Viviane,
Sempre fui uma menina reservada. Não era fã de sair à noite, curtir, beber e só voltar no outro dia caindo de bêbada. Acho que por meus pais serem assim, eu também acabei sendo igual a eles. Porém, no meu aniversário de 18 anos, Camy e o Bem vieram até a minha casa para me chamar para um passeio, já que eu nunca comemorava o meu aniversário desde que meu irmão faleceu de câncer no cérebro. A morte dele foi bem no dia em que eu completava 15 anos. Camy e Bem pediram para os meus pais deixarem eu dormir na casa dela, que seria apenas uma social entre nós três: um filme, uma pipoca e depois iríamos dormir. Meus pais deixaram, pois confiam seguramente na Camy. Seguimos até a casa dela, onde ela me vestiu, me deixando sensual, mas não vulgar, e me maquiou. Ela gosta de treinar em mim, está fazendo um curso para ser maquiadora. Já o Bem é herdeiro, o pai dele tem várias concessionárias de carros espalhadas pelo mundo todo. Saímos em um dos carros do Bem e seguimos para uma balada recém-aberta perto da casa do Bem. Assim que entramos, eles me levam diretamente para o bar e pedem suas bebidas. Como eu não gosto de beber, peço um coquetel de frutas sem álcool. Sou do tipo de pessoa que acredita que não precisamos ficar bêbados para nos divertir. O bom é que os meus amigos me apoiam e não me forçam a beber. Bem pega na mão da Camy e a puxa para dançar. Eu tenho certeza de que ele é apaixonado por ela, mas acho que a minha amiga é lésbica, pois nunca deixa homem nenhum se aproximar, só o Bem. Mas acho que ela não sabe dos verdadeiros sentimentos dele, ou ela já teria colocado ele para correr também. Fico rindo vendo eles dançando, até que o garçom vem e me entrega uma bebida. Olho para ela e para ele e digo: – Leve de volta, eu não bebo, e muito menos vou beber algo de algum estranho. – Foi aquele senhor que mandou lhe entregar e disse que não aceita não como resposta. Sorrio para ele, pego o copo e vou caminhando até o homem. Coloco o copo na mesa e falo, olhando bem em seus olhos: – Beba você, eu não estou a fim. – Não está a fim de mim ou da bebida? – De nenhum dos dois. Com licença. – Para mim, aquilo já estava resolvido. Mas que nada, o cara começou a me cercar como se eu fosse uma presa e ele o caçador. Eu queria ir embora, mas ao mesmo tempo não queria estragar o momento dos meus amigos. Até que eles me puxam e me envolvem na dança deles. A noite vai passando e o carinha não parava de me encarar, ou de tentar chegar perto de mim. Até que enfim ele entendeu que eu não estava interessada e parou de me perturbar, o que deixou a minha noite melhor. O problema foi na hora de ir embora, Camy e Bem caindo de bêbados, um apoiando o outro para se manter em pé, e seguimos até o carro dele. Como eu não bebo, faço o papel de motorista deles, deixando cada um em sua casa. A sorte é que o Bem me ensinou a dirigir, senão não teria jeito a não ser pedir um táxi. Assim que deixo ele em casa, levo a Camy na dela e vou para a minha; amanhã ele vem buscar o carro dele, eu que não iria andar a pé. Pois bem, peguei gosto de sair com os meus amigos, e como eu sempre voltava inteira e sem beber, meus pais não achavam ruim que eu saísse. Mas algumas vezes ainda encontrava com o carinha insistente que, a todo custo, tentava me conquistar. Até que uma noite, quando eu estava levando os dois bêbados para o carro, um homem apareceu do nada, deu um soco no Bem, empurrou a Camy para o chão e tentou me pegar. Corri, mas ele, sendo mais ágil que eu, acabou me alcançando. Tentei bater nele para me soltar, até que ele foi jogado para longe, e quando me levantei, vi o cara que sempre estava atrás de mim dando uma surra nele. O agressor conseguiu escapar e saiu correndo. Olho para o homem que parece enorme agora. Ele pega na minha mão e me ajuda a levantar. Mas assim que fico em pé, eu solto a sua mão com vergonha. – Você está bem? – ele pergunta com a sua voz grossa e sensual de sempre. – Estou, muito obrigada. – Posso ao menos saber o seu nome agora? – Viviane, e você? – Estendo a mão para ele. – Peter Carter. – ele pega na minha mão sorrindo, com um sorriso safado. – Bom, vou te levar até o seu carro para te fazer segurança. Concordo com ele, e vamos conversando até chegarmos onde os meus amigos estão. Ele até me ajuda a colocar os dois dentro do carro. Olho para o Bem, que está com a boca sangrando por causa do murro que o cara deu nele. – Ele é o seu namorado? – ele pergunta, bem atrás de mim. – Não, é meu amigo. – ele sorri e se aproxima mais de mim, fechando a porta do passageiro e me encurralando entre ele e o carro. O cara é mais lindo de perto, e vendo