Tudo estava escuro, a cabeça doía como marteladas decisivas em um julgamento, os olhos não tinham foco, fazendo a jovem de cabelos castanhos tentar se sentar com certa rapidez.
Seu erro, a cabeça girou, a levando de volta ao colchão. — hm!Expressou seu desagrado e confusão em sentir a escuridão balançar a frente. Apertou os olhos, levando a mão direita ao rosto. “O que aconteceu?” Se perguntou.Moveu seu corpo, se arrependendo no processo. Um leve desconforto partiu das partes mais inusitadas do seu corpo, além de todo ele parecer dolorido. Então sentiu falta de roupas, fazendo seus olhos saltarem.O coração acelerou enquanto suas mãos buscavam suas roupas por baixo do tecido que lhe cobria. “O que aconteceu???” Agora havia tido um estalo.A cabeça doeu novamente, fazendo-a parar de repente, quando seus dedos não encontraram nenhuma peça no próprio corpo.O medo a cobriu, assim como alguns flashes de memória a atingiram… Um homem estava com ela, ambos desfrutavam de algo que ela acreditava que não faria tão breve.O calor dos corpos despidos, o som semelhante ao ofego daquele homem de mais de um e oitenta e seis, misturado aos gemidos que vinham dela.Os movimentos insinuais a deixando incontrolada apesar da dor imensa no início, parecia rasgá-la por dentro, o qual não demorou para se transformar em puro desejo, incontrolável, prazeroso, inexplicável…Ela repetiu mais uma vez, para si,muito assustada, envergonhada: “O que aconteceu?”A mente tinha dado um nó? Ou ela criará aquilo tudo?As imagens não paravam de passar na sua cabeça…A leveza que desejou para um momento tão importante não existiu, era algo selvagem, sem hora para acabar, o que a levou à impureza. Cruzando o limite das regras, a levando a vergonha extrema.Perder a pureza com um homem, antes do casamento, era a maior vergonha que uma pessoa como ela poderia passar. Malika não seria aceita em nenhum lugar do país, seria vista com enojo, com malícia.Seria tratada como uma mulher da vida, alguém sem valor moral, sem perdão divino.Ainda mais naquele país, onde as leis eram extremamente rígidas, desde a imagem que tinha de esconder embaixo de uma burca, quanto o comportamento, o meio que frequentaria, além da submissão e obediência.Mas se ela não tivesse um pai ou marido para dar permissões para ela, como poderia sequer estudar?Perderia tudo, desde os esforços ao meio, seria reclusa. Quem irá aceitá-la sem o símbolo de pureza? Ninguém correria o risco de ser apontado, mesmo que a amasse muito, e infelizmente, esse alguém não existia para Malika. “Eu… eu perdi… minha… vir… vir******e?”Se encolheu com a realidade, quase tremeu. Agora sentia alguém do seu lado. “Não Allah! Por favor, que seja apenas fruto da minha imaginação!” Pediu, começando a ficar desesperada.Suplicou por muitas vezes para aquele que conhecia como o criador, enquanto a mão tateava fora da cama, em busca de um abajur, ou aparelho celular. “Não me abandone agora!”Suas defesas pareciam vidro agora, trincando aos poucos. Seus dedos encontraram algo ao seu lado, parecia o pé de um abajur mediano.Aflita, ela buscou o botão, apertando-o depressa. Parte do cômodo clareou, dando a ela a mesma ideia de como ela estava inclinada e com o busto desnudo.Rapidamente voltou para o lugar que estava, puxando lençol vinho para se cobrir. O vidro que visualizava em sua mente, se partiu em centenas de pedaços.Temerosa virou seu rosto para averiguar quem permanecia na cama, do seu lado.Rapidamente teve uma surpresa, os cabelos eram ruivos, as costas largas, denotando os músculos que o tal possuía. “Ele não é…”Levou as mãos contra a boca, ainda deixando seus olhos vagar pelas costas dele. A partir do início dos quadris ela não viu mais nada, a não ser a sombra do que poderia ter por baixo do lençol.O homem