6. Power over me

Dante Baldini

O sol lançava raios dourados sobre a varanda onde nós nos encontrávamos naquele fim de tarde. Eu mexia seu copo de whisk enquanto observava Catarina, a mulher que havia conhecido recentemente. Nós estávamos sentados em uma mesa, esperando meu irmão e minha cunhada. Enquanto ela falava animadamente sobre sua vida, eu percebi algo intrigante nela.

Era a teimosia. A mesma teimosia que eu costumava ver no pai dela. Aquele olhar determinado, que insistia em enfrentar desafios e não aceitar um "não" como resposta. Eu notei que ela compartilhava essa característica com seu pai, algo que eu admirava profundamente.

Ela estava contando uma história sobre como havia conseguido uma bolsa de estudos para a faculdade de direito lá no Brasil, lutando contra todas as probabilidades. Seu rosto brilhava de orgulho, e sua voz transmitia uma paixão palpável. Eu não conseguia evitar sorrir enquanto a ouvia falar. Eu admirei ela ir para esse lado, levando em consideração a vida criminosa que sua família vivia.

Ela me contou que ainda não havia dito para o pai o curso que escolhera, por que sabia que ele não ia gostar muito, mas ela não tinha medo, já estava decidida. Ela era muito destemida em relação ao pai, ou apenas confiante demais. Aquele homem botava medo em qualquer um, menos nela. Isso era raro, e me fazia querer conhecê-la mais profundamente.

Conforme a conversa fluía, eu comecei a fazer mais perguntas sobre a vida de Catarina, querendo descobrir mais sobre essa teimosia encantadora. Eu queria entender o que a impulsionava, o que a fazia ser tão fascinante e como sua relação com seu pai influenciava tudo isso.

Ela ficou um tempo em silêncio, observando os cavalos serem guardados nas canchas e as pessoas se retirarem.

— Dante, aquele cavalo… que você disse que estava machucado, o que aconteceu? Ele parecia importante para você.

— Ele foi um presente do seu pai. — eu peguei meu celular e procurei uma foto que tinha Dom Nero ao lado de uma égua. — essa aqui do lado do seu pai, era a Parda, uma égua que vencia todas as corridas. Era a melhor que tinha, teu pai colocou para dar cria, e me deu o filho dela, o Ventania. E ele puxou a mãe, não perdia uma. Até que ele se machucou, e agora não tem mais a velocidade de antes. Ele é especial, não só por ter sido campeão, mas pela sua origem. Eu admiro muito o seu pai, eu cresci ouvindo as pessoas elogiarem ele e o respeitarem. Ganhar um presente desse vale muito para mim.

— Eu estava pensando, e se eu comprasse? Eu posso ver que ele significa muito pra você, e saber que ele era do meu pai, faz significar muito para mim também.

— Mas você vai fazer o que com ele? Você vai embora daqui uns dias já. — me toquei que estava acabando meu tempo com ela aqui, e ansiava por mais.

— Eu sei, mas eu sempre gostei de cavalos e sonhei em ter um, só que nunca tive a chance. Eu posso comprar, e deixo aqui no meu pai, ele não vai dizer não, e quando eu vier de férias novamente eu aproveito ele aqui.

— Se teu pai concordar… eu ficaria feliz em fazer negócios com você. — ela se ajeitou na cadeira, com os ombros em cima da mesa e apoiou o rosto com a mão.

— E eu tive uma ideia. Eu vi que ele é importante para você também. Então você poderia cuidá-lo para mim enquanto eu não estiver. Na verdade, vou precisar de mais do que isso. Eu não sei cuidar de um cavalo, muito menos eu sei andar! — ela deu um riso provocativo — talvez eu precise que você me ensine.

— Eu acho que posso te ensinar a cavalgar. — quando falei isso, vi que seu rosto corou. O duplo sentido na frase foi proposital, por que eu realmente adoraria vê-la cavalgar, ainda mais em cima de mim.

Aquela mulher era cheia de surpresas. Eu ainda não acredito que ela comprou meu cavalo, e ainda me pediu para ensiná-la a montar. Eu estava louco para isso mas ficava com medo de não me segurar se ficasse mais tempo com ela sozinho.

Parecia que eu não estava pensando direito, por que mesmo sabendo que não posso tê-la, questionei se nosso jantar poderia ser amanhã em minha casa. E ela concordou.

Eu estava decidido a fazer uma janta memorável para Catarina. Eu queria impressioná-la, mas havia um pequeno problema: eu não tinha habilidades culinárias. Então, decidi recorrer à minha cunhada, Gia, que era conhecida por suas habilidades na cozinha.

— Gia, preciso de um favor seu, mas você não pode comentar com ninguém. Catarina vai jantar lá em casa hoje a noite, eu disse que iria fazer uma janta mas não sei nem por onde começar. — eu disse nervoso, estava tenso de ela relembrar que eu não deveria estar fazendo aquilo, mas para minha surpresa, ela me abriu um sorriso e levantou uma sobrancelha.

— Aí aí Dante! Eu ajudo, mas depois você vai ter que se resolver com seu irmão! Ele me mata se souber que estou ajudando o irmão e a sobrinha dele escondido.

—Tá bom, eu me viro com isso. Você vai lá em casa as 18, nós começamos a fazer e depois você vai embora. Pensei em fazer um porceddu com alguma salada.

— Se você quer assar um leitão inteiro, nós temos que começar agora já!

Eu estava ocupado na cozinha, preparando o porco conforme a Gia me instruía. O aroma delicioso do jantar italiano enchia a casa, criando um ambiente acolhedor e romântico. Eu estava nervoso, mas ansioso para surpreender Catarina com meu esforço.

Enquanto finalizava os detalhes do prato principal, eu ouvi a porta se abrir. Para sua surpresa, em vez de Catarina, foi o pai dela, Dom Nero, quem entrou na cozinha. Eu e Gia ficamos momentaneamente sem palavras, sem saber o que fazer.

— Ah o que temos aqui? Vocês estão fazendo um verdadeiro banquete, e esqueceram de me chamar é?! — Nero caminhava pela cozinha observando os pratos que já estavam quase prontos.

— Meu irmão, nós estamos fazendo uma janta normal, nada demais. O que você faz aqui? —Gia de adiantou, tentando dirfarçar.

— Eu vim falar com o Dante, temos que resolver umas coisas a respeito da casa de apostas. Mas pelo jeito vou ficar para jantar também, adoro um bom porceddu italiano!

Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Catarina chegaria a qualquer momento, e agora seu pai decidiu que iria jantar ali. Era mais um alerta de que eu não deveria estar me metendo com essa menina.

Gia serviu Dom Nero com um whisk e se aproximou cochichando no meu ouvido:

— Tenta disfarçar, eu vou chamar o Marco para vir também, e fingimos que é uma janta em família normal!

E lá se foi minha chance de me aproximar de Catarina!

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo