentes que estava ao lado, colocou pasta e começou a escovar os dentes. Com a boca cheia de espuma, respondeu de forma indistinta: — Vou, claro que vou te acompanhar. Sabrina sorriu levemente, cuspiu a espuma da boca, enxaguou ela e começou a lavar o rosto. Vinte minutos depois, os dois saíram juntos. Como não estavam com muita fome pela manhã, decidiram almoçar mais tarde. Dessa vez, Emerson dirigia, mas não o Porsche rosa de Sabrina. Ele estava com seu carro prateado. Sabrina, no banco do passageiro, estava pesquisando restaurantes próximos que parecessem interessantes para experimentar com Emerson
Ao ver a ligação de Sabrina, Rodrigo atendeu imediatamente: — Sabi, onde você está? Sabrina não queria que seus pais soubessem sobre sua corrida de carro na noite anterior. — Estou em casa, por quê? Ao ouvir que Sabrina estava em casa, Rodrigo e Bianca ficaram aliviados. Mas logo surgiu uma nova questão a ser resolvida: — Venha até o hospital. Sabrina ficou confusa: — Por que eu iria ao hospital? Pai, mãe, vocês não estão se sentindo bem? O que aconteceu? Rodrigo tinha uma expressão pesada no rosto. Afinal, Kayra, em suas palavras, havia deixado claro que estava colocando toda a culpa em Sabrina. Ele nem conseguia imaginar como seria a tempestade quando Sabrina chegasse. Não que tivessem medo de Kayra ou de Vasco, mas queriam evitar falatórios desnecessários. Já que Kayra insistiu para Sabrina ir, talvez fosse melhor que ela fosse e esclarecesse tudo. — Fabiano sofreu um acidente de carro ontem à noite. Foi algo grave. Venha até aqui, seu tio Vasco e sua tia Kayr
— Eu já disse a ele que não há mais possibilidade entre nós, que eu não gosto mais dele. Mas ele insiste, perseguindo meu marido incessantemente, até mesmo a família do meu marido. Vocês acham que eu não tenho provas disso? Errado, eu tenho provas. Eu só não quis levar isso adiante por consideração à relação entre as nossas famílias. Tia Kayra, eu também gostaria de saber por que Fabiano age como um maníaco, nos seguindo todos os dias? Você é a mãe dele, que tal me explicar isso? — Sabrina continuou com firmeza. — Eu não esperava que ele sofresse um acidente de carro. Ontem à noite, por causa da corrida que fiz, fui até a delegacia de trânsito hoje para pagar a multa. Essa situação não traz benefício para ninguém. Mas não fui eu quem mandou ele correr, muito menos me seguir. Espero que você entenda isso. Kayra ficou tão irritada que seu rosto ficou vermelho como um tomate, esquecendo até mesmo de chorar por um momento. Quando finalmente reagiu, ao ver o rosto de Sabrina, sua raiva
Kayra e Bianca eram grandes amigas na época da faculdade. As duas dividiram o mesmo dormitório e, inclusive, dormiam em beliches, uma em cima e outra embaixo. Mesmo depois de tantos anos de amizade, elas nunca tinham brigado. Kayra, apesar de ser um pouco egoísta às vezes, sempre tratava Bianca com carinho, se lembrando dela em todas as boas oportunidades que surgiam. Foi, inclusive, Kayra quem apresentou Bianca a Rodrigo naquela época, sendo o elo que os uniu. Quem poderia imaginar que, anos depois, as duas amigas estariam brigando dessa forma por causa dos filhos? Bianca sempre teve um temperamento gentil e calmo, nunca levantava a voz para ninguém. Quando Kayra ouviu a voz de Bianca cheia de raiva, ficou atônita por muito tempo. Depois de gritar, Bianca abaixou a mão e ficou parada no lugar, os olhos vermelhos enquanto olhava para Kayra. Seu peito subia e descia descontroladamente, tamanho o nervosismo. Kayra permaneceu ali, encarando Bianca, atordoada, enquanto os pensa
— Hoje, Sabi e eu nem deveríamos ter vindo ao hospital. Só viemos por consideração aos meus sogros. Quanto às acusações injustas da Sra. Kayra, podemos relevá-las, considerando que você está em um momento de dor. No entanto, espero que, daqui em diante, controlem melhor o comportamento do seu filho para que algo parecido não volte a acontecer. Sabrina abaixou a cabeça enquanto ouvia Emerson defendê-la. Uma onda de calor invadiu seu coração. Era como se ele sempre soubesse exatamente onde ela era mais vulnerável, encontrando uma maneira sutil e discreta de atingir o ponto exato que a confortava. Diante do aviso de Emerson, Vasco não ousou dizer nada. A família Carmo era alguém com quem ele preferia manter distância. Confrontá-los diretamente estava fora de questão. — Além disso... — Emerson disse, com o rosto sério. — Nós sabemos muito bem quem está por trás do que aconteceu no Restaurante Real Privado. Presidente Vasco, parece que está mais do que na hora de você disciplinar
Meia hora depois, o Carro do Vento prateado estacionou em frente à Mansão dos Amorim. Assim que Emerson viu Rodrigo e Bianca saírem do carro, ele também estacionou o seu veículo e entrou na casa acompanhado por Sabrina. A primeira coisa que Bianca fez ao chegar foi instruir os empregados a prepararem o almoço. Além disso, pediu que servissem algumas frutas para que Sabrina pudesse comer algo enquanto aguardavam. Todos estavam sentados no sofá, conversando, quando o telefone de Álvaro tocou. A chamada era diretamente para Sabrina. Ao ver o nome de Álvaro na tela, um arrepio inexplicável percorreu o corpo de Sabrina.Embora soubesse que Álvaro a adorava, tinha plena consciência de que ele certamente a repreenderia severamente se descobrisse que ela havia participado de um racha na noite anterior,e ainda levado Emerson junto. O nome de Álvaro piscava insistentemente na tela do celular, e o coração de Sabrina parecia ter subido até a garganta. Ela olhou para os pais, que estavam