era grande, como ela pensava, como lembrava-se. A cama que estava era desconhecida, assim como cômodo, apenas uma coisa a assustava mais agora, a identidade daquele homem.Na mente de Malika, o homem com quem ela cometeu a loucura de perder sua pureza, era alguém inalcançável, mas com o mesmo cabelo ruivo e altura que aquele.Tentando controlar seus nervos, agora abalados, deslizou da cama devagar, não poderia puxar o pano para si, pois uma parte estava sobre ele.Deixando sua nudez e vergonha para outro momento, apenas caminhou na ponta dos pés para o outro lado da cama, onde finalmente pôde ver os traços do homem.Novamente apertou as mãos contra a boca, abafando qualquer som que pudesse deixar escapar. “Por Allah, é ele!”Os olhos fechados seriam castanhos escuros, as sobrancelhas e barbas por fazer, eram ruivas, os lábios finos e nariz reto. Rosto oval e bonito.Ela não pôde o admirar por mais tempo, sequer pensar se estava feliz ou triste por ser ele. O homem pareceu sentir que alguém o observava, por isso, seus olhos se abriram.Assustada, a jovem pulou para longe, buscando se esconder.Ele pareceu se perguntar o que estava acontecendo, ouvindo alguém vasculhar o quarto, era Malika, em busca de um segundo tecido para cobrir sua nudez.Então seus olhos se ajustaram, ele logo recordou de como chegou ali.Sentou-se na cama, encarando fixamente, a jovem magra, de curvas proporcionais a sua beleza, cabelos longos e castanhos estavam um pouco bagunçados parte sobre os ombros e no tecido que tinha enrolado no corpo. — Você? — ela foi a primeira a se pronunciar, de forma confusa, ainda não acreditava. — O que você fez? — Ahmed deixou-a assustada. — Você era pura? — a deixou envergonhada assim que a voz rouca saiu da boca dele. Ele lembrava-se de tudo. Os olhos marejaram, infelizmente devia reconhecer a verdade. Notando o quanto Malika estava assustada, ele franziu o cenho. “Ela armaria para mim? Como teria tanta coragem?” — Eu não fiz nada. — tentou se defender, apertando o que tinha enrolado no corpo.O homem bonito, de peitoral definido, músculos trabalhados e tanquinho exposto, espiou do outro lado da cama, onde havia uma mancha evidente da perda da castidade daquela jovem.As mãos logo foram parar nos próprios fios ruivos. — Não é possível. — resmungou ele.Ficando com os cabelos ainda mais bagunçados, de forma sexy, onde alguns fios escapavam para a frente dos olhos castanhos, quase os cobrindo. Foi apenas por um momento, quando recordou da jovem, a encarou intensamente. Acusando em seguida: — Você planejou isso? — Eu não seria capaz. — teve sua resposta, mas não acreditou. — Você deu um tiro no escuro, por uma paixonite passageira? — acusou novamente.Dos olhos avelã desceram lágrimas, os lábios rosados, pequenos e cheios, tremeram com a acusação. Em parte com a menção do sentimento dela por ele como passageiro e impulsivo. “Ele já sabia, sabia que eu tinha sentimentos por ele e por isso está me acusando agora?” — Eu não fiz nada! — quase gritou ao seu próprio favor. — Não somos pessoas que devam estar juntos, sabemos nossas posições. Você é muito jovem, Malika, sua família é renomada, e eu, sou apenas um simples professor. Você não vê? Foi duro com ela. — Não me importa nada disso. E eu já falei que não fiz nada! — alterou-se. — Vai se arrepender disso. Fique ciente! — não se importou com as lágrimas da jovem.Ahmed tinha trinta e cinco anos, um homem conhecido por ser humilde, apenas um professor da universidade mista da Arábia Saudita, enquanto Malika, Malika vive no luxo de sua família, como uma princesa, jovem e comprometida aos vinte anos de idade. — Então me dê um motivo para fazer isso, se tem tanta certeza que fui eu! — pediu ela, reunindo coragem para se defender, diante do homem que era apaixonada. — Se