Parte 2Catarina Marchetti Enquanto carregava as caixas, senti o peso físico e emocional da mudança iminente. Alexandre estava se mudando para o meu apartamento, um passo significativo na nossa jornada juntos. Eu olhava para ele com gratidão enquanto ele se esforçava para agradar o meu pai, mesmo percebendo a tensão entre os dois.A relação com Alexandre havia se aprofundado, e ele se tornara mais do que apenas um parceiro romântico; ele era um apoio constante. Ele já havia conhecido a minha família, enfrentando a desaprovação do meu pai, mas sempre demonstrando um caráter admirável. Eu sabia que estava com alguém especial.Enquanto nós organizavamos o novo espaço que compartilhariam, a ausência de Dante ecoava. Não havia notícias dele há mais de seis meses, desde aquela despedida dolorosa na casa da tia Gia. Eu me pegava pensando nele às vezes, mas a presença calorosa de Alexandre me fazia afastar tais pensamentos.A vida tinha mudado desde que Alexandre apareceu. Eu não frequentava
Catarina MarchettiEu estava imersa na agitação do restaurante, servindo mesas e coordenando a equipe, quando meu pai adentrou o estabelecimento. Nossos olhares se cruzaram e, com um gesto sutil, ele me chamou para um canto.— Filha, amanhã o restaurante será dedetizado, e eu preciso que você vá até a casa de apostas entregar as chaves para o Dante depois de fechar aqui. Ele ficará responsável por abrir e acompanhar o serviço. — ele me explicou, com uma expressão séria.Eu, surpresa com a responsabilidade inesperada, assenti, tentando esconder a tensão que começava a se acumular. Eu mal via Dante ultimamente, e as poucas interações que tínhamos eram curtas e formais. Enquanto caminhava em direção à casa de apostas, os pensamentos tumultuavam na minha mente. Havia uma lacuna desconfortável entre eu e Dante, uma distância que crescia a cada dia.Ao chegar à casa de apostas, percebi que está fechada. Rapidamente, tirei o celular da bolsa e mandei uma mensagem para Dante, informando que e
Catarina MarchettiTrimmmm-trimmmmMeu Deus, quem está ligando uma hora dessas?! Abro os olhos preguiçosamente e olho para o celular onde está escrito na tela o nome da minha nonna, Maria, mas estou tão cansada que desligo o celular e volto a dormir. Posso falar com ela depois. Depois de finalmente conseguir descansar, levanto e vou tomar um banho quente para relaxar e tirar toda a maquiagem da noite anterior. Sinto meu estômago reclamar de fome e desço para tomar café e encontro minha mãe séria sentada à mesa, assoprando uma xícara de chá, ainda de pijama, vejo que ela está com os olhos vermelhos e uma expressão triste.— Bom dia mãe, o que aconteceu? — Catarina, sente aqui minha filha, precisamos conversar — olho para ela, e me preocupo com seu tom de voz, mas a obedeço e sento de frente para ela — Seu pai me ligou agora a pouco, infelizmente sua nonna faleceu, meu amor. Nesse momento, meus olhos se enchem de lágrimas e só consigo olhar para minha mãe, que se levanta e me abraça.
