Algumas semanas se passaram e enfim chegou o tão sonhado dia. Gabo e eu iríamos nos casar. Não que já não vivêssemos como casados há meses. Mas este era o dia da oficialização do nosso amor.
Olhei mais uma vez no espelho, precisava conferir se estava tudo no lugar. Tudo ok.
Meus cabelos estavam soltos, Gabo gostava, por isso escolhi assim, seguros apenas por grampos e um enfeite que Camilla havia me dado.
Eu usava um vestido saia - cropped, modelo escolhido em concordância com o local do casamento:
A Praia do Leme. O local foi escolhido porque passaríamos a noite em um hotel ali e na manhã seguinte iríamos pegar um barco. Nosso primeiro dia de lua de mel seriam num iate.
- Você está linda Malu, pare de se olhar tanto no espelho.
- Obrigada minha irmã. Vamos?
- Vamos.
Luigi, que estava encostado no carro, abriu a porta para que eu entrasse. Camilla me entregou o buquê de
Pegamos o vôo pouco depois do amanhecer, Gabo estava sentado de frente para mim, ele usava uma camisa social branca, dobrada até os cotovelos. Sua calça jeans, azul o deixava mais bonito do que de costume, descalço, como sempre ficava quando não era necessário um sapato. Comigo ele estava sempre assim. A vontade. Eu sabia o quanto era difícil para ele usar um par de tênis. Chinelos então, nunca usava. Mas ainda assim eu o amava. Ele era mais do que aquilo que podia usar. Ainda que usasse um saco de batatas, ainda seria o homem da minha vida.- Por que está me olhando?- Admirando a vista.- É uma bela vista?- Belíssima.O avião já havia levantado vôo há alguns minutos, desafivelei o cinto de segurança e me sentei na poltrona vaga ao seu lado. Peguei na sua mão, entrelaçando nossos dedos. Fechei os olhos e uma sensação tão boa me envolveu, que eu peguei no sono.€Um chacoalhão me fez acordar
Três anos depois...Abri os olhos e não pude respirar. Eu estava em algum lugar o qual eu não reconhecia. Me virei na cama e notei alguém se movimentando ao meu lado. Um sorriso involuntário surgiu nos meus lábios. Malu.A pessoa se virou, decepcionado eu vi que não era ela. Era mais velha, o tom de pele era igual, se bem que olhando agora podia notar que era mais escuro.- Você acordou!- Quem é você?- Eu me chamo Amélia. E antes que me pergunte, você está numa ilhazinha chamada Mirante.- Em que estado?- Na verdade não temos um estado específico. Estamos perto da Paraíba. Mas acho que nem estamos no mapa. - disse a mulher sorrindo.Me sentei na cama. O quarto era simples porém muito bonito e organizado.- Há quanto tempo estou aqui?A mulher ficou calada por um instante antes de suspirar e responder:- Três anos.- Três anos?<
Voltamos a escola e apresentei Benjamin a Malu, ele estava confuso e fui obrigado a lhe dizer o que a mãe dele havia me pedido. Não sei por qual razão, mas ele não contestou. Apenas me acompanhou até o quarto que eu designei para ele na escola.Dei a ele um emprego, ele ajudaria Cínthia e tbem estudaria na escola. Com o tempo fomos notando a habilidade que ele tinha para a dança. Moramos também que ele tinha talento para o teatro.A escola havia começado a ministrar aulas nesse sentido, afim de apresentar musicais.Sua atuação foi muito útil, e logo ele se tornou professor.(...)Cheguei em casa e encontrei minha esposa sentada no chão, ao lado de minha filha.As duas desenhavam.Malu havia se afastado por tempo indeterminado da PF depois que desapareci. Ela disse que não era capaz de investigar nada. Ela praticamente parou a própria vida e só deu continuidade depois que eu voltei. Mas ela não quis voltar para a polícia. Não
Cinco anos mais tarde...A mesa estava posta e eu apenas aguardava que as visitas chegassem.- Mamãe? O meu primo Pedro vai vir?- Vai sim Gabi. Sossega!- Estou com saudades ué!- Eu sei querida. Mas agora vá chamar o seu pai.- O que tem eu?- Estava pedindo para Gabi te chamar, logo todos vão chegar.- Que mesa bonita amor.Gabo mal fechou a boca e a campainha tocou. Minha filha correu para abrir e logo a casa estava cheia.Camilla chegou com Breno e o filho, Luan. Cínthia e Luigi, ela exibia a barriga de sete meses de gravidez. Danilo veio com a esposa Valéria e o filho Pedro. Benjamim também apareceu, ele trouxe sua namorada e a mãe, que ele havia mandado buscar meses atrás. Ela mentira para ele, dizendo estar doente e que quando ele voltasse ela não estaria lá, mas tudo o que ela queria era que ele saísse daquele fim de mundo e tivesse uma chance na cidade grande. Assim
