Capítulo 6

P.V. ALINE

Essa casa é tão grande e mesmo assim não tem nada para se fazer nela. Tenho passado boa parte do tempo no meu quarto, procurando até estudar um pouco, mas estou bem desanimada para isso. Sem foco no momento, cheguei a procurar alguns trabalhos home office, mas nada no momento. Nunca achei que na casa de rico seria tão tédio assim.

Charles e eu não temos conversado muito e também não procuro ter contato com ele. Conversamos o necessário. Não quero me estressar com suas indiretas do que ele pensa que eu sou. É lindo, mas é um arrogante, metido e chato. Sair do meu quarto andando pela casa, os próprios empregados vão me deixando um pouco agoniada. Eu sei que é o trabalho deles, mas está sendo bem chato ter alguém atrás de mim toda hora querendo saber se estou bem ou se quer alguma coisa. Se fosse no mínimo de uma a uma hora, mas é de dez em dez minutos. Ou menos.

Ontem eu cheguei a ir até os cavalos e acariciei alguns. São mais lindos do que os outros, mas ainda não cheguei a montar. Decidir sair de casa, o céu está muito lindo e bem iluminado e o sol brilha bem forte no alto. Hoje não iria chover com toda certeza, cheguei a conversar com a minha mãe pelo telefone. Foi uma conversa bem rápida, ela estava se sentindo cansada e isso me preocupou. Conversei com seus médicos e pedi para que começassem o tratamento. Meu coração se apertou mais uma vez porque não pude acompanhar de perto. Caminhei até o grande rio que tem ali perto. Aqui é realmente muito lindo e se minha família pudesse estar aqui eu ficaria bem feliz.

Porque infelizmente está sendo bem tedioso. Uma das empregadas falou que quando Charles era pequeno vivia tomando banho neste rio. Do jeito que ela me descreveu um Charles criança, eu pude notar que agora adulto é um Charles totalmente diferente. Se tornou um adulto amargo com a vida. Fiquei curiosa em saber o que o deixou desse jeito. A faculdade está me fazendo falta, sinto falta da Shari também, não temos mantido muito contato. Ainda mais com a rotina da faculdade e com muita dor no coração precisei trancar a minha.

Caminhei até o lado e me sentei perto. Fechei meus olhos sentindo o vento em meu rosto. Ainda bem que está ventando um pouco, porque está bem quente. Olhei para o lado novamente. Por que estou reclamando do calor se eu posso me refrescar? Estou com um vestido solto no corpo e que vai até a altura do joelho. Me levantei e fiz um copo no cabelo. Caminhei até a água e para minha surpresa até que estava tão gelada. Tinha alguns peixes que logo trataram de fugir. Com a água na altura da minha coxa me abaixei um pouco pegando em minha mão e passando pelo rosto.

– Você está louca?! – Tomei um susto caindo para frente. – Saia daí agora.

Mal me recuperei do susto e senti meu corpo sendo levantado. Charles me pegou no colo e começou a sair do lado. 

– Tira suas mãos de mim! – Bati no peito dele duas vezes. Ele ficou confuso e me colocou no chão. – O que você está fazendo?!

Ainda estamos no rio, a água batendo no tornozelo.

– Eu que pergunto. – Ele abriu os braços. – O que está fazendo nesse rio?

– Adivinha? – Perguntei debochada e ele apertou o olhar em minha direção. – Estou me refrescando!

Estou cansada desse homem.

– Ficou maluca?!

– Por que?

A gente já estava gritando um com o outro.

– Você está grávida, não pode ficar se arriscando desse jeito. Já fiquei sabendo que você estava no estábulo, o que tem na cabeça? Para você que tem as melhores notas na faculdade de medicina, me parece que estão faltando alguns neurônios aí.

– Me arriscando?! Sério? Fiz carinho em alguns cavalos…

– Poderia ter levado um coice.

– Estou apenas me refrescando no rio…

– As correntes podem te levar. Ou pior vou escorregar em alguma pedra ai e b**e a cabeça e a correnteza vai te levar.

Eu olhei para ele abismada.

– Você é louco.

Eu poderia até considerar que ele está preocupado comigo, mas com toda certeza é com o filho dele. Charles está vendo coisas e criando teorias totalmente loucas. Eu já estou com medo de ver como será a vida dessa criança. Tendo um pai louco como Charles. Por que com toda certeza o louco aqui é ele.

– Louca é você! Tanta coisa para fazer e você que fica em lugares que pode te matar.

– Ah, é? Então me diz uma coisa que posso fazer nesse lugar? – Ele pensou e nada disse. – Viu! Estou ficando sufocado nesse lugar e não faz nem uma semana. Eu tinha uma rotina antes e tudo mudou agora. As melhores coisas que se pode fazer nesse lugar não vou poder fazer?

– Não deveria está reclamando…

– Eu sei o que você pensa de mim e isso já está começando a me estressar. – Apontei o dedo em sua direção. – Se você me chamar de interesseira ou dar a entender… – Olhei ao redor e sorri. – Eu vou jogar água em você!

Charles está de terno. Ele tinha tirado os sapatos e meias e dobrando a calça para entrar, mas molhou um pouco da sua calça.

– Você não é nem louca. – Charles da um sorriso debochado. – Sua interesseira.

Meu sangue esquentou e peguei uma boa quantidade de água e joguei nele. Fiz isso duas vezes, molhando seu rosto e sua roupa.

– Sua filha da…

– Me xinga! Me xinga para você ver se não chuto suas bolas. – Ameacei ele.

Charles me olhou indignado. Minha raiva era tão grande que eu poderia ir para cima dele agora mesmo. Nunca briguei antes, principalmente com um homem que dá dois de mim, mas não deve ser tão difícil assim. Preciso acertar ele em pontos estratégicos e ele que será levado pelo rio.

– Você deveria estar internada em um hospício e não indo em uma clínica para ter um bebê.

– Não vou falar onde você deveria estar, porque eu respeito as pessoas mesmo que elas não mereçam.

– Você não é nem louca de falta com respeito a mim. E vou logo dizendo que não quero você no estábulo e muito menos aqui no rio.

– Deixa eu te dizer uma coisa, Charles Grant. – Olhei para ele. – Gravidez não é doença!

Sai dali batendo o pé com força como uma criança birrenta. Preciso me acalmar ou perco o dinheiro para o tratamento de minha mãe e vou parar na cadeia por matar esse empresario idiota. Coloquei a mão contra minha barriga quando entrei em casa.

– Por favor, não seja igual a ele. – Pedi. – Seja uma boa pessoa e procure conhecer os outros antes de julgar. Você também terá uma parte de mim também, mesmo que… seja dele. Eu vou está longe de você, mas saiba que estarei orgulhosa. Orgulhosa de ter gerado você.

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