5. Eyes on you

Catarina Marchetti

Os dias passavam na pacata fazenda da família Marchetti, enquanto eu sonhava acordada com o Dante. Eu estava adorando passar o tempo com meu pai, meu nonno e a minha família, me aproximando e conhecendo mais as minhas origens. O cheiro da terra, o som dos pássaros e as risadas de fundo eram a trilha sonora da sua vida. No entanto, um pensamento persistente me acompanhava, e eu não conseguia tirar da mente a ideia de encontrar o Dante novamente, eu tinha um favor para cobrar e um jantar para combinar.

Uma manhã de sábado, enquanto observava o horizonte se colorir com tons alaranjados, tomei uma decisão. Pelo visto, ele não bateria à minha porta, era necessário ir ao encontro dele. Eu sabia que ele estava trabalhando, gerenciando as corridas e as apostas e que os cavalos eram a sua paixão, então era hora de agir.

Encontrei meu pai conversando com Adolfo Donato, seu braço direito e segurança.

— Oi pai, oi Adolfo! Viu, queria falar algo contigo, pai.

— Fale minha principessa — disse meu pai, me abraçando e me encaminhando pelos jardins, era muito bom caminhar assim só eu e ele.

— Sabe a corrida que vai ter hoje a tarde? Eu adoraria assistir.

— Bambina, as corridas de cavalos não são um ambiente apropriada para uma jovem como você, a casa de apostas fica cheia e agitada, com malandros bebados e se aproveitando com as putas de lá. Eu não acho uma boa ideia você ir filha.

— Mas pai, eu me comporto, fico quietinha em um canto assistido. — eu sabia como ganhar meu pai, e sabia que ele acabaria cedendo, se eu fosse esperta. — e outra, o Dante não está lá?! Ele pode ficar de olho em mim, assim você não terá com o que se preocupar. — percebi que sua postura mudou.

— Bom, isso é verdade! Vamos fazer assim, eu vou avisá-lo e seus tios Março e Gia vão com você também. Mas por favor, se comporte, eu estou cedendo por que te amo.

— eu sei pai, eu te amo muito, obrigada! — dei um beijo nele e me afastei, para voltar a casa e me arrumar.

— Catarina! — ele me chamou, e eu me virei.— não vai perder dinheiro nas apostas em!

— Nunca pai! Eu nasci para ganhar! — ele deu risada, e eu sai.

A ansiedade me consumia, mas a ideia de assistir à corrida era empolgante. Eu me imaginava nas arquibancadas, torcendo pelo vencedor, e talvez, quem sabe, cruzando olhares com alguém especial.

À medida que se aproximava a hora da corrida, eu não conseguia pensar em outra coisa. Eu passou horas escolhendo meu vestido e cuidando de cada detalhe.

Meus tios chegaram e entramos no carro. No caminho, eu estava ansiosa para contar para ela tudo o que eu estava pensando, aproveitar esse curto tempo que só estávamos eu, ela e meu tio.

— Catarina, estou tão animada para a corrida! Você vai amar, é muito emocionante!

— eu tenho certeza que é! E Gia, eu preciso contar uma coisa pra vocês, Dante me chamou para jantar!

Meu tio Marco, que geralmente era mais quieto e muito cauteloso com as palavras, voltou a atenção para mim.

— Como assim jantar? Só vocês dois?

— Marco, meu amor, você precisa prestar mais atenção no seu irmão. Ele não tira os olhos da Catarina, você não percebeu como ele está diferente desde que ela chegou? Ele está fazendo de tudo para ficar por perto.

— Eu percebi, mas não tinha entendido que era por causa dela. Ele não é louco de se meter com a filha do Nero, ainda mais agora que ele já está comprometido! — ouvir aquelas palavras me deu um aperto no coração. Por mais que eu não tivesse nada com o Dante, imaginar ele com outra não me agradava nenhum pouco.

— Marco, eles são jovens, e a Catarina já vai embora daqui uns dias, deixa ela aproveitar.

Meu tio ficou quieto mas a sua cara transparecia sua insatisfação com a situação. Eu escolhi ignorar por enquanto isso. Minha tia estava certa, eu iria embora daqui a uns dias, não tinha por que criar caso, além do mais eu só estava flertando com o Dante, nunca estive com um homem e não seria agora que iria mudar isso.

Seguimos a viagem em silêncio, mas minha tia se mostrava animada. Chegamos e encontramos um bom lugar nas arquibancadas, eu estava ansiosa para que o evento começasse. O som dos cascos dos cavalos ecoou no ar, e a adrenalina tomou conta de todos os presentes.

Eu assisti às corridas com entusiasmo, mas quem eu realmente procurava ainda não havia surgido. Eu estava prestes a desistir da ideia de vê-lo, quando a penúltima corrida foi anunciada. Os cavalos se alinharam na pista, e a emoção era palpável.

Enquanto os cavalos disparavam pela reta final, algo chamou a minha atenção. Logo atrás das canchas, Dante estava acariciando um cavalo, e parecia conversar com ele. Ele levantou a cabeça e seus olhos me encontraram, ele parecia triste e aquilo aguçou a minha curiosidade. O que será que aconteceu?

Ele guardou o cavalo e veio até a gente.

—Catarina! Que surpresa você aqui. Veio perder dinheiro— e deu um sorriso malicioso pra mim.

— Não mesmo, vim empolgada para ganhar. Acho que vou apostar no cavalo “Trovão”, gostei do nome.

— Se eu fosse você eu iria no da cancha 3, ele é meu e a vitória já está certa.

— Hummm não muito obrigada, confio na minha intuição. — dei uma nota de 50 para meu tio, e ele foi fazer a aposta.

— Tudo bem, só não diga que não te avisei.

A corrida finalmente começou, e paguei pela minha teimosia. O cavalo de adiante venceu, ele estava com um sorriso de orelha a orelha, eu nem conseguia ficar triste por ter perdido dinheiro, ver ele assim já me bastava.

— Vamos lá, quer tirar uma foto com o campeão? — eu sabia que ele estava me provocando.

— Claro, eu reconheço minha derrota.

Descemos até os cavalos, e tiramos uma foto com o cavalo que ganhou. Após isso, ele começou a conversar com meu tio, e eu fiquei atenta escutando.

— Dante, o Ventania melhorou? — meu tio apontava para o cavalo que eu tinha visto antes com o Dante.

— Melhorou, mas não vai mais poder competir. Não sei o que fazer, esses últimos dias fiquei envolvido tentando fazer ele evoluir, mas as sequelas não deixam ele fazer o mesmo tempo de antes. Dom Nero me disse para sacrificá-lo, se ele não compete só gera prejuízos aqui. Eu até tentei vender para alguém, por que você sabe como ele é importante pra mim, mas ninguém quer comprar um cavalo que não tem chance de ganhar nada.

Então era isso que estava abatendo ele e fez ele ficar sumido por esses dias. Então, eu vi a oportunidade de me aproximar ainda mais dele.

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