Então saiu de seu devaneio passado com o som de seu aparelho celular tocando, ainda estava em movimento, por isso teve que fazer uma parada para atender.
Primeiro identificou quem chamava, não poderia apenas atender na companhia que estava, pois não sabia se a conversa soaria estranha para algum deles. — Preciso atender.Os olhos dele pousaram em Malika pelo retrovisor, ela não disse nada, apenas mostrou estar atenta a ele. A jovem parecia calma, o que lhe trouxe tranquilidade para atender a ligação em privado.Saindo do carro, ele se afastou um pouco para ouvir a pessoa do outro lado e respondê-la sem interrupção. — Diga!O homem do outro lado começou a falar sobre o assunto urgente, o deixando distraído na conversa.Enquanto isso, Malika o analisava de dentro do carro, vendo-o dar as costas parecendo distraído, tomando certa distância do veículo, ela aproveitou para agarrar sua pequena bolsa da noite passada, onde havia tudo que agora importava, pois não podia retornar para casa e recuperar seus pertences. Agora suas posses se baseavam nos documentos, uma pequena quantia de dinheiro e um aparelho telefônico.Se esgueirando para o banco do outro lado, sempre espiando o ruivo bonito totalmente notável, por sua aparência e estatura, do outro lado da janela.Abriu a porta do carro modesto, com paciência saiu do automóvel, recostou a porta sem fechá-la de verdade, para evitar barulho.Agachada o espiou, tudo parecia como segundos atrás. Olhou em volta, estavam perto da linha de metrô.Um sorriso deslizou por seus lábios debaixo da burca, apenas para ser desmanchado no instante seguinte pela dor que a relembrou do inchaço do rosto.Vendo uma oportunidade perfeita, ela encarou o ruivo uma última vez: “Eu irei esquecê-lo se me afastar agora.”Correu para o outro lado da rua, carros e motocicletas iam e vinha com certa lentidão, permitindo uma rápida travessia em segurança.Já do outro lado, fingi naturalidade diante das pessoas que encontra caminhando pela calçada. Com queixo erguido, ela segue para a estação de metrô, sem demonstrar pressa. “Se conseguir evitar chamar atenção das pessoas, ninguém saberá que estou fugindo, mesmo que tenham visto ou não quando escapei do carro.”Continuou seus passos, a cada novo tocar no chão com sua sandália de luxo, ela parecia sentir o coração pulsando fortemente em cada veia do corpo; tudo pelo receio de ser vista por Ahmed antes da hora. Dentro da estação estava iluminado pelas muitas luzes no teto, para que o ambiente não ficasse tão visível ser no subterrâneo.Tudo era feito com modernidade, assim como a segurança no local, haviam guardas e sistemas para proteção das pessoas.Ela caminhou apressadamente, evitando ser pêga com facilidade, caso fosse descoberta.Lá ela buscou com rapidez as opções de viagens nas rotas disponíveis para aquele horário, sua preferência, um lugar longe, onde encontrou a placa grande com o mapa da estação e em cima, em uma parte digital, mostrava os horários e locais que o trem percorria.Como não havia oportunidade para sair da cidade, ela escolheu o outro lado de Riyadh, para procurar refúgio.Olhou ao redor, onde haviam várias pessoas, mais homens que mulheres, mas todos vestidos de forma tradicional, com kanduras e burcas. Assim, não encontrou sinais de Ahmed que estava vestido em fatos e com os cabelos à mostra, ela saiu à procura de uma passagem.Correndo até lá, evitando esbarrar em alguém ou ser arrastada por quem transitava, ela fez os procedimentos pedidos, para seu azar pediram para escanear sua identidade. O procedimento não demoraria muito, mas era o suficiente para lhe atrasar e fazê-la perder o trem se demorasse segundos a mais. — Vai demorar muito? — Perguntou nervosamente.A mulher levantou os olhos, a encarando intensamente, agora a estranha pôde notar que havia algo de errado com a suposta