seus traços assim, me dá até um frio na barriga. – Espero que não fuja mais de mim, pois agora você tem uma dívida comigo, e eu vou cobrar. – seus lábios praticamente encostam nos meus, e minha respiração começa a falhar. Ele tem um poder de sedução que faz até as minhas pernas bambear. Ele deposita um selinho nos meus lábios e vai embora. Solto todo o ar que estava preso em meus pulmões e entro no carro para ir embora. Depois de um mês nos conhecendo, ele fez uma surpresa linda para mim, me levou no apartamento dele, cheio de rosas vermelhas, e eu me encantei. Me entreguei para ele. Só fui saber a merda que ele era no outro dia de manhã, quando acordei e vi um homem entrando no quarto e me pedindo desculpas, pois achou que eu já tinha ido embora com o Peter. Me troquei e saí desolada. Não contei para ninguém o que aconteceu entre nós dois, nem mesmo para os meus melhores amigos, pois ele vai pagar pelo que me fez, e eu não quero nenhuma pessoa falando que eu devo fazer isso. Muitas coisas aconteceram durante esses últimos seis meses, e fui obrigada a sofrer e suportar tudo sozinha. Ele me usou e me descartou, mas agora, com a proposta que o pai dele fez, vou fazê-lo pagar muito caro por isso. Me aguarde, Peter Mourett, os piores dias da sua vida estão chegando.Viviane,Depois do nosso jantar, decidi que esse casamento realmente vai acontecer. Só assim ele vai aprender que mulher não é brinquedo que se usa e se joga fora. Chego na casa dos pais dele e os nossos pais já estavam me esperando para dar uma resposta.– E então, Vivi, aceita se casar com ele?– Ele está bem diferente de quando nos conhecemos. Mas ainda sou muito apaixonada pelo seu filho. Se for eu a decidir, eu quero muito me casar com ele.Eles praticamente pulam de alegria, e eu sorrio, pois tudo está caminhando pelo caminho certo. Ele chega bem na hora da comemoração, e eu sorrio para ele, dando o meu melhor para parecer uma namorada apaixonada. Ele e o pai dele saem e o meu olha para mim.– Estou feliz que você tenha ficado alegre com esse pedido de casamento, eu já não aguentava mais ver naquela depressão minha filha. Mas, será que agora você pode me contar o que te fez ficar daquele jeito?– Pai, quero deixar isso no passado, se eu me lembrar eu vou começar a chorar, e eu n
Peter,Estava já entediado, pensando em até ir embora e deixá-la aqui sozinha. Porém, as palavras do meu pai, de que me botaria na rua sem dinheiro nenhum, me faz ficar aqui esperando por ela.Ela me chama para ajudá-la com o sutiã, já mudou rápido demais, já que me disse que era para deixá-la morrer, ao invés de ajudá-la. Mas quando eu entro no provador, meu pau dá um pulo violento nas calças. Uma calcinha vermelha com pingente. Um verdadeiro convite para ser arrancado com os dentes.Pu-ta que pa-riu, ela está tão gostosa como antes, exceto a sua cintura, parece estar mais fina e eu já até calculo que pelo tamanho das minhas mãos, eu consigo até juntar os meus dedos ao redor dela.Vou andando em sua direção, que continua de costas para mim, e assim que chego bem perto, ela me olha pelo espelho chamando a minha atenção.– Pode abrir para mim. – Ela pega seus cabelos castanhos e coloca na frente, me dando acesso maior ao seu corpo.Levo minhas mãos até o sutiã e abro o fecho. Sinto a s
Peter,Ela está exatamente como eu a conheci, com um vestido que a faz parecer uma mulher delicada. Seu sorriso envergonhado me faz viajar no passado. A conduzo até a mesa, puxo a cadeira para ela se sentar e me sento ao seu lado.– Realmente, você está muito bonita. – ela olha para mim com um sorriso fofo, totalmente diferente de hoje cedo, o que me faz pensar que talvez ela esteja apenas jogando comigo.Pego em sua mão e levo até os meus lábios, e seu olhar fofo se transforma. Sim, ela só está jogando. E eu não sou um cara de dar para trás, vou entrar no joguinho dela.– Estou muito feliz por vocês estarem assim, isso só mostra o quanto serão felizes no casamento. – ah, se o meu pai pudesse ler a mente dessa mulher, com certeza me afastaria dela na mesma hora. – Vamos brindar a isso. Teremos um filho responsável em nossa casa.Todos começam a rir, principalmente a minha noivinha. Tudo que ele poderia falar, ela vai logo e me chama de irresponsável na frente dela. Parabéns, papai.–
