CINDERELADepois que minha madrasta se foi, a festa até me divertiu. Henry me apresentou para algumas pessoas como sua noiva e passei algum tempo com o pai dele e com o Raoul. O garoto tem um humor ácido, mas gostei dele logo de cara, assim como gostei do pai deles.Quando o sino de um grande relógio bateu meia-noite, eu já estava pronta para cair na cama e dormir. Tive que acordar às quatro da manhã para deixar o café pronto para Lady Tedesco e suas filhas, depois corri para a casa de Bela onde passamos o dia nos arrumando.Apesar de eu ir em seu lugar, ela se arrumou também para o pai não perceber caso a procurasse.Sabe, eu sempre fui uma pessoa corajosa. Isso foi guardado com o passar do tempo entre os Tedesco, mas continua em mim. E eu pretendo resgatar. Mesmo que inicialmente seja doloroso e assustador. Eu não quero que Henry veja em mim uma mulher fraca. Esse casamento precisa dar certo. Afinal, que desvantagem tem em casar com um deus grego cheio de poder? Não vejo nenhuma.Ap
CINDERELADentro do banheiro maior que o meio quarto, demoro dez minutos só para descobrir como ligar o chuveiro. DEZ minutos. E tomo banho frio porque não consegui mudar a temperatura. Ainda bem que aqui dentro o clima não é frio. Não sei porque tantos botões e torneiras. Tem até controle remoto sobre a pia.Tomo um banho rápido, só para relaxar o corpo, e vou em busca de creme dental. Como acho várias escovas novas, uso uma para escovar. Não é possível que vão se importar com isso.Quando saio do banheiro ele está sentado na cama com um roupão idêntico ao que uso e... Minha nossa senhora da periquita em chamas... alguém avisa no Olimpo que um dos deuses é mafioso e está curtindo entre meros mortais.Minha mente fica se perguntando se ele está nu sob o roupão, assim como eu estou.— Quer que eu peça algo para comer?E lá se vai os pensamentos impuros.Aperto o tecido contra o meu corpo institivamente. Agora só me pergunto se ele me acha magra demais.Nego a comida e aceito seu pedido
HENRYAcordo com uma sensação de sufocamento. Quando abro os olhos vejo o motivo: uma cabeleira loira na minha cara. Eu estou preso por um polvo humano. Quantas pernas e braços essa mulher tem?Sorrio, enquanto tiro devagar seus membros de sobre o meu corpo.Sorrio? Era só o que faltava.Antes que eu possa questionar o motivo de estar agindo como um tolo desde que essa mulher surgiu naquela escada, ouço batidas na porta do quarto. Ela se mexe e vira para o outro lado, me liberando totalmente.E... é sério que estou sentindo falta do seu grude? Ninguém merece.Saio da cama rapidamente e vou atender o filho da puta que me acorda sabendo que estou acompanhado. Aposto meu braço esquerdo que é Raoul. Nem meu pai me acorda assim.Abro a porta quando o maldito está prestes a bater na madeira novamente.— Que visão horrível para se ter de manhã. — A mão que bateria na porta vai parar nos olhos que ele esfrega.— Que horas são, Raoul? O que você quer?Não disse que era ele? Ninguém mais é tão
CINDERELADemoro alguns segundos para me situar quando acordo. Essa cama macia e quentinha é nada com o qual estou acostumada. Quando as lembranças me pegam, sorrio por saber que é assim que vou acordar todos os dias. Meu corpo está relaxado como há tempos eu não sentia.Henry não está ao meu lado.Estendo os braços para cima, me espreguiçando, e me assusto com sua chegada.— Bom dia, Pequena Ilha!Me assusto e começo a pedir desculpas por seja lá o que for. Estou tão acostumada a me desculpar que sai no automático. Só que me perco com a visão. Ele ainda está de cueca, o que me faz lembrar o que não aconteceu durante a noite.— Vou tomar um banho. Me acompanha? — ele convida com a cara mais safada que já vi.E só tem uma palavra que quero dizer...— Claro.Mais que depressa, saio da cama e vou até ele. O safado agarra minha cintura e me puxa para si. Adoro bater contra esse peito musculoso e lisinho.Me viro quando ele tenta me beijar. Afinal acabei de acordar. Nada de assustar o futu
