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Capítulo 4 Tentativa de fuga.

Então saiu de seu devaneio passado com o som de seu aparelho celular tocando, ainda estava em movimento, por isso teve que fazer uma parada para atender.

Primeiro identificou quem chamava, não poderia apenas atender na companhia que estava, pois não sabia se a conversa soaria estranha para algum deles.

— Preciso atender.

Os olhos dele pousaram em Malika pelo retrovisor, ela não disse nada, apenas mostrou estar atenta a ele. A jovem parecia calma, o que lhe trouxe tranquilidade para atender a ligação em privado.

Saindo do carro, ele se afastou um pouco para ouvir a pessoa do outro lado e respondê-la sem interrupção.

— Diga!

O homem do outro lado começou a falar sobre o assunto urgente, o deixando distraído na conversa.

Enquanto isso, Malika o analisava de dentro do carro, vendo-o dar as costas parecendo distraído, tomando certa distância do veículo, ela aproveitou para agarrar sua pequena bolsa da noite passada, onde havia tudo que agora importava, pois não podia retornar para casa e recuperar seus pertences. Agora suas posses se baseavam nos documentos, uma pequena quantia de dinheiro e um aparelho telefônico.

Se esgueirando para o banco do outro lado, sempre espiando o ruivo bonito totalmente notável, por sua aparência e estatura, do outro lado da janela.

Abriu a porta do carro modesto, com paciência saiu do automóvel, recostou a porta sem fechá-la de verdade, para evitar barulho.

Agachada o espiou, tudo parecia como segundos atrás. Olhou em volta, estavam perto da linha de metrô.

Um sorriso deslizou por seus lábios debaixo da burca, apenas para ser desmanchado no instante seguinte pela dor que a relembrou do inchaço do rosto.

Vendo uma oportunidade perfeita, ela encarou o ruivo uma última vez:

“Eu irei esquecê-lo se me afastar agora.”

Correu para o outro lado da rua, carros e motocicletas iam e vinha com certa lentidão, permitindo uma rápida travessia em segurança.

Já do outro lado, fingi naturalidade diante das pessoas que encontra caminhando pela calçada. Com queixo erguido, ela segue para a estação de metrô, sem demonstrar pressa.

“Se conseguir evitar chamar atenção das pessoas, ninguém saberá que estou fugindo, mesmo que tenham visto ou não quando escapei do carro.”

Continuou seus passos, a cada novo tocar no chão com sua sandália de luxo, ela parecia sentir o coração pulsando fortemente em cada veia do corpo; tudo pelo receio de ser vista por Ahmed antes da hora.

Dentro da estação estava iluminado pelas muitas luzes no teto, para que o ambiente não ficasse tão visível ser no subterrâneo.

Tudo era feito com modernidade, assim como a segurança no local, haviam guardas e sistemas para proteção das pessoas.

Ela caminhou apressadamente, evitando ser pêga com facilidade, caso fosse descoberta.

Lá ela buscou com rapidez as opções de viagens nas rotas disponíveis para aquele horário, sua preferência, um lugar longe, onde encontrou a placa grande com o mapa da estação e em cima, em uma parte digital, mostrava os horários e locais que o trem percorria.

Como não havia oportunidade para sair da cidade, ela escolheu o outro lado de Riyadh, para procurar refúgio.

Olhou ao redor, onde haviam várias pessoas, mais homens que mulheres, mas todos vestidos de forma tradicional, com kanduras e burcas. Assim, não encontrou sinais de Ahmed que estava vestido em fatos e com os cabelos à mostra, ela saiu à procura de uma passagem.

Correndo até lá, evitando esbarrar em alguém ou ser arrastada por quem transitava, ela fez os procedimentos pedidos, para seu azar pediram para escanear sua identidade. O procedimento não demoraria muito, mas era o suficiente para lhe atrasar e fazê-la perder o trem se demorasse segundos a mais.

— Vai demorar muito? — Perguntou nervosamente.

