Capítulo 3

P.V. CHARLES GRANT

– Senhor Grant, o senhor Filipe Grant está na linha. – Minha secretária aparece na porta e me avisa.

– Diga que estou ocupado. – Respondi sem tirar os olhos da tela do meu notebook.

– Ele insiste, senhor.

Suspirei.

– Pode passar a ligação.

Ela faz um aceno de cabeça concordando e sai da minha sala. Não estou nada empolgado para mais uma conversa com meu pai, o assunto será o mesmo. Ele precisa entender que a vida é minha e se quero ou não ter filhos é uma decisão minha e não dele. Reconheço que está ficando um velho manhoso, mas podia escolher outra pessoa para atormentar e não a mim. Levei o telefone a orelha e logo me arrependi de não ter inventado outra desculpa para não atender aquele telefone.

– Garoto, garoto, você por acaso acha que eu nasci ontem? – Ele começou a reclamar. – Acha mesmo? Sei que você está na empresa. Até porque você só sabe ficar nesse lugar.

– Que ironia, não? – Massageie as têmporas.

Passei boa parte da minha infância vendo meu pai sair pela manhã para trabalhar e indo dormir sem ele ter chegado, porque estava muito ocupado no trabalho. E seu trabalho também atrapalhou ele em aparecer nas reuniões da escola e brincar comigo nos finais de semana. Tudo em pró do trabalho.

– Deveria trabalhar menos.

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– Você deveria estar orgulhoso. – Relaxei na minha cadeira. – Estou seguindo os seus passos. Exatamente como você fez.

– E é rancoroso também. – Tenho certeza que ele revirou os olhos nesse momento. – Mas não foi para isso que liguei.

– Claro que não foi.

Meu pai nunca vai assumir que colocou seu trabalho em primeiro lugar em vez de sua família. Para ele era preciso ganhar dinheiro para que pudesse ter tudo que eu quisesse na hora que eu quisesse. Senti a falta dele, e muito, mas também nunca irei assumir. Agora que passou a empresa para mim, ele está querendo um neto para suprir esse desejo que não pode quando eu era criança. Acredito que isso seja de família.

Meu avô era bem parecido com meu pai e pelas as histórias que ouvi eles não são nada diferentes, mas ao contrário do meu avô, meu pai quer um neto para passar o tempo. Eu posso contar nos dedos quantas vezes vi meu avô. Ele não era fã de crianças. Para meu azar Filipe me liga duas vezes na semana e nas duas vezes ele vem falar sobre netos.

– Quero um neto. – Foi minha vez de revirar os olhos. – Você precisa de um herdeiro. Está ficando velho.

– Outras pessoas dirão que estou na flor da idade.

– Vinte e cinco anos já é um macaco velho. Eu quero um neto, Charles. – Ele exigiu. – Quanto antes tivermos uma criança nessa casa, tudo vai melhorar. Não se preocupe, eu irei criar a criança.

– Como se você tivesse alguma experiência com isso.

– Não seja abusado, garoto!

Passei a mão pelo rosto me segurando para não rir. Não tem como ficar estressado com ele, Filipe já testou minha paciência demais. Um neto agora estaria me salvando desse velho chato.

– Você está me deixando impaciente, então vou dar um jeito nisso para você.

– Me arrumando um outro encontro às cegas? – Faço uma careta.

Esse velho me fez ir a treze encontros só neste mês. Depois que deixou a empresa ele está com tempo demais para gastar. Todas mulheres vazias por dentro, apenas atrás de dinheiro. Sem valor nenhum para agregar.

– Sim, eu encontrei uma americana…

– Não perca seu tempo. – Interrompi ele. – Seu neto está a caminho.

– Você está falando sério, Charles Grant?!

– Sim, agora me deixa em paz com esses encontros sem futuro que você arranja para mim. – Pedi. – Daqui a nove meses você terá o seu neto.

Há um mês atrás entrei em contato com uma empresa que tem um banco de dados bem variados de barriga de aluguel. Não gostei de nenhuma que me mostram e disse que quero ser prioridade quando entrasse uma pessoa nova, ontem recebi o contato de Aline Carter. Os exames estão perfeitos, sua saúde está perfeita e o melhor de tudo está no período fertil. Eu tinha que oferecer um dinheiro a mais para conseguir ela, mas valeu a pena. Não podia deixar passar.

