Capítulo 3

Viviane,

Sempre fui uma menina reservada. Não era fã de sair à noite, curtir, beber e só voltar no outro dia caindo de bêbada. Acho que por meus pais serem assim, eu também acabei sendo igual a eles.

Porém, no meu aniversário de 18 anos, Camy e o Bem vieram até a minha casa para me chamar para um passeio, já que eu nunca comemorava o meu aniversário desde que meu irmão faleceu de câncer no cérebro. A morte dele foi bem no dia em que eu completava 15 anos.

Camy e Bem pediram para os meus pais deixarem eu dormir na casa dela, que seria apenas uma social entre nós três: um filme, uma pipoca e depois iríamos dormir. Meus pais deixaram, pois confiam seguramente na Camy.

Seguimos até a casa dela, onde ela me vestiu, me deixando sensual, mas não vulgar, e me maquiou. Ela gosta de treinar em mim, está fazendo um curso para ser maquiadora. Já o Bem é herdeiro, o pai dele tem várias concessionárias de carros espalhadas pelo mundo todo.

Saímos em um dos carros do Bem e seguimos para uma balada recém-aberta perto da casa do Bem. Assim que entramos, eles me levam diretamente para o bar e pedem suas bebidas. Como eu não gosto de beber, peço um coquetel de frutas sem álcool. Sou do tipo de pessoa que acredita que não precisamos ficar bêbados para nos divertir. O bom é que os meus amigos me apoiam e não me forçam a beber.

Bem pega na mão da Camy e a puxa para dançar. Eu tenho certeza de que ele é apaixonado por ela, mas acho que a minha amiga é lésbica, pois nunca deixa homem nenhum se aproximar, só o Bem. Mas acho que ela não sabe dos verdadeiros sentimentos dele, ou ela já teria colocado ele para correr também.

Fico rindo vendo eles dançando, até que o garçom vem e me entrega uma bebida. Olho para ela e para ele e digo:

– Leve de volta, eu não bebo, e muito menos vou beber algo de algum estranho.

– Foi aquele senhor que mandou lhe entregar e disse que não aceita não como resposta.

Sorrio para ele, pego o copo e vou caminhando até o homem. Coloco o copo na mesa e falo, olhando bem em seus olhos:

– Beba você, eu não estou a fim.

– Não está a fim de mim ou da bebida?

– De nenhum dos dois. Com licença. – Para mim, aquilo já estava resolvido. Mas que nada, o cara começou a me cercar como se eu fosse uma presa e ele o caçador.

Eu queria ir embora, mas ao mesmo tempo não queria estragar o momento dos meus amigos. Até que eles me puxam e me envolvem na dança deles. A noite vai passando e o carinha não parava de me encarar, ou de tentar chegar perto de mim.

Até que enfim ele entendeu que eu não estava interessada e parou de me perturbar, o que deixou a minha noite melhor. O problema foi na hora de ir embora, Camy e Bem caindo de bêbados, um apoiando o outro para se manter em pé, e seguimos até o carro dele.

Como eu não bebo, faço o papel de motorista deles, deixando cada um em sua casa. A sorte é que o Bem me ensinou a dirigir, senão não teria jeito a não ser pedir um táxi. Assim que deixo ele em casa, levo a Camy na dela e vou para a minha; amanhã ele vem buscar o carro dele, eu que não iria andar a pé.

Pois bem, peguei gosto de sair com os meus amigos, e como eu sempre voltava inteira e sem beber, meus pais não achavam ruim que eu saísse. Mas algumas vezes ainda encontrava com o carinha insistente que, a todo custo, tentava me conquistar.

Até que uma noite, quando eu estava levando os dois bêbados para o carro, um homem apareceu do nada, deu um soco no Bem, empurrou a Camy para o chão e tentou me pegar. Corri, mas ele, sendo mais ágil que eu, acabou me alcançando. Tentei bater nele para me soltar, até que ele foi jogado para longe, e quando me levantei, vi o cara que sempre estava atrás de mim dando uma surra nele.

O agressor conseguiu escapar e saiu correndo. Olho para o homem que parece enorme agora. Ele pega na minha mão e me ajuda a levantar. Mas assim que fico em pé, eu solto a sua mão com vergonha.

– Você está bem? – ele pergunta com a sua voz grossa e sensual de sempre.

– Estou, muito obrigada.

– Posso ao menos saber o seu nome agora?

– Viviane, e você? – Estendo a mão para ele.

– Peter Carter. – ele pega na minha mão sorrindo, com um sorriso safado. – Bom, vou te levar até o seu carro para te fazer segurança.

Concordo com ele, e vamos conversando até chegarmos onde os meus amigos estão. Ele até me ajuda a colocar os dois dentro do carro. Olho para o Bem, que está com a boca sangrando por causa do murro que o cara deu nele.

– Ele é o seu namorado? – ele pergunta, bem atrás de mim.

– Não, é meu amigo. – ele sorri e se aproxima mais de mim, fechando a porta do passageiro e me encurralando entre ele e o carro. O cara é mais lindo de perto, e vendo seus traços assim, me dá até um frio na barriga.

– Espero que não fuja mais de mim, pois agora você tem uma dívida comigo, e eu vou cobrar. – seus lábios praticamente encostam nos meus, e minha respiração começa a falhar. Ele tem um poder de sedução que faz até as minhas pernas bambear.

Ele deposita um selinho nos meus lábios e vai embora. Solto todo o ar que estava preso em meus pulmões e entro no carro para ir embora. Depois de um mês nos conhecendo, ele fez uma surpresa linda para mim, me levou no apartamento dele, cheio de rosas vermelhas, e eu me encantei. Me entreguei para ele.

Só fui saber a merda que ele era no outro dia de manhã, quando acordei e vi um homem entrando no quarto e me pedindo desculpas, pois achou que eu já tinha ido embora com o Peter.

Me troquei e saí desolada. Não contei para ninguém o que aconteceu entre nós dois, nem mesmo para os meus melhores amigos, pois ele vai pagar pelo que me fez, e eu não quero nenhuma pessoa falando que eu devo fazer isso.

Muitas coisas aconteceram durante esses últimos seis meses, e fui obrigada a sofrer e suportar tudo sozinha. Ele me usou e me descartou, mas agora, com a proposta que o pai dele fez, vou fazê-lo pagar muito caro por isso. Me aguarde, Peter Mourett, os piores dias da sua vida estão chegando.

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