fosse por paixão, eu não teria feito isso, teria o seduzido antes, teria feito tudo acontecer diferente. Eu não sou burra! — alterada o fitou de forma assassina mesmo entre lágrimas. — Mais você sabia que eu não cairia nos seus encantos, você é jovem demais para mim. — agora Ahmed parecia frio. — Grr! — grunhiu irritada. — Pense o que quiser! — ela disse por fim, procurando suas roupas. — Onde pensa que vai? — ele saiu da cama, sem se importar com a nudez. — Embora! — respondeu Malika, não deixaria ser vista como fraca.Recolheu suas roupas apressadamente, mas sentiu ser aga
— Você não tem direito algum de falar assim comigo, como teria de pensar que pode ao menos se pronunciar? — Alim estava quase explodindo de raiva, encarando o homem mais alto que ele. — Pai, não levante o tom! Todos irão ouvir o que se passa, seremos envergonhados por ela. — Inês parecia uma enviada das profundezas murmurando coisas para entrar mais na cabeça do pai como um anjo bom, assim permanecendo no papel de moça preocupada com a família.Alim puxou sua mão do aperto de Ahmed, com os olhos em fogo, se deixou ouvir as palavras da filha mais nova. — Você, professor. Irá assumir Malika, mesmo que não tenha dinheiro algum, eu quero apenas que a leve para bem longe, suma ou morra com ela. Ahmed apertou a mandíbula com o tamanho rebaixamento por causa de sua posição. — A minha baixa posição financeira não matará ninguém, mas isso não é da sua conta, senhor Al-Madini. — mencionou o nome da família, para denotar que eles eram um dos mais ricos da cidade de Ryiadh, ironizando um res
Então saiu de seu devaneio passado com o som de seu aparelho celular tocando, ainda estava em movimento, por isso teve que fazer uma parada para atender.Primeiro identificou quem chamava, não poderia apenas atender na companhia que estava, pois não sabia se a conversa soaria estranha para algum deles. — Preciso atender. Os olhos dele pousaram em Malika pelo retrovisor, ela não disse nada, apenas mostrou estar atenta a ele. A jovem parecia calma, o que lhe trouxe tranquilidade para atender a ligação em privado.Saindo do carro, ele se afastou um pouco para ouvir a pessoa do outro lado e respondê-la sem interrupção. — Diga! O homem do outro lado começou a falar sobre o assunto urgente, o deixando distraído na conversa.Enquanto isso, Malika o analisava de dentro do carro, vendo-o dar as costas parecendo distraído, tomando certa distância do veículo, ela aproveitou para agarrar sua pequena bolsa da noite passada, onde havia tudo que agora importava, pois não podia retornar para casa
Malika deixou os ombros cair, mostrando desistência, permitindo alívio ao professor. — Essa é a melhor decisão para todos. — ouviu ele dizer.A jovem não parecia contente com aquilo, apenas ficou em seu lugar o observando em silêncio. “Todos quem? Você está se obrigando a se comprometer comigo e me obriga a aceitar.” Pensou machucada com a realidade.Sempre pôde o admirar a distância, mas nunca pensou que o teria tão perto, para apenas vê-lo indiferente, frio, sendo obrigado a aturá-la, como se ela fosse uma aluna ruim, alguém colocada em sua classe para aprender disciplina a todo custo, quando o tutor é escalado a seguir tal pessoa até o fim de sua carreira, enfim, o trazendo sucesso pela perseverança. — Irei pegar seu dinheiro de volta. Logo retornaremos ao carro! — avisou o ruivo. — Vá em frente! — diz ela, fazendo o cenho dele franzir, agora o havia deixado desconfiado. A jovem não estava disposta a ser apenas aturada, queria ser vista ou ser esquecida para sempre, quanto mai
