Capítulo 2. O professor.

Ahmed tinha trinta e cinco anos, um homem conhecido por ser humilde, apenas um professor da universidade mista da Arábia Saudita, enquanto Malika, Malika vive no luxo de sua família, como uma princesa, jovem e comprometida aos vinte anos de idade.

— Então me dê um motivo para fazer isso, se tem tanta certeza que fui eu! — pediu ela, reunindo coragem para se defender, diante do homem que era apaixonada.

— Se fosse por paixão, eu não teria feito isso, teria o seduzido antes, teria feito tudo acontecer diferente. Eu não sou burra! — alterada o fitou de forma assassina mesmo entre lágrimas.

— Mais você sabia que eu não cairia nos seus encantos, você é jovem demais para mim. — agora Ahmed parecia frio.

— Grr! — grunhiu irritada.

— Pense o que quiser! — ela disse por fim, procurando suas roupas.

— Onde pensa que vai? — ele saiu da cama, sem se importar com a nudez.

— Embora! — respondeu Malika, não deixaria ser vista como fraca.

Recolheu suas roupas apressadamente, mas sentiu ser agarrada pelo braço, tendo que parar antes mesmo de ir ao banheiro.

— Primeiro vamos resolver isso! — Ahmed foi firme.

Os olhos dela correram automaticamente pelo corpo dele, então rapidamente virou o rosto, evitando encontrar o monumento que era seu físico.

— Não há como. — disse para ele, limpando com a dobra do cotovelo as lágrimas. Mesmo o evitando ainda podia ver sua grande sombra ao seu lado.

— Apenas uma coisa pode acontecer agora. — chamou a atenção dela.

— Você se casará comigo!

Os lábios dela se separaram, mas nada saiu deles.

Ela não queria casar-se com ninguém, nem mesmo com ele, principalmente estando naquela situação.

— Meu pai já me preparou para outro casamento. — se esquivou segundos depois.

Não queria casar antes, mas não podia viver apanhando de seu pai por não ter feito a vontade dele, e agora não tinha para onde ir, seria deserdada e descartada, uma vergonha para a família.

— Pensa que irão aceitar você depois do que aconteceu? — Malika sentiu-se desamparada.

De repente, a porta do quarto se abriu, impedindo qualquer resposta da jovem.

A claridade foi o primeiro que chamou atenção dos presentes, só então notaram alguém ali, antes de um grito feminino adentrar o quarto.

— Ahhh!

Malika tremeu de susto, mesmo abaixo do toque de Ahmed, o qual tinha os olhos na mesma direção.

O som estridente foi reconhecido por ela, causando-lhe uma sensação de perigo e insegurança, pois logo seria julgada por seus atos. Ahmed só percebeu como se encontrava depois de ver os olhos da visitante correndo por seu corpo nu, enquanto mantinha a mão contra a boca e os olhos esbugalhados de surpresa por sua presença ali.

Inês não podia negar que o homem era extremamente sexy, sempre acreditou que o noivo de Malika, o qual ela queria para si, era mais belo. Agora começava a pensar o contrário, pois os cabelos alaranjados do homem que caiam alguns pela frente, denotando o rosto bonito, de pele parda, corpo grande e definido era um charme diferente no ambiente, principalmente quando se encontrava liberto de qualquer segredo externo.

Incomodado com o olhar da mais nova, o ruivo soltou o braço de Malika que até então ainda segurava, a fazendo se sentir desamparada, receosa pelo que estava por vir, mesmo sabendo ser melhor ter ele vestido em algo antes da chegada do seu pai.

Não tendo tempo para pensar em nada viu seu carrasco surgir na porta, atrás de Inês enquanto Ahmed vestia apressadamente suas calças.

— O que está acontecendo? — não precisou repetir a pergunta.

Inês deu um passo para o lado, sentindo a porta a suas costas, para dar espaço para o pai adentrar o quarto.

O homem mais velho encheu-se de ira, direcionando tudo para Malika.

— Como você pôde?! — perguntou se aproximando a passos largos.

