P.V. ALINE
Ele realmente acabou de me oferecer trezentos mil dólares? E por acaso ele tem ideia de quanto é isso? É claro que ele tem ideia, não é nada para o seu bolso. Um trocado apenas, deve pensar que sou uma pobre coitada. Charles está me oferecendo $300000 para sumir da vida do bebê. Automaticamente coloquei a mão na barriga, mas logo disfarcei e coloquei a mão no meu colo.
De qualquer jeito, o filho é dele.
- Eu gostaria de falar com os meus pais antes de ir para sua casa de campo. - Percebi a expressão em seu rosto mudar e rapidamente completei. - Não vou contar nada sobre ser a barriga de aluguel. Só peço um tempo para poder me despedir. Cumprirei o contrato, pode ter certeza.
Achei melhor seguirmos para o assunto principal. Até porque dinheiro eu não estou podendo recusar, mesmo não me sentindo nada bem em fazer isso.
- Não tem necessidade para isso. - Ele se levantou e ajeitou a roupa em seu corpo. - Levante e vamos.
O que tem de lindo, ele tem de arrogante. Senti meu coração bater mais forte. Não posso ir sem ao menos dar uma resposta para o meu pai e ver a minha mãe, eles vão ficar preocupados. Se eu sumir assim do nada é capaz de colocar a polícia atrás de mim. Me levantei rapidamente e dei alguns passos em sua direção, mas dou dois passos para trás com medo do seu olhar. Ele sabe colocar medo em uma pessoa sem ao menos falar.
- Preciso pegar minhas coisas…
- Compro tudo novo. - Charles falou me interrompendo.
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Ele não parece estar brincando.
- Por favor. - Abaixei a cabeça. - Deixa eu me despedir deles antes de ir. Não demoro, por favor.
O silêncio de segundos parecia minutos. E fico mais agoniada ainda, Charles é um homem sério e me dá um pouco de medo. Ouvi poucas coisas sobre ele, nada sobre a sua personalidade, mas sobre a sua empresa que é um grande sucesso. Esse homem é rico demais.
- Ok. Vá, meu motorista está esperando na porta da sua casa daqui a uma hora. Não demore.
Charles não esperou uma resposta minha e saiu da porta sem se despedir. Esse cara é um ogro, e não tem educação nenhuma. Suspirei. Fico pensando em como será durante esses meses com esse homem? Não demorei muito ali e segui para minha casa. Durante o caminho liguei para o meu pai perguntando onde que ele estava. Tive que mudar o curso e ir para o hospital. Ele estava lá com a mamãe. Tentei esconder o máximo possível o meu nervosismo. Não tenho ideia de como eles iriam reagir se soubesse o que acabei de fazer e o pior é que não posso contar.
- Oi, minha filha. - Meu pai vem me abraçar assim que entrei no quarto. - Está tudo bem? Senti a sua voz um pouco diferente no telefone.
- Está tudo bem, pai.
Olhei para minha mãe sorrir. Vou até ela, minha mãe dá um sorriso, mas não é o mesmo que estou acostumada. Não vejo a hora de te ver bem mãe. Você ficará! Consegui o dinheiro para o tratamento. Dou um abraço rápido nela e segurei em sua mão.
- Como esta mãe?
- Estou bem, querida. Eu estava comentando com o seu pai que deveria estar em casa e não aqui. Estou ótima.
Meu sorriso aumentou ao ouvir a braveza em sua voz.
- Mãe, por favor, não discuta com os médicos em. - Pedi.
Meu pai se aproximou da gente rindo.
- Ela vai dar trabalho, coitado dos médicos. - Rimos.
A conversa entre nós três, até que foi bem tranquila, comparando a situação que estamos. Foi um período tão curto ali, mas infelizmente eu não tenho muito tempo, prometi para Charles que eu não iria demorar.
- Eu… Recebi uma proposta do meu professor da faculdade. – Menti. – Ele tem acompanhado o meu desempenho e tem gostado bastante.
- Sério, filha? - Minha mãe perguntou animada. - Que proposta é essa?
Ela ficou tão feliz quando entrei na faculdade de medicina. Me sinto tão mal por estar mentindo para ela.
- Ele quer que acompanhe ele em uma viagem… Hm, eu trabalharei com ele, na prática nas cirurgias que ele for fazer. Então precisarei ficar alguns meses um pouco longe para aprimorar os meus estudos.