Viviane,Chegando em casa, vou direto para o meu quarto furiosa. Não era para o meu pai falar da minha depressão na frente do Peter, não quero que ele saiba o que eu sofri por causa dele. Me sento na minha cama e fico pensando no que fazer para atormentar a vida dele agora.Olho para o espelho e me lembro dos seus olhos quando estávamos no trocador da loja. Ia fazer uma brincadeira na casa dele, mas o meu pai estragou todos os meus planos. Tive uma idéia. Me levanto, tiro o vestido e tiro uma foto da cintura para baixo, isso vai deixá-lo bem animado.Envio, mas depois que vejo que ele visualizou, apago a foto. Vai que ele mostra para o pai dele, e a minha máscara de boazinha vai acabar caindo por terra. Depois do boa noite, coloco o celular para carregar e vou dormir. De manhã, acordo já tomando o meu remédio e me preparo para o meu dia.Desço até a sala de jantar para falar com os meus pais que vou sair, vou comprar algumas coisas para começar a trabalhar na empresa. Desejo bom dia a
Peter,Isso só pode ser uma mentira dela, meu pai jamais faria eu assinar uma merda dessa. Vou à procura dele, entrando no elevador e descendo até o RH. Assim que as portas se abrem, ele está bem na porta.– Por que falou que o RH estava me chamando?– Porque estavam. Pai, assinei algum documento que tenho que pagar indenização para a Viviane?Ele olha para trás e manda eu entrar no elevador, pois aqui tem muitas pessoas e ninguém sabe desse acordo. Assim que as portas se fecham, ele aperta o botão do térreo, e eu refaço a pergunta para ele. E sua resposta me faz até suar frio.– Sinto muito, Peter, isso foi uma exigência do Júlio, levando em conta o que você é, a quantia até que não está alta. Pelo menos, mesmo que tiver alguma traição da sua parte, ambos permaneceram casados, e ela vai dar um jeito de resolver se caso houver fofocas.– Pai, está me mandando para um casamento ou para um internato com castidade? – Ele fica sem entender, e eu penso se devo contar para ele tudo que está
Peter,Ela se levanta do balanço irritada, o que me faz até dar um passo para trás.— O que você me fez? Quer que eu faça uma lista para você? Mentiu seu nome, falou que se chamava Peter Carte, e não Mourrett. Colocou um cara para tentar me estuprar, só para ser o meu herói. Tudo em torno de você é uma mentira. — Ela fala batendo de mão aberta no meu peito, me empurrando para trás.— Eu queria te conhecer melhor, e você só se fazia de difícil. Eu não tive outra alternativa. — E lá vem mais um tapa na minha cara. Pelo jeito vou virar saco de pancada dela. — Vamos parar de me bater? Você pode cancelar o casamento, já que eu fui tão mal assim com você. Por que insiste nisso?— Porque o seu pai está obcecado em te ver casado, e eu não vou permitir que você encontre uma boa mulher, que te faça feliz pelo resto da sua vida. Você me tirou tudo que eu tinha, me roubou a coisa que eu mais preservava. E com tudo que eu passei, acabei perdendo... — Ela para de falar do nada, o que me deixa curio
Viviane,O grande dia chegou, o dia em que finalmente começaria a fazer Peter pagar por tudo que me fez. Nossa casa é linda, parecendo uma casinha de boneca. Achei bom, sozinha com ele eu não vou precisar fingir nada, apenas ser eu mesma, e botar todo meu plano em ação . Após a equipe de maquiagem e o vestido colocado, meu pai chegou para irmos à igreja.— Você está linda, minha filha, mas não parece contente, está realmente feliz?— Estou sim, pai, só não consigo acreditar que estou me casando com ele. Parece um sonho. Um sonho que nunca pensei que se tornaria realidade. — Quem diria que o pai dele o obrigaria a se casar comigo e ainda aceitaria todas as minhas exigências.O carro parou e meu pai segurou minha mão. Vesti a máscara da mulher mais feliz do mundo, por estar casando com o canalha da Itália. Paramos em frente à porta da igreja e, após alguns minutos, ela se abriu, revelando ele lá no altar ao lado de seu pai e o homem que ele pagou para me abusar.Com certeza o trouxe par
Peter,— Vim dar os parabéns aos noivos. — Meu pai dá um abraço primeiro nela e depois em mim. — Espero que sejam muito felizes.— Senhor Mourrett, sobre o contrato que o Peter tem que me... — Coloco a minha mão em sua boca. Ela nem é louca de falar nada.— Deixa assim mesmo, querida, não vamos refazer nada não. — Meu pai olha para nós dois sem entender nada. Olho para ela dando um sorriso nervoso, e ela pisca para mim.Tiro a minha mão da sua boca, mas fico atento, caso ela tente falar novamente. Meu pai diz que é hora da dança dos noivos, pego na mão da Viviane e a conduzo até a pista de dança. Uma música clássica começa a tocar, e eu seguro em sua cintura, enquanto ela segura em meu ombro.Traçamos as mãos e começamos a mover nosso corpo de um lado para o outro, como se fôssemos um casal de verdade. Mas os seus olhos me mostram que isso está longe de acontecer.— O que te levou à depressão, Viviane?— Já te respondi isso. — Ela fala virando o rosto para o lado.— Qual é, vamos fica