P.V. CHARLES GRANT
– Senhor Grant, o senhor Filipe Grant está na linha. – Minha secretária aparece na porta e me avisa.
– Diga que estou ocupado. – Respondi sem tirar os olhos da tela do meu notebook.
– Ele insiste, senhor.
Suspirei.
– Pode passar a ligação.
Ela faz um aceno de cabeça concordando e sai da minha sala. Não estou nada empolgado para mais uma conversa com meu pai, o assunto será o mesmo. Ele precisa entender que a vida é minha e se quero ou não ter filhos é uma decisão minha e não dele. Reconheço que está ficando um velho manhoso, mas podia escolher outra pessoa para atormentar e não a mim. Levei o telefone a orelha e logo me arrependi de não ter inventado outra desculpa para não atender aquele telefone.
– Garoto, garoto, você por acaso acha que eu nasci ontem? – Ele começou a reclamar. – Acha mesmo? Sei que você está na empresa. Até porque você só sabe ficar nesse lugar.
– Que ironia, não? – Massageie as têmporas.
Passei boa parte da minha infância vendo meu pai sair pela manhã para trabalhar e indo dormir sem ele ter chegado, porque estava muito ocupado no trabalho. E seu trabalho também atrapalhou ele em aparecer nas reuniões da escola e brincar comigo nos finais de semana. Tudo em pró do trabalho.
– Deveria trabalhar menos.
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– Você deveria estar orgulhoso. – Relaxei na minha cadeira. – Estou seguindo os seus passos. Exatamente como você fez.
– E é rancoroso também. – Tenho certeza que ele revirou os olhos nesse momento. – Mas não foi para isso que liguei.
– Claro que não foi.
Meu pai nunca vai assumir que colocou seu trabalho em primeiro lugar em vez de sua família. Para ele era preciso ganhar dinheiro para que pudesse ter tudo que eu quisesse na hora que eu quisesse. Senti a falta dele, e muito, mas também nunca irei assumir. Agora que passou a empresa para mim, ele está querendo um neto para suprir esse desejo que não pode quando eu era criança. Acredito que isso seja de família.
Meu avô era bem parecido com meu pai e pelas as histórias que ouvi eles não são nada diferentes, mas ao contrário do meu avô, meu pai quer um neto para passar o tempo. Eu posso contar nos dedos quantas vezes vi meu avô. Ele não era fã de crianças. Para meu azar Filipe me liga duas vezes na semana e nas duas vezes ele vem falar sobre netos.
– Quero um neto. – Foi minha vez de revirar os olhos. – Você precisa de um herdeiro. Está ficando velho.
– Outras pessoas dirão que estou na flor da idade.
– Vinte e cinco anos já é um macaco velho. Eu quero um neto, Charles. – Ele exigiu. – Quanto antes tivermos uma criança nessa casa, tudo vai melhorar. Não se preocupe, eu irei criar a criança.
– Como se você tivesse alguma experiência com isso.
– Não seja abusado, garoto!
Passei a mão pelo rosto me segurando para não rir. Não tem como ficar estressado com ele, Filipe já testou minha paciência demais. Um neto agora estaria me salvando desse velho chato.
– Você está me deixando impaciente, então vou dar um jeito nisso para você.
– Me arrumando um outro encontro às cegas? – Faço uma careta.
Esse velho me fez ir a treze encontros só neste mês. Depois que deixou a empresa ele está com tempo demais para gastar. Todas mulheres vazias por dentro, apenas atrás de dinheiro. Sem valor nenhum para agregar.
– Sim, eu encontrei uma americana…
– Não perca seu tempo. – Interrompi ele. – Seu neto está a caminho.
– Você está falando sério, Charles Grant?!
– Sim, agora me deixa em paz com esses encontros sem futuro que você arranja para mim. – Pedi. – Daqui a nove meses você terá o seu neto.
Há um mês atrás entrei em contato com uma empresa que tem um banco de dados bem variados de barriga de aluguel. Não gostei de nenhuma que me mostram e disse que quero ser prioridade quando entrasse uma pessoa nova, ontem recebi o contato de Aline Carter. Os exames estão perfeitos, sua saúde está perfeita e o melhor de tudo está no período fertil. Eu tinha que oferecer um dinheiro a mais para conseguir ela, mas valeu a pena. Não podia deixar passar.