- Minha querida, meus parabéns. - Meu pai beijou minha testa.
- Estou tão orgulhosa de você, filha. Sei que terá um futuro brilhante. - Minha mãe falou segurando minha mão. Meus olhos ficaram marejados. - Não chore, filha. Será só por alguns meses como você mesmo disse.
Ela sorriu para mim. O sorriso que eu tanto amo e me traz tranquilidade. Como eu queria passar a cada momento com ela agora, não queria me afastar. Queria poder acompanhá-la a cada momento, mas não é nada barato o seu tratamento.
- Obrigada, mãe.
[…]
Arrumei as minhas coisas o mais rápido possível. Acabei demorando no hospital e corri para casa o máximo possível quando vi a hora. O motorista de Charles chegaria a qualquer momento. Fiquei perdido um pouco no que levar, parece que nunca viajei na minha vida e bem passarei 9 meses fora. Diferente de outras viagens, eu estou grávida.
Aparentemente devo estar muito fértil. Para acreditarem que engravidarei de primeira. Sentei na minha cama e olhei ao redor. Tudo isso é bem assustador e medonho, mas estou com mais medo de perder a minha mãe. Terminei de arrumar minhas coisas e logo ouvir a buzina. Vou até a janela e vejo um carro preto, na parte de frente do carro tem a letra G. Marca registrada da empresa.
Peguei a minha mala e saí do meu quarto. Cada passo que eu dava era uma despedida. Não posso deixar o nervosismo me dominar. O motorista de Charles foi muito gentil comigo e simpático, ele me ajudou a colocar as malas no carro e abriu a porta para eu entrar. Foi um pouco estranho para mim ver uma pessoa que eu não conheço ser tão gentil comigo. Durante o caminho para casa de Charles, eu acabei dormindo.
- Senhorita? Senhorita, por favor acorde.
Abrir os meus olhos e logo fechei pela claridade.
- Hm… Chegamos? - perguntei com a voz rouca e me espreguicei. O banco de carona é mais confortável do que minha própria cama.
- Sim, senhorita.
Sai do carro e fiquei encantada com o lugar. A casa é simplesmente magnífica. É um ambiente bem familiar, ao redor da casa há uma grande varanda. Ao longe eu podia ver o lago, aqui também tem estábulo e pensar nos cavalos me deixou bem animada. Já cavalguei algumas vezes e é uma sensação tão boa, o motorista me ajudou a levar as coisas para dentro.
Logo foi cercada por empregados, um pegou a mala que eu carregava, o outro me levou até a sala e me fez sentar no sofá, enquanto tinha uma senhora me perguntando o que eu gostaria de comer ou beber. Cheguei a ficar tonta com tanta gente me cercando.
- Estou bem, obrigada. Não quero…
- Tem certeza? Fiz um bolo delicioso. - Ela insistiu. - A senhorita precisa se alimentar.
– Ela está tão magrinha. – Uma delas comentou.
No resto do dia foi assim, sempre tento uma delas atrás de mim me oferecendo algo ou me bajulando. Pedi para que elas me apresentassem a casa e assim foi, mas começou a ficar irritante. Por que preciso ter tanta gente para me servir? Não sou nenhuma princesa ou rainha.
Charles veio aparecer na parte da noite, ele não parecia estar de bom humor. Ele apareceu na sala colocando sua mala em cima da mesa e tirou alguns papéis de lá me entregando. Peguei os papéis e olhei para eles um pouco confusa.
– São os papéis confirmando que te darei os trezentos mil dólares.
Li os primeiros parágrafos.– Só vou receber o dinheiro depois que a criança nascer? - Perguntei um pouco nervosa só de imaginar esse tanto de dinheiro.
O dinheiro da clínica iria sair depois que confirmasse que estou realmente gravida. Com esses trezentos mil dólares só sai depois que tiver o bebê, terei que dar um jeito de conseguir mais dinheiro e mandar para minha mãe terminar seu tratamento.
Charles deu um sorriso debochado e isso me incomodou.
– Claro, é minha garantia que você não vai voltar para vida do bebê e terá alguma condição. Temos um acordo e depende mais de você para ganhar o dinheiro. – Ele suspirou como se soubesse algo de mim. – Tenta usar com sabedoria.
Ignorei ele. Li todos os papéis e assinei. Entreguei para Charles, mas esse humor dele está me dando nos nervos.
