Maria Luiza Marchesi é negra e nasceu na periferia do Rio de Janeiro. Quando era menina, sonhava em se tornar uma bailarina de sucesso, mas com a morte violenta de sua mãe, deixou esse sonho para trás. A garota tornou-se policial, e numa nova investigação teria um encontro com seu passado. Gabriel Barreira, é dono de uma renomada escola de balet na região metropolitana do Rio de Janeiro, nasceu com mielomeningocele, uma doença congênita, que o deixou com sequelas. Em meio a uma investigação que envolve sua escola, ele se vê obrigado a sair do seu mundo de exclusão, para se deparar com um passado que ele gostaria de esquecer. Ou talvez não.
Ler maisEscrever essa história recheada de reviravoltas e loucuras, foi um desafio. Partindo da história de vida de alguém querido, esse foi um dos romances que mais me emocionei. Nunca havia escrito um hot, mas nessa história me vi obrigada. Não tinha outra forma de descrever uma relação sexual com um personagem feito o Gabo de outra forma, não com tanta riqueza de detalhes. E isso é uma coisa que faz parte da vida dele.Foi uma experiência incrível, dar vida ao casal mais improvável de todos. Nos dias que vivemos, uma policial da PF (que jamais poderia ser negra) ou até mesmo uma bailarina, não se envolveria com um homem cheio de inseguranças e incertezas. E ainda há a sociedade que torna a suas deficiências um fardo. Com Gabo, mostrei que ainda que uma deficiência exista, a pessoa pode e deve viver normalmente. A pessoa que me inspirou esse personagem é um exemplo disso. Nunca deixou a peteca cair.Agradeciment
Cinco anos mais tarde...A mesa estava posta e eu apenas aguardava que as visitas chegassem.- Mamãe? O meu primo Pedro vai vir?- Vai sim Gabi. Sossega!- Estou com saudades ué!- Eu sei querida. Mas agora vá chamar o seu pai.- O que tem eu?- Estava pedindo para Gabi te chamar, logo todos vão chegar.- Que mesa bonita amor.Gabo mal fechou a boca e a campainha tocou. Minha filha correu para abrir e logo a casa estava cheia.Camilla chegou com Breno e o filho, Luan. Cínthia e Luigi, ela exibia a barriga de sete meses de gravidez. Danilo veio com a esposa Valéria e o filho Pedro. Benjamim também apareceu, ele trouxe sua namorada e a mãe, que ele havia mandado buscar meses atrás. Ela mentira para ele, dizendo estar doente e que quando ele voltasse ela não estaria lá, mas tudo o que ela queria era que ele saísse daquele fim de mundo e tivesse uma chance na cidade grande. Assim
Voltamos a escola e apresentei Benjamin a Malu, ele estava confuso e fui obrigado a lhe dizer o que a mãe dele havia me pedido. Não sei por qual razão, mas ele não contestou. Apenas me acompanhou até o quarto que eu designei para ele na escola.Dei a ele um emprego, ele ajudaria Cínthia e tbem estudaria na escola. Com o tempo fomos notando a habilidade que ele tinha para a dança. Moramos também que ele tinha talento para o teatro.A escola havia começado a ministrar aulas nesse sentido, afim de apresentar musicais.Sua atuação foi muito útil, e logo ele se tornou professor.(...)Cheguei em casa e encontrei minha esposa sentada no chão, ao lado de minha filha.As duas desenhavam.Malu havia se afastado por tempo indeterminado da PF depois que desapareci. Ela disse que não era capaz de investigar nada. Ela praticamente parou a própria vida e só deu continuidade depois que eu voltei. Mas ela não quis voltar para a polícia. Não
Três anos depois...Abri os olhos e não pude respirar. Eu estava em algum lugar o qual eu não reconhecia. Me virei na cama e notei alguém se movimentando ao meu lado. Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios. Malu.A pessoa se virou, decepcionado eu vi que não era ela. Era mais velha, o tom de pele era igual, se bem que olhando agora podia notar que era mais escuro.- Você acordou!- Quem é você?- Eu me chamo Amélia. E antes que me pergunte, você está numa ilhazinha chamada Mirante.- Em que estado?- Na verdade não temos um estado específico. Estamos perto da Paraíba. Mas acho que nem estamos no mapa. - disse a mulher sorrindo.Me sentei na cama. O quarto era simples porém muito bonito e organizado.- Há quanto tempo estou aqui?A mulher ficou calada por um instante antes de suspirar e responder:- Três anos.- Três anos?<