Escrever essa história recheada de reviravoltas e loucuras, foi um desafio. Partindo da história de vida de alguém querido, esse foi um dos romances que mais me emocionei. Nunca havia escrito um hot, mas nessa história me vi obrigada. Não tinha outra forma de descrever uma relação sexual com um personagem feito o Gabo de outra forma, não com tanta riqueza de detalhes. E isso é uma coisa que faz parte da vida dele.Foi uma experiência incrível, dar vida ao casal mais improvável de todos. Nos dias que vivemos, uma policial da PF (que jamais poderia ser negra) ou até mesmo uma bailarina, não se envolveria com um homem cheio de inseguranças e incertezas. E ainda há a sociedade que torna a suas deficiências um fardo. Com Gabo, mostrei que ainda que uma deficiência exista, a pessoa pode e deve viver normalmente. A pessoa que me inspirou esse personagem é um exemplo disso. Nunca deixou a peteca cair.Agradeciment
" Ele era um anjo, mas tiraram-lhe as asas, machucando-o no processo".12 anos antes...O auditório do teatro estava lotado, aquele era o dia mais feliz de toda a minha vida. Pelo menos deveria ter sido...Eu havia conseguido o papel principal, eu era Julieta, uma Julieta negra.Fiz toda a performance, eu flutuava no palco e sentia a conexão que tinha com meu par. Luigi dançava lindamente. Sua graça no palco encantava todas as garotas da ONG. Ele tinha uma história triste, mas assim como eu, se superou na dança.No final da apresentação, recebi um buquê de rosas amarelas. As minhas favoritas. Antes de ler o cartão eu já sabia de quem eram.Gabo.Li o cartão simples, como o nosso amor." Para a Julieta de todos os meus sonhos"Do seu RomeuGabo.Lindo e poético como apenas ele era capaz.Guardei o cartão na bolsa e tir
Fiquei em pânico quando Malu fez menção de tirar a roupa.- Só quero ver até onde podemos chegar...Que mal poderia haver?A beijei novamente e ela se afastou tirando o vestido de seda fininha. Seus cabelos longos e cacheados emolduravam seu rosto bonito, sua pele cor de chocolate me deixava louco e logo meu companheiro deu sinal de vida. Ela olhou para ele e sorriu.- Viu...- Não é tão simples. Preciso mais do que isso para...você sabe...- Sei.Ela se aproximou e eu levei as mãos aos seus seios. Ela era perfeita e eu sabia que não seria difícil chegar a um orgasmo com ela. Apenas uma mulher havia me deixado relaxado o suficiente para me fazer gozar e eu não a amava como amava Malu.Abocanhei seu seio e ela gemeu. Eu sabia exatamente como deixar a minha garota sensível. Sua pele se arrepiava ao meu toque assim como a minha ao toque dela.Eu a levei até a cama a acomodando ali.
O velório de minha mãe foi a caixão lacrado. O desgraçado havia desfigurado seu rosto, tanta pancada havia lhe desferido. Eu encontraria o responsável. E ele pagaria pelo que havia feito.Não levaram nada. Apenas uma caixinha que minha mãe guardava no guarda roupas, eu nunca soube o que havia lá dentro...e nunca saberia.Gabo ficou comigo o tempo inteiro, sempre prestativo, mas cada vez que Luigi se aproximava ele surtava.Desde o dia da morte da minha mãe em que havíamos discutido, estávamos distantes. Ele havia falado coisas horríveis para mim, mas eu não estava com cabeça para mais discussões. Mas na verdade estava bem desanimada com ele. No pior momento da minha vida, ao mesmo tempo que se mostrava prestativo, se mostrava paranóico e agressivo.O enterro foi marcado pelo meu desespero e o de Camilla. Mais uma vez, quando Luigi me abraçou para prestar condolências notei Gabo rígido. Ele não disse nada apenas pelo momento.