Ahmed tinha trinta e cinco anos, um homem conhecido por ser humilde, apenas um professor da universidade mista da Arábia Saudita, enquanto Malika, Malika vive no luxo de sua família, como uma princesa, jovem e comprometida aos vinte anos de idade.
— Então me dê um motivo para fazer isso, se tem tanta certeza que fui eu! — pediu ela, reunindo coragem para se defender, diante do homem que era apaixonada. — Se fosse por paixão, eu não teria feito isso, teria o seduzido antes, teria feito tudo acontecer diferente. Eu não sou burra! — alterada o fitou de forma assassina mesmo entre lágrimas. — Mais você sabia que eu não cairia nos seus encantos, você é jovem demais para mim. — agora Ahmed parecia frio. — Grr! — grunhiu irritada. — Pense o que quiser! — ela disse por fim, procurando suas roupas. — Onde pensa que vai? — ele saiu da cama, sem se importar com a nudez. — Embora! — respondeu Malika, não deixaria ser vista como fraca.Recolheu suas roupas apressadamente, mas sentiu ser agarrada pelo braço, tendo que parar antes mesmo de ir ao banheiro. — Primeiro vamos resolver isso! — Ahmed foi firme.Os olhos dela correram automaticamente pelo corpo dele, então rapidamente virou o rosto, evitando encontrar o monumento que era seu físico. — Não há como. — disse para ele, limpando com a dobra do cotovelo as lágrimas. Mesmo o evitando ainda podia ver sua grande sombra ao seu lado. — Apenas uma coisa pode acontecer agora. — chamou a atenção dela. — Você se casará comigo!Os lábios dela se separaram, mas nada saiu deles.Ela não queria casar-se com ninguém, nem mesmo com ele, principalmente estando naquela situação. — Meu pai já me preparou para outro casamento. — se esquivou segundos depois. Não queria casar antes, mas não podia viver apanhando de seu pai por não ter feito a vontade dele, e agora não tinha para onde ir, seria deserdada e descartada, uma vergonha para a família.— Pensa que irão aceitar você depois do que aconteceu? — Malika sentiu-se desamparada.De repente, a porta do quarto se abriu, impedindo qualquer resposta da jovem.A claridade foi o primeiro que chamou atenção dos presentes, só então notaram alguém ali, antes de um grito feminino adentrar o quarto. — Ahhh!Malika tremeu de susto, mesmo abaixo do toque de Ahmed, o qual tinha os olhos na mesma direção.O som estridente foi reconhecido por ela, causando-lhe uma sensação de perigo e insegurança, pois logo seria julgada por seus atos. Ahmed só percebeu como se encontrava depois de ver os olhos da visitante correndo por seu corpo nu, enquanto mantinha a mão contra a boca e os olhos esbugalhados de surpresa por sua presença ali.Inês não podia negar que o homem era extremamente sexy, sempre acreditou que o noivo de Malika, o qual ela queria para si, era mais belo. Agora começava a pensar o contrário, pois os cabelos alaranjados do homem que caiam alguns pela frente, denotando o rosto bonito, de pele parda, corpo grande e definido era um charme diferente no ambiente, principalmente quando se encontrava liberto de qualquer segredo externo.Incomodado com o olhar da mais nova, o ruivo soltou o braço de Malika que até então ainda segurava, a fazendo se sentir desamparada, receosa pelo que estava por vir, mesmo sabendo ser melhor ter ele vestido em algo antes da chegada do seu pai.Não tendo tempo para pensar em nada viu seu carrasco surgir na porta, atrás de Inês enquanto Ahmed vestia apressadamente suas calças. — O que está acontecendo? — não precisou repetir a pergunta.Inês deu um passo para o lado, sentindo a porta a suas costas, para dar espaço para o pai adentrar o quarto.O homem mais velho encheu-se de ira, direcionando tudo para Malika. — Como você pôde?! — perguntou se aproximando a passos largos.Malika não saiu do lugar, apenas esperou pelo castigo, não havia como explicar a situação real para ele, Ahmed estava estava a se vestir e não parou para assistir a cena, ele conseguia os escutar muito bem enquanto se