Ontem mesmo consegui todas informações possíveis para sua vida.
Olhei o relógio no meu pulso. Ela já deve está na clínica. Afastei minha cadeira e peguei o casaco do meu terno logo vestindo. Outra que está louca por dinheiro a ponto de ficar grávida de um desconhecido por isso. Agora resta aguentar essa mulher por nove meses.
[...]
Entrei na sala no exato momento que a doutora saiu da outra sala. Ela fez um aceno de cabeça.
– Está feito, senhor Grant.
– Perfeito. – Caminho até o sofá. – Obrigado pelo serviço.
Ela fez um aceno de cabeça novamente e saiu da sala. Ajeitei o terno em meu corpo antes de sentar. Esperei que Aline saísse para poder falar sobre minhas condições a ela. Antes do procedimento foi assinado o contrato, mas agora seria eu e ela. Quero deixar tudo às claras, não quero essa mulher aparecendo na minha do meu filho. Quando a porta foi aberta olhei com mais atenção a morena na minha frente.
Aline tem um rosto mais angelical. Parece uma menina indefesa e com certeza precisa dormir, mas isso não atrapalha a sua beleza. Ela tem 1,68 de altura. Seu cabelo é longo e vai até a cintura.
– Sente-se. – Ordenei.
Aline continuou me olhando. Só me falta ser uma fã louca, parece que vou ter dor de cabeça com essa mulher.
– Eu mandei sentar. – Chamei sua atenção. – É surda?
Ela pareceu voltar a si e sentou no sofá da minha frente. A decoração desse lugar é horrível. Tenho que reportar isso à direção, mas não faço questão de voltar aqui novamente. Filipe quer um neto? Ele terá, um só já o suficiente.
– Olá. – Sua voz é doce, como sua aparência. – Meu nome é…
– Aline Carter. – Interrompi ela. – Eu sei. Tem vinte e dois anos, é estudante de medicina e tem as melhores notas da turma. Faz estágio desde o segundo ano de faculdade.
Ela me olhou surpresa. Senti vontade de revirar os olhos.
– Hmm… – Ela engoliu em seco. – E sua esposa? – Ela perguntou e sorriu. – Onde ela está?
Fiquei olhando ela por um tempo. Não estava enganado sobre essa mulher, ela nem faz questão de saber quem eu sou. É claro que sabe. Ela quer confirmar se tenho alguém para poder assumir esse posto. É uma pobre coitada mesmo. Mas é esperta, pelo menos pelo histórico na faculdade.
– Serei pai solteiro. – Inclinei a cabeça para o lado. – Não quer saber quem é o pai do seu filho?
O sorriso dela sumiu. Gosto do jeito que consigo intimidar os outros.
– E quem é o senhor?
Espera. Ela não sabe quem eu sou mesmo? Ela realmente parecia sincera com sua pergunta.
– Você não sabe quem eu sou? – Precisei perguntar. Ela negou com a cabeça. – Em que planeta você vive?!
Aline levantou da cadeira e fechou as mãos em punho.
– Chega! Você podia ser menos mal educado. – Ela gritou comigo?! – Eu não sei quem é você. Mas sei que tem sido muito mal educado desde que te vi. E desculpa por está desse jeito, eu estou nervosa e você não está ajudando.
Continuei olhando para ela. Preciso me acalmar, essa mulher está carregando o meu filho e eu não posso estrangular ela. Pelo menos não agora.
– Senta.
Ela respirou fundo mais uma vez e sentou.
– Sou Charles Grant, CEO da empresa Granvel.
– Granvel? A marca do carro? Aquela Granvel?
Seus olhos estão arregalados e dá vontade de rir.