Durante todo o caminho, o silêncio reinou, enquanto a jovem tentava absorver o trajeto para um dia conseguir retornar para o seu mundo real.Minutos depois, percebeu que adentravam um lugar totalmente estranho, onde algumas ruas eram mais estreitas, as pessoas pareciam sempre atentas á visitantes, curiosas demais, mal vestidas até; Com roupas amassadas, velhas, quando algumas as tinham inteiras.As cores presentes nas ruas eram sempre do bege ao amarelo queimado, em contraste com as paredes das casas velhas, de no mínimo dois andares. Tudo parecia solitário, apesar de ter demasiadas casas em um lugar só. — Que lugar é esse? — Malika não percebeu expressar seus pensamentos em alto tom.O ruivo a deu atenção pelo retrovisor enquanto dirigia: — Sua nova vizinhança. Os olhos avelãs dela saltaram surpresos. — Você mora por aqui? — não se importou se antes era apenas seu pensamento alto o responsável pelo início aquela conversa. — A partir de hoje, você também. — relembrou, alternando
— Quê? Isso… Isso é porque estava sob efeito de algum remédio… Eu não faria… — não conseguiu completar, pois sabia que mentiria, ela o amava, como não poderia ter pensado em ficar com ele uma única vez? “Mas não o faria de forma tão impulsiva e descontrolada, como aconteceu.” Teria de repensar certas coisas. — Por acaso está dizendo que tomamos um afrodisíaco? — vasculhou a face da jovem. Ela era bonita, não poderia negar, mesmo com o rosto ainda machucado era delicada, talvez não apenas por ter uma vida de regalias desde o berço, mas por ser natural também. Seu corpo era sensível e intocado até a noite passada.Ahmed não pensara em Malika como uma parceira de relacionamento antes de tudo aquilo, mas ambos estavam sob efeito de algo motivador demais para evitar certas situações, agora, estava ele, preso a uma jovem, com quase metade da sua idade, pois a via como nova demais.Eram quinze anos de diferença, diferente da faixa que antes buscava igualar, era um salto no escuro, ela pod
Ahmed mostrou não ter esquecido da presença de Inês, que agora fingia um sorriso desconcertado mesmo que ele sequer a direciona-se o olhar.Ele estava pisando em seu ego femino, pois mesmo estando de burca quando sua irmã não estava, ele deveria a dar atenção pelo menos uma vez, mas não o fez nem para a expulsar, olhava apenas para seu pai, demonstrando o quanto ela era insignificante aos seus olhos. “Quem ele pensa que é?” Se perguntou com raiva, encarando agora a irmã, essa a observava. “Não é possível que ele se interesse por ela, quando não sabia sobre sua existência. E mesmo agora, devia odiá-la, ela está mais pobre que ele, não servirá para nada em sua vida a não ser causar problema. Como pode olhar na cara dela?” Não sabia, mas o ciúmes da irmã a corroía novamente, como quando Malika era prometida de Zyan.Inês se questionava sobre o valor da mais velha, mesmo pobre, deserdada, sem nenhum apoio, ainda estava em uma relação boa, invés de fracassar totalmente e ficar desespera
Inês estava tão ansiosa pela resposta do pai sobre a conversa entre ele e Zyan, que ficou ouvindo atrás da porta dele do escritório. Para sua decepção, só podia ouvir a voz do pai.O homem não poderia comparecer a uma reunião pessoal naquele momento, pois estava muito ocupado com a empresa a qual considerava sua. — Se trata sobre o ocorrido de mais cedo… — diz Alim ao telefone, dentro do escritório que tinha em casa. — Então você ainda não viu… Não! … Pois peço desculpas antes que veja por si mesmo… Sim, é sobre isso! — Alim já demonstrava um certo nervosismo na voz. — Irá ver agora? … Não acho que devia ver enquanto trabalha, pode atrapalhar sua produção… Não, não queria dizer isso. Entendo! Segundos se passaram, Alim teve de sentar-se na sua cadeira acolchoada, esperando a reação de Zyan.Não veria o rosto dele, por não optar por isso, sabia que aquele assunto não seria bem recebido pelo outro, então era preferível parecer calmo e capaz de resolver a situação, caso ainda pretend