Catarina Marchetti
Eu estava na sala, cumprimentando a todos e percebi que os olhos daquele cara não paravam de me seguir.— Catarina, essa aqui é a minha cunhada Cecília, ela é dois anos mais velha que você, vocês vão se dar muito bem! — disse minha tia Gia, enquanto uma menina que parecia ser bem mais nova que eu me cumprimentava.— Oi! Meus pêsames pela sua nonna, mas eu estou muito feliz que você está aqui, sempre quis te conhecer! Seu pai fala muito de você — disse toda sorridente.— Obrigada! Espero que ele fale bem — dei uma risadinha enquanto tentava disfarçar o olhar para o canto da sala.Pelo jeito eu não disfarcei muito bem, por que minha tia se virou olhando na mesma direção que eu, e questionou:— O que você tanto olha para lá?— Tem um cara que desde que eu cheguei não para de me olhar. Quem é ele?— O Dante? É meu irmão! — disse Cecília encarando ele de volta.Ele percebeu que todas estávamos falando dele, e levantou e voltou para a cozinha.— Sério? Vocês tem que me apresentar ele, tem algo nele diferente.— Ahimè! Não vai me dizer que você se interessou por ele? Já pode tirar seu cavalinho da chuva por que ele já está comprometido, e teu pai não gostaria de você perto de alguém como ele.— olhei para ela estranhando o por que disso— ele é um grosso, é tipo a ovelha negra da família, não socializa com ninguém!Ouvindo isso me deu um aperto no coração em saber que outra pessoa já o pertence, mas ao mesmo tempo dentro de mim cresceu algo que me dizia que eu preciso me aproximar dele.Minha tia parece que leu meus pensamentos, me olhando desconfiada e então tratou de mudar de assunto.O tempo voou enquanto o sol se pôs, pintando o cel com tons de laranja e rosa. À medida que a noite se instalava, as pessoas iam se retirando, sobrando apenas eu e meu nonno, e um turbilhão de pensamentos e sentimentos que vinham a tona sobre aquele dia e sobre como seria meus dias aqui.Acordei cedo, fui ver meu nonno que estava na sala em sua cadeira de rodas assistindo televisão. Pelas sequelas do tiro que levou a muito tempo, ele já não se comunicava mais ou se mexia sozinho, mas dava para ver em seu semblante a tristeza que a falta da minha nonna trazia.Falei com ele sobre a minha viagem, sobre como estava feliz em vê-lo e como tinha ficado intrigada com o tal Dante. Ele me olhava e eu sei que estava me escutando e me entendendo. Como eu queria que ele pudesse me responder!—Buongiorno mia principessa! Buongiorno pai!—Bom dia pai!Observei que ele estava acompanhado da minha madrasta Elma e de meus irmãos, Raul e Renzo. Não contive a careta quando vi que eles não cumprimentaram meu nonno ou nem fizeram questão da sua presença ali.— Hoje iremos almoçar na tua tia Gis. Vamos conosco?— Pai, não vai caber nós todos no carro, pode ir na frente que eu vou com o nonno e com o motorista logo depois.Corri me arrumar, na esperança de ver um certo alguém lá. Quando desci dei de cara com o Dante, empurrando a cadeira do meu nonno para a entrada.— Oi! Você que vai nos levar? — falei, observando seus braços musculosos por baixo da camisa preta.— Olá Catarina, teu pai me pediu para dar carona para vocês, podemos ir?Assenti e o segui até o carro. Meu nonno foi no banco da frente que era mais espaçoso, enquanto eu sentei no meio do branco de trás.Durante o trajeto, senti um silêncio estranho e percebi que ele olhava para mim de cinco em cinco minutos através do retrovisor.— Você pode aumentar o ar condicionado aqui? Está tão quente! — eu não sabia se a temperatura ambiente estava tão alta, ou se era meu próprio corpo que estava fervendo por ser olhada tão indiscretamente.— Já está no máximo. Acho que você vai ter que tirar essa roupa.Eu sei que ele não falou nesse sentido, mas na hora imaginei ele tirando a minha roupa e passando a mão pelo meu corpo.Mas enfim, realmente errei na escolha da roupa, eu estava com uma camisa de manga longa branca e uma calça bege, e o clima italiano estava mais quente que o previsto.Chegamos na casa da minha tia, e pude ver que estava toda a minha família ali. Cheguei suando e perguntei se a minha tia não poderia me emprestar algo mais leve. Ela então me emprestou um vestido de alcinhas azul, que tinha um decote que valorizava os meus seios. Me senti linda mas ao mesmo tempo insegura de usar algo tão aberto assim.Quando voltei a sala com a nova roupa, o Dante veio até mim e disse:—Essa roupa ficou bem melhor ragazza, você deveria usar mais!Virou as costas e saiu. Não é possível que esse clima esteja só na minha cabeça, tenho certeza que ele está dando em cima de mim.Fui em direção a minha tia e finalmente desabafei:— Eu não entendo o que esse cara tem, mas juro pra você que quando o vi eu casava com ele na hora.