– Sim, aquela Granvel. – Tomei uma postura mais séria. – Você já assinou o contrato. Sabe o que tem que fazer, eu decidi que vou acompanhar a gravidez. No contrato está que não pode contar para ninguém e durante a gravidez ficará na minha casa de campo. – Olhei para ela. Aline me olhava com atenção. – Quero adicionar mais uma coisa no contrato. Eu te darei trezentos mil dólares para sumir da vida do meu filho depois do nascimento.
P.V. ALINE Ele realmente acabou de me oferecer trezentos mil dólares? E por acaso ele tem ideia de quanto é isso? É claro que ele tem ideia, não é nada para o seu bolso. Um trocado apenas, deve pensar que sou uma pobre coitada. Charles está me oferecendo $300000 para sumir da vida do bebê. Automaticamente coloquei a mão na barriga, mas logo disfarcei e coloquei a mão no meu colo. De qualquer jeito, o filho é dele. - Eu gostaria de falar com os meus pais antes de ir para sua casa de campo. - Percebi a expressão em seu rosto mudar e rapidamente completei. - Não vou contar nada sobre ser a barriga de aluguel. Só peço um tempo para poder me despedir. Cumprirei o contrato, pode ter certeza. Achei melhor seguirmos para o assunto principal. Até porque dinheiro eu não estou podendo recusar, mesmo não me sentindo nada bem em fazer isso. - Não tem necessidade para isso. - Ele se levantou e ajeitou a roupa em seu corpo. - Levante e vamos. O que tem de lindo, ele tem de arrogante. Senti meu
P.V. CHARLESHoje Filipe tirou o dia para me encher o saco. Ele queria um neto e eu arranjei um para ele, por que tem que continuar me estressando? Precisei voltar cedo da casa de campo. Minha cabeça dói e com as reclamações do Filipe só piorou para mim. Tenho que conviver com aquela mulher até que o bebê nasça, pelo menos ela não fala pelos cotovelos. É uma interesseira, mas uma interesseira na dela. Quando cheguei em sua casa, apressei os passos para entrar logo. Me avisaram que ele estaria no escritório, nem para receber o próprio filho.Filipe estava fumando seu charuto e apagou assim que me viu. Já vejo que a conversa será longa, ele só apaga o charuto quando o assunto é sério e ele está pronto para falar. Coitado dos meus ouvidos. Sentei na cadeira em sua frente e massageei as têmporas.– Charles, não me venha com essa cara. – Sua testa levemente enrugada mostra sua tensão. – Que história é essa que terei um neto? – Ele perguntou.– Você queria e eu consegui. – Dou de ombros. –
P.V. ALINE Essa casa é tão grande e mesmo assim não tem nada para se fazer nela. Tenho passado boa parte do tempo no meu quarto, procurando até estudar um pouco, mas estou bem desanimada para isso. Sem foco no momento, cheguei a procurar alguns trabalhos home office, mas nada no momento. Nunca achei que na casa de rico seria tão tédio assim. Charles e eu não temos conversado muito e também não procuro ter contato com ele. Conversamos o necessário. Não quero me estressar com suas indiretas do que ele pensa que eu sou. É lindo, mas é um arrogante, metido e chato. Sair do meu quarto andando pela casa, os próprios empregados vão me deixando um pouco agoniada. Eu sei que é o trabalho deles, mas está sendo bem chato ter alguém atrás de mim toda hora querendo saber se estou bem ou se quer alguma coisa. Se fosse no mínimo de uma a uma hora, mas é de dez em dez minutos. Ou menos. Ontem eu cheguei a ir até os cavalos e acariciei alguns. São mais lindos do que os outros, mas ainda não cheguei
P.V. CHARLES GRANTComo podem ter aceitado a Aline na clínica? Essa mulher é uma louca! Deveria estar no hospício e não solta por aí. Ela ainda teve a coragem de me ameaçar a chutar minha bolas. É uma desbocada sem classe alguma. Além de ter me molhado. Eu tive o trabalho de vir resgatá-la do rio para ela fazer isso? Ah, se ela não tivesse carregando um filho meu.Mas ela ainda tem muito para ouvir. Vou atrás dela. Quem ela pensa que é para virar as costas para mim e me deixar falando sozinho? Eu sei muito bem que gravidez não é doença, mas tem que ter suas coisas e é algo que ela não está fazendo. E ainda está querendo ser médica. Atrás do espelho vi a Aline encostada quando a parede com a mão na barriga. Viu já está passando mal, vou até ela mais parei quando escutei o que ela disse.&nda
