Filipe entrou na minha sala e comecei a sentir dor de cabeça antes mesmo dele falar alguma coisa. Acreditei que dando um neto a ele, Felipe sairia do meu pé, mas agora cisma com a forma que escolhi ter o bebê. Eu queria que as coisas melhorassem e não ter mais encheção de saco. Ele queria um neto, agora tem um neto! Meu trabalho está atrasado e para meu pai ter se dado o trabalho de vir até a empresa… Mais dor de cabeça para mim. Esse velho está com muito tempo de sobra.
– Como vai a barriga de aluguel? – Ele perguntou em um tom debochado e sentou na cadeira na minha frente.
Tirei os olhos dos papéis em minha mão e olhei para ele.
– Ela tem nome.
– E isso importa? – Ele está me testando. – Se importa como a chamo ou a deixo de chamar?
– O que quer aqui? – Vou direto ao assunto.
O jeito que Filipe fala da Aline me dá nervos.
– Como um ótimo avô que sou, estou aqui para saber do meu neto…
– Deveria ter pensado nisso antes de ir até minha casa e falar merda. Certas coisas deveria deixar guardado para si mesmo. – Deixei os papéis de lado, agora ele tinha minha total atenção. – Está preocupado agora?
– Olha, como você fala comigo garoto. – O tom de deboche sumiu. – Sou seu pai.
– Quer reivindicar a genética agora? – Foi minha vez de usar o tom deboche.
Filipe descobriu que Aline tinha ido embora e achou no direito de expressar sua opinião sem eu pedir. O que piorou mais o meu dia. Aline decidiu ir embora depois do nascimento do Joe e eu não a impedi, ela está com raiva de uma coisa que não fiz. Eu cumpri o que prometi a ela, cumpri tudo que prometi e fui o mais sincero possível, mas Aline preferiu não acreditar em mim. Não quis me ouvir mesmo eu tendo provas. Não nego que o momento era desesperador e não posso ficar com raiva disso. Mas também não posso evitar meus sentimentos.
Mas ela tomou sua decisão.
Preferiu nos deixar.
Droga! Como pude me apaixonar por Aline?! Agora estou aqui, um mês depois sem parar de pensar nela um dia sequer. Tenho uma parte dela, uma parte tão pequenino e indefeso. Joe, meu filho, não seja chato e teimoso como sua mãe. Dizer que gosto da Aline é pouco. A amo. Saudades do seu toque, do seu beijo… Dela falando pelos cotovelos. Acabei sorrindo com isso.
Espero um dia poder mostrar para ela e dizer o que sinto.
– Não me diga que você se apaixonou por aquela mulher. – Filipe faz uma expressão de horror.Fechei meus olhos, suspirando. Preciso me acalmar, voltei a olhá-lo.
– Se está aqui para destilar seu ódio a mãe de Joe. – Apontei para porta. – Então você pode se retirar.
– Ela é apenas uma barriga de aluguel…
– Engraçado que ontem você estava dizendo que uma mãe não pode abandonar seu filho e que ela deveria estar ao meu lado agora. – Sorri para ele e escorei em minha cadeira. – O que mudou agora? Me diz.
– Não quero esse tipo de mulher na vida do meu neto.
– Que tipo de mulher você acha que ela é?
– Não é óbvio?! Uma interesseira! Só pensa nela mesmo e em dinheiro. Queria um jeito de ganhar dinheiro fácil e correr para ser uma barriga de aluguel.
Sorri com suas palavras. Eu pensava o mesmo que ele sobre a Aline, mas ela só fez isso para ajudar sua mãe. Ah, Aline, como sinto sua falta. Ela demonstrou ser completamente diferente e caso ela tinha um plano e era fazer eu me apaixonar… Aline conseguiu.
Não sou o homem mais romântico da terra. Herdei empresas das quais preciso de um comando sem distrações, escolhi meu trabalho porque é mais exato do que um amor. Tudo acontece do meu jeito e quando eu quero. Conhecido por muitos pelo meu jeito frio, mas não teria conseguido alavancar essa empresa sendo um bobo apaixonado. Na vida é preciso ceder a certas coisas e eu preferi deixar o amor de lado.
Ter um filho não foi só para meu pai me deixar em paz, mas sim para preparar o meu herdeiro. Ele será melhor do que eu e dominando as coisas mais rápido poderá ter a vida que quiser.
Para uma pessoa que não acredita no amor e corri dele a anos. Agora não consigo imaginar uma vida sem ela. Posso ter sido orgulhoso de mais em deixá-la ir, mas se no futuro tiver algo preparado para nós? Será que verei essa mulher novamente? Se um dia acontecer, não irei deixá-la escapar de minhas mãos. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes.
– Charles? Ei, Charles! Estou falando com você. – Filipe chamou minha atenção.