colocava na dentro da camisa social branca.Malika era a única que não tivera tempo de pôr nenhuma roupa, a não ser, permanecer enrolada no pano, como se não bastasse as evidências e o sangue, agora simbolizando a impureza presente nela que estava estampado em cima da cama. Mal pensou em abrir a boca para tentar se defender de qualquer acusação, sentiu a presença do pai, justamente com sua grande sombra sobre ela. Sentiu o rosto virar balançando o corpo, onde as bochechas eram marcadas pelos dedos do pai, causando mais dor que da última que havia levado um tapa semelhante.Não pôde nem recuperar o equilíbrio, já escutava o som e a dor de uma segunda bofetada, desta vez do outro lado do rosto. "Paft!" Malika caiu sentada por cima de uma das pernas, deixando cair as roupas que segurava. — Estúpida! — ele segurou-se para não se rebaixar nas palavras, olhando decepcionado para a jovem no chão.A pobre jovem já tinha o rosto completamente encharcado pela dor causada, o rosto estava baixo enquanto permanecia no chão mantendo o lençol preso ao corpo. — Você é uma vergonha para essa família! — Os insultos só começariam agora.Inês decidiu continuar seu teatro de inocente, por isso, correu até seu pai, colocando a mão sobre o ombro dele, ela fingiu interceder pela irmã mais velha. — Papai, a deixe explicar. Eu acredito que há uma boa explicação.Sem tirar os olhos de Malika, nem mesmo para direcioná-los a Ahmed, Alim respondeu entredentes. — Não existe explicação nenhuma para essa baixaria.Malika não ousou levantar o rosto, temia levar outro tapa no mesmo lugar, temia não aguentar tanta humilhação e dor.Ahmed se aproximou dos três, sentindo que as coisas só iriam piorar, já que viu Alim se curvar para agarrar um dos braços de Malika, a obrigando a levantar, provavelmente para continuar suas agressões.— Você não merece o que tem. — vociferou quando a pôs de pé.Naquele momento, Inês se deliciava com a situação, mesmo que não tivesse gostado de encontrar o professor ali dentro, onde deveria ser um simples garçom da noite passada ela tinha certeza que o plano não seria um fracasso completo, já tinha sua prova.Seu plano não era juntar Malika com a paixão dela, pelo contrário, era estragar com sua vida quando a irmã mais velha soubesse que deveria assumir a vida de uma mulher sem honra e viver de suprir as necessidades dos homens em algum lugar pobre e imundo, pois acordar com um garçom acabaria com as chances de se casar com Ahmed, já que o mesmo não teria condições despoja-la como esposa. Então tudo seria perfeito, ela estaria longe, morreria logo vítima de alguma mulher de família com muita raiva das traições do marido ou seria morta em algum julgamento religioso merecido.Se afastando um pouco do pai, para não ser vítima de uma agressão não planejada, ela só podia pensar nas próximas acusações para inflamar mais ainda a ira dele. Era o melhor meio de seguir com o show depois de uma pequena perda, mesmo que Malika conseguisse se casar com sua paixão, ela não teria o luxo que tinha em casa, afinal, ele era um simples professor pobre. — Eu não acredito! — chamou a atenção da irmã, a imagem maltratada da mais velha só a orgulhava. — Ele é o professor por quem você é apaixonada. — Apontou para o homem ruivo. Não demorou segundos, Alim já avançava com mais uma bofetada pronta, tudo agora indicava para ele que Malika havia planejado aquilo desde o início, apenas para não se casar com Zyan, o vice-presidente da maior empresa da Arábia Saudita.Mas, para surpresa de todos, o ruivo deu um passo para a frente, agarrando a mão de Alim, não permitindo que houvesse mais agressões. A vítima de tudo havia fechado os olhos, esperando a dor novamente. — Como ousa? — Questionou o mais velho. — O senhor já deu-lhe uma lição. Não passe dos limites. — A voz rouca de Ahmed fez a jovem agredida abrir os olhos surpresa.