Malika não saiu do lugar, apenas esperou pelo castigo, não havia como explicar a situação real para ele, Ahmed estava estava a se vestir e não parou para assistir a cena, ele conseguia os escutar muito bem enquanto se colocava na dentro da camisa social branca.

Malika era a única que não tivera tempo de pôr nenhuma roupa, a não ser, permanecer enrolada no pano, como se não bastasse as evidências e o sangue, agora simbolizando a impureza presente nela que estava estampado em cima da cama.

Mal pensou em abrir a boca para tentar se defender de qualquer acusação, sentiu a presença do pai, justamente com sua grande sombra sobre ela. Sentiu o rosto virar balançando o corpo, onde as bochechas eram marcadas pelos dedos do pai, causando mais dor que da última que havia levado um tapa semelhante.

Não pôde nem recuperar o equilíbrio, já escutava o som e a dor de uma segunda bofetada, desta vez do outro lado do rosto.

"Paft!" Malika caiu sentada por cima de uma das pernas, deixando cair as roupas que segurava.

— Estúpida! — ele segurou-se para não se rebaixar nas palavras, olhando decepcionado para a jovem no chão.

A pobre jovem já tinha o rosto completamente encharcado pela dor causada, o rosto estava baixo enquanto permanecia no chão mantendo o lençol preso ao corpo.

— Você é uma vergonha para essa família! — Os insultos só começariam agora.

Inês decidiu continuar seu teatro de inocente, por isso, correu até seu pai, colocando a mão sobre o ombro dele, ela fingiu interceder pela irmã mais velha.

— Papai, a deixe explicar. Eu acredito que há uma boa explicação.

Sem tirar os olhos de Malika, nem mesmo para direcioná-los a Ahmed, Alim respondeu entredentes.

— Não existe explicação nenhuma para essa baixaria.

Malika não ousou levantar o rosto, temia levar outro tapa no mesmo lugar, temia não aguentar tanta humilhação e dor.

Ahmed se aproximou dos três, sentindo que as coisas só iriam piorar, já que viu Alim se curvar para agarrar um dos braços de Malika, a obrigando a levantar, provavelmente para continuar suas agressões.

— Você não merece o que tem. — vociferou quando a pôs de pé.

Naquele momento, Inês se deliciava com a situação, mesmo que não tivesse gostado de encontrar o professor ali dentro, onde deveria ser um simples garçom da noite passada ela tinha certeza que o plano não seria um fracasso completo, já tinha sua prova.

Seu plano não era juntar Malika com a paixão dela, pelo contrário, era estragar com sua vida quando a irmã mais velha soubesse que deveria assumir a vida de uma mulher sem honra e viver de suprir as necessidades dos homens em algum lugar pobre e imundo, pois acordar com um garçom acabaria com as chances de se casar com Ahmed, já que o mesmo não teria condições despoja-la como esposa. Então tudo seria perfeito, ela estaria longe, morreria logo vítima de alguma mulher de família com muita raiva das traições do marido ou seria morta em algum julgamento religioso merecido.

Se afastando um pouco do pai, para não ser vítima de uma agressão não planejada, ela só podia pensar nas próximas acusações para inflamar mais ainda a ira dele. Era o melhor meio de seguir com o show depois de uma pequena perda, mesmo que Malika conseguisse se casar com sua paixão, ela não teria o luxo que tinha em casa, afinal, ele era um simples professor pobre.

— Eu não acredito! — chamou a atenção da irmã, a imagem maltratada da mais velha só a orgulhava.

— Ele é o professor por quem você é apaixonada. — Apontou para o homem ruivo. Não demorou segundos, Alim já avançava com mais uma bofetada pronta, tudo agora indicava para ele que Malika havia planejado aquilo desde o início, apenas para não se casar com Zyan, o vice-presidente da maior empresa da Arábia Saudita.

Mas, para surpresa de todos, o ruivo deu um passo para a frente, agarrando a mão de Alim, não permitindo que houvesse mais agressões. A vítima de tudo havia fechado os olhos, esperando a dor novamente.

— Como ousa? — Questionou o mais velho.

— O senhor já deu-lhe uma lição. Não passe dos limites. — A voz rouca de Ahmed fez a jovem agredida abrir os olhos surpresa.

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