Pisquei algumas vezes e olhei para ele.
– Pai, que tal uma trégua?
Pensar nela me deixa de bom humor.
- Trégua?
– Sim, se você parar com esse assunto de barriga de aluguel. – Fingi pensar um pouco. – Eu posso deixar você voltar a ver seu neto. É uma questão tão pequena. Ou você não quer mais ver seu neto?
Ele suspirou contrariado. Sei que ele veio preparado para falar um monte, mas não estou disposto a ouvi-lo .
– Ok. Amanhã estarei lá. – Ele se levantou e ajeitou a roupa em seu corpo. – Até.
Filipe se virou e foi embora. Levantei da minha cadeira. Hoje não serei mais útil aqui na empresa é melhor ir para casa. Casa. Tem sido um grande espaço vazio, logo o lugar que tanto gostava. Eu tinha planos para minha família. No caminho encontrei com a babá de Joe que me avisou que ele já estava dormindo. Não demorei no banheiro, queria vê-lo logo. Joe dormia tranquilamente e podia ver um pequeno sorriso em seu rosto, talvez seja impressão minha. Peguei ele com cuidado em meu colo para não acordá-lo e sentei na poltrona do lado de seu berço.
Como meu filho é lindo.
Meu sorriso aumentou.
Aline nunca será só uma barriga de aluguel.
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– Meus parabéns, Aline. – Minha professora me parabeniza. – Não tenho mais o que elogiar. Suas notas são perfeitas. – Ela me olhou sorrindo. – Eu tenho muito orgulho de você. – Muito obrigada. – Eu agradeci e sorri. Tenho me saído muito bem nas matérias e fico feliz comigo mesmo pelo meu desempenho. Ela me entregou a prova corrigida e eu guardei em minha bolsa. Me despedir e vou em direção a porta para poder ir embora. – Olha, a aluna de medicina preferida. – Dou um pulo ao passar pela porta e Shari apareceu do nada. – Não é novidade para ninguém que você é a aluna perfeita dessa faculdade. Com a mão ainda contra o peito, eu respiro fundo. Shari sempre surgia do nada. Shari Watkins é minha melhor amiga, ela é estudante de fisioterapia. Uma mulher bem agitada, mas às vezes me questiono como ela consegue ter tanta energia assim. Somos amigas desde do meu primeiro ano de faculdade. Estamos no terceiro ano. Pode-se dizer que Shari e eu somos um pouco parecidas na aparência. Ambas com
Estou em frente à clínica que faz inseminação artificial. Passei tantas vezes por aqui e acreditava ser uma simples empresa que tem esse serviço. Depois que Shari me falou mais sobre ser barriga de aluguel comecei a pesquisar mais sobre essa empresa. Essa clínica faz trabalho personalizado para essas pessoas ricas que querem ter filhos. Também corre o risco de não ser aceita, acontece todo um processo, mas não é demorado. No começo eu fiquei com dúvida em vir até aqui, passei a ver matérias sobre Barriga de Aluguel. Alguns casos não deram certo pois as mães não queriam entregar os bebês ou até mesmo aparecer anos depois querendo a criança. Procurei focar na parte em que dar certo e que a mãe não precisa passar por um processo mais tarde. No caso eu evitando problemas no futuro. Ainda fico em dúvida se vou ter coragem de entregar a criança, mas foi uma dúvida totalmente passageira. Minha mãe precisa de mim agora e sei como conseguir o dinheiro, não vou contar para ninguém sobre ser bar
P.V. CHARLES GRANT – Senhor Grant, o senhor Filipe Grant está na linha. – Minha secretária aparece na porta e me avisa. – Diga que estou ocupado. – Respondi sem tirar os olhos da tela do meu notebook. – Ele insiste, senhor. Suspirei. – Pode passar a ligação. Ela faz um aceno de cabeça concordando e sai da minha sala. Não estou nada empolgado para mais uma conversa com meu pai, o assunto será o mesmo. Ele precisa entender que a vida é minha e se quero ou não ter filhos é uma decisão minha e não dele. Reconheço que está ficando um velho manhoso, mas podia escolher outra pessoa para atormentar e não a mim. Levei o telefone a orelha e logo me arrependi de não ter inventado outra desculpa para não atender aquele telefone. – Garoto, garoto, você por acaso acha que eu nasci ontem? – Ele começou a reclamar. – Acha mesmo? Sei que você está na empresa. Até porque você só sabe ficar nesse lugar. – Que ironia, não? – Massageie as têmporas. Passei boa parte da minha infância vendo meu pai
