Dante Baldini
O sol lançava raios dourados sobre a varanda onde nós nos encontrávamos naquele fim de tarde. Eu mexia seu copo de whisk enquanto observava Catarina, a mulher que havia conhecido recentemente. Nós estávamos sentados em uma mesa, esperando meu irmão e minha cunhada. Enquanto ela falava animadamente sobre sua vida, eu percebi algo intrigante nela.Era a teimosia. A mesma teimosia que eu costumava ver no pai dela. Aquele olhar determinado, que insistia em enfrentar desafios e não aceitar um "não" como resposta. Eu notei que ela compartilhava essa característica com seu pai, algo que eu admirava profundamente.Ela estava contando uma história sobre como havia conseguido uma bolsa de estudos para a faculdade de direito lá no Brasil, lutando contra todas as probabilidades. Seu rosto brilhava de orgulho, e sua voz transmitia uma paixão palpável. Eu não conseguia evitar sorrir enquanto a ouvia falar. Eu admirei ela ir para esse lado, levando em consideração a vida criminosa que sua família vivia.Ela me contou que ainda não havia dito para o pai o curso que escolhera, por que sabia que ele não ia gostar muito, mas ela não tinha medo, já estava decidida. Ela era muito destemida em relação ao pai, ou apenas confiante demais. Aquele homem botava medo em qualquer um, menos nela. Isso era raro, e me fazia querer conhecê-la mais profundamente.Conforme a conversa fluía, eu comecei a fazer mais perguntas sobre a vida de Catarina, querendo descobrir mais sobre essa teimosia encantadora. Eu queria entender o que a impulsionava, o que a fazia ser tão fascinante e como sua relação com seu pai influenciava tudo isso.Ela ficou um tempo em silêncio, observando os cavalos serem guardados nas canchas e as pessoas se retirarem.— Dante, aquele cavalo… que você disse que estava machucado, o que aconteceu? Ele parecia importante para você.— Ele foi um presente do seu pai. — eu peguei meu celular e procurei uma foto que tinha Dom Nero ao lado de uma égua. — essa aqui do lado do seu pai, era a Parda, uma égua que vencia todas as corridas. Era a melhor que tinha, teu pai colocou para dar cria, e me deu o filho dela, o Ventania. E ele puxou a mãe, não perdia uma. Até que ele se machucou, e agora não tem mais a velocidade de antes. Ele é especial, não só por ter sido campeão, mas pela sua origem. Eu admiro muito o seu pai, eu cresci ouvindo as pessoas elogiarem ele e o respeitarem. Ganhar um presente desse vale muito para mim.— Eu estava pensando, e se eu comprasse? Eu posso ver que ele significa muito pra você, e saber que ele era do meu pai, faz significar muito para mim também.— Mas você vai fazer o que com ele? Você vai embora daqui uns dias já. — me toquei que estava acabando meu tempo com ela aqui, e ansiava por mais.— Eu sei, mas eu sempre gostei de cavalos e sonhei em ter um, só que nunca tive a chance. Eu posso comprar, e deixo aqui no meu pai, ele não vai dizer não, e quando eu vier de férias novamente eu aproveito ele aqui.— Se teu pai concordar… eu ficaria feliz em fazer negócios com você. — ela se ajeitou na cadeira, com os ombros em cima da mesa e apoiou o rosto com a mão.— E eu tive uma ideia. Eu vi que ele é importante para você também. Então você poderia cuidá-lo para mim enquanto eu não estiver. Na verdade, vou precisar de mais do que isso. Eu não sei cuidar de um cavalo, muito menos eu sei andar! — ela deu um riso provocativo — talvez eu precise que você me ensine.— Eu acho que posso te ensinar a cavalgar. — quando falei isso, vi que seu rosto corou. O duplo sentido na frase foi proposital, por que eu realmente adoraria vê-la cavalgar, ainda mais em cima de mim.Aquela mulher era cheia de surpresas. Eu ainda não acredito que ela comprou meu cavalo, e ainda me pediu para ensiná-la a montar. Eu estava louco para isso mas ficava com medo de não me segurar se ficasse mais tempo com ela sozinho.Parecia que eu não estava pensando direito, por que mesmo sabendo que não posso tê-la, questionei se nosso jantar poderia ser amanhã em minha casa. E ela concordou. Eu estava decidido a fazer uma janta memorável para Catarina. Eu queria impressioná-la, mas havia um pequeno problema: eu não tinha habilidades culinárias. Então, decidi recorrer à minha cunhada, Gia, que era conhecida por suas habilidades na cozinha.— Gia, preciso de um favor seu, mas você não pode comentar com ninguém. Catarina vai jantar lá em casa hoje a noite, eu disse que iria fazer uma janta mas não sei nem por onde começar. — eu disse nervoso, estava tenso de ela relembrar que eu não deveria estar fazendo aquilo, mas para minha surpresa, ela me abriu um sorriso e levantou uma sobrancelha.— Aí aí Dante! Eu ajudo, mas depois você vai ter que se resolver com seu irmão! Ele me mata se souber que estou ajudando o irmão e a sobrinha dele escondido.