– Charles, acho que devemos sentar e conversar melhor. Assim podemos nos entender…
– Entender o quê? Você terá o dinheiro que tanto quer. É só cumprir o nosso acordo e daqui a nove meses terá mais dinheiro que recebeu da clínica. – Ele me olhou para mim com desdém. – Sei exatamente que tipo de mulher você é, mas reconheço ser uma mulher inteligente.
Um elogio? Nem fez cócegas. Ele deve pensar que sou uma interesseira. Mas discutir com um homem rico e metido que procurou uma clínica para ter filhos? Será que ele vai pelo menos se dedicar a essa criança? Charles esperou uma resposta minha. Talvez estivesse com respostas na ponta da língua para me atacar, mas não darei esse gostinho a ele.
Escolhi o silêncio e seu sorriso ficou maior. Como pode ser tão pobre por dentro?
P.V. CHARLESHoje Filipe tirou o dia para me encher o saco. Ele queria um neto e eu arranjei um para ele, por que tem que continuar me estressando? Precisei voltar cedo da casa de campo. Minha cabeça dói e com as reclamações do Filipe só piorou para mim. Tenho que conviver com aquela mulher até que o bebê nasça, pelo menos ela não fala pelos cotovelos. É uma interesseira, mas uma interesseira na dela. Quando cheguei em sua casa, apressei os passos para entrar logo. Me avisaram que ele estaria no escritório, nem para receber o próprio filho.Filipe estava fumando seu charuto e apagou assim que me viu. Já vejo que a conversa será longa, ele só apaga o charuto quando o assunto é sério e ele está pronto para falar. Coitado dos meus ouvidos. Sentei na cadeira em sua frente e massageei as têmporas.– Charles, não me venha com essa cara. – Sua testa levemente enrugada mostra sua tensão. – Que história é essa que terei um neto? – Ele perguntou.– Você queria e eu consegui. – Dou de ombros. –
P.V. ALINE Essa casa é tão grande e mesmo assim não tem nada para se fazer nela. Tenho passado boa parte do tempo no meu quarto, procurando até estudar um pouco, mas estou bem desanimada para isso. Sem foco no momento, cheguei a procurar alguns trabalhos home office, mas nada no momento. Nunca achei que na casa de rico seria tão tédio assim. Charles e eu não temos conversado muito e também não procuro ter contato com ele. Conversamos o necessário. Não quero me estressar com suas indiretas do que ele pensa que eu sou. É lindo, mas é um arrogante, metido e chato. Sair do meu quarto andando pela casa, os próprios empregados vão me deixando um pouco agoniada. Eu sei que é o trabalho deles, mas está sendo bem chato ter alguém atrás de mim toda hora querendo saber se estou bem ou se quer alguma coisa. Se fosse no mínimo de uma a uma hora, mas é de dez em dez minutos. Ou menos. Ontem eu cheguei a ir até os cavalos e acariciei alguns. São mais lindos do que os outros, mas ainda não cheguei
P.V. CHARLES GRANTComo podem ter aceitado a Aline na clínica? Essa mulher é uma louca! Deveria estar no hospício e não solta por aí. Ela ainda teve a coragem de me ameaçar a chutar minha bolas. É uma desbocada sem classe alguma. Além de ter me molhado. Eu tive o trabalho de vir resgatá-la do rio para ela fazer isso? Ah, se ela não tivesse carregando um filho meu.Mas ela ainda tem muito para ouvir. Vou atrás dela. Quem ela pensa que é para virar as costas para mim e me deixar falando sozinho? Eu sei muito bem que gravidez não é doença, mas tem que ter suas coisas e é algo que ela não está fazendo. E ainda está querendo ser médica. Atrás do espelho vi a Aline encostada quando a parede com a mão na barriga. Viu já está passando mal, vou até ela mais parei quando escutei o que ela disse.&nda
Acordei sentindo que passou um caminhão por cima de mim. Essa cama é maravilhosa, mas hoje parece que dormi em cima de uma pedra. Tenho ficado estressada facilmente e com sono, muito sono. Vou para o banheiro, preciso de um banho. Quem sabe não relaxa um pouco, eu demorei mais tempo que o necessário. Mas foi muito bom. Estou sentindo meu corpo pesado. Respirei fundo e coloquei uma roupa. Sai do quarto em passos lentos, o banho ajudou um pouco, mas não estou animada.– Oi, querida. – Matilde se aproximou de mim. – Você está bem?Sorri para ela.– Só estou um pouco desanimada, mas estou bem.– Posso fazer alguma coisa por você…– Aline. – Olhei pra trás. Charles vinha com uma bolsa em mãos. – Suba e troque de roupa. – Ele me entregou a bolsa. – Vamos andar a cavalo hoje.Olhei para ele não a
P.V. CHARLES GRANTHoje eu acordei mais cedo do que o normal. Estavam precisando de mim na empresa e não teria como faltar. Sim, eu estava pensando em faltar hoje para tentar me acertar com a Aline. Não consegui dormir direito ontem, pensando que poderia ter julgado ela mal. Eu estou incomodado por saber que ela está chateada comigo. Não acho que deveria estar me sentindo assim. Posso não conhecer ela direito, mas ela também não me conhece.Eu nunca me importei com o que os outros pensavam sobre mim, ainda mais aqueles que não me conhecem bem o suficiente para poder dizer alguma coisa, mas com Aline está sendo diferente. Não sei o quão bom isso é. É possível que eu esteja tendo algum sentimento por ela ou é apenas por causa
P.V. CHARLES GRANT– Você é muito engraçadinha não é Aline? Continua rindo aí, mas sabe o que você é? Uma insensível! Não vê que eu estou tentando consertar as coisas entre a gente. Continua aí com as suas provocações, mas eu tentei.– Ah, vai se fazer de vítima agora?– Vítima? Você é realmente uma insensível levei tempo para preparar tudo isso.– O máximo de tempo que você gastou foi esperar que fizesse isso por você e forrou o lençol no chão. E eu não sou mais insensível!– Não importa gastei meu tempo. – Já estamos aos gritos um com o outro. – Você é sim um insensível. Não vê os sentimentos das emoções dos outros. Aposto que é por isso que você está solteira até hoje. Quer dinheiro para quê? Pagar alguém para namorar contigo?– Pagar alguém para namorar comigo? – Ela riu, mas dessa vez um sorriso de deboche. – Eu aposto que já namorei mais do que você, riquinho mimado. Eu não preciso pagar ninguém para estar comigo e já você, eu não duvido. Não precisa estar cheio de grana para ter
P.V. ALINETerminei o meu café da manhã e juntei o que tinha sujado e fui até a pia para poder lavar. Eu mal abri a torneira e uma empregada da casa veio até mim. Respirei fundo, porque já sei o que iria acontecer. É só uma moça que eu poderia muito bem lavar.- Pode deixar que eu cuido disso, senhorita Aline. - Ela não deixou contrariar e começou a lavar a louça. - Você deseja mais alguma coisa? Quer comer algo?- Acabei de tomar o café da manhã.- Se quiser alguma fruta ou beber alguma coisa pode me avisar que pego para você.Apenas sorri em agradecimento e suspirei saindo da cozinha. Sei que ela não deixaria eu fazer nada ali e que esse é o trabalho dela, mas não posso negar que isso me estressa. Nessa casa deve ter uns sete empregados sem contar com a Matilde. A Matilde até dá para relevar, ela parece notar que eu não gosto muito de toda essa atenção e gente fazendo coisas para mim o tempo todo. Ao contrário dos outros, se eu respiro alto já tem um na minha cola e querendo saber s
P.V. CHARLES GRANTHoje faz quase duas semanas que Aline e eu não nos falamos. Não mandei os empregados voltarem, mas manteve a Matilde aqui. Depois das palavras da Aline me senti bem mal e ver a reação que causei nessa... É um sentimento que nunca senti. Fiquei uns dois dias sem voltar para casa de campo. Eu não queria vê-la chorar e ser o motivo. Sei bem que naquele dia quando ela saiu da cozinha, Aline se segurou para não chorar na minha frente.Isso me deixou pior.Não conseguia tirar essa imagem na cabeça. Na hora eu sabia que se falasse alguma coisa poderia ser interpretado mal e bem não sabia o que dizer para ela, mesmo que no fundo eu quisesse dizer alguma coisa. Algo que de algum jeito ela fosse se senti bem. Não queria vê-la daquele jeito. Não quero ser o motivo da sua tristeza. Matilde ouviu toda nossa discussão naquele dia e pediu para que eu ficasse quando fui em direção ao meu carro, eu só pedi para que ela cuidasse da Aline e fui embora.Voltei dois dias depois e mesmo