HENRY“Você acabou com o clima.”Acho que detesto essa frase.Sei que se insistir um pouco, ela cede. Cinderela parece ser muito fogosa. Ela não é o tipo tímida e medrosa. A mulher está aqui, na minha frente, revelando tudo que enfrentou e enfrentaria por sua liberdade.— Já que acabei com o clima, vamos fazer compras, Cinderela. Você fica gostosa demais com minhas camisas. Está proibida de usar fora desse quarto.— E como vou sair para fazer essas compras? O vestido, além de ser exagerado para sair, está rasgado.— Te deixo sair apenas hoje. Com a promessa que atiro no olho de quem olhar para suas pernas.— Meus palitos? — ela gargalha, desacreditada do que ouviu.— Não vejo palitos. Ainda vou te colocar diante de algumas modelos, para que descubra o quanto elas lutam para ter um corpo próximo ao seu.— Eu não quero nem pensar em quantas dessas modelos você comeu, senão vou ter que atirar nos olhos delas.É minha vez de rir. Essa loira é perfeita demais.— Já terminou, Pequena Ilha I
CINDERELASaio da loja de roupas usando um dos vestidos. O mais simples aprovado por Henry.Deus! Se vergonha matasse eu estaria mortinha agora passando por esses vendedores que sabem o que eu estava fazendo naquela cabine de troca. Pelo menos imaginam.Eu não me arrependo. Essa coisa estranha, essa sensação de ter um pé no céu e outro no inferno que tenho com Henry Seven é algo que me fascina.Por isso propus fazer o que fiz.E repito, não me arrependo nada.Poderia ter ido direto ao coisa na coisa em uma rapidinha, mas eu precisava ver nos olhos dele o quanto posso afetá-lo.Apesar do meu rosto “enganar”, eu não sou santa. Fui criada como a princesinha do papai, mas depois de sete anos sem saber o que é isso, a gente aprende que ser princesa é uma ilusão. Prefiro ser só uma mulher mesmo. De preferência uma mulher muito bem amada, e não a coitadinha violada.Sai pensamentos. Espanto as imagens que querem me deixar triste outra vez.Eu não quero pensar naquele passado. Eu quero é sai
HENRYSe eu soubesse que consumar o casamento seria tão bom, já teria aceitado as vezes que meu pai quis que um de nós casasse. Só que teria que ser essa loira. Muitas mulheres já passaram pela minha vida e nenhuma delas me deixou assim: feito um tolo em suas pequenas mãos, apenas Cinderela, minha pequena ilha particular que quero explorar todos os dias, toda hora.Parado enquanto a observo recuperar o ritmo da respiração, apenas me pergunto uma coisa: Estou apaixonado por essa mulher?Nos meus vinte e cinco anos nunca me senti assim. Eu sempre soube explicar o que sentia, porém agora só encontro uma bagunça dentro de mim.Essa mulher com respiração ofegante, olhar afetado em minha direção, cabelos espalhados em meu lençol bagunçado por suas mãos... ela fez isso comigo.— Henry — me chama.— Diga, Minha Ilha.— Para de me olhar assim.— Assim como?— Não sei explicar. Está me fazendo sentir coisas estranhas. Está me fazendo apaixonar por você.O sorriso que desponta em meus lábios é i
O amor é uma flor azul Que desabrocha onde é desejada.CINDERELA— Seja bem-vinda, senhorita Bela Dubois! — um dos dois homens fantasiados de guardas da realeza cumprimenta ao ver meu convite.Apenas sorrio e aceno, passando rápido antes que ele descubra a farsa.O vestido é longo demais, tenho que levantar um pouco para andar melhor, o que dá um vislumbre do sapato que parece ser de cristal, quando na verdade o material é bem confortável por dentro.Esse treco é caríssimo. A Bela é louca de me pedir para usar.Entro no salão do castelo e sou brindada com puro luxo. Tem que se ter muito poder para morar em um castelo em plena Copacabana, e poder é o que os irmãos Seven mais tem. Um poder obscuro e manchado de sangue. A máfia Seven é a maior no Brasil. Nenhuma facção ou máfia conseguiu destroná-la. O que mais tem no jornal são tentativas, claro que camufladas por crimes “normais”.Eles mandam nos jornais... na verdade mandam em tudo, até na polícia. Sei que até os irmãos da minha madr