— Eu acho que não foi só você que sentiu isso, ele não para de te cercar. Mas não comenta isso com a Cecília, ela é muito ciumenta com os irmãos. E além do mais, flertar não é crime. Logo você vai voltar para o Brasil, aproveita enquanto está aqui.Minha tia não era considerada um bom exemplo pelo meu pai, ela era bem doidinha e era isso o que eu mais gostava nela. Sabia que eu poderia falar o que fosse, que ela jamais me julgaria e ainda me ajudaria a burlar qualquer regra.— Vamos aproveitar que o Marco está fazendo almoço e vamos jogar uma canastra. Pessoal, quem quer jogar com a gente?— Só se for valendo— prontamente respondeu Dante.— Finalmente vou ter a chance de ganhar de você cunhadinho! Catarina está fazendo milagres mesmo, até fazer você jogar com a tua família.Ele se endireitou e vi que ficou com tanta vergonha quanto eu. Minha tia conseguia ser inconveniente quando queria, e no fundo eu me divertia com isso.Dante BaldiniNós sentamos a mesa quadrada de jogos e eu fiz questão de sentar em frente a Catarina. Tirei uma nota de 10 do bolso e coloquei a mesa, e logo todos fizeram o mesmo. Eu não estava pensando em tirar dinheiro de ninguém, e por isso mesmo que nunca jogava com a minha família, eu sou acostumado a jogar em mesas rolando dinheiro alto, e eu sempre ganho. — Você sabe como o jogo funciona Cat? Se quiser eu te ensino, você não vai achar melhor professor aqui. — e eu tinha muitas coisas que queria ensiná-la mesmo. Ela deu uma meio sorriso.— Pode ficar tranquilo, eu sei direitinho como se joga. Começamos a jogar, uma rodada atrás da outra e por incrível que pareça a Catarina estava levando todas. Não é possível, agora virou pessoal. Chega de ser bonzinho, vou mostrar a ela como se joga. — Essa é a última rodada, você está indo bem até. Vamos colocar um pouco de emoção nessa rodada e apostar mais alto. — tirei uma pulseira de ouro, que deveria valer uns 50 mil no mínimo. Pensei
Catarina MarchettiOs dias passavam na pacata fazenda da família Marchetti, enquanto eu sonhava acordada com o Dante. Eu estava adorando passar o tempo com meu pai, meu nonno e a minha família, me aproximando e conhecendo mais as minhas origens. O cheiro da terra, o som dos pássaros e as risadas de fundo eram a trilha sonora da sua vida. No entanto, um pensamento persistente me acompanhava, e eu não conseguia tirar da mente a ideia de encontrar o Dante novamente, eu tinha um favor para cobrar e um jantar para combinar.Uma manhã de sábado, enquanto observava o horizonte se colorir com tons alaranjados, tomei uma decisão. Pelo visto, ele não bateria à minha porta, era necessário ir ao encontro dele. Eu sabia que ele estava trabalhando, gerenciando as corridas e as apostas e que os cavalos eram a sua paixão, então era hora de agir.Encontrei meu pai conversando com Adolfo Donato, seu braço direito e segurança.— Oi pai, oi Adolfo! Viu, queria falar algo contigo, pai. — Fale minha princ
Dante BaldiniO sol lançava raios dourados sobre a varanda onde nós nos encontrávamos naquele fim de tarde. Eu mexia seu copo de whisk enquanto observava Catarina, a mulher que havia conhecido recentemente. Nós estávamos sentados em uma mesa, esperando meu irmão e minha cunhada. Enquanto ela falava animadamente sobre sua vida, eu percebi algo intrigante nela.Era a teimosia. A mesma teimosia que eu costumava ver no pai dela. Aquele olhar determinado, que insistia em enfrentar desafios e não aceitar um "não" como resposta. Eu notei que ela compartilhava essa característica com seu pai, algo que eu admirava profundamente.Ela estava contando uma história sobre como havia conseguido uma bolsa de estudos para a faculdade de direito lá no Brasil, lutando contra todas as probabilidades. Seu rosto brilhava de orgulho, e sua voz transmitia uma paixão palpável. Eu não conseguia evitar sorrir enquanto a ouvia falar. Eu admirei ela ir para esse lado, levando em consideração a vida criminosa que s