passageira; seus olhos “amarelos” estavam vermelhos, irritados, assim como ao redor deles, parecia que ela havia sido agredida de alguma forma por baixo daquela burca. — Peço desculpas pela demora. — disse a mulher, confirmando sua viagem no sistema e lhe devolvendo os documentos.De certa forma, a estranha, que não usava burca, mas usava um lenço, e estava protegida pelo vidro da suposta cabine, foi compadecida pela sua situação. — Muito obrigado! — foi tudo que Malika disse, enquanto recolhia os documentos, os guardando na bolsa com pressa.Um deles passou direto, caindo no chão e não no bolso desejado da pequena bolsa tira colo. — Por Allah! — murmurou nervosa, se abaixando rapidamente para recolher o que faltava.Antes que pudesse sentir-se aliviada por conseguir fechar o zíper ali mesmo, se reergueu, dando de cara com um corpo grande, rosto bonito e extremamente sério, com cabelos ruivos meio bagunçados, indicando que ele havia corrido até ali. — O que pensa que está fazendo? — o som rouco de sua voz a afastou alguns passos.Temerosa por ter sua liberdade roubada, se virou já se preparando para correr, mas teve o caminho bloqueado por ele, tendo que parar antes de bater contra seu corpo grande.As mãos dele estavam no alto, evitando tocá-la, não era só porque tinha passado a noite com ela que iria infligir mais regras em público.Aquela que havia vendido a passagem a Malika se encolheu, assistindo a cena até onde podia. “Pobrezinha!” Pensou ela.Era quase tão natural ver algumas delas tentando fugir do cônjuge quando ver os trens chegando no horário. Mas, aquele estava atrasado alguns minutos. — Malika! — Ahmed alertou de forma indireta.Com os olhos marejados, ela percebeu que chamava atenção para eles. Não pretendia chorar apenas estava assustada demais. — Por quê não vai embora, fingi apenas que não me viu aqui, que fugi de repente? — quase implorou, com as unhas apertando na parte externa de sua bolsa. — Não é possível. Você agora é minha responsabilidade, não do seu pai. — respondeu baixando as mãos. — Apenas me deixe ir! — pediu com a voz baixa e hesitante.Ahmed não via mais a jovem corajosa, interessada nele e esnobe, via apenas uma jovem insegura e receosa, implorando pela liberdade que jamais teve. “Eu estive enganado?” Nas suas lembranças não a viu sair em momento algum para pedir qualquer favor aos funcionários daquele hotel.A única que havia se ausentado era sua irmã mais nova, mas essa parecia ter ido ao toalete, não a qualquer outro ambiente. “Como, você preparou essa noite e agora se arrepende?”Ela retrocedeu mais um passo, o fazendo mover a cabeça silenciosamente com um alerta negativo. “Ele não tocaria em mim para me impedir.” Pensou ela, mesmo temerosa.Pelo campo de visão, notou as pessoas interessadas neles, aquilo o fez tomar uma atitude firme, olhando no fundo de seus olhos, respondeu: — Não!Malika deu sinais da ação seguinte, fazendo Ahmed se adiantar. — Sabe que não pode fugir. Se eu alegar que sou seu responsável você será posta para fora antes mesmo de entrar no trem.Malika engoliu em seco, o som alto do trem se aproximando a deixou agitada. Seguindo a direção do som, ela avistou a grande máquina moderna chegando.Era sua única oportunidade de fuga, assim como poderia ser de mais humilhação, caso Ahmed conseguisse ordem para a colocar para fora antes do trem sair. Retrocedeu novamente, olhando para todos os lados, as pessoas começam a se mover, ansiosas para sair dali mesmo curiosa com eles. “Terei outra oportunidade de escapar?”Malika deixou os ombros cair, mostrando desistência, permitindo alívio ao professor. — Essa é a melhor decisão para todos. — ouviu ele dizer.A jovem não parecia contente com aquilo, apenas ficou em seu lugar o observando em silêncio. “Todos quem? Você está se obrigando a se comprometer comigo e me