Pegamos o vôo pouco depois do amanhecer, Gabo estava sentado de frente para mim, ele usava uma camisa social branca, dobrada até os cotovelos. Sua calça jeans, azul o deixava mais bonito do que de costume, descalço, como sempre ficava quando não era necessário um sapato. Comigo ele estava sempre assim. A vontade. Eu sabia o quanto era difícil para ele usar um par de tênis. Chinelos então, nunca usava. Mas ainda assim eu o amava. Ele era mais do que aquilo que podia usar. Ainda que usasse um saco de batatas, ainda seria o homem da minha vida.- Por que está me olhando?- Admirando a vista.- É uma bela vista?- Belíssima.O avião já havia levantado vôo há alguns minutos, desafivelei o cinto de segurança e me sentei na poltrona vaga ao seu lado. Peguei na sua mão, entrelaçando nossos dedos. Fechei os olhos e uma sensação tão boa me envolveu, que eu peguei no sono.€Um chacoalhão me fez acordar
Algumas semanas se passaram e enfim chegou o tão sonhado dia. Gabo e eu iríamos nos casar. Não que já não vivêssemos como casados há meses. Mas este era o dia da oficialização do nosso amor.Olhei mais uma vez no espelho, precisava conferir se estava tudo no lugar. Tudo ok.Meus cabelos estavam soltos, Gabo gostava, por isso escolhi assim, seguros apenas por grampos e um enfeite que Camilla havia me dado.Eu usava um vestido saia - cropped, modelo escolhido em concordância com o local do casamento:A Praia do Leme. O local foi escolhido porque passaríamos a noite em um hotel ali e na manhã seguinte iríamos pegar um barco. Nosso primeiro dia de lua de mel seriam num iate.- Você está linda Malu, pare de se olhar tanto no espelho.- Obrigada minha irmã. Vamos?- Vamos.Luigi, que estava encostado no carro, abriu a porta para que eu entrasse. Camilla me entregou o buquê de
Tudo o que consegui pensar quando ouvi Malu, foi que ela estava em perigo. Minha garota, grávida do meu filho estava em perigo.Eu havia ido atrás do meu irmão na hora em que Malu saiu atrás de Camilla e na hora que o telefone tocou estávamos juntos no quarto dele. Haviam se passado apenas meia hora desde que elas deixaram a casa, mas foi o suficiente para nos deixar preocupados. Então, quando ela falou do acidente, desliguei e corri para a garagem, com meu irmão no meu encalço. Não foi difícil para ele me alcançar.- Gabo! O que foi?- Elas sofreram um acidente.A cor sumiu do rosto dele, mas eu não tinha tempo de esperar ele se recompor. Entrei no carro e ele fez o mesmo.- A Camilla...ela...- Eu não sei...Liguei o carro e segui para a interestadual, no caminho meu irmão ligou para o resgate. Parei o carro quando vi do outro lado da estrada, o mato baixo, como se algo tivesse
Atenção esse capítulo contém cenas de abuso infantil................................................................................Eu não podia permitir que a minha irmã saísse daquele jeito. Era noite e ela estava transtornada, poderia fazer uma besteira.Ela entrou no carro e eu entrei atrás.- Camilla, o que foi?- Desce Malu.- Não vou descer.- Eu tô falando para descer - rosnou.- Mas eu não vou.- Você é quem sabe.Ela acelerou e saiu cantando pneu.- Não vai me contar?- Vou. Mas não agora.- Pare o carro e vamos conversar.Ela ficou em silêncio por alguns minutos e eu respeitei sua vontade. Conhecia Camilla. Ela estava ponderando. Os nós dos seus dedos estavam brancos, de tanta força que ela usava para segurar o volante.- Ele mentiu para mim.- Breno?- Sim.- Quem te disse?- Gael
Dançar com Malu foi incrível, ainda mais por ter me imaginado incapaz. A ideia foi de Luigi. Ele teve mais trabalho para me convencer do que para convencer os dois adolescentes que iam dançar no recital. A garota simulou um entorce logo no primeiro ensaio após a conversa que teve com ele. E o garoto fingia estar em pânico por não dançar com seu par.Eu ensaiei por semanas. Realmente achei que não conseguiria.- Desista Luigi, isso não vai dar certo. A merda do meu equilíbrio não ajuda!- Por que você tem que achar sempre que é incapaz de tudo? Porra Gabo, você trocou tiros com bandidos pelo amor de Deus!- Você é insuportável, sabia?- Não mais que você!- Vai Gabo, para de frescura e vem ensaiar. O tempo voa!Então sob a pressão dele eu ensaiei à exaustão. E apesar do pânico na hora de entrar no palco, valeu a pena.Cada passo, cada pliē, cada pirueta, era surreal ter Maria Luiza nos