Dante Baldini Todos estávamos muito chocados e tristes com a notícia do falecimento da Dona Maria. Ela era uma mãe para todos da máfia, e eu cresci comendo os queijos que ela fazia enquanto meu pai trabalhava para seu marido e depois para Dom Nero.A noite estava agitada na sede da família Marchetti, muitas conversas e o som suave de uma música italiana melancólica tocando ao fundo, segui até a cozinha onde os homens do conselho estavam debatendo o que será feito agora:— Nero, me escuta meu irmão, o pai não pode ficar nessa casa enorme somente com empregados. A mãe se foi, e ele precisa de alguém da família junto. Alguém tem que levar ele para casa. — Dizia o o Vincente, filho mais velho de Dom Leone, para seu irmão.Peguei um copo me servi de whisk e sentei na banqueta arrás de Vincente. Fiquei quieto observando os irmãos Marchetti discutirem o que irão fazer com o acamado pai. — Essa é a casa dele, ele já perdeu a mama, não perderá também o seu lar. Vamos dar um jeito, revezamos
Catarina MarchettiEu estava na sala, cumprimentando a todos e percebi que os olhos daquele cara não paravam de me seguir.— Catarina, essa aqui é a minha cunhada Cecília, ela é dois anos mais velha que você, vocês vão se dar muito bem! — disse minha tia Gia, enquanto uma menina que parecia ser bem mais nova que eu me cumprimentava.— Oi! Meus pêsames pela sua nonna, mas eu estou muito feliz que você está aqui, sempre quis te conhecer! Seu pai fala muito de você — disse toda sorridente.— Obrigada! Espero que ele fale bem — dei uma risadinha enquanto tentava disfarçar o olhar para o canto da sala.Pelo jeito eu não disfarcei muito bem, por que minha tia se virou olhando na mesma direção que eu, e questionou:— O que você tanto olha para lá?— Tem um cara que desde que eu cheguei não para de me olhar. Quem é ele?— O Dante? É meu irmão! — disse Cecília encarando ele de volta.Ele percebeu que todas estávamos falando dele, e levantou e voltou para a cozinha. — Sério? Vocês tem que me a
Dante BaldiniNós sentamos a mesa quadrada de jogos e eu fiz questão de sentar em frente a Catarina. Tirei uma nota de 10 do bolso e coloquei a mesa, e logo todos fizeram o mesmo. Eu não estava pensando em tirar dinheiro de ninguém, e por isso mesmo que nunca jogava com a minha família, eu sou acostumado a jogar em mesas rolando dinheiro alto, e eu sempre ganho. — Você sabe como o jogo funciona Cat? Se quiser eu te ensino, você não vai achar melhor professor aqui. — e eu tinha muitas coisas que queria ensiná-la mesmo. Ela deu uma meio sorriso.— Pode ficar tranquilo, eu sei direitinho como se joga. Começamos a jogar, uma rodada atrás da outra e por incrível que pareça a Catarina estava levando todas. Não é possível, agora virou pessoal. Chega de ser bonzinho, vou mostrar a ela como se joga. — Essa é a última rodada, você está indo bem até. Vamos colocar um pouco de emoção nessa rodada e apostar mais alto. — tirei uma pulseira de ouro, que deveria valer uns 50 mil no mínimo. Pensei
Catarina MarchettiOs dias passavam na pacata fazenda da família Marchetti, enquanto eu sonhava acordada com o Dante. Eu estava adorando passar o tempo com meu pai, meu nonno e a minha família, me aproximando e conhecendo mais as minhas origens. O cheiro da terra, o som dos pássaros e as risadas de fundo eram a trilha sonora da sua vida. No entanto, um pensamento persistente me acompanhava, e eu não conseguia tirar da mente a ideia de encontrar o Dante novamente, eu tinha um favor para cobrar e um jantar para combinar.Uma manhã de sábado, enquanto observava o horizonte se colorir com tons alaranjados, tomei uma decisão. Pelo visto, ele não bateria à minha porta, era necessário ir ao encontro dele. Eu sabia que ele estava trabalhando, gerenciando as corridas e as apostas e que os cavalos eram a sua paixão, então era hora de agir.Encontrei meu pai conversando com Adolfo Donato, seu braço direito e segurança.— Oi pai, oi Adolfo! Viu, queria falar algo contigo, pai. — Fale minha princ
Dante BaldiniO sol lançava raios dourados sobre a varanda onde nós nos encontrávamos naquele fim de tarde. Eu mexia seu copo de whisk enquanto observava Catarina, a mulher que havia conhecido recentemente. Nós estávamos sentados em uma mesa, esperando meu irmão e minha cunhada. Enquanto ela falava animadamente sobre sua vida, eu percebi algo intrigante nela.Era a teimosia. A mesma teimosia que eu costumava ver no pai dela. Aquele olhar determinado, que insistia em enfrentar desafios e não aceitar um "não" como resposta. Eu notei que ela compartilhava essa característica com seu pai, algo que eu admirava profundamente.Ela estava contando uma história sobre como havia conseguido uma bolsa de estudos para a faculdade de direito lá no Brasil, lutando contra todas as probabilidades. Seu rosto brilhava de orgulho, e sua voz transmitia uma paixão palpável. Eu não conseguia evitar sorrir enquanto a ouvia falar. Eu admirei ela ir para esse lado, levando em consideração a vida criminosa que s