obriga a aceitar.” Pensou machucada com a realidade.Sempre pôde o admirar a distância, mas nunca pensou que o teria tão perto, para apenas vê-lo indiferente, frio, sendo obrigado a aturá-la, como se ela fosse uma aluna ruim, alguém colocada em sua classe para aprender disciplina a todo custo, quando o tutor é escalado a seguir tal pessoa até o fim de sua carreira, enfim, o trazendo sucesso pela perseverança. — Irei pegar seu dinheiro de volta. Logo retornaremos ao carro! — avisou o ruivo. — Vá em frente! — diz ela, fazendo o cenho dele franzir, agora o havia deixado desconfiado. A jovem não estava disposta a ser apenas aturada, queria ser vista ou ser esquecida para sempre, quanto mai
Durante todo o caminho, o silêncio reinou, enquanto a jovem tentava absorver o trajeto para um dia conseguir retornar para o seu mundo real.Minutos depois, percebeu que adentravam um lugar totalmente estranho, onde algumas ruas eram mais estreitas, as pessoas pareciam sempre atentas á visitantes, curiosas demais, mal vestidas até; Com roupas amassadas, velhas, quando algumas as tinham inteiras.As cores presentes nas ruas eram sempre do bege ao amarelo queimado, em contraste com as paredes das casas velhas, de no mínimo dois andares. Tudo parecia solitário, apesar de ter demasiadas casas em um lugar só. — Que lugar é esse? — Malika não percebeu expressar seus pensamentos em alto tom.O ruivo a deu atenção pelo retrovisor enquanto dirigia: — Sua nova vizinhança. Os olhos avelãs dela saltaram surpresos. — Você mora por aqui? — não se importou se antes era apenas seu pensamento alto o responsável pelo início aquela conversa. — A partir de hoje, você também. — relembrou, alternando
— Quê? Isso… Isso é porque estava sob efeito de algum remédio… Eu não faria… — não conseguiu completar, pois sabia que mentiria, ela o amava, como não poderia ter pensado em ficar com ele uma única vez? “Mas não o faria de forma tão impulsiva e descontrolada, como aconteceu.” Teria de repensar certas coisas. — Por acaso está dizendo que tomamos um afrodisíaco? — vasculhou a face da jovem. Ela era bonita, não poderia negar, mesmo com o rosto ainda machucado era delicada, talvez não apenas por ter uma vida de regalias desde o berço, mas por ser natural também. Seu corpo era sensível e intocado até a noite passada.Ahmed não pensara em Malika como uma parceira de relacionamento antes de tudo aquilo, mas ambos estavam sob efeito de algo motivador demais para evitar certas situações, agora, estava ele, preso a uma jovem, com quase metade da sua idade, pois a via como nova demais.Eram quinze anos de diferença, diferente da faixa que antes buscava igualar, era um salto no escuro, ela pod
Ahmed mostrou não ter esquecido da presença de Inês, que agora fingia um sorriso desconcertado mesmo que ele sequer a direciona-se o olhar.Ele estava pisando em seu ego femino, pois mesmo estando de burca quando sua irmã não estava, ele deveria a dar atenção pelo menos uma vez, mas não o fez nem para a expulsar, olhava apenas para seu pai, demonstrando o quanto ela era insignificante aos seus olhos. “Quem ele pensa que é?” Se perguntou com raiva, encarando agora a irmã, essa a observava. “Não é possível que ele se interesse por ela, quando não sabia sobre sua existência. E mesmo agora, devia odiá-la, ela está mais pobre que ele, não servirá para nada em sua vida a não ser causar problema. Como pode olhar na cara dela?” Não sabia, mas o ciúmes da irmã a corroía novamente, como quando Malika era prometida de Zyan.Inês se questionava sobre o valor da mais velha, mesmo pobre, deserdada, sem nenhum apoio, ainda estava em uma relação boa, invés de fracassar totalmente e ficar desespera