—Tá bom, eu me viro com isso. Você vai lá em casa as 18, nós começamos a fazer e depois você vai embora. Pensei em fazer um porceddu com alguma salada.— Se você quer assar um leitão inteiro, nós temos que começar agora já!Eu estava ocupado na cozinha, preparando o porco conforme a Gia me instruía. O aroma delicioso do jantar italiano enchia a casa, criando um ambiente acolhedor e romântico. Eu estava nervoso, mas ansioso para surpreender Catarina com meu esforço.Enquanto finalizava os detalhes do prato principal, eu ouvi a porta se abrir. Para sua surpresa, em vez de Catarina, foi o pai dela, Dom Nero, quem entrou na cozinha. Eu e Gia ficamos momentaneamente sem palavras, sem saber o que fazer.— Ah o que temos aqui? Vocês estão fazendo um verdadeiro banquete, e esqueceram de me chamar é?! — Nero caminhava pela cozinha observando os pratos que já estavam quase prontos.— Meu irmão, nós estamos fazendo uma janta normal, nada demais. O que você faz aqui? —Gia de adiantou, tentando dirfarçar.— Eu vim falar com o Dante, temos que resolver umas coisas a respeito da casa de apostas. Mas pelo jeito vou ficar para jantar também, adoro um bom porceddu italiano!Eu não estava acreditando no que estava acontecendo. Catarina chegaria a qualquer momento, e agora seu pai decidiu que iria jantar ali. Era mais um alerta de que eu não deveria estar me metendo com essa menina.Gia serviu Dom Nero com um whisk e se aproximou cochichando no meu ouvido:— Tenta disfarçar, eu vou chamar o Marco para vir também, e fingimos que é uma janta em família normal!E lá se foi minha chance de me aproximar de Catarina!Catarina MarchettiO meu coração batia descompassadamente enquanto eu me olhava no espelho. Meus olhos refletiam um misto de empolgação e ansiedade. Finalmente, o tão esperado jantar a sós com Dante estava prestes a acontecer. Eu sentia borboletas no estômago, as mãos tremiam ligeiramente, e uma sensação de alegria me invadia.Havia passado horas escolhendo o vestido perfeito. Queria que tudo estivesse impecável. O vestido preto elegante que realçava meu corpo, um leve toque de maquiagem, e o cabelo perfeitamente penteado. Eu não queria parecer que estava tentando demais, mas ao mesmo tempo, queria impressionar Dante. "Respire fundo, Catarina" disse a mim mesma.Enquanto me olhava uma última vez no espelho, pensei em como conheci Dante, como nossos olhares se cruzaram e eu senti uma conexão instantânea. Desde então, não parava de pensar nele e neste jantar que prometia ser diferente, mais íntimo.Ao chegar à casa de Dante, eu hesitei por um momento antes de tocar a campainha. Ele aten
Dante BaldiniEu acordei lembrando a noite anterior. Eu tinha planejado um encontro tranquilo, onde nós poderíamos conversar e aproveitarmos a companhia um do outro, mas as coisas não saíram como esperava.No começo, eu fiquei um pouco desconcertado com a presença do pai de Catarina. Eu estava preocupado que a noite fosse estragar o ambiente mais íntimo que ele tinha em mente, ou que o pai dela percebesse o que ele tinha intencionado. No entanto, à medida que a noite avançava, percebi que a presença de Dom Nero não era um obstáculo, mas uma oportunidade. Eu não sabia direito o que estava acontecendo, o que eu sentia pela Catarina, mas ficar com ela e a sua família parecia certo. E eu só conseguia pensar nisso.Eu ansiava por vê-la novamente, mas desta vez, queria que fosse apenas nós dois, sem surpresas inesperadas. Eu sabia que não deveria fazer isso, sabia que não ia conseguir enrolar meu casamento por muito tempo, e que se alguém descobrisse que eu estava com a Catarina, eu seria um
Catarina MarchettiEu estava tentando prestar atenção no filme que passava na televisão, mas meu coração batia descompassado, e eu não conseguia evitar a sensação de nervosismo que me dominava. Dante estava deitado quase colado em mim, mais perto do que nunca, e isso me deixava completamente desconcertada.Eu nunca tinha sentido algo assim por alguém, uma mistura de ansiedade e excitação que me consumia. Eu estava inquieta, me ajeitei na cama e senti ele pressionando minha bunda.De repente, senti uma mão me puxar enquanto ele disse algo que não entendi. Quando me virei, ele colou seus lábios no meu, e eu logo correspondi, meu corpo estava em êxtase. O beijo foi intenso e cheio de promessas, como se ambos estivéssemos mergulhando em um território desconhecido. Eu fechei meus olhos, entregando-me ao momento, esquecendo completamente o filme que ainda passava na tela. A sensação dos lábios de Dante contra os meus me envolvia, fazendo com que todo o nervosismo desaparecesse.Ele se afa
