Cinderela do Mafioso - Contos da Máfia - Livro 1
Cinderela do Mafioso - Contos da Máfia - Livro 1
Por: Chloe Reymond
Prólogo - PENETRA NO BAILE

O amor é uma flor azul

Que desabrocha onde é desejada.

CINDERELA

— Seja bem-vinda, senhorita Bela Dubois! — um dos dois homens fantasiados de guardas da realeza cumprimenta ao ver meu convite.

Apenas sorrio e aceno, passando rápido antes que ele descubra a farsa.

O vestido é longo demais, tenho que levantar um pouco para andar melhor, o que dá um vislumbre do sapato que parece ser de cristal, quando na verdade o material é bem confortável por dentro.

Esse treco é caríssimo. A Bela é louca de me pedir para usar.

Entro no salão do castelo e sou brindada com puro luxo. Tem que se ter muito poder para morar em um castelo em plena Copacabana, e poder é o que os irmãos Seven mais tem. Um poder obscuro e manchado de sangue. A máfia Seven é a maior no Brasil. Nenhuma facção ou máfia conseguiu destroná-la. O que mais tem no jornal são tentativas, claro que camufladas por crimes “normais”.

Eles mandam nos jornais... na verdade mandam em tudo, até na polícia. Sei que até os irmãos da minha madrasta tem chefes que são “funcionários” da família Seven.

O que não sei bem é o porquê Bela recebeu um convite para essa festa. Nem ela sabe.

O que sei é que minha amiga tem pavor de criminosos, por isso estou aqui enquanto ela está trancada na biblioteca com seus livros. Bem longe dos olhos do seu pai, que acha que ela está nesse vestido e nesse sapato.

É isso. Hoje serei Bela...

Só que eu sou muito azarada, o bastante para entrar no salão exatamente no fim de uma dança. E, como nas cenas constrangedoras de um filme, vários olhares se viram em minha direção.

Isso me incomoda. Posso ser descoberta com tantos olhos vidrados em mim.

Respiro fundo para me acalmar. E repito mentalmente: são só pessoas.

Não resolve.

Aff... Essas pessoas deviam parar de encarar.

Era para Bela ter vindo essa noite. O sapato em meus pés foi feito exclusivamente para ela, o vestido também. Pior, o convite só mencionava a filha do Dubois.

Eu me meto em cada enrascada por causa da Bela.

Meu olhar se desvia em direção a minhas irmãs e minha madrasta. Elas estão de queixo caído. Ainda bem que o vestido disfarça o quanto sou magra, ou poderiam me reconhecer mesmo de máscara. Elas sim tem motivos para serem convidadas, são lindas, dão brilho a qualquer festa, diferente de Cinderela Chausse — eu — que é tão normal quanto se pode ser.

Apesar de todo o constrangimento, começo a perceber que os olhares são de admiração também. Bela tinha razão; eu estou linda. É tão raro me sentir assim.

— Milady — um homem para próximo ao último degrau da escada onde estou.

E eu paro também. Três degraus antes de chegar nele.

Nem morta que chego perto.

É Henry Seven.

Não existe chance desse homem estar falando comigo.

Os donos da festa são os únicos sem máscaras. É impossível não saber qual deles é cada um.

Fico parada feito uma idiota, encarando o homem de cabelos castanhos, olhos negros e porte de um verdadeiro príncipe na fantasia que usa.

Ele olha direto para os meus pés, antes de subir para o meu rosto mascarado e sorrir sem alcançar os olhos.

— Bela, fico feliz que aceitou meu convite.  

Bela? Ele me reconheceu pelo...

— E os sapatos — completa.

Então os sapatos foram comprados por esse homem para a minha amiga. Isso está ficando estranho.

Mas se ele a conhece, por que não reconheceu que sou outra pessoa? E por que a Bela não disse que conhecia um dos Seven?

Tento dar um passo para trás, esquecendo que estou em uma escada. Grande erro.

O equilíbrio já era.

Estendo os braços para frente pronta para a queda... que não vem.

Minha nossa senhora das mulheres desastradas... estou nos braços de Henry Seven.

— Cuidado, milady! — sinto seu respirar perto da minha orelha.

Tento controlar o início da reação em um local muito proibido em meu corpo.

O jeito como “milady” soa em sua voz é afrodisíaco, só pode.

Isso é uma festa a fantasia, não voltamos no tempo para ele me chamar assim. É melhor que pare.

 Tento me afastar, mas ele aperta minha cintura. A proximidade faz com que eu sinta algo duro. E não é animação por me ver, é uma arma. Está no lugar errado para ser outra coisa.

— Por que a pressa, futura esposa?

Como? Futura o que?

— O que? — devo ter entendido errado. Só pode ser isso.

Ele me coloca ao seu lado e nos vira para todos no salão. Só agora percebo que a música não voltou a tocar. Esse homem tirou meu foco e nem me dei conta.

— Família e convidados, o motivo desse baile chegou. Quero que conheçam a minha noiva. — Ele se vira para mim e fala baixo: — Tire a máscara, Bela.

— Não, eu não sou... — Antes que eu complete, a mão dele está atrás minha cabeça arrebentando a fita da máscara. — Ai, caralho! — resmungo.

— Cinderela?

Pronto. Ferrou tudo. É a voz da minha madrasta.

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