A mulher levantou os olhos, a encarando intensamente, agora a estranha pôde notar que havia algo de errado com a suposta passageira; seus olhos “amarelos” estavam vermelhos, irritados, assim como ao redor deles, parecia que ela havia sido agredida de alguma forma por baixo daquela burca.

— Peço desculpas pela demora. — disse a mulher, confirmando sua viagem no sistema e lhe devolvendo os documentos.

De certa forma, a estranha, que não usava burca, mas usava um lenço, e estava protegida pelo vidro da suposta cabine, foi compadecida pela sua situação.

— Muito obrigado! — foi tudo que Malika disse, enquanto recolhia os documentos, os guardando na bolsa com pressa.

Um deles passou direto, caindo no chão e não no bolso desejado da pequena bolsa tira colo.

— Por Allah! — murmurou nervosa, se abaixando rapidamente para recolher o que faltava.

Antes que pudesse sentir-se aliviada por conseguir fechar o zíper ali mesmo, se reergueu, dando de cara com um corpo grande, rosto bonito e extremamente sério, com cabelos ruivos meio bagunçados, indicando que ele havia corrido até ali.

— O que pensa que está fazendo? — o som rouco de sua voz a afastou alguns passos.

Temerosa por ter sua liberdade roubada, se virou já se preparando para correr, mas teve o caminho bloqueado por ele, tendo que parar antes de bater contra seu corpo grande.

As mãos dele estavam no alto, evitando tocá-la, não era só porque tinha passado a noite com ela que iria infligir mais regras em público.

Aquela que havia vendido a passagem a Malika se encolheu, assistindo a cena até onde podia.

“Pobrezinha!” Pensou ela.

Era quase tão natural ver algumas delas tentando fugir do cônjuge quando ver os trens chegando no horário. Mas, aquele estava atrasado alguns minutos.

— Malika! — Ahmed alertou de forma indireta.

Com os olhos marejados, ela percebeu que chamava atenção para eles. Não pretendia chorar apenas estava assustada demais.

— Por quê não vai embora, fingi apenas que não me viu aqui, que fugi de repente? — quase implorou, com as unhas apertando na parte externa de sua bolsa.

— Não é possível. Você agora é minha responsabilidade, não do seu pai. — respondeu baixando as mãos.

— Apenas me deixe ir! — pediu com a voz baixa e hesitante.

Ahmed não via mais a jovem corajosa, interessada nele e esnobe, via apenas uma jovem insegura e receosa, implorando pela liberdade que jamais teve.

“Eu estive enganado?” Nas suas lembranças não a viu sair em momento algum para pedir qualquer favor aos funcionários daquele hotel.

A única que havia se ausentado era sua irmã mais nova, mas essa parecia ter ido ao toalete, não a qualquer outro ambiente.

“Como, você preparou essa noite e agora se arrepende?”

Ela retrocedeu mais um passo, o fazendo mover a cabeça silenciosamente com um alerta negativo.

“Ele não tocaria em mim para me impedir.” Pensou ela, mesmo temerosa.

Pelo campo de visão, notou as pessoas interessadas neles, aquilo o fez tomar uma atitude firme, olhando no fundo de seus olhos, respondeu:

— Não!

Malika deu sinais da ação seguinte, fazendo Ahmed se adiantar.

— Sabe que não pode fugir. Se eu alegar que sou seu responsável você será posta para fora antes mesmo de entrar no trem.

Malika engoliu em seco, o som alto do trem se aproximando a deixou agitada. Seguindo a direção do som, ela avistou a grande máquina moderna chegando.

Era sua única oportunidade de fuga, assim como poderia ser de mais humilhação, caso Ahmed conseguisse ordem para a colocar para fora antes do trem sair. Retrocedeu novamente, olhando para todos os lados, as pessoas começam a se mover, ansiosas para sair dali mesmo curiosa com eles.

“Terei outra oportunidade de escapar?”

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