Inês estava tão ansiosa pela resposta do pai sobre a conversa entre ele e Zyan, que ficou ouvindo atrás da porta dele do escritório. Para sua decepção, só podia ouvir a voz do pai.O homem não poderia comparecer a uma reunião pessoal naquele momento, pois estava muito ocupado com a empresa a qual considerava sua. — Se trata sobre o ocorrido de mais cedo… — diz Alim ao telefone, dentro do escritório que tinha em casa. — Então você ainda não viu… Não! … Pois peço desculpas antes que veja por si mesmo… Sim, é sobre isso! — Alim já demonstrava um certo nervosismo na voz. — Irá ver agora? … Não acho que devia ver enquanto trabalha, pode atrapalhar sua produção… Não, não queria dizer isso. Entendo! Segundos se passaram, Alim teve de sentar-se na sua cadeira acolchoada, esperando a reação de Zyan.Não veria o rosto dele, por não optar por isso, sabia que aquele assunto não seria bem recebido pelo outro, então era preferível parecer calmo e capaz de resolver a situação, caso ainda pretend
— Você pensou em tudo. — respondeu impressionado. “Ela é mais astuta do que pensei.” confessava que estava receoso com isso. “A noite ela cortará minha cabeça para ficar com tudo para si?” Estava declinando. — Agora pode colocar a burca de volta! — pediu ele, querendo evitar problemas. — Você ainda não me deu a resposta. — Inês parecia um pouco ansiosa, provavelmente fingindo controle de suas próprias emoções. — Disse que faria tudo que eu desejasse se ouvisse o que tinha a dizer. — Deu um meio sorriso para a mais nova.Inês engoliu em seco, agora tinha de cumprir com sua palavra, do contrário, como ele confiaria em casar-se com ela, se mostrasse ser alguém sem palavra?De má vontade, capturou a roupa longa repousada sobre suas pernas. Se levantou, encarando Zyan, se afastou o suficiente para pôr a roupa de volta, então se voltou para ele novamente, dessa vez não se aproximou da mesa ou dele, permaneceu no lugar que estava, de pé, o fitando.Zyan moveu o corpo na cadeira, coloca
Malika retornou para dentro da casa, um sorriso desenhava seus lábios, aquela era a oportunidade perfeita.No entanto, naquele momento, relembrou as palavras de Ahmed, como se estivesse falando dentro de sua cabeça: “...Não pense em se aventurar por aí!” “Eu sei que pensou em fugir, mas eu não aconselho. Então apenas faça o que precisa e retorne!” Balançou a cabeça para tirar a voz rouca dele da mente e não pensar nele. — Ele estava apenas me colocando medo. — falou para si mesma.Caminhou até o quarto, procurando a pequena bolsa tira colo, afinal, era tudo que tinha.Respirou fundo, então deixou o quarto, no momento seguinte, passava perto da porta dos aposentos dele, parando para encarar a porta, sentiu-se tentada a invadir o cômodo. “É minha única oportunidade.” pensou, dando um passo à frente.Devagar, capturou a maçaneta, girou e empurrou, nada aconteceu. “Isso é sério?” estava muito frustrada agora. “Quando ele pensou em trancar a porta do quarto dele?” Fez bico.Soltou a
Então ela conseguiu levantar o joelho rapidamente assim que o agressor se aproximou, foi rápida e forte, era pura adrenalina, causada pelo medo constante de ser abusada.A joelhada foi forte o suficiente para afastar o homem, fazendo-o gemer e se curvar com as mãos na virilha. — Sua p**a! — gritou ele. — Não se aproxime de mim! — ela gritou em resposta, era tudo que podia fazer, tentar pelo menos uma vez, além de gritar, esperando ser ouvida por alguém fora daquele grupo. — Pegue ela! — o homem machucado exigiu com cara de dor para o outro que estava livre.O quarto homem se aproximou, ele demonstrou claramente gostar das atitudes de Malika. — Ela precisa ser domada ainda, chefe. Como faremos isso? — este protegeu sua área sensível quando chegou perto dela, fazendo isso rapidamente, para não dar tempo a jovem de se defender.Malika sentia que seu ar iria faltar, o corpo mas cheio do quarto homem pressionou o dela com força contra a parede, deixando suas costas doloridas assim com