— Você não tem direito algum de falar assim comigo, como teria de pensar que pode ao menos se pronunciar? — Alim estava quase explodindo de raiva, encarando o homem mais alto que ele. — Pai, não levante o tom! Todos irão ouvir o que se passa, seremos envergonhados por ela. — Inês parecia uma enviada das profundezas murmurando coisas para entrar mais na cabeça do pai como um anjo bom, assim permanecendo no papel de moça preocupada com a família.Alim puxou sua mão do aperto de Ahmed, com os olhos em fogo, se deixou ouvir as palavras da filha mais nova. — Você, professor. Irá assumir Malika, mesmo que não tenha dinheiro algum, eu quero apenas que a leve para bem longe, suma ou morra com ela. Ahmed apertou a mandíbula com o tamanho rebaixamento por causa de sua posição. — A minha baixa posição financeira não matará ninguém, mas isso não é da sua conta, senhor Al-Madini. — mencionou o nome da família, para denotar que eles eram um dos mais ricos da cidade de Ryiadh, ironizando um res
Então saiu de seu devaneio passado com o som de seu aparelho celular tocando, ainda estava em movimento, por isso teve que fazer uma parada para atender.Primeiro identificou quem chamava, não poderia apenas atender na companhia que estava, pois não sabia se a conversa soaria estranha para algum deles. — Preciso atender. Os olhos dele pousaram em Malika pelo retrovisor, ela não disse nada, apenas mostrou estar atenta a ele. A jovem parecia calma, o que lhe trouxe tranquilidade para atender a ligação em privado.Saindo do carro, ele se afastou um pouco para ouvir a pessoa do outro lado e respondê-la sem interrupção. — Diga! O homem do outro lado começou a falar sobre o assunto urgente, o deixando distraído na conversa.Enquanto isso, Malika o analisava de dentro do carro, vendo-o dar as costas parecendo distraído, tomando certa distância do veículo, ela aproveitou para agarrar sua pequena bolsa da noite passada, onde havia tudo que agora importava, pois não podia retornar para casa
Malika deixou os ombros cair, mostrando desistência, permitindo alívio ao professor. — Essa é a melhor decisão para todos. — ouviu ele dizer.A jovem não parecia contente com aquilo, apenas ficou em seu lugar o observando em silêncio. “Todos quem? Você está se obrigando a se comprometer comigo e me obriga a aceitar.” Pensou machucada com a realidade.Sempre pôde o admirar a distância, mas nunca pensou que o teria tão perto, para apenas vê-lo indiferente, frio, sendo obrigado a aturá-la, como se ela fosse uma aluna ruim, alguém colocada em sua classe para aprender disciplina a todo custo, quando o tutor é escalado a seguir tal pessoa até o fim de sua carreira, enfim, o trazendo sucesso pela perseverança. — Irei pegar seu dinheiro de volta. Logo retornaremos ao carro! — avisou o ruivo. — Vá em frente! — diz ela, fazendo o cenho dele franzir, agora o havia deixado desconfiado. A jovem não estava disposta a ser apenas aturada, queria ser vista ou ser esquecida para sempre, quanto mai
Durante todo o caminho, o silêncio reinou, enquanto a jovem tentava absorver o trajeto para um dia conseguir retornar para o seu mundo real.Minutos depois, percebeu que adentravam um lugar totalmente estranho, onde algumas ruas eram mais estreitas, as pessoas pareciam sempre atentas á visitantes, curiosas demais, mal vestidas até; Com roupas amassadas, velhas, quando algumas as tinham inteiras.As cores presentes nas ruas eram sempre do bege ao amarelo queimado, em contraste com as paredes das casas velhas, de no mínimo dois andares. Tudo parecia solitário, apesar de ter demasiadas casas em um lugar só. — Que lugar é esse? — Malika não percebeu expressar seus pensamentos em alto tom.O ruivo a deu atenção pelo retrovisor enquanto dirigia: — Sua nova vizinhança. Os olhos avelãs dela saltaram surpresos. — Você mora por aqui? — não se importou se antes era apenas seu pensamento alto o responsável pelo início aquela conversa. — A partir de hoje, você também. — relembrou, alternando