Dante BaldiniEu nem acreditava que aquilo tinha acontecido. Estava em êxtase pela noite que passei com a Catarina, o corpo dela suado por cima do meu, seu gosto na minha boca, e inacreditavelmente ela era virgem mesmo! Eu nunca tinha ficado com uma mulher assim, era tão apertada, e saber que ela só foi minha tinha outro valor. Mas aquilo não poderia ter acontecido, eu sei os problemas que pode trazer. E enquanto eu levava ela de volta para cada eu não conseguia evitar pensar no que aconteceria se alguém descobrisse sobre nós. Ele estava noivo, Catarina era filha do homem que ele mais respeitava no mundo e esse relacionamento clandestino poderia destruir vidas e relacionamentos. Eu queria gritar para o mundo o quanto a desejava, mas a realidade da situação nos mantinha em um manto de sigilo.Eu dirigia tenso, meu rosto chegava a doer de tanta tensão, minha mente se dividia entre a felicidade por estar com ela e a apreensão sobre as mensagens que recebi de Cecília. O que essa maledett
Catarina Marchetti Despertei lentamente, os olhos piscando à medida que a luz da manhã invadia meu quarto. Minha tia, Gia, estava sentada à beira da cama, com uma expressão preocupada.— Bom dia, você pode me explicar o que aconteceu ontem à noite?Esfreguei os olhos e sentei-me na cama, tentando lembrar dos eventos da noite anterior. Meu rosto corou instantaneamente ao recordar a noite mágica que passei com Dante.— Ah tia! Você não acredita! Eu sai escondido e passei a noite com o Dante! — falei baixinho sorrindo de orelha a orelha.— Eu sei muito bem disso Catarina, acordei com uma mensagem da Cecília no meu celular falando para eu manter a vagabunda da minha sobrinha longe do irmão dela. — ela me mostrou a tela do celular.Eu franzi a testa enquanto lia a mensagem. A mensagem estava repleta de xingamentos e acusações, “vagabunda” era elogio perto do que ela tinha escrito. Fiquei chocada, lembrando da confusão que ela arrumou de madrugada com o irmão, e com raiva por ela estar se
Dante BaldiniEu estava absorto em meus próprios pensamentos quando ouvi a notícia. Eu havia sido frio e grosso com Catarina, magoando profundamente seus sentimentos, acreditando que isso a afastaria. Mas agora, ao saber que ela estava de mudança para a mesma cidade, meu coração disparou, e senti um misto de choque e confusão.Eu havia imaginado que, com ela indo embora, seria mais fácil esquecê-la, enterrar as lembranças e superar o que haviamos compartilhado. Porém, a realidade era diferente, e eu não sabia como seria capaz de lidar com a proximidade constante de alguém que mexia tanto com meus sentimentos.Além disso, um medo me atormentava: e se Catarina decidisse contar para alguém sobre o que aconteceu? Eu não estava preparado para enfrentar a exposição pública de seus segredos e as consequências que isso traria, e essa perspectiva me deixava ainda mais inquieto diante da decisão de Catarina de se mudar para a Itália.Alguns dias se passaram, e eu tentava não pensar muito, mergul
Catarina MarchettiDurante o almoço com meu pai, olhei para ele ansiosa, e disse:— Pai, acho que está na hora de eu ir para o Brasil buscar as minhas coisas.Ele assentiu, mas com uma expressão preocupada.— Você sabe como sua mãe se sente em relação a isso, Catarina. Ela não está muito feliz com a ideia de você se mudar. Quando eu liguei para conversar com ela sobre isso, ela surtou brigando comigo. Eu te apoio mas você vai ter que resolver isso com ela.Eu suspirei, compreendendo a preocupação da minha mãe. Nesse momento, a tia Gia entrou na sala, ouvindo a conversa.— Bem, por que não deixamos que eu e o Marco vamos junto com Catarina? Podemos conversar com a sua mãe, tranquilizá-la e assumir a responsabilidade por você aqui.Olhei surpresa para minha tia, agradecida pela proposta. Meu pai sorriu, concordando. — Isso pode ser uma boa ideia. Vai tornar as coisas mais fáceis.— Então está decidido, amanhã vamos todos juntos convencer sua mãe! — ela estava determinada.Durante o voo
Dante BaldiniEu me encontrava em um dilema interno, imerso em pensamentos tumultuados sobre o casamento que minha mãe estava ansiosamente organizando. Embora a tradição e as expectativas familiares pesassem sobre meus ombros, uma sombra de desânimo obscurecia minha alma.Caminhando pelos corredores frios da mansão, os ecos dos preparativos nupciais penetravam meus ouvidos, aumentando minha sensação de aprisionamento. Eu me perguntava se o matrimônio deveria ser uma celebração do amor ou uma transação social, uma aliança costurada pelos interesses da família.Ao contemplar a mulher que seria minha futura esposa, senti uma falta flagrante de conexão. A frieza nos olhos dela refletia a ausência de entusiasmo compartilhado, e isso deixava um gosto amargo em minha boca. O casamento parecia ser mais uma formalidade vazia do que uma celebração de união verdadeira.Apesar disso, eu tentava persuadir a mim mesmo de que essa era a decisão correta. A voz da minha mãe ressoava em minha mente, i