Ontem mesmo consegui todas informações possíveis para sua vida.

Olhei o relógio no meu pulso. Ela já deve está na clínica. Afastei minha cadeira e peguei o casaco do meu terno logo vestindo. Outra que está louca por dinheiro a ponto de ficar grávida de um desconhecido por isso. Agora resta aguentar essa mulher por nove meses.

[...]

Entrei na sala no exato momento que a doutora saiu da outra sala. Ela fez um aceno de cabeça.

– Está feito, senhor Grant.

– Perfeito. – Caminho até o sofá. – Obrigado pelo serviço.

Ela fez um aceno de cabeça novamente e saiu da sala. Ajeitei o terno em meu corpo antes de sentar. Esperei que Aline saísse para poder falar sobre minhas condições a ela. Antes do procedimento foi assinado o contrato, mas agora seria eu e ela. Quero deixar tudo às claras, não quero essa mulher aparecendo na minha do meu filho. Quando a porta foi aberta olhei com mais atenção a morena na minha frente.

Aline tem um rosto mais angelical. Parece uma menina indefesa e com certeza precisa dormir, mas isso não atrapalha a sua beleza. Ela tem 1,68 de altura. Seu cabelo é longo e vai até a cintura.

– Sente-se. – Ordenei.

Aline continuou me olhando. Só me falta ser uma fã louca, parece que vou ter dor de cabeça com essa mulher. 

– Eu mandei sentar. – Chamei sua atenção. – É surda?

Ela pareceu voltar a si e sentou no sofá da minha frente. A decoração desse lugar é horrível. Tenho que reportar isso à direção, mas não faço questão de voltar aqui novamente. Filipe quer um neto? Ele terá, um só já o suficiente.

– Olá. – Sua voz é doce, como sua aparência. – Meu nome é…

– Aline Carter. – Interrompi ela. – Eu sei. Tem vinte e dois anos, é estudante de medicina e tem as melhores notas da turma. Faz estágio desde o segundo ano de faculdade.

Ela me olhou surpresa. Senti vontade de revirar os olhos.

– Hmm… – Ela engoliu em seco. – E sua esposa? – Ela perguntou e sorriu. – Onde ela está?

Fiquei olhando ela por um tempo. Não estava enganado sobre essa mulher, ela nem faz questão de saber quem eu sou. É claro que sabe. Ela quer confirmar se tenho alguém para poder assumir esse posto. É uma pobre coitada mesmo. Mas é esperta, pelo menos pelo histórico na faculdade.

– Serei pai solteiro. – Inclinei a cabeça para o lado. – Não quer saber quem é o pai do seu filho?

O sorriso dela sumiu. Gosto do jeito que consigo intimidar os outros.

– E quem é o senhor?

Espera. Ela não sabe quem eu sou mesmo? Ela realmente parecia sincera com sua pergunta.

– Você não sabe quem eu sou? – Precisei perguntar. Ela negou com a cabeça. – Em que planeta você vive?!

Aline levantou da cadeira e fechou as mãos em punho.

– Chega! Você podia ser menos mal educado. – Ela gritou comigo?! – Eu não sei quem é você. Mas sei que tem sido muito mal educado desde que te vi. E desculpa por está desse jeito, eu estou nervosa e você não está ajudando.

Continuei olhando para ela. Preciso me acalmar, essa mulher está carregando o meu filho e eu não posso estrangular ela. Pelo menos não agora.

– Senta.

Ela respirou fundo mais uma vez e sentou.

– Sou Charles Grant, CEO da empresa Granvel.

– Granvel? A marca do carro? Aquela Granvel?

Seus olhos estão arregalados e dá vontade de rir.

– Sim, aquela Granvel. – Tomei uma postura mais séria. – Você já assinou o contrato. Sabe o que tem que fazer, eu decidi que vou acompanhar a gravidez. No contrato está que não pode contar para ninguém e durante a gravidez ficará na minha casa de campo. – Olhei para ela. Aline me olhava com atenção. – Quero adicionar mais uma coisa no contrato. Eu te darei trezentos mil dólares para sumir da vida do meu filho depois do nascimento.

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