Acordei sentindo que passou um caminhão por cima de mim. Essa cama é maravilhosa, mas hoje parece que dormi em cima de uma pedra. Tenho ficado estressada facilmente e com sono, muito sono. Vou para o banheiro, preciso de um banho. Quem sabe não relaxa um pouco, eu demorei mais tempo que o necessário. Mas foi muito bom. Estou sentindo meu corpo pesado. Respirei fundo e coloquei uma roupa. Sai do quarto em passos lentos, o banho ajudou um pouco, mas não estou animada.– Oi, querida. – Matilde se aproximou de mim. – Você está bem?Sorri para ela.– Só estou um pouco desanimada, mas estou bem.– Posso fazer alguma coisa por você…– Aline. – Olhei pra trás. Charles vinha com uma bolsa em mãos. – Suba e troque de roupa. – Ele me entregou a bolsa. – Vamos andar a cavalo hoje.Olhei para ele não a
P.V. CHARLES GRANTHoje eu acordei mais cedo do que o normal. Estavam precisando de mim na empresa e não teria como faltar. Sim, eu estava pensando em faltar hoje para tentar me acertar com a Aline. Não consegui dormir direito ontem, pensando que poderia ter julgado ela mal. Eu estou incomodado por saber que ela está chateada comigo. Não acho que deveria estar me sentindo assim. Posso não conhecer ela direito, mas ela também não me conhece.Eu nunca me importei com o que os outros pensavam sobre mim, ainda mais aqueles que não me conhecem bem o suficiente para poder dizer alguma coisa, mas com Aline está sendo diferente. Não sei o quão bom isso é. É possível que eu esteja tendo algum sentimento por ela ou é apenas por causa
P.V. CHARLES GRANT– Você é muito engraçadinha não é Aline? Continua rindo aí, mas sabe o que você é? Uma insensível! Não vê que eu estou tentando consertar as coisas entre a gente. Continua aí com as suas provocações, mas eu tentei.– Ah, vai se fazer de vítima agora?– Vítima? Você é realmente uma insensível levei tempo para preparar tudo isso.– O máximo de tempo que você gastou foi esperar que fizesse isso por você e forrou o lençol no chão. E eu não sou mais insensível!– Não importa gastei meu tempo. – Já estamos aos gritos um com o outro. – Você é sim um insensível. Não vê os sentimentos das emoções dos outros. Aposto que é por isso que você está solteira até hoje. Quer dinheiro para quê? Pagar alguém para namorar contigo?– Pagar alguém para namorar comigo? – Ela riu, mas dessa vez um sorriso de deboche. – Eu aposto que já namorei mais do que você, riquinho mimado. Eu não preciso pagar ninguém para estar comigo e já você, eu não duvido. Não precisa estar cheio de grana para ter
P.V. ALINETerminei o meu café da manhã e juntei o que tinha sujado e fui até a pia para poder lavar. Eu mal abri a torneira e uma empregada da casa veio até mim. Respirei fundo, porque já sei o que iria acontecer. É só uma moça que eu poderia muito bem lavar.- Pode deixar que eu cuido disso, senhorita Aline. - Ela não deixou contrariar e começou a lavar a louça. - Você deseja mais alguma coisa? Quer comer algo?- Acabei de tomar o café da manhã.- Se quiser alguma fruta ou beber alguma coisa pode me avisar que pego para você.Apenas sorri em agradecimento e suspirei saindo da cozinha. Sei que ela não deixaria eu fazer nada ali e que esse é o trabalho dela, mas não posso negar que isso me estressa. Nessa casa deve ter uns sete empregados sem contar com a Matilde. A Matilde até dá para relevar, ela parece notar que eu não gosto muito de toda essa atenção e gente fazendo coisas para mim o tempo todo. Ao contrário dos outros, se eu respiro alto já tem um na minha cola e querendo saber s