P.V. ALINE Ele realmente acabou de me oferecer trezentos mil dólares? E por acaso ele tem ideia de quanto é isso? É claro que ele tem ideia, não é nada para o seu bolso. Um trocado apenas, deve pensar que sou uma pobre coitada. Charles está me oferecendo $300000 para sumir da vida do bebê. Automaticamente coloquei a mão na barriga, mas logo disfarcei e coloquei a mão no meu colo. De qualquer jeito, o filho é dele. - Eu gostaria de falar com os meus pais antes de ir para sua casa de campo. - Percebi a expressão em seu rosto mudar e rapidamente completei. - Não vou contar nada sobre ser a barriga de aluguel. Só peço um tempo para poder me despedir. Cumprirei o contrato, pode ter certeza. Achei melhor seguirmos para o assunto principal. Até porque dinheiro eu não estou podendo recusar, mesmo não me sentindo nada bem em fazer isso. - Não tem necessidade para isso. - Ele se levantou e ajeitou a roupa em seu corpo. - Levante e vamos. O que tem de lindo, ele tem de arrogante. Senti meu
P.V. CHARLESHoje Filipe tirou o dia para me encher o saco. Ele queria um neto e eu arranjei um para ele, por que tem que continuar me estressando? Precisei voltar cedo da casa de campo. Minha cabeça dói e com as reclamações do Filipe só piorou para mim. Tenho que conviver com aquela mulher até que o bebê nasça, pelo menos ela não fala pelos cotovelos. É uma interesseira, mas uma interesseira na dela. Quando cheguei em sua casa, apressei os passos para entrar logo. Me avisaram que ele estaria no escritório, nem para receber o próprio filho.Filipe estava fumando seu charuto e apagou assim que me viu. Já vejo que a conversa será longa, ele só apaga o charuto quando o assunto é sério e ele está pronto para falar. Coitado dos meus ouvidos. Sentei na cadeira em sua frente e massageei as têmporas.– Charles, não me venha com essa cara. – Sua testa levemente enrugada mostra sua tensão. – Que história é essa que terei um neto? – Ele perguntou.– Você queria e eu consegui. – Dou de ombros. –
P.V. ALINE Essa casa é tão grande e mesmo assim não tem nada para se fazer nela. Tenho passado boa parte do tempo no meu quarto, procurando até estudar um pouco, mas estou bem desanimada para isso. Sem foco no momento, cheguei a procurar alguns trabalhos home office, mas nada no momento. Nunca achei que na casa de rico seria tão tédio assim. Charles e eu não temos conversado muito e também não procuro ter contato com ele. Conversamos o necessário. Não quero me estressar com suas indiretas do que ele pensa que eu sou. É lindo, mas é um arrogante, metido e chato. Sair do meu quarto andando pela casa, os próprios empregados vão me deixando um pouco agoniada. Eu sei que é o trabalho deles, mas está sendo bem chato ter alguém atrás de mim toda hora querendo saber se estou bem ou se quer alguma coisa. Se fosse no mínimo de uma a uma hora, mas é de dez em dez minutos. Ou menos. Ontem eu cheguei a ir até os cavalos e acariciei alguns. São mais lindos do que os outros, mas ainda não cheguei
P.V. CHARLES GRANTComo podem ter aceitado a Aline na clínica? Essa mulher é uma louca! Deveria estar no hospício e não solta por aí. Ela ainda teve a coragem de me ameaçar a chutar minha bolas. É uma desbocada sem classe alguma. Além de ter me molhado. Eu tive o trabalho de vir resgatá-la do rio para ela fazer isso? Ah, se ela não tivesse carregando um filho meu.Mas ela ainda tem muito para ouvir. Vou atrás dela. Quem ela pensa que é para virar as costas para mim e me deixar falando sozinho? Eu sei muito bem que gravidez não é doença, mas tem que ter suas coisas e é algo que ela não está fazendo. E ainda está querendo ser médica. Atrás do espelho vi a Aline encostada quando a parede com a mão na barriga. Viu já está passando mal, vou até ela mais parei quando escutei o que ela disse.&nda
Acordei sentindo que passou um caminhão por cima de mim. Essa cama é maravilhosa, mas hoje parece que dormi em cima de uma pedra. Tenho ficado estressada facilmente e com sono, muito sono. Vou para o banheiro, preciso de um banho. Quem sabe não relaxa um pouco, eu demorei mais tempo que o necessário. Mas foi muito bom. Estou sentindo meu corpo pesado. Respirei fundo e coloquei uma roupa. Sai do quarto em passos lentos, o banho ajudou um pouco, mas não estou animada.– Oi, querida. – Matilde se aproximou de mim. – Você está bem?Sorri para ela.– Só estou um pouco desanimada, mas estou bem.– Posso fazer alguma coisa por você…– Aline. – Olhei pra trás. Charles vinha com uma bolsa em mãos. – Suba e troque de roupa. – Ele me entregou a bolsa. – Vamos andar a cavalo hoje.Olhei para ele não a