Catarina MarchettiO meu coração batia descompassadamente enquanto eu me olhava no espelho. Meus olhos refletiam um misto de empolgação e ansiedade. Finalmente, o tão esperado jantar a sós com Dante estava prestes a acontecer. Eu sentia borboletas no estômago, as mãos tremiam ligeiramente, e uma sensação de alegria me invadia.Havia passado horas escolhendo o vestido perfeito. Queria que tudo estivesse impecável. O vestido preto elegante que realçava meu corpo, um leve toque de maquiagem, e o cabelo perfeitamente penteado. Eu não queria parecer que estava tentando demais, mas ao mesmo tempo, queria impressionar Dante. "Respire fundo, Catarina" disse a mim mesma.Enquanto me olhava uma última vez no espelho, pensei em como conheci Dante, como nossos olhares se cruzaram e eu senti uma conexão instantânea. Desde então, não parava de pensar nele e neste jantar que prometia ser diferente, mais íntimo.Ao chegar à casa de Dante, eu hesitei por um momento antes de tocar a campainha. Ele aten
Dante BaldiniEu acordei lembrando a noite anterior. Eu tinha planejado um encontro tranquilo, onde nós poderíamos conversar e aproveitarmos a companhia um do outro, mas as coisas não saíram como esperava.No começo, eu fiquei um pouco desconcertado com a presença do pai de Catarina. Eu estava preocupado que a noite fosse estragar o ambiente mais íntimo que ele tinha em mente, ou que o pai dela percebesse o que ele tinha intencionado. No entanto, à medida que a noite avançava, percebi que a presença de Dom Nero não era um obstáculo, mas uma oportunidade. Eu não sabia direito o que estava acontecendo, o que eu sentia pela Catarina, mas ficar com ela e a sua família parecia certo. E eu só conseguia pensar nisso.Eu ansiava por vê-la novamente, mas desta vez, queria que fosse apenas nós dois, sem surpresas inesperadas. Eu sabia que não deveria fazer isso, sabia que não ia conseguir enrolar meu casamento por muito tempo, e que se alguém descobrisse que eu estava com a Catarina, eu seria um
Catarina MarchettiEu estava tentando prestar atenção no filme que passava na televisão, mas meu coração batia descompassado, e eu não conseguia evitar a sensação de nervosismo que me dominava. Dante estava deitado quase colado em mim, mais perto do que nunca, e isso me deixava completamente desconcertada.Eu nunca tinha sentido algo assim por alguém, uma mistura de ansiedade e excitação que me consumia. Eu estava inquieta, me ajeitei na cama e senti ele pressionando minha bunda.De repente, senti uma mão me puxar enquanto ele disse algo que não entendi. Quando me virei, ele colou seus lábios no meu, e eu logo correspondi, meu corpo estava em êxtase. O beijo foi intenso e cheio de promessas, como se ambos estivéssemos mergulhando em um território desconhecido. Eu fechei meus olhos, entregando-me ao momento, esquecendo completamente o filme que ainda passava na tela. A sensação dos lábios de Dante contra os meus me envolvia, fazendo com que todo o nervosismo desaparecesse.Ele se afa
Dante BaldiniEu nem acreditava que aquilo tinha acontecido. Estava em êxtase pela noite que passei com a Catarina, o corpo dela suado por cima do meu, seu gosto na minha boca, e inacreditavelmente ela era virgem mesmo! Eu nunca tinha ficado com uma mulher assim, era tão apertada, e saber que ela só foi minha tinha outro valor. Mas aquilo não poderia ter acontecido, eu sei os problemas que pode trazer. E enquanto eu levava ela de volta para cada eu não conseguia evitar pensar no que aconteceria se alguém descobrisse sobre nós. Ele estava noivo, Catarina era filha do homem que ele mais respeitava no mundo e esse relacionamento clandestino poderia destruir vidas e relacionamentos. Eu queria gritar para o mundo o quanto a desejava, mas a realidade da situação nos mantinha em um manto de sigilo.Eu dirigia tenso, meu rosto chegava a doer de tanta tensão, minha mente se dividia entre a felicidade por estar com ela e a apreensão sobre as mensagens que recebi de Cecília. O que essa maledett
Catarina Marchetti Despertei lentamente, os olhos piscando à medida que a luz da manhã invadia meu quarto. Minha tia, Gia, estava sentada à beira da cama, com uma expressão preocupada.— Bom dia, você pode me explicar o que aconteceu ontem à noite?Esfreguei os olhos e sentei-me na cama, tentando lembrar dos eventos da noite anterior. Meu rosto corou instantaneamente ao recordar a noite mágica que passei com Dante.— Ah tia! Você não acredita! Eu sai escondido e passei a noite com o Dante! — falei baixinho sorrindo de orelha a orelha.— Eu sei muito bem disso Catarina, acordei com uma mensagem da Cecília no meu celular falando para eu manter a vagabunda da minha sobrinha longe do irmão dela. — ela me mostrou a tela do celular.Eu franzi a testa enquanto lia a mensagem. A mensagem estava repleta de xingamentos e acusações, “vagabunda” era elogio perto do que ela tinha escrito. Fiquei chocada, lembrando da confusão que ela arrumou de madrugada com o irmão, e com raiva por ela estar se