Capítulo 5 - QUEM É ESSA MULHER?

De volta ao baile...

HENRY

Como assim Cinderela? O nome da mulher com a qual devo me casar é Bela Dubois. É Bela a mulher que deveria estar nesse vestido, sapatos e máscara.

Que porra está acontecendo?

As pessoas batem palmas pelo anuncio do noivado, até mesmo a mulher que está entre as irmãs gostosas, que eu sei ser a mãe delas. As três nos olham literalmente assustadas. Não é segredo que todas as cariocas sonham com o status que um casamento na nossa família lhe daria. E não duvido que Anastácia esperasse por isso. Nada contra, mas eu não sou o tipo moderninho que se casa com mulheres como ela. Eu sou antiquado, mesmo que o casamento seja uma fachada para deixar meu pai feliz. O que eu queria com Anastácia já tive. Ela só quer a chance de agarrar um homem rico, e eu mereço mais que alguém assim.

Cinderela. Quem é essa mulher? Será alguém mandado por inimigos? Preciso esclarecer isso.

Sem desfazer a pose de noivo contente, pego a mão da loira. Ela tenta puxar, mas aperto o bastante para ela perceber que não estou brincando. Se preciso, quebro seus dedinhos delicados.

É muita ousadia o inimigo adentrar nosso lar.

— É melhor vir comigo — digo já puxando-a.

Consigo passar pelos poucos convidados que se atrevem a vir até mim cumprimentar pelo futuro casamento.

Levo a loira para o escritório, fecho a porta e me escoro nela com os braços cruzados. Ela só vai sair daqui se me deixar satisfeito com suas respostas, caso contrário o seu corpo sai em um saco preto.

— Houve algum engano. Eu não vou me casar com você — fala parada na minha frente.

A encaro por alguns instantes antes de perguntar:

— O que você está fazendo nessa festa? Usando um sapato que claramente não é seu.

— Eu vim substituir uma amiga.

— Explique-se. E é melhor eu acreditar em você.

Ela me olha por quase um minuto inteiro. E por algum motivo espero uma resposta atrevida, mas não é isso que escuto.

— Eu roubei essas coisas, roupa, sapato, vestido, convite... Tudo. Queria saber como era uma festa desse tipo e roubei da casa onde trabalho. — Cruza os braços em um posição defensiva. — Dizem que afrontar um Seven é uma sentença de morte. Se esse é o caso, basta acabar logo com isso.

Caminho até ela e paro na sua frente.

— Não estou satisfeito com essa resposta. — Levo uma mão ao seu pescoço magro e o envolvo. — Está com tanta pressa assim de morrer, Cinderela?

— Não. — Sua voz baixa me faz duvidar.

— Você é mentirosa e acha que sou idiota. Disse que roubou essas coisas, porém antes disso falou que estava substituindo uma amiga. Qual é a verdade?

Sinto ela engolir sob meus dedos, mas não diz mais nada.

— Está protegendo alguém. Só pode ser a Bela. Então, é melhor que me diga a verdade ou mato ela na sua frente, da maneira mais dolorosa que puder pensar.

Ela abre a boca, mas não sai som além da sua respiração pesada e fora de ritmo.

Solto seu pescoço. Uma pequena preocupação se fazendo presente.

Essa mulher está tendo um ataque de pânico. Já vi isso no Florian.

Não sei o que ela faz aqui, mas não parece o tipo inimiga. Está mais para o tipo perdida.

Porra! Que bagunça!

— Ei, está tudo bem. Eu não vou machucar você — falo, inutilmente.

Ela continua tentando puxar o ar para dentro de si desesperadamente. Chega a se agarrar a mesa próxima.

Meu pai costuma abraçar Florian para resolver. Eu não posso abraçar uma desconhecida. Minha reputação vai para o lixo.

Quem vai saber? Prefere deixar ela morrer? Achei que fosse apenas assassino, não covarde.

Irritado pela situação, puxo a mulher pelo braço e a envolvo em meus braços. Só piora. Então resolvo ajudar dando espaço para o ar passar, aproveito a posição e rasgo seu vestido nas costas, soltando os botões delicados que se espalham pelo chão.

Isso resolve.

Agora sua respiração ofegante é de susto.

— Po-or qu-ee fez is-so? — gagueja.

— Achei que estava sufocando por causa do vestido.

— Oh Deus! — Ela tenta passar a mão pelo tecido rasgado. — Eu não vou conseguir pagar isso nunca.

— Achei que tivesse roubado. Porra! Fala a verdade de uma vez, mulher. Estou perdendo a paciência. E olha que nem tenho isso para perder.

— Se eu contar e você machucar a minha amiga... Eu sei que você é um bandido.

— Mafioso. Pelo menos é assim que nos chamam. — Pego a arma na minha fantasia de príncipe e começo a apontar para partes do seu corpo. — Se eu atirar na sua perna você fala mais rápido.

Ela vira as costas, mas parece lembrar do vestido rasgado e volta a ficar de frente.

Por mim poderia ficar de costas, tem uma pele alva que chama ao toque.

— A minha amiga me pediu para vir e me passar por ela. Eu não sabia que você a estava esperando, juro. Mas não quero que a machuque. Quer culpar alguém, culpe a mim. Ninguém vai sentir a minha falta mesmo. — A última parte sai baixinho, como um sussurro.

 — Você é a irmã da Drizella e Anastácia, não é? A órfã?

— Eu não sou órfã.

— Achei que chamavam assim quem não tem pai e mãe. — Dou de ombros.

— Eu os tenho no meu coração.

— Tanto faz. — Coloco a arma sobre a mesa e me sirvo de um uísque. Ela não vai me amolecer com suas coisas de órfã. — Você disse que veio substituir sua amiga, então substitua.

— Não entendi?

— Você me fez anunciar a noiva errada diante de pessoas importantes. Aqui estão presentes de famosos a políticos. Se engana se acha que vou voltar atrás.

— Mas você não devia reconhecer sua noiva?

— Não quando nunca a vi. É um casamento por interesse. Eu devia estar aqui discutindo os termos do contrato com Bela nesse momento.

— Ela não me disse nada sobre casamento, se eu soubesse disso jamais teria vindo em seu lugar. Me desculpe por toda essa confusão.

— Desculpas não resolvem nada. Estamos em um impasse. — Levo a mão ao queixo enquanto a analiso. — Teremos que nos casar, isso é um fato.

Ela permanece tentando segurar o vestido com as alças caindo.

— Está maluco se acha que vou me casar com alguém que nem conheço. Acho que nem gosto de você.

— A senhorita é que está maluca se acha que pode entrar na minha casa fingindo ser outra pessoa e me fazer passar por ridículo anunciando um casamento com a pessoa errada.

— É só corrigir — implora.

— É só casar — revido com meu melhor sorriso que diz “você não tem escolha”.

— Eu não vou. — Ela b**e o pé como uma criança mimada, chamando a minha atenção para o sapato.

Ah vai sim. E esse casamento vai ser mais divertido do que eu esperava.

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