— Quê? Isso… Isso é porque estava sob efeito de algum remédio… Eu não faria… — não conseguiu completar, pois sabia que mentiria, ela o amava, como não poderia ter pensado em ficar com ele uma única vez? “Mas não o faria de forma tão impulsiva e descontrolada, como aconteceu.” Teria de repensar certas coisas. — Por acaso está dizendo que tomamos um afrodisíaco? — vasculhou a face da jovem. Ela era bonita, não poderia negar, mesmo com o rosto ainda machucado era delicada, talvez não apenas por ter uma vida de regalias desde o berço, mas por ser natural também. Seu corpo era sensível e intocado até a noite passada.Ahmed não pensara em Malika como uma parceira de relacionamento antes de tudo aquilo, mas ambos estavam sob efeito de algo motivador demais para evitar certas situações, agora, estava ele, preso a uma jovem, com quase metade da sua idade, pois a via como nova demais.Eram quinze anos de diferença, diferente da faixa que antes buscava igualar, era um salto no escuro, ela pod
Ahmed mostrou não ter esquecido da presença de Inês, que agora fingia um sorriso desconcertado mesmo que ele sequer a direciona-se o olhar.Ele estava pisando em seu ego femino, pois mesmo estando de burca quando sua irmã não estava, ele deveria a dar atenção pelo menos uma vez, mas não o fez nem para a expulsar, olhava apenas para seu pai, demonstrando o quanto ela era insignificante aos seus olhos. “Quem ele pensa que é?” Se perguntou com raiva, encarando agora a irmã, essa a observava. “Não é possível que ele se interesse por ela, quando não sabia sobre sua existência. E mesmo agora, devia odiá-la, ela está mais pobre que ele, não servirá para nada em sua vida a não ser causar problema. Como pode olhar na cara dela?” Não sabia, mas o ciúmes da irmã a corroía novamente, como quando Malika era prometida de Zyan.Inês se questionava sobre o valor da mais velha, mesmo pobre, deserdada, sem nenhum apoio, ainda estava em uma relação boa, invés de fracassar totalmente e ficar desespera
Inês estava tão ansiosa pela resposta do pai sobre a conversa entre ele e Zyan, que ficou ouvindo atrás da porta dele do escritório. Para sua decepção, só podia ouvir a voz do pai.O homem não poderia comparecer a uma reunião pessoal naquele momento, pois estava muito ocupado com a empresa a qual considerava sua. — Se trata sobre o ocorrido de mais cedo… — diz Alim ao telefone, dentro do escritório que tinha em casa. — Então você ainda não viu… Não! … Pois peço desculpas antes que veja por si mesmo… Sim, é sobre isso! — Alim já demonstrava um certo nervosismo na voz. — Irá ver agora? … Não acho que devia ver enquanto trabalha, pode atrapalhar sua produção… Não, não queria dizer isso. Entendo! Segundos se passaram, Alim teve de sentar-se na sua cadeira acolchoada, esperando a reação de Zyan.Não veria o rosto dele, por não optar por isso, sabia que aquele assunto não seria bem recebido pelo outro, então era preferível parecer calmo e capaz de resolver a situação, caso ainda pretend
— Você pensou em tudo. — respondeu impressionado. “Ela é mais astuta do que pensei.” confessava que estava receoso com isso. “A noite ela cortará minha cabeça para ficar com tudo para si?” Estava declinando. — Agora pode colocar a burca de volta! — pediu ele, querendo evitar problemas. — Você ainda não me deu a resposta. — Inês parecia um pouco ansiosa, provavelmente fingindo controle de suas próprias emoções. — Disse que faria tudo que eu desejasse se ouvisse o que tinha a dizer. — Deu um meio sorriso para a mais nova.Inês engoliu em seco, agora tinha de cumprir com sua palavra, do contrário, como ele confiaria em casar-se com ela, se mostrasse ser alguém sem palavra?De má vontade, capturou a roupa longa repousada sobre suas pernas. Se levantou, encarando Zyan, se afastou o suficiente para pôr a roupa de volta, então se voltou para ele novamente, dessa vez não se aproximou da mesa ou dele, permaneceu no lugar que estava, de pé, o fitando